Diante dos resultados obtidos e analisados, o presente estudo trouxe achados de acordo com objetivos propostos de identificar o modelo de caracterização das práticas de gestão da ME e reconhecer como se relacionam os constructos ME, Indicadores Não-Financeiros e Desempenho de Negócio.
Os resultados nesse sentido foram como segue.
A) No estudo das relações entre os constructos, confirmou-se a relação de dependência do constructo Desempenho de Negócio com os constructos Indicadores Não- Financeiros e Gestão da Manufatura Enxuta.
B) No estudo das relações de primeira ordem, todas as hipóteses foram suportadas; porém, ficou evidenciado que a relação direta entre Gestão de Manufatura Enxuta e Desempenho de Negócio foi menos significativa que a relação intermediada pelos Indicadores Não- Financeiros. Quando se desenvolveu o estudo nas relações de segunda ordem, a hipótese H1,
existência de relação direta entre Gestão de Manufatura Enxuta e Desempenho de Negócio, não é suportada. Nesse sentido, Kaplan e Atkinson (1992) já colocavam a dificuldade de medição dos efeitos da gestão nos resultados e, mais especificamente, sobre a Gestão da Manufatura Enxuta (ME), Kaynak (2003) afirmou que não houve clareza de como e em que intensidade as práticas de ME tinha efeito sobre desempenho operacional, mercado e finanças.
C) A baixa significância estatística na relação direta entre gestão de Manufatura Enxuta e Desempenho de Negócio evidenciou o papel de ação dos gestores no desempenho de Indicadores Não-Financeiros. Swink, Narasimhan e Wang (2007) comentaram sobre o trade-off das ações dos gestores em que há impacto nas atividades operacionais e quais os possíveis efeitos no Desempenho de Negócio. A análise realizada, omitindo-se a presença dos Indicadores Não- Financeiros, também evidenciou o efeito da gestão na intermediação entre emprego de práticas de Gestão de Manufatura Enxuta (ME) e Desempenho de Negócio. Perante isso, houve relação direta e positiva entre os elementos de ME e o Desempenho de Negócio. Nessa relação, a ação da gestão de ME no Desempenho Operacional foi mais significativa passando pela intermediação de
Indicadores Não-Financeiros, ficando evidenciada na análise de mediação do constructo Indicadores Não-Financeiros.
D) O constructo proposto no estudo para caracterizar a Gestão da Manufatura Enxuta (ME) constituído pelos fatores Operadores Resolvem Problemas, Eliminação de Desperdício, Estabelecimento de Sistema Puxado/Fluxo e Foco no Cliente pode ajudar a preencher a lacuna verificada por Fullerton, McWatters e Fawson (2003), em que a falta de definição amplamente aceita sobre o que é a ME traz dificuldades na interpretação de sua contribuição no Desempenho de Negócio.
E) As elevadas relações estatísticas entre os fatores Eliminação de Desperdício e Estabelecimento de Fluxo com a Gestão da Manufatura Enxuta (ME), nas relações de segunda ordem, vão ao encontro das afirmações de autores clássicos na ME. Womack e Jones (1998) e Ohno (1997) propõem que Eliminação de Desperdício e Estabelecimento de Fluxo foram elementos fundamentais na gestão da Manufatura Enxuta.
Diante dos resultados e análises desenvolvidas, pode-se concluir que, na amostra estudada, os gestores brasileiros apresentaram pouca percepção da ação de suas atividades no Desempenho de Negócio, e isso foi decorrente do distanciamento da gestão operacional com as diretrizes de gestão de negócio. O distanciamento ainda denotou foco demasiado no curto prazo e pouca visibilidade de como ações gerenciais podia afetar de maneira positiva o resultado de negócio devido, em parte, pela postura de empresas estabelecidas no Brasil que só mais recentemente começaram a preocupar-se com a perenidade e sustentabilidade de Desempenho de Negócio e da carência e deficiência de formação de gestores de operações. Nesse sentido, ainda há grande espaço para desenvolvimento de programas de formação de empreendedores, altos executivos e proprietários de empresas bem como no treinamento de força gerencial operacional capacitada e mais orientada na criação de valor e perenidade de negócios.
Por fim, para prosseguimento do estudo, são sugeridos:
A) Ampliação da amostra para se garantir consistência de análise exploratória de dados. Para a quantidade de assertivas aplicadas, uma base de dados mais extensa, numa proporção de cinco respondentes por assertiva, garantiria a consistência de resultados (HAIR; ANDERSON; TATHAM et al., 2005). A restrição do tamanho da amostra pode ser superada com o desenvolvimento de análise fatorial exploratória para cada
um dos blocos de assertivas (Manufatura Enxuta, Indicadores Não-Finaceiros e Desempenho de Negócio) e, por meio de meta-analysis, desenvolver regressões lineares para determinar a relação entre os constructos (THOMPSON; PODOCK, 1991). Ainda, uma maior base de dados permitiria aprofundar o estudo e reconhecer o efeito moderador dos constituintes do constructo Indicadores Não-Financeiros na relação entre Gestão da Manufatura Enxuta (ME) e Desempenho de Negócio;
B) Realizar no decorrer do tempo ou em situações ante e pós implantação de elementos de gestão da Manufatura Enxuta (ME) permitindo análises longitudinais dos resultados e;
C) Desenhar novos modelos de equações estruturais para efeito de comparação com a base de dados ampliada.
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APÊNDICE A – Questionário
Prezado Senhor/ Senhora,
Esta pesquisa tem como objetivo verificar os processos de negócios considerados importantes para a gestão da manufatura enxuta de sua empresa. Assim, gostaríamos de conhecer um pouco mais sobre a gestão da manufatura enxuta praticada pela sua empresa.
Esclarecemos que o interesse da pesquisa é exclusivamente acadêmico, por isso todas as informações serão utilizadas estritamente para esse fim. Sua colaboração é muito importante para o sucesso de nossa pesquisa e, por conseguinte, a ampliação da fronteira do conhecimento.
Antecipadamente agradecemos sua atenção.
Adriano Pescarmona
Mestrando em Administração de Empresas
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE