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Os indígenas nos discursos de Díaz: um problema do Ministério da Guerra

Estratégias narrativas de legitimação do porfirismo: um olhar através dos Discursos do presidente ao Congresso Nacional

Mapa 1 Estados do México século

4. O México silenciado: os indígenas vistos como a face do atraso

4.2. Os indígenas nos discursos de Díaz: um problema do Ministério da Guerra

Relacionando as discussões do subtópico anterior com a análise das fontes, e diante dessa ideia de união nacional, um dos elementos que podem iluminar nosso problema de pesquisa é o aspecto constitucional mencionado por Díaz: a população do país, sob a vigência de uma constituição liberal, adquiriu, nos discursos, a qualidade – homogênea e singular – de “cidadã”. Quijada (2003b), ao explicar a mudança de significado do conceito de “nação” no México oitocentista, afirmou que muitos polígrafos, a partir de seus projetos políticos ligados ao governo, procuraram fortalecer o discurso de que toda a pluralidade nacional não mais existia, utilizando amplamente a categoria “nação de cidadãos” em suas narrativas. Ao analisarmos esses documentos de Díaz, podemos observar este projeto de homogeneidade nacional quando o mesmo se referiu ao povo, logo no primeiro ano de governo, como ciudadanos en general.

122 Prado chama a atenção para como a natureza não é neutra, constituindo-se um elemento na construção da identidade nacional. Sobre o assunto ver: PRADO, Maria Ligia Coelho. América Latina no século XIX: tramas, telas e textos. São Paulo: editora da USP, 2004.

Explicando a necessidade dos governantes e dos governados apoiarem sua administração, afirmou:

No es menos necesaria la cooperación de los ciudadanos en general, cooperación que ellos pueden prestar al Gobierno, no sólo sin grande esfuerzo, sino aun por medios fáciles. Su obediencia á las leyes, el respeto á las autoridades constituidas, no por su personalidad, sino por su investidura, y la represión espontánea de un sentimiento de impaciencia que las más veces no da á los funcionarios públicos ni el tiempo necesario para desarrollar un plan ó perfeccionar un pensamiento, son grandes elementos de ayuda para el Gobierno, y sus buenos efectos refluyen sobre los gobernados mismos.123

Como o presidente explicou, o porfirismo necessitava de apoio e cooperação. Os cidadãos deveriam obedecer ao governo da lei, as autoridades, entre outros elementos constitucionais. O sentimento de desobediência deveria ser reprimido para que, assim, o governo conseguisse desenvolver seus projetos e refletir melhorias para o próprio povo. Vemos que o primeiro magistrado utilizou o conceito de forma ampla, relacionando-o com a palavra “governados”, mas o significado ganhou restrição quando do destaque ao âmbito político: os cidadãos podem cooperar com o governo por meio de investidura, ou seja, sua instalação em cargo público124. A partir do trecho acima compreendemos como a cidadania ativa foi restrita. Restrição que aparecia na fala de Díaz e na própria questão constitucional.

Se a ideia de “cidadania” foi incompatível com as pretensas políticas assimilacionistas de homogeneização, atuando como fator segregacionista; outro elemento, relacionado ao primeiro, também foi: o pensamento racialista da segunda metade do século XIX. Para Velázquez, “en las exclusiones [da cidadania] de tipo natural se encontraban las mujeres, los indígenas, los esclavos, los sirvientes domésticos y los locos, pues tenían una voluntad maniatada y limitada a la decisión e intereses de otra persona y por tanto no podían ser considerados como ciudadanos.” (VELÁZQUEZ DELGADO, 2008, p. 45). Se, como vimos na Constituição de 57, a autonomia e a

123 Protesta como Presidente Electo de los Estados Unidos Mexicanos ante el Congreso, de Porfirio Díaz, 5 de Mayo de 1877, p. 19 - grifo nosso.

124 Afirmou Emilio Pardo sobre o assunto, denotando também sentido político ao tema e relacionando-o com a democracia: “La completa armonía entre el Gobierno de la Unión y los Estados, así como la regularidad y el orden con que en algunos de ellos se ha operado la renovación de sus Poderes Constitucionales, prueba son, y concluyente, de que nuestra organización política funciona normalmente, con la participación cada día más activa y más correcta de los ciudadanos en la elección de sus mandatarios, signo indudable de un verdadero adelanto en nuestra educación democrática, revelado por la agitación durante la lucha electoral y por la sumisión respetuosa y sincera al voto de las mayorías.”. Em: Respuesta del Presidente del Congreso, Lic. Emilio Pardo (Jr.), abril 1898.

propriedade foram fatores importantes para se adquirir o status de cidadão, o qual era reflexo do pensamento liberal, os grupos mencionados por Velázquez não tinham esses critérios. Nosso foco nesta parte será pensar o lugar do indígena no Estado porfirista.

