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2.3 Educação para a Saúde na Escola 27

2.3.2 Nova dinâmica curricular 31

Muito recentemente, o Relatório Final do GTES (2007b) reafirma a importância da PES nas escolas do 1º ao 12º ano. Daí que a PES deva ser considerada obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino e integrar o Projecto Educativo de cada Escola, com inclusão das quatro áreas fundamentais da EpS: Alimentação e Actividade Física; Consumo de substâncias psico-activas, tabaco, álcool e drogas; Sexualidade e ISTs; Violência em meio escolar/Saúde Mental. Este relatório propõe ainda um Programa mínimo e obrigatório de ES para todos os estudantes consoante a fase de escolaridade, com avaliação de conhecimentos obrigatória.

Mais especificamente, o GTES (2005, 2007a) propôs que a ES fosse integrada numa nova dinâmica curricular de EpS, com dois vectores fundamentais: revitalização dos currículos das disciplinas do 1º, 2º e 3º Ciclos do EB e aproveitamento das Áreas Curriculares não Disciplinares para a abordagem do tema, de acordo com as características e recursos de cada Escola/Agrupamento. Para o Ensino Secundário, foi recomendada também a criação e dinamização de Gabinetes de Apoio ao Aluno, em articulação com as estruturas de saúde da área. Estas propostas foram aprovadas pelo Ministério

da Educação e receberam parecer favorável do Conselho Nacional de Educação.

O CNEB (ME, 2001a) identifica as competências de carácter geral a desenvolver ao longo dos nove anos de escolaridade do 3º Ciclo e especifica quais são os temas transversais às diversas áreas disciplinares, entre eles, a EpS e o bem-estar, em particular, a educação alimentar, a ES e a educação para a prevenção de situações de risco pessoal.

Os programas de EF (ME, 2001b, 2001c) estabelecem princípios, finalidades, objectivos e expressam preocupações que são comuns a todos os ciclos de ensino, visando a PES, na perspectiva da qualidade de vida, da saúde, do bem-estar, da aptidão física e da adopção de um estilo de vida activo e saudável.

Nos últimos anos, de acordo com as respostas dos membros dos Conselhos Executivos a um questionário para a avaliação da EpS nas escolas, verificou-se um aumento dos gabinetes de saúde, um aumento da PES nas Área Curriculares Disciplinares, nomeadamente nas aulas regulares de EF e Biologia, bem como nas Áreas Curriculares não Disciplinares, em especial na Área de Projecto e na Educação Cívica (GTES, 2007b).

De acordo com as entrevistas realizadas a especialistas na área, o GTES (2005) salienta, entre outras, as seguintes opiniões: a grande maioria dos entrevistados é favorável à introdução de temáticas que transcendam questões biológicas ligadas aos aparelhos reprodutores e prevenção da gravidez não planeada e ISTs, sublinhando a necessidade de abordar a sexualidade numa perspectiva relacional mais lata e de afirmação de competências pessoais e sociais. Por outro lado, alguns dos grupos de pais ouvidos, acham que a Escola apenas se deve ocupar de questões biológicas ligadas à sexualidade, uma vez que a parte relacional estaria, na opinião destes, ligada a “valores” da responsabilidade exclusiva da família, ou seja, alguns pais consideram que, a aprendizagem desta temática, já existe de modo suficiente nos conteúdos das Ciências Naturais do 6º até ao 9º ano, contudo, um representante dos pais salienta a importância de ser a Escola a ministrar informações nesta área, uma vez que muitos pais não saberiam como fazer.

O GTES (2005) é da opinião que esta posição de alguns pais talvez reflicta um desconhecimento da evolução científica e pedagógica na última década, visto que, desde a última década, a informação é importante, mas não chega para mudar atitudes, preconizando-se em toda a literatura científica e pedagógica na área, uma intervenção mais dinâmica, apelando à participação das crianças e adolescentes, numa área alargada de promoção de competências, autonomia e responsabilização dos mesmos. Esta aparente contradição entre a opinião dos pais e o desenvolvimento da ciência, sugere uma compreensível falta de preparação técnica e científica por parte dos pais e, por outro lado, alguma desconfiança face à competência dos professores para abordarem estes temas. Apesar do exposto, o GTES entende que, na perspectiva da EpS em Meio Escolar, a participação dos pais nas várias fases do projecto é fundamental. Potenciar um bom envolvimento familiar, escolar e social tem a ver com a preservação dos diferentes papéis de cada um deles, permitindo uma interacção positiva e diferenciada. Na PrS, o professor não pretende substituir os amigos nem a família, nem tão pouco apenas criar mais uma nova “área lectiva”. A Escola tem um papel fundamental na mudança dos alunos no que concerne a escolhas de estilos de vida mais saudáveis e felizes, mas não pode, nem estar isolada neste processo, nem limitar-se a obter mudanças pontuais e pouco sustentáveis.

Em suma, o GTES (2005) pretende que esta dinâmica inclua “actores” tais como os pais, professores e os pares e ainda que inclua “cenários” tais como a família, a Escola, a rua e a comunidade.

Matos (2005), refere que, de acordo com estudos recentes, a nova dinâmica curricular incluirá necessariamente estratégias tais como a promoção de competências pessoais e sociais: competências de comunicação interpessoal, competências de identificação e gestão de emoções, competências de identificação e resolução de problemas nas crianças e adolescentes.

Esta nova dinâmica curricular beneficiará se tiver como foco “as alternativas”, ou seja, a forma de ajudar crianças e adolescentes na procura de modos alternativos de lidar com a ansiedade, com o stress, com a depressão,

com o tédio, com o relacionamento com o outro sexo, bem como com os desafios da vida em geral, sem recurso a comportamentos desajustados de “externalização”: consumo de substâncias (tabaco, álcool e drogas) e violência, ou a comportamentos desajustados de “internalização ” (depressão, sintomas físicos, ansiedade) ou ainda a uma sexualidade ligada ao risco (gravidez não desejada e IST’s). A nova dinâmica curricular beneficiará se tiver como objectivo último a autonomia, a responsabilização e a participação activa dos jovens na construção do seu futuro com saúde e bem-estar (Matos, 2003).

Em suma, esta nova dinâmica curricular corresponde a uma educação para a autonomia, para a participação, para a escolha de estilos de vida saudáveis e activos, para a responsabilização e para a protecção face a comportamentos de risco (GTES, 2005).

2.3.3 A vertente da Educação Sexual