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6. CONCLUSÕES

Neste capítulo, tendo em conta os objectivos delineados e as hipóteses formuladas, apresentamos as conclusões derivadas do nosso estudo.

As conclusões relativas à satisfação com a IC serão apresentadas através da análise das respectivas hipóteses. Seguidamente, serão apresentadas apenas as principais conclusões relativas às opiniões e atitudes acerca da Dança e da ES e sobre as perspectivas da Dança e da ES, com base nos respectivos objectivos, dado não terem sido formuladas hipóteses.

Satisfação com a Imagem Corporal

H1: Do primeiro para o segundo momento de aplicação dos questionários, existem alterações nos valores de satisfação com a IC.

A hipótese formulada foi refutada pelos nossos resultados.

Verificamos que os alunos, quer no geral, quer em cada sexo, não apresentam diferenças estatisticamente significativas do primeiro para o segundo momento nos valores de satisfação com a IC.. No entanto, no geral, do primeiro para o segundo momento, verificamos um aumento significativamente mais elevado no grau de satisfação geral com a aparência e uma diminuição significativa da satisfação com as orelhas, ombros e peso.

Quando analisamos os resultados separados por sexo, do primeiro para o segundo momento, nos alunos do sexo feminino verificamos uma redução estatisticamente significativa da satisfação com as orelhas e ombros e, em contrapartida, um aumento estatisticamente significativo da satisfação com o cabelo e grau de satisfação geral com a aparência.

H2: Quer no primeiro, quer no segundo momento, existem diferenças entre sexos, relativamente aos valores de satisfação com a IC.

A hipótese formulada foi refutada pelos nossos resultados.

Verificamos que, quer no primeiro, quer no segundo momento, não existem diferenças estatisticamente significativas entre o sexo feminino e o sexo masculino nos valores de satisfação com a IC.. No entanto, verificamos que, no primeiro momento, os alunos do sexo masculino apresentam uma tendência para uma maior satisfação com a IC, relativamente aos alunos do sexo feminino e, pelo contrário, no segundo momento, a situação inverte-se. Além disso, os alunos do sexo feminino, no segundo momento, sentem-se significativamente mais satisfeitos com o cabelo, com os olhos e com os seios, relativamente aos alunos do sexo masculino.

H3: Em cada momento, existe relação entre os valores de satisfação com a IC e a percepção do peso corporal.

A hipótese formulada foi refutada pelos nossos resultados.

Verificamos que, no primeiro momento, não existe relação estatisticamente significativa entre a percepção do peso corporal e a satisfação com a IC. Em contrapartida, no segundo momento, essa relação verifica-se, sendo que os alunos que se percepcionam como magros são os que se encontram mais satisfeitos com a IC e os alunos que percepcionam como gordos, são os que se encontram menos satisfeitos.

H4: Em cada sexo, quer no primeiro, quer no segundo momento, existe relação entre os valores de satisfação com a IC e a percepção do peso corporal.

Verificamos em ambos os sexos, que tanto no primeiro como no segundo momento não existe relação estatisticamente significativa entre a percepção do peso corporal e a satisfação com a IC. No entanto, verificamos que, em ambos os momentos, os alunos dos sexo feminino que se percepcionam como gordos são os que se encontram menos satisfeitos com a IC e os que percepcionam o seu peso como ideal, são os que se encontram mais satisfeitos com a IC. Nos alunos do sexo masculino, verificamos, nos dois momentos, que aqueles que se percepcionam como magros são os que se encontram mais satisfeitos com a IC e os que percepcionam o seu peso como ideal, são os que se encontram menos satisfeitos com a IC..

Opiniões e atitudes acerca da Dança e da Educação Sexual

Face ao objectivo 5 - analisar as opiniões e atitudes dos alunos acerca da Dança e da ES na Escola, do primeiro para o segundo momento, concluímos que:

- No primeiro momento verificamos que, no geral, o número de alunos que não gostam de dançar é superior ao número de alunos que gostam (56,5% vs 43,5%). Em contrapartida, no segundo momento, o número de alunos que não gostam de dançar é inferior ao número de alunos que gostam (13,0% vs 87%).

- No primeiro momento, o número de alunos que não têm o hábito de dançar é superior ao número de alunos que têm esse hábito (52,2% vs 47,8%). No entanto, no segundo momento, o número de alunos que não têm o hábito de dançar é bastante inferior ao número de alunos que têm esse hábito (17,4% vs 82,6%).