Como já ponderamos, dentro da lógica temporal arquitetada pelo Porfiriato, o indígena era interpretado como um passado presente e, como o “Outro”, o diferente, precisava ser equalizado no interior dessa estrutura – seja, como veremos, pela educação e pelo processo de mestiçagem. É muito importante destacar que, nas fontes analisadas, o ponto central foi a questão indígena, ela era um problema pulsante aos olhos do governo e deveria ser resolvido pelo Ministério da Guerra. Por conseguinte, esse subtópico 4.2 do capítulo precisa trazer uma discussão sobre a mestiçagem, que é necessária também para entendermos a esfera indígena; nossas afirmações sobre o mestiço e o processo de mestiçagem será amparada em uma literatura especializada, utilizada para dar suporte à análise do problema indígena.

Para Olivia Gall, o governo buscou soluções não indígenas para a questão indígena. Tentava-se apagar as várias etnias locais. Através de políticas públicas nacionais125. Desta forma, o governo removeria os resquícios de passado para que o presente fosse livre em direção ao futuro. Os índios de meados do século XIX e início do XX eram vistos como uma bola de ferro que pesava sobre a nação, desacelerando o impulso para o porvir. Como escreveu Mílada Bazant, a educação indígena foi um desafio ao governo e os estados com maior quantidade de população indígena, como, por exemplo, Oaxaca, Chiapas e Guerrero, foram menos alfabetizados: “el desarrollo educativo no fue de ninguna manera uniforme. El norte de país, con poca población indígena, mayores recursos y gobernantes preocupados por la educación, obtuvo mayores índices de alfabetización. En cambio, el sur, tradicionalmente rural, atrasado y con un alto porcentaje de indígenas, mantuvo durante todo el régimen sólo 10% de la población alfabetizada.” (BAZANT, 1993, p. 16).

É relevante mencionar que a ideia de “civilização” e “progresso das civilizações” tornaram-se conceito e expressão, respectivamente, de ordem central no século XIX. O primeiro foi objeto de avaliação e mensuração para se estabelecer diferentes graus entre os povos e as nações do mundo. Era um fenômeno de época. Conde de Buffon, Cornelius

125Sobre o assunto veja GALL, Olívia. Identidad, exclusión y racismo: reflexiones teóricas y sobre México.

de Pauw, Arthur de Gobineau, Francis Galton, Friedrich Ratzel, foram alguns dos autores que afirmaram ser o meio geográfico e a raça condições para se definir os povos126. Cada um a sua maneira, interpretaram a mistura racial como um fator de degeneração da sociedade127. Como afirmou Maria Ligia Coelho Prado, Buffon e De Pauw fundaram uma visão negativa sobre a América a partir de preceitos científicos modernos128. Embora os autores europeus tenham marcado a cultura intelectual latino-americana, estas ideias foram relidas, repensadas e ressignificadas pelos países do Novo Mundo: para o México, a mestiçagem não fora um fator de degeneração racial, como veremos abaixo. Contudo, o conceito “raça” marcou o cenário político e intelectual da época, constituindo-se um termômetro do desenvolvimento social e nacional, bem como pautou as políticas públicas do Estado.

O conceito destacado acima cristalizou-se na segunda metade do século XIX como verdade científica. A ideia esteve relacionada à construção da identidade nacional: a definição de raça passava pelo entendimento do que era ser mexicano. O sujeito nacional deveria ter qual face? Além disto, o conceito esteve diretamente associado aos de “civilização” e “cultura”: quanto maior a pureza racial, maior o grau de civilização e cultura do indivíduo ou do grupo. O oposto também era verdadeiro. A “civilização” e a falta desta, ou seja, a “barbárie”, foram parâmetros-chave para se interpretar o país. Civilização era um conceito que se ligava ao futuro, denotava a modernidade, os padrões europeus, a alta cultura dos países que eram, em sua maioria, urbanos. Em contrapartida, o bárbaro era a antítese dessas premissas: um conceito ligado ao passado, ao antigo e ao ultrapassado, à falta de cultura, anomia, e à degeneração social. A medida que se classifica

