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Resultados nas componentes dos exames de PLE: Implicações para o

CONCLUSÃO E IMPLICAÇÕES

A análise dos resultados dos exames CAPLE tinha como objetivo identificar competências e ativi- dades linguísticas em relação às quais se torna necessário reforçar a aprendizagem, tendo como re- ferência os resultados dos exames de PLE do CAPLE. Em foco, estavam os estudantes chineses da instituição de ensino superior que acolhe o LAPE e que se encontram a frequentar programas de aprendizagem da língua portuguesa. Como o LAPE recebe candidatos externos, para além dos seus próprios estudantes, foi possível obter respostas gerais, em relação aos resultados nas diversas com- ponentes dos exames, para além das respostas relativas aos próprios alunos da instituição.

Os participantes obtêm resultados com diferenças significativas entre um número alargado de com- ponentes em avaliação nos exames, quer de um modo geral, quer no caso do grupo de estudantes chineses e, de entre estes, no caso dos estudantes chineses da instituição. A existência destas dife- renças remete para a inclusão no processo de aprendizagem de atividades ligadas a cada uma das componentes. De um modo geral, é a componente de Produção e Interação Escritas que apresenta resultados inferiores. Isso acontece com os estudantes chineses, no nível B2, e com os outros grupos em qualquer dos níveis considerados (B2 e C1). A componente com melhores resultados no caso dos estudantes chineses é a de Produção e Interação Orais, nos dois níveis, o que também acontece no grupo de referência no nível C1. No nível B2, neste grupo, é a componente de Compreensão da Leitura que atinge o nível mais elevado.

Os valores mais elevados obtidos na componente de Produção e Interação Orais pode constituir um reflexo de os estudantes se encontrarem em contexto de imersão. O facto de esse promover a interação em língua portuguesa não só nas situações extraescolares do quotidiano, mas também na aprendizagem académica pode contribuir para promover o desenvolvimento das competências de oralidades exigidas nestes níveis. Contudo, no caso dos estudantes chineses, no nível B2, tal não é ainda satisfatório, como revela o facto de o valor médio ser inferior ao patamar de aprovação (55 pontos, correspondente à classificação de suficiente). Em relação a esta componente, é sobretudo neste nível que se torna necessário reforçar a proficiência. No nível C1, os candidatos a exame já se apresentam, em média, com um nível positivo.

No caso da Produção e Interação Escritas, os resultados confirmam a dificuldade desta componente. Knoch, Rouhshad, Oon e Storch (2015) salientam essa dificuldade, ao mostrarem que, mesmo em contexto de imersão e ainda que em ambiente académico, a melhoria dos textos dos alunos revela- -se lenta e limitada. Estes autores encontraram melhorias sobretudo em relação à fluência, após três anos de imersão, sendo os progressos mais reduzidos quanto ao aumento da correção e da com- plexidade gramatical e lexical. A proposta que formulam vai no sentido de reforçar o feedback aos estudantes sobre os seus escritos. A essa proposta, podemos juntar o alargamento dos recursos lin- guísticos promovendo o domínio desses recursos, segundo os inventários estabelecidos para os dife- rentes níveis, designadamente os inventários estabelecidos pelo Referencial Camões PLE (Direção de Serviços de Língua e Cultura, 2017).

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surge um novo grau de dificuldade. Este pode ser atribuído à necessidade de processar textos de maior dimensão, incluindo significados implícitos. Neste nível, no caso dos estudantes chineses, quer exterio- res, quer da instituição, os resultados médios desta componente mantêm-se distantes da classificação positiva. Esse patamar é alcançado (ou está próximo), em média, no caso dos estudantes da instituição. As orientações decorrentes dos resultados para o ensino-aprendizagem remetem também para a ne- cessidade de aprofundamento da análise, que se torna necessário pelas limitações deste estudo. Des- de logo, a consideração das componentes dá informações gerais sobre o desempenho da atividade linguística em causa. Contudo, não revela as limitações ou incorreções particulares apresentadas ou os recursos linguísticos já dominados. Torna-se, por conseguinte, necessária uma análise específica das produções linguísticas para identificação dessas limitações.

Por outro lado, o facto de o estudo estar delimitado aos resultados dos exames realizados num LAPE, se trouxe potencialidades quanto à projeção para o ensino-aprendizagem na instituição onde funcio- na, também trouxe limitações quanto à dimensão da amostra (o que motivou a exclusão do estudo dos níveis B1 e C2). O alargamento da amostra, em termos de número de participantes e de níveis considerados, é, por conseguinte, um passo que deve ser procurado.

Finalmente, deve ter-se em atenção que os valores médios permitem apenas orientações gerais e a tomada de consciência de aspetos que tomam um grupo como entidade. Contudo, o ensino-aprendi- zagem deve ter também em conta os casos individuais, com o seu domínio de recursos linguísticos e dificuldades particulares.

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