- No primeiro momento, dos 23 alunos que responderam a esta questão, 65,2% afirmaram ser importante a abordagem da Dança na EF, enquanto 34,8% contrariaram esta importância. No segundo momento, os alunos que atribuíram

importância à Dança na EF subiu para 82,6%, diminuindo para 17,4% os alunos que não conferem importância à Dança na EF.

Face ao objectivo 6 – analisar as opiniões e atitudes acerca da Dança e da ES na Escola, no primeiro e no segundo momentos, em cada sexo, concluímos que:

- No primeiro momento, dos alunos do sexo feminino (60%) gostam de dançar enquanto (40,0%) não gostam de dançar. Dos alunos do sexo masculino, (12,5%) gostam de dançar enquanto (87,5%) não gostam de dançar. No segundo momento, todos os alunos do sexo feminino (100%) afirmaram que gostam de dançar, Verificamos também um aumento de alunos do sexo masculino (62,5%) que gostam de dançar e (37,5%) que não gostam de o fazer.

- No primeiro momento, há 9 (60%) alunos do sexo feminino que têm o hábito de dançar contra 6 (40%) que não têm esse hábito. Relativamente aos alunos do sexo masculino, são 2 (25%) a referir terem o hábito de dançar contra os 6 (75%) que não o têm. No segundo momento, dos alunos do sexo feminino, 14 (93,3%) afirmaram que têm o hábito de dançar e apenas 1 (6,7%) afirmou que não têm este hábito. Verificou-se também um aumento do número de alunos do sexo masculino com hábito de dançar, sendo que foram 5 (62,5%) os que passaram a ter esse hábito e apenas 3 (37,5%) os que não o têm.

- No primeiro momento, (65,2%) dos alunos afirmaram ser importante a Dança na EF. No sexo feminino, (66,7%) considera importante a abordagem da Dança na EF e (33,3%) tem opinião contrária. No sexo masculino, (62,5%) ser importante a Dança na EF. Ao invés, (37,5%) dos rapazes afirmaram não ser importante a Dança na EF. No segundo momento, a atribuição de importância à Dança na EF aumentou para (100,0%), aumentando, portanto, os alunos masculinos que não conferem importância à Dança na EF.

- No primeiro momento e no segundo momento, foi unânime a atribuição de importância à Educação Sexual na Escola, ou seja, 100% dos alunos de ambos os sexos que responderam a esta questão, afirmaram ser importante abordar a Educação Sexual na Escola.

Face ao objectivo 7 – analisar as alterações nos hábitos de higiene dos alunos, do primeiro para o segundo momento, no geral e em cada sexo, concluímos que:

- No primeiro momento, dos 23 alunos que responderam a esta questão, (56,5%) afirmaram ter o hábito de tomar banho na Escola enquanto (43,5) disseram não ter esse hábito na Escola. No segundo momento, os alunos que mencionaram ter o hábito de tomar banho na Escola subiu para (91,3%), diminuindo para (8,7%) aqueles que não possuíam esse hábito.

- Após a comparação dos resultados separados por sexos, verificamos que, no primeiro momento, dos alunos do sexo feminino, (56,5%) afirmaram ter o hábito de tomar banho na Escola e (43,5%) não têm esse hábito. Dos alunos do sexo masculino apenas (25%) têm o hábito de tomar banho na Escola. No segundo momento, todos os alunos do sexo feminino (100,0%) afirmaram ter o hábito de tomar banho na Escola enquanto que no sexo masculino apenas (75,0%) do sexo masculino também o tem. (25%) dos alunos do sexo masculino ainda afirmam não terem o hábito de tomar banho na escola.

Posto isto, resumidamente, concluímos que:

- Do primeiro para o segundo momento houve um aumento do número de alunos a afirmar que costumam dançar, gostam de dançar, acham importante a abordagem da Dança na EF e tomam banho na escola;

- No primeiro e no segundo momento, todos os alunos afirmaram ser importante abordar a Educação Sexual na Escola.

Perspectivas acerca da abordagem da Dança e da Educação Sexual

Face ao objectivo 8 - analisar a opinião final (após a aplicação da UDD) dos alunos, acerca: do próprio corpo e do corpo dos colegas, das questões de género e estereótipos na Dança e de uma possível relação entre a EpS, ES e EF, concluímos que:

- Apesar de alguns dos alunos referirem que não gostam de certos aspectos do próprio corpo, no geral, todos são capazes de expressar sentimentos relativos ao próprio crescimento, evidenciando uma atitude positiva face às modificações corporais. Os alunos parecem assumir uma atitude igualmente positiva face aos comentários e à análise que os colegas possam fazer acerca deles e conseguem expor opiniões acerca dos outros.