126 Para conhecer as principais obras ver: DE PAUW, Cornelius, Recherches philosophiques sur les Américains. Vol. 02; BUFFON, G. A História Natural, 1747; BUFFON, G. L. Oeuvres complètes de Buffon (Tome troisième ; De l’Homme ). Paris: Bazouge-Pigoreau Éditeur, 1839; GALTON, F. Hereditary

talent and character. Macmillan’s Magazine, 12, 1865; GOBINEAU, Arthur de. Essai sur l’inégalité des raaces humaines. Paris: Librairie de Firmin Didit Frères, 1853. RATZEL, Friedrich. “As raças humanas”.

In: MORAES, A. C. R (Org.); FERNANDES, F. (Coord.). Ratzel. São Paulo: Ática, 1990.

127Não queremos afirmar que essa ideia foi unânime no continente; Ernest Renan em seu Que é uma nação, por exemplo, expôs propostas mais historicistas sobre raça. Além disto, também não defendemos que os autores mencionados acima propuseram discussões de semelhantes aspectos em tosos os âmbitos em suas produções.

128 Como afirmou Prado: “Em Berlim, no ano de 1768, Corneille De Pauw publica as Recherches

philosophiques sur les Américains. Em sua perspectiva, ‘o americano nem se quer chega a ser um animal

imaturo, não é uma criança, é um degenerado. A natureza do hemisfério ocidental não é imperfeita: é decaída e decadente.’.” (PRADO, 2004, p. 183).

quem é considerado bárbaro ou selvagem, afirma-se, em contrapartida, quem não é129. Pensemos os discursos de 1891 e 1901, no que tange à questão indígena:

[1891, discurso de Díaz]: En el estado de Sonora quedan reprimidas, casi por completo, las incursiones de los indios bárbaros. Algunos han aparecido por los distritos de Arispe y Magdalena, asaltando a viajeros aislados; pero han sido bastantes, para arrojarlos al desierto, pequeñas partidas de nuestras fuerzas. Estas se internan hoy por Sierra Azul y Sierra Grande, donde antes nadie osaba penetrar por temor a las tribus salvajes. Últimamente se ha mandado retirar, como ya innecesaria, la columna que expedicionaba [sic] por el rumbo de Bocatete.130

[1901, discurso de Portillo y Rojas]: Como señal inequívoca de adelanto debemos ver también la guerra de Yucatán, emprendida con fines civilizadores y conducida conforme á las reglas del arte bélico moderno. Así lo ponen en claro el gradual avance y reforzamiento de tropas, el bien preparado servicio marítimo, la construcción de via férrea y malecones en la costa y la minuciosa preparación de todas las provisiones y detalles necesarios para obtener éxito favorable en una corta y definitiva campaña. Encerradas las tribus rebeldes en un círculo de hierro que metodicamente se va estrechando, abandonan sus trincheras, huyen y se dispersan, haciendo fácil y poco cruenta la obra de la pacificación.131

Notamos que o presidente mencionou dois estados onde foram recorrentes os problemas entre tribos indígenas e o governo: Sonora (região noroeste do México) e Yucatán (região sudeste do México)132. No primeiro exemplo, percebemos que, para se referir aos indígenas, Díaz utilizou como sinônimos as qualificações “bárbaros” e “selvagens”. Classificados como insubmissos e rebeldes, causavam temor em várias regiões, tornando-se, assim, um problema de segurança pública – por causa disto, acreditava-se que eles deveriam ser reprimidos por tropas militares. Já para falar sobre Yucatán, o general mencionou a necessidade de uma guerra com fins civilizacionais, responsabilidade do Ministério da Guerra e de toda sua “arte bélica moderna”. Se fosse preciso, o porfirismo mobilizaria várias esferas governamentais para uma “curta” e

129 Sobre o assunto escreveu Navarrete: “En primer lugar, aplicar la categoría étnica para definir a otro sirve siempre para definirse a uno mismo. Decir que alguien es “indio”, implica decir que es “indio como yo”, o que es “indio a diferencia de mí”. Definir a alguien como miembro de una categoría implica siempre definir la oposición que uno tiene frente a esa persona y la relación que debe entablar con ella. Igualmente, definirse a uno mismo como miembro de una categoría étnica implica definir la relación que mantiene uno con los demás.” (NAVARRETE, 2004, p. 22). Também é importante consultar o artigo de Rogelio Jiménez Marce, que possui uma classificação similar: “La construcción de las ideas sobre la raza en algunos pensadores mexicanos de la segunda mitad del siglo XIX” en Secuencia número 59, México, Instituto Mora, mayo- agosto 2004, pp. 73-100.

