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VIII. Introdução

5. Conclusão

As duas perguntas de partida da presente investigação foram as seguintes: Como é feito o acompanhamento social em contexto de habitação social? Que fatores críticos são experienciados por utentes e profissionais no processo de acompanhamento social?

Neste sentido, definiu-se como objetivo geral compreender e analisar os fatores críticos de sucesso do acompanhamento social em contexto de habitação social. Os objetivos específicos traçados consistiam em: i) perceber quais os fatores críticos experienciados por utentes e profissionais; ii) entender quais os resultados do acompanhamento social realizado.

Para responder às questões iniciais e atingir os objetivos definidos foi elaborado um aprofundamento teórico, que se dividiu em duas partes: Habitação social, vulnerabilidade e exclusão social; Acompanhamento social: uma prática de intervenção social. No primeiro capítulo foi desenvolvida a questão da habitação social, relacionando- a com os temas da vulnerabilidade e exclusão social. No capítulo seguinte foi abordado o tema do acompanhamento social como uma prática de intervenção social. O ponto seguinte dizia respeito à metodologia, apresentando a presente investigação como um estudo de caso.

Através da recolha dos dados, foi possível verificar dois pontos: a importância do acompanhamento social em contexto de habitação social; os fatores críticos de sucesso experienciados por técnicos e famílias no processo de acompanhamento social em contexto de habitação social.

O acompanhamento social em contexto de habitação social assume um papel importante, devido às características dos bairros sociais (isolados física e socialmente do resto da cidade). Neste sentido, o acompanhamento social intervém com as famílias em situação de vulnerabilidade e exclusão, que se encontram num território igualmente vulnerável e excluído. Segundo os técnicos e as famílias, o profissional é considerado um apoio, um amparo e um orientador para as famílias, para além de permitir que as pessoas tenham acesso a informação, nomeadamente acerca dos seus direitos. O acompanhamento social surge como uma ferramenta fundamental para um processo de integração, na medida em que promove a autonomização e o bem-estar das pessoas. A autonomização ocorre quando as pessoas deixam de necessitar dos serviços e conseguem percorrer o seu caminho sozinhas, o que irá promover o seu bem-estar. Quando o indivíduo se sente

valorizado, feliz e se volta a sentir pessoa, o seu bem-estar aumenta e foi dado um enorme passo no sentido da sua integração.

Foram identificados cinco fatores críticos de sucesso do acompanhamento social em contexto de habitação social: a relação como fator estruturante do processo de acompanhamento social em contexto de habitação social; a disponibilidade profissional como elemento facilitador do processo de acompanhamento social em contexto de habitação social; o perfil das famílias; o perfil dos técnicos; o trabalho em parceria e em rede.

A relação entre técnico e utente é considerada estruturante no processo de acompanhamento social em contexto de habitação social, tanto pelas famílias como pelos profissionais, sendo que a qualidade da mesma irá condicionar o sucesso da intervenção. A construção e manutenção desta relação depende do perfil das famílias e do perfil dos técnicos. A relação pode ser considerada, por um lado, o início da intervenção, na medida em que só através da existência de uma relação entre técnico e utente é possível realizar o acompanhamento social e, consequentemente, ter sucesso. Por outro lado, a relação pode ser vista como o fim/a finalidade do acompanhamento social, no sentido em que durante o processo de acompanhamento social vai sendo criada uma relação entre técnico e utente e, se no final do processo, essa relação estiver construída e consolidada, muito provavelmente significa que a intervenção teve sucesso.

O sucesso do acompanhamento social depende também do perfil do técnico, na medida em que as suas características pessoais determinam o profissional em que se torna e, consequentemente, condicionam o rumo da intervenção. A disponibilidade assume um papel relevante dentro do perfil do técnico, sendo considerado um elemento facilitar do processo de acompanhamento social em contexto de habitação social. A disponibilidade pressupõe que exista investimento, empenho, persistência e resiliência por parte do técnico. Ter disponibilidade implica que não existam horários e locais fixos e rígidos para trabalhar, pois as necessidades das pessoas não escolhem dia, hora nem local. Para além da disponibilidade, dentro do perfil dos técnico, surgem a importância de se gostar do que se faz (que terá implicação na disponibilidade), a sensibilidade (de ver o que está por detrás do óbvio) e o acreditar nas pessoas e nas suas capacidades, com a esperança num futuro melhor.

O perfil das famílias também determina o sucesso da intervenção, na medida em que todas as famílias são diferentes e existem procedimentos que podem resultar com certa família e não resultar com outra. Cada família vivenciou diferentes experiências e

tem diferentes dinâmicas e características, pelo que é essencial adequar a intervenção a cada uma de forma individual.

O trabalho em rede e em parceria tem sido cada vez mais valorizado e utilizado, porque promove a articulação e congregação de esforços entre os vários agentes sociais, otimizando os recursos existentes.

É possível concluir que o sucesso do acompanhamento social em contexto de habitação social pode depender do utente, do técnico, de ambos ou de fatores externos. Depende das famílias quando se refere ao perfil das mesmas; depende dos técnicos quando se refere ao perfil dos mesmos; depende de ambos quando se refere à relação que se estabelece entre técnico e utente; depende de fatores externos quando se refere ao trabalho em parceria e em rede, na medida em que depende das respostas existentes e da sinergia que se cria entre parceiros.

Neste sentido, é possível realçar a importância dos perfis, tanto dos técnicos como das famílias, no sucesso do acompanhamento social em contexto de habitação social. Estes irão condicionar a relação que se estabelece entre técnico e utente e, por consequência, irá condicionar o sucesso da intervenção. Desta forma, os desafios que se colocam ao Assistente Social no processo de acompanhamento social em contexto de habitação social consiste numa reflexão pessoal (como pessoa e como profissional), de modo a que exista uma consciencialização do seu perfil enquanto técnico, sabendo que este irá influenciar o sucesso da intervenção. Para além disso, é pertinente continuar a trabalhar em rede e em parceria, colocando o Assistente Social num papel de relevo, pois além da sua participação no trabalho em rede e em parceria, cabe muitas vezes ao técnico informar e mostrar à sua entidade empregadora a importância e as mais-valias deste tipo de trabalho.