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3. A investigação: Explorações geométricas na cidade – uma experiência no

3.8. Conclusões do estudo

Nesta última fase, correspondente às conclusões do estudo, para além de termos em conta as conclusões obtidas com a análise dos dados, importa retomar as questões e objetivos de investigação, pois só assim conseguimos apurar se o estudo desenvolvido foi ou não bem conseguido.

Assim sendo, tendo em conta a primeira questão - Como relacionar do ponto de vista didático os contextos formais e não-formais por forma a fomentar aprendizagens significativas, ativas, socializadoras e integradoras de diferentes áreas curriculares no 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico? – verificámos que é importante estabelecer uma ligação entre ambos os contextos de ensino formal e não-formal, pois só através da concretização dessa ligação é possível despertar a motivação e empenho dos alunos para as aprendizagens que pretendemos transmitir. Os espaços não-formais são um elemento importantíssimo a ter em conta para a promoção de aprendizagens curriculares, complementando e enriquecendo o trabalho realizado em sala de aula. No nosso estudo, a ligação foi estabelecida através de um planeamento cuidado e articulado entre as atividades a realizar antes da visita, durante a visita e após a visita, para além desses aspetos procurámos integrar diferentes áreas curriculares. Os resultados obtidos através da análise dos dados

recolhidos junto dos alunos e da professora titular de turma permitem inferir que foi implementado, na interação entre os dois contextos, um processo de ensino- interdisciplinar e coerente que proporcionou aos alunos aprendizagens consistentes, ativas e socializadoras.

Relativamente à segunda questão - Em que medida, a realização de atividades em espaços não-formais contribui para despertar uma maior motivação e promover a aprendizagem de conteúdos de Geometria e Medida e o desenvolvimento de capacidades de visualização espacial no 4.º ano do 1.ºCEB? – podemos salientar que os dados obtidos permitem sustentar que as atividades desenvolvidas na visita de estudo ao Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco contribuíram inequivocamente para a aprendizagem de conteúdos de Geometria e Medida do 4.º ano de escolaridade, nomeadamente ao nível das figuras geométricas e suas propriedades. Contribuiu igualmente para o desenvolvimento da capacidade de visualização espacial. Como já destacámos na análise dos dados verificou-se que em contexto não-formal os alunos conseguiram identificar figuras geométricas no património construído, ou seja, evidenciaram a capacidade de percecionar figuras inseridas em fundos complexos (Breda et al., 2011). Para além disso, foram capazes de reconhecer características como a forma geométrica de diferentes elementos arquitetónicos (paredes, janelas) e o tipo de ângulos presentes nesses elementos, isto é, evidenciaram capacidades de constância percetual (ibidem). As mesmas capacidades de visualização espacial foram notórias em sala de aula, no jogo de cartas com o Tangram. É ainda de destacar a motivação e o gosto que os alunos revelaram durante a concretização de atividades que decorreram no CCCCB como após a visita em contexto de sala de aula. Este aspeto foi também comprovado pela professora titular de turma, que salientou a importância dos espaços não-formais para a promoção da motivação e empenho dos alunos nas diversas atividades, nomeadamente na área da Matemática.

Importa ainda avaliar se conseguimos alcançar os objetivos que definimos para a investigação que conduzimos no âmbito da unidade curricular de Prática de Ensino Supervisionada em 1.º CEB. Quanto ao primeiro - Planificar, implementar e avaliar um percurso de ensino-aprendizagem para o 4.º ano de escolaridade centrado em conteúdos de Geometria e que integre diferentes áreas curriculares – a nosso ver este foi atingido, uma vez que a unidade didática que implementámos se pode avaliar como coerente e completa, no sentido em que conseguimos uma correta interligação entre diferentes áreas curriculares e fomos ao encontro dos programas a abordar no 1.º CEB. Assim sendo, foram desenvolvidas um conjunto de atividades acerca de diversos conteúdos das diferentes áreas curriculares - Estudo do Meio, Expressões, Matemática e Português. O Português, mais concretamente o poema sobre o quadrado que integra o livro “Figuras Figuronas”, revelou-se um elemento motivador para os alunos, pois tendo presente ideias matemáticas permitiu conectar naturalmente as áreas de Português e Matemática e, ao mesmo tempo, despertar o

notas de campo, da observação que fizemos e da opinião da professora titular de turma. Foi visível que os alunos permaneceram muito atentos e interessados, sem darem diretamente conta de que estavam, através da poesia, a trabalhar Matemática. Uma vez que a Matemática é uma das disciplinas onde se encontra um maior insucesso escolar, importa encontrar estratégias e métodos alternativos que possibilitem aos alunos adquirir novas aprendizagens de um modo mais motivador. O Estudo do Meio teve igualmente presente durante a exploração do meio local onde decorreu a visita de estudo. Desse modo, recorrendo ao património da cidade e à arte, foi-nos possível trabalhar Português (notícia sobre o CCCCB e a exposição aí presente), meio social, como também conteúdos da Matemática, ajudando os alunos a percecionar que esta área está presente no nosso quotidiano e que nos ajuda a organizar o mundo em que vivemos. A abordagem do conceito de ângulo convexo também permitiu estabelecer ligações com a Expressão Plástica, pois o conceito foi introduzido através de dobragens em papel e pintura de regiões planas (interseção de semiplanos determinados por duas retas concorrentes), sendo que também esta área pode facilitar a compreensão de determinados conceitos matemáticos, nomeadamente o desenvolvimento da visualização espacial. Como já referido, tanto em sala de aula como na visita de estudo os alunos tiveram a oportunidade de realizar atividades em que a Matemática esteve sempre presente mas a par com outras áreas curriculares.

Tendo em conta o segundo objetivo - Proporcionar aos alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico experiências de aprendizagem que estimulem o reconhecimento da presença de ideias geométricas na literatura, na arte e no património construído – os resultados também permitem sustentar que este foi bem conseguido, na medida em que as diversas tarefas propostas aos alunos, em sala de aula e no exterior, estavam direcionadas para o reconhecimento de ideias geométricas nos vários elementos mencionados. Com este estudo, podemos concluir que a literatura infantil revelou ser um elemento favorável para dar início à abordagem de conceitos matemáticos. Tal como referiu a professora titular de turma na entrevista, a introdução da Matemática através da literatura foi uma boa escolha para a motivação dos conteúdos matemáticos a trabalhar. Destacamos ainda que a visita de estudo permitiu explorar inúmeras ideias matemáticas (estimação, medida, estratégias de cálculo, figuras geométricas) presentes na arte (edifício do CCCCB e exposição) e no património da cidade (meio envolvente). Podemos ainda inferir que o trabalho de conceitos matemáticos em espaços exteriores à sala de aula, nomeadamente no património urbano, permitem não só despertar a motivação dos alunos para as aprendizagens, bem como estimular o gosto pela Geometria. O meio local é um espaço com enormes potencialidades educativas, sendo um elemento chave para proporcionar a aquisição de novos conhecimentos.

Focando-nos no terceiro objetivo - Conceber tarefas e recursos a utilizar na prática educativa que permita aprendizagens de índole curricular e o desenvolvimento da visualização espacial – podemos referir que durante todo o

processo de implementação do estudo, propusemos várias tarefas lúdicas e educativas que possibilitaram aos alunos a aquisição de novas aprendizagens nas diferentes áreas curriculares e, muito em particular, em Matemática. Como já salientámos foram desenvolvidas importantes capacidades de visualização espacial (perceção figura fundo e constância percetual). Os recursos didáticos que produzimos foram muito apreciados pela professora titular de turma, que destacou a sua adequação aos conteúdos curriculares e à turma. Sobre os guiões do aluno e do professor também teve uma opinião muito favorável, assim como sobre o jogo que criámos com o Tangram. A avaliação que fizemos das aprendizagens alcançadas pelos alunos apontam que o objetivo foi alcançado.

Por fim, tendo em conta o último objetivo - Evidenciar o valor dos contextos não- formais para atingir objetivos curriculares e despertar o gosto e o interesse pela Matemática – a análise que fizemos dos dados sustenta a conclusão de que o objetivo foi atingido. A visita de estudo não só possibilitou aos alunos adquirir novas aprendizagens, mas também fomentar o gosto e interesse pela área da Matemática. Através dos contextos não-formais, os alunos conseguiram vivenciar novas experiências de aprendizagens, tornando as mesmas mais enriquecedoras e significativas. Foi ainda notório que os alunos demonstraram, durante toda a visita de estudo, muita motivação e interesse, empenhando-se e esforçando-se para uma correta realização das tarefas propostas. Muitos deles, inclusive, afirmaram não só ter apreciado bastante a visita, como também referiram passar a gostar muito mais de Matemática, nomeadamente Geometria, especialmente pelo facto de esta poder ser trabalhar fora das quatro paredes da sala de aula.

4. Reflexão global do contributo da prática e da investigação para