130 El General Díaz al inaugurar el 15º Congreso Constitucional, el primer período del segundo año de sus sesiones, el 16 de Septiembre de 1891, p. 452.

131 Contestación del C. Presidente del Congreso, Lic. José López Portillo y Rojas, abril 1901, p. 612. 132 Em 1902, Yucatán foi dividido para se criar o território chamado, posteriormente, Quintana Roo. A questão indígena e os problemas com o governo nessa região também foram latentes.

“definitiva” incursão contra eles. Os índios deveriam, aos olhos do primeiro magistrado, ser pacificados. Insubmissões, turbulências, inconstâncias, etc., mostravam um passado que se tornava irrevogável. Se o objetivo era mostrar que o presente mexicano havia mudado em relação ao passado e estava fundando sólidas bases para o provir, quais medidas deveriam ser tomadas para acabar com os resquícios do que era considerado ultrapassado, retrógrado e antigo?

É interessante perceber como civilização e pacificação também foram usados como sinônimos. Na introdução e nos itens anteriores, vimos que o conceito foi mobilizado para indicar um presente sem guerras e estável (ainda mais em comparação com a primeira metade do século XIX). Além disto, também foi usado para se remeter à incursão contra os indígenas. Todos deveriam ser submetidos aos preceitos e projetos de nação do Estado; pacificar implicava, neste segundo caso, eliminar, seja por assimilação forçada ou extinção física, a todos os elementos que se constituíssem obstáculo à marcha civilizatória. Para Quijada, “en primer lugar, no es ocioso recordar que en la segunda mitad del siglo XIX (…) alcanzó estatus de ‘verdad científica’ una manera de concebir la diversidad humana a partir de su estructuración en una rígida escala medida en términos tanto físicos como culturales.” (QUIJADA, 2003a, p. 489).

Se heterogeneidade estava articulada a selvagerismo e/ou barbárie – e, em nosso caso, relacionado aos indígenas –; o inverso desse silogismo era a homogeneização ligada à civilização e ao progresso133. Como sabemos, a homogeneidade estava conectada à vontade de uniformidade, a partir do modelo de desenvolvimento sociocultural europeu que, segundo o paradigma da época, tinha maior capacidade para progredir. Portanto, os indígenas foram considerados um entrave à modernização do país. Isto principalmente a partir da implementação da política liberal após a Reforma, em que o racismo mexicano passou da condição de fragmentado à de Estado e esteve presente em várias políticas públicas134. Para Florescano,

El señalamiento de los indígenas como enemigos del progreso, o la acusación de que eran culpables del atraso o los fracasos del país, puso en movimiento una campaña insidiosa que terminó por configurar una

133 É importante mencionar que “homogeneidade”/”heterogeneidade” foram conceitos utilizados por Herbert Spencer para tratar sobre a evolução social.

134 Evelyne Sanchez desenvolveu um trabalho detalhado sobre o tema, cruzando as discussões sobre nacionalismo e racismo para pensar especificamente o México. Ver: SANCHEZ, Evelyne. “Nacionalismo y racismo en el México decimonónico”. In: Nuevos enfoques, nuevos resultados. Nuevo Mundo Mundos nuevos, 2007, http://nuevomundo.revues.org/document3528.html. <hal-00947405>.

imagen negativa del indígena. La prensa, los libros, los discursos, la pintura y los medios más diversos difundieron una imagen degradada y salvaje de los indígenas que se generalizó en el siglo y se adentró en las partes más profundas de la conciencia nacional. (FLORESCANO, 2001, p. 564).135

Essa política de homogeneização nacional invisibilizou as identidades indígenas. Era necessário e latente transformá-los em sujeitos civilizados, fosse por via da educação ou fusão racial136. Para Díaz, a instrução pública era o remédio para os problemas sociais. O presidente deixou clara, em um dos discursos, a necessidade de expansão do ensino primário aos indígenas, tornando-os mais moralizados, cultos e civilizados. Dentre as matérias, era importante que aprendessem o castelhano, língua oficial da nação e referência europeia. Citamos um trecho do documento de 1899:

