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2.1 Contextualização geral da Dança 11

2.1.2 Definição e benefícios da Dança 15

A Dança é muito mais complexa do que uma sequência de gestos, passos e movimentos corporais, dentro de um ritmo musical (Castro, 1999).

O ser humano começa por comunicar com o corpo através dos movimentos, expressando e emitindo estados de espírito, ideias, sentimentos, que muitas vezes não são possíveis através da linguagem verbal (Nanni, 1995 & Santos, 1997). Dentro da linguagem corporal, a Dança constituiu-se desde cedo como uma das formas de expressão mais usadas pelo homem primitivo (Ribas, 1983; Salazar, 1962). Assim sendo, nesta ordem de ideias, a Dança é uma forma de expressão, com propósitos claros de comunicação através do corpo (Batalha, 2004).

Segundo o ME (2001a, pg.183), “Dançar é humano. É uma actividade mágica, baseada na beleza da energia humana, enquanto movimento produzido pelo corpo. Envolve o pensamento, a sensibilidade e o corpo…”.

Para o Homem, dançar é tão natural como falar, cantar, rir e chorar, na medida em que, a Dança é uma expressão de sentimentos (Ribas, 1983). Como tal, dançar é transmitir um certo estado de espírito, é uma forma de ver o mundo, de sentir plenamente o corpo e utilizá-lo para conhecer outros sentimentos e sensações (Fahlbusch, 1990).

Manfrim e Volp (2003), acreditam que a Dança constitui um meio de comunicação, através do qual o indivíduo tem a liberdade de se expressar e com isso exercitar, através de movimentos, a sua imaginação e criatividade. De igual modo, também Batalha (2004, p.22), considera que dançar “é criar originalmente, comunicar intencionalmente, impressionar artisticamente, observar contemplativamente e criticar fundamentadamente”. O mesmo autor, é da opinião que, no processo criativo, o que importa é o nascimento de uma gestualidade própria, que seja o reinventar do corpo a partir não só da sensibilidade, mas da vivência de emoções e energias interiores. Assim sendo, o principal meio que permite a comunicação e expressão de sentimentos e emoções na Dança, é o movimento do corpo humano.

A Dança, é uma actividade complexa que, segundo Santos (1997), relaciona factores biológicos, psicológicos, sociológicos, históricos, estéticos, morais, políticos e geográficos, favorecendo o desenvolvimento motor, na medida em que utiliza o corpo, com técnicas específicas para comunicar emoções, ideias, atitudes e sentimentos. Para a mesma autora, a Dança é afinal um meio pelo qual o homem se pode expressar e transmitir aos outros a sua interpretação da realidade ou do imaginário.

Para Kunz (2004), a Dança abrange, pelo menos, três campos de actuação do ser humano: a Arte, a Cultura e a Educação. Santos (2007), partilha da mesma ideia, referindo que a Dança é utilizada não só com fins artísticos/estéticos, mas também com fins educativos, sociais e políticos, como é o caso da companhia Arnie Zane Dance Company de Bill T.Jones, que utiliza a Dança para denunciar as mazelas do mundo e seus efeitos, tais como as guerras, a fome, a SIDA e a sexualidade, porém, sem abandonar a técnica e a beleza que estão sempre presentes nas suas coreografias. O mesmo autor, refere ainda que, em relação à Dança em contextos educativos, na sociedade brasileira, foram criados temas transversais (ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual e trabalho), com a intenção de alargar o olhar sobre as acções diárias no Brasil.

Posto isto, em suma, a Dança é uma actividade universal, visto que, todos os povos da terra dançam e esta é praticada a vários níveis (amador, semi-profissional e profissional), sendo diferenciada pela idade, ou seja, crianças, jovens, adultos e gerontes. È também ela polivalente, na medida em que exprime diferentes funções (rituais, culturais, terapêuticas, sócio-culturais, artísticas, etc.) dimensionando-se em vários domínios (arte, educação, lazer, terapia, etc.), polissémica, pois é portadora de significados diversos e

polimorfa, sendo que reveste uma infinidade de formas (Clássicas, Modernas,

Contemporâneas, Populares, de Salão, etc.). Por fim, é uma actividade

psicossomática, porque é sempre através do corpo que são mediatizadas as

formas e as funções da Dança (Serre, 1982, cit. Santos, 1997).

Dançar, quer seja de uma forma regular ou esporádica, acarreta diversos benefícios, aos mais diversos níveis. Castro (1999), refere os

seguintes benefícios, como passíveis de serem obtidos através da prática da Dança: 1) desenvolvimento da percepção da IC e crescente consciencialização corporal e orientação espacial; 2) desenvolvimento da percepção sensorial – os sentidos visual, auditivo, cinestésico e táctil, são estimulados pela Dança; 3) desenvolvimento cognitivo – maior consciencialização dos movimentos e das sensações que gera; 4) desenvolvimento social – maior número de acções ou de sentimentos expressos de uma forma concreta; 5) desenvolvimento estético – vivência de experiências que permitem a estruturação do conceito estético, adaptado a cada indivíduo, uma vez que, o sentimento estético é pessoal e mutável; 6) desenvolvimento da capacidade de concentração e libertação de emoções e tensões.

Pereira (1994), entre outros autores, destaca os seguintes benefícios da prática da Dança, ao nível: da saúde – preserva e desenvolve a aptidão física; social – proporciona o trabalho em grupo; afectivo – estimula as relações interpessoais.

Martinez (2007), após a realização de um estudo acerca das Danças Europeias, afirma que o clima positivo que se cria, facilitador da auto-estima individual e colectiva, as relações de afectividade, as identidades recuperadas, a consciência corporal, a coordenação, a criatividade e o ritmo são alguns dos aspectos positivos referidos pelos praticantes deste tipo de Dança. Além disso, esta autora refere ainda alguns aspectos particulares em termos da sociabilização resultante da prática deste tipo de danças, entre eles, o facto de serem muito frequentes os cumprimentos, abraços e vénias quando se muda de par em muitas coreografias, provocando uma grande proximidade entre as pessoas, que em muitas ocasiões são desconhecidas. No entanto, Moura (2006) afirma que estudos antropológicos concluem que as danças em roda são as formas coreográficas colectivas mais antigas e primitivas, sendo que a roda é a formação que melhor privilegia o contacto, a integração e a cooperação social.

Como meio de expressão do ser humano, a Dança contribui para um melhor conhecimento de si mesmo e do meio em se que vive. Através da Dança, qualquer indivíduo experimenta um equilíbrio corporal e psíquico,

atingindo uma forma superior de vida (Fahlbusch, 1990). Assim sendo, a Dança, além de ser uma forma de libertar tensões, energias e emoções, permite ao indivíduo adaptar-se e integrar-se no meio envolvente. Isto acontece, na medida em que através do conhecimento do corpo no espaço e no tempo, a acção dinâmica do corpo, com as suas relações com os outros, levam o homem a desenvolver-se harmoniosamente, ao nível físico, psíquico e social, tornando-se sociável, comunicativo e sensível à realidade, assumindo desta forma a sua própria identidade (Santos, 1997).