- Para alguns alunos, a opinião acerca do próprio corpo não é constante, variando em função de alguns factores externos.

- Relativamente às opiniões acerca da abordagem da dança na EF, verificamos que esta experiência permitiu aos alunos criarem o gosto pela descoberta dos próprios sentimentos e emoções e desenvolverem atitudes de compreensão e respeito pelos sentimentos e emoções de cada um, visto a maior parte dos alunos terem afirmado que foi uma experiência divertida e que superou as expectativas iniciais. Como tal, o facto de a dança ter desencadeado sensações positivas nos alunos, atenuou com o receio e até mesmo aversão de alguns alunos relativamente à prática desta actividade.

- As aulas de dança são propícias à geração de alguns conflitos interpessoais, sendo que estes acabam por ser resolvidos e contribuem para a melhoria das relações interpessoais e união a turma.

- Relativamente à opinião acerca da participação dos rapazes na dança, os alunos não demonstraram dificuldade em falar sobre o tema. Além disso, revelaram conhecer os preconceitos e estereótipos ainda presentes na sociedade a que pertencem, adoptando uma atitude crítica face aos papéis estereotipados atribuídos socialmente a homens e mulheres e aceitando que os papéis desempenhados pelas pessoas não devem ser determinados pelo sexo a que pertencem. Referiram ainda, ser importante desenvolver atitudes e comportamentos não discriminatórios, que promovam a igualdade de direitos e oportunidades entre os sexos, aceitando as diferentes opiniões e decisões dos outros.

- A maioria dos alunos sentem-se melhor quando dançam com alguém do sexo oposto e a causa, mais uma vez, parece ser o receio daquilo que os outros possam pensar ao verem duas pessoas do mesmo sexo a dançarem com mais contacto físico. Esta atitude parece ser desencadeada pelo facto de os alunos, apesar de aceitarem que os papéis desempenhados pelas pessoas não devem ser determinados pelo sexo a que pertencem, sabem que nem todas as pessoas pensam da mesma forma.

- Os alunos revelaram possuir um nível razoável de compreensão do que é a Sexualidade, a diversidade e a individualidade das suas expressões, uma vez que referiram várias das suas dimensões, sendo que a dimensão mais referida foi a afectiva.

- As disciplinas referidas com mais frequência como sendo as mais importantes para a abordagem da ES na escola foram Educação Moral, Educação Cívica e Ciências da Natureza. Nenhum aluno referiu a EF. No entanto, nas

justificações referiram alguns aspectos que também estão intimamente relacionados com a EF.

- Apesar de nenhum aluno ter referido a disciplina de EF de forma espontânea, no geral, os alunos parecem concordar que é possível abordar a ES na disciplina de EF em geral.

- Quando confrontados com a possibilidade da abordagem da ES nas aulas de Dança, os alunos, apesar de se terem evidenciado algumas pausas e dúvidas, conseguiram estabelecer relações interessantes, sendo que os aspectos mais referidos foram o corpo e o contacto físico nas danças a pares.

- A abordagem da dança parece ter contribuído para o aumento dos hábitos de higiene, talvez pelo facto de a dança contribuir para uma maior atenção e cuidados com o corpo. No entanto, parecem existir ainda algumas barreiras que condicionam a prática deste hábito de higiene, entre as quais, a timidez e as atitudes dos pais.

- A relação que existe entre a EF e a EpS é também evidente para os alunos. Além disso, estes alunos não referiram apenas a importância da EF para alcançar a saúde física, mas também para alcançar a saúde psicológica. No entanto, nenhum aluno referiu a vertente de ES.

- Apesar de nenhum aluno ter estabelecido a ponte entre a EpS e a ES, quando confrontados com esta questão, todos referiram que a relação entre a EpS e a ES é evidente. No entanto, apenas associaram esta relação às doenças sexualmente transmissíveis, sendo que não referiram a importância da EpS ao nível das outras dimensões da ES. Apenas um aluno referiu o corpo, mas não justificou.

Posto isto, resumidamente, concluímos que após a aplicação da UDD os alunos:

- São capazes de expressar sentimentos relativos ao próprio crescimento, evidenciando uma atitude positiva face às modificações corporais e face aos comentários e à análise que os colegas possam fazer acerca deles;

- Conhecem os preconceitos e estereótipos acerca da Dança, aceitando que os papéis desempenhados não devem ser determinados pelo sexo a que pertencem;