Como dicha ley impone á la Dirección General del Ramo [da Instrução Pública], entre otras obligaciones, la de procurar que se difunda la enseñanza primaria entre la raza indígena, es satisfactorio consignar que en los pueblos de la región alta del Distrito de Xochimilco donde numéricamente prepondera aquella raza, trescientos sesenta y cuatro niños aprendieron el castellano, quedando con esto en condiciones de continuar su educación.137

Na prática, foi conformado no México um tipo de cidadania étnica em que os indígenas, qualificados de insubordinados, selvagens/bárbaros e rebeldes, não possuíam

135 Bernardo Reyes e James Creelman foram dois autores que defenderam abertamente o porfirismo e escreveram apreciações sobre os indígenas de Sonora e Yucatán. Falaremos sobre ambos no Capítulo 2 e no 3, respectivamente.

Bernardo Reyes Ogazón escreveu: “La campaña contra los indios yaquis y mayos, fue necesario proseguirla. El Estado del país, de cualquier modo, exigía que esas tribus no vivieran fuera de la obediencia del Gobierno; y aunque en inmediatas épocas anteriores pudieron haberse empleado otros medios para encauzarlas en la vida civilizada, en el momento a que nos referimos habían alcanzado algún triunfo sobre las fuerzas federales, que las había envalentonado, y no cabía ya más recurso que sojuzgarlas por medio de las armas.” (REYES, 1960 [1903], p. 283).

James Creelman, que em 1910 escreveu Díaz: master of Mexico, obra publicada em fevereiro de 1911, argumentou sobre os indígenas: “The Indians remained at peace only for brief spells. There was no force within their territory to inspire them with awe and no authority save that of their chiefs, and they soon returned to the warpath and raided the neighboring townlets and villages, burning, murdering, and robbing as they proceeded. Then the government was again compelled to take the field against them and keep up the fighting until they sued for peace. The withdrawal of the troops would be followed by a short period of relative quiet, again interrupted by uprisings, incendiarisms, assassinations, and thefts.” (CREELMAN, 2011 [1911], pp. 405-406). Ver: REYES, Bernardo. El General Porfirio Díaz. Cidade do México: Editora Nacional, ed.1960 [1903]. CREELMAN, James. Díaz, master of Mexico. Lexington: Cornell University Library, 2011 [1911].

136 Díaz falou sobre a importancia da instrução pública como remédio para os problemas políticos e sociais do México: “Los resultados satisfactorios que se han obtenido en el último año escolar, y las últimas inscripciones que para el presente se registran en todas las escuelas nacionales, han venido á demonstrar que no son estériles los constantes esfuerzos del Gobierno por difundir y mejorar la enseñanza pública, de la que principalmente depende la solución de los problemas políticos y sociales.” Em: El General Díaz, en 1º de Abril de 1894, al abrir el 16º Congreso el segundo período del año segundo de sus sesiones, p. 414. 137 El General Díaz, el 1º de Abril de 1899, al inaugurar el Congreso de la Unión el segundo período del primer año de sus sesiones, p. 546.

os critérios para serem enquadrados na condição de cidadãos. Como explicou Navarrete, “todos los grupos que no quisieran, o no pudieran, tomar parte de ese proceso de fusión racial y construcción nacional (ya fueron indios rebeldes o miembros de otras razas como los chinos) eran obstáculos a la conformación de la nación homogénea y por ende enemigos de la patria.” (NAVARRETE, 2004, p. 94). Eles deveriam, primeiramente, ser pacificados, contendo, assim, seu espírito turbulento e, posteriormente, educados dentro dos modos civilizados e morais. Acreditava-se que a aprendizagem do castelhano os daria a possibilidade de continuar sua educação138. À época, menos da metade da população falava o espanhol, existia no país um mosaico de etnias e línguas locais. Esse fenômeno criava uma grande falácia entre, por exemplo, as leis governamentais, projetos de Estado e a população. Muitos governantes desconheciam o valor ou a dimensão de outras línguas, como, por exemplo, o Náhuatl. A língua oficial, considerada culta e civilizada, que deveria ser ensinada nas escolas, era o espanhol de origem europeia.

Pensando novamente nos sistemas classificatórios: eu/outro; nós/eles, para Jacques Derrida, a relação entre os termos dessa oposição envolve um desequilíbrio de poder. O “outro” é representado como o desviante, o que deveria se enquadrar nos padrões