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5 CONCLUSÕES

5.1 CONCLUSÕES ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS

Ao se relacionarem os três fatores (atribuição, mediação e controle) e os níveis de práticas exercitivas, os recursos e os fatores de controle, o discurso das licenciadas mostra evidências de uma significativa fragmentação no que se refere à construção de uma identidade consistente de educador linguístico. Descrevem a sua atividade como “ensinar”, sem apontar claramente o desenvolvimento da competência comunicativa em língua estrangeira e formação de educadores.

A discrepância no papel profissional se percebe, também, no uso dos recursos tecnológicos nos dois contextos de trabalho, pois, na EAD, sentem-se confortáveis por dominarem os recursos e disporem de todos eles de forma

adequada às necessidades da prática educativa, porém, no presencial, são tantas as dificuldades que encontram que, praticamente, inviabilizam o uso desses recursos.

Quanto ao nível finalístico, ou seja, o controle sobre a sua própria prática (em termos de acompanhamento e promoção da aquisição e competência linguística na língua estrangeira, seu objeto de trabalho), praticamente não existe, pois elas constatam que os alunos terminam o ensino médio sem a formação esperada. Somente uma das informantes se posiciona defendendo o resultado do próprio trabalho, mas na EAD, acreditando que os licenciados vão sair preparados para exercer a profissão.

Dessa forma, há educadoras linguísticas com formação especializada e experiência no mercado de trabalho, mas que não se reconhecem como tal. Isso se justifica pelo distanciamento entre a demanda social ou o que se exige delas como profissionais e as suas reais atribuições como educadoras linguísticas. Pela carência de legislação e normatividade da sua profissão, não conseguem se constituir como profissionais da educação linguística, estabelecendo a finalidade da sua atividade e controlando o processo educativo de língua estrangeira.

5.2 CONCLUSÕES ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS FATORES E OS NÍVEIS INTERMEDIÁRIOS DE ENQUADRAMENTO

Ao se analisarem os aspectos tratados nesta etapa da pesquisa, percebe-se que os três fatores do enquadramento profissional das educadoras linguísticas se vêm perpassados por fragmentação e conflitos no que tange à sua relação com a equipe diretiva, que, diante da reclamação dos pais, não toma atitude defensiva em relação ao educador. Além disso, o que as informantes permitiram observar mostra que nem os pais nem a escola reconhecem como legítimo o saber e o agir do professor. A equipe diretiva também não estabelece critérios de planejamento de ensino que determinem objetivos, meios e fins a serem alcançados, resumindo-se o planejamento a listas de conteúdos desenvolvidos sem articulação interna e com outras áreas do currículo.

Os conflitos se repetem na relação com os colegas da academia quando as expectativas das educadoras não são correspondidas em termos de aporte teórico e

prático na busca de encontrar soluções para os problemas reais do dia a dia da sala de aula, como a violência.

Quanto aos procedimentos para a efetivação do ato linguodidático, eles se mostram afastados dos fins a que se destinam, pois estão mais direcionados às expectativas imediatistas de que o aluno ”goste” da aula e das atividades, revelando- se o desvio aos meios, em que os procedimentos didáticos, comprometidos principalmente com uma ludicidade inconsequente, deveriam centralizar-se em sua finalidade: a competência na língua estrangeira.

O aspecto mais relevante dos fatores tratados no nível intermediário está associado ao monitoramento do processo de ensino e aprendizagem pelo fato de expor as educadoras na medida em que são levadas a ter que atuar de modos que não compactuam e que podem até ser consideradas antiéticas. Essas situações, seguramente, contribuem para que se sintam desvalorizadas como pessoas e profissionais. Nessas questões, o que foi ressaltado pelas informantes relaciona-se apenas com o ensino presencial.

5.3 CONCLUSÕES ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE OS TRÊS FATORES E OS NÍVEIS INFERIORES DE ENQUADRAMENTO

Como mencionado no decorrer da análise, as educadoras não encontram um referencial nítido de profissional para identificar-se, porém, uma das informantes, diante de cobranças de atitudes em relação à avaliação, que ela não compreende como adequada para um profissional de educação, reage posicionando-se e tomando atitude contrária à esperada. Sua reação dá indícios de que está buscando formas de resistir e garantir, pelo menos, em alguns aspectos, a integridade de suas concepções sobre o seu papel e atribuições de educadora. Demonstrou atitude resiliente no sentido de que enfrentou o conflito, definiu a solução e consegui implantá-la, fazendo com se sentisse mais confortável. Porém, é uma ação individual, pois os colegas e equipe diretiva continuam atuando da mesma forma que antes, valorizando a aprovação em detrimento do progresso na língua-alvo.

No âmbito da formação profissional, que deve ajudar a constituí-las como profissionais competentes, elas se mostram frustradas, mas conformadas (no sentido de acomodadas a uma realidade frente à qual se sentem impotentes) com o fato de que a escola não proporciona nenhuma oportunidade para que invistam

nesse aspecto da sua carreira. As informantes encontram no reconhecimento do seu trabalho, por alguns alunos, uma forma se confortar-se e superar o mal-estar causado pelos problemas que se contínuos que têm que enfrentar ou conviver.

As concepções teórico-práticas que deveriam dar suporte à prática educativa não se mostram de forma clara, elas apenas indicam recursos e estratégias que acreditam ser adequadas para ensinar e garantir a atenção dos alunos.

No nível gestor da carreira profissional (que ainda é desprovido da força corporativa de profissões emancipadas), elas acreditam que o reconhecimento profissional é necessário, passando pela valorização da educação de forma geral, ou seja, a solução está nas políticas de governo e na sociedade. Tal reconhecimento também se relaciona com um salário digno e à qualificação profissional, de modo que as docentes esperam que as mudanças venham de fora, sem perceberem que somente ocorrerá se partir dos próprios educadores na sua luta pela legislação emancipatória. No momento atual, suas demandas e conflitos ainda são inócuos em termos de criar conflitos a ponto de desestabilizar o meio, promovendo a delimitação do seu próprio sistema ou a criação de um novo sistema.

5.4 CONCLUSÕES ACERCA DO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO PAPEL DE