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3. A investigação: Explorações geométricas na cidade – uma experiência no

3.1. Justificação e contextualização da investigação

A investigação “Explorações geométricas na cidade - uma aprendizagem no 1.º Ciclo do Ensino Básico”, tal como já foi dito, surge no âmbito do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º CEB, mais especificamente no contexto da Prática Supervisionada no 1º CEB, com uma turma de 4.º ano de escolaridade.

Recorrentemente ouvimos comentar que existe um enorme insucesso escolar na área da Matemática. Durante a Prática Supervisionada no 1.º CEB, numa das questões analisadas acerca dos gostos pessoais dos alunos, verificou-se que a disciplina que menos apreciavam era precisamente esta área curricular. Tal como refere Almeida (2006, p.1):

Falar de dificuldade em Matemática é simples quando dizem que se trata de uma disciplina complexa e que muitos não se identificam com ela. Mas essas dificuldades podem ocorrer não pelo nível de complexidade ou pelo fato de não gostar, mas por fatores mentais, psicológicos e pedagógicos que envolvem uma série de conceitos e trabalhos que precisam ser desenvolvidos ao se tratar de dificuldades em qualquer âmbito, como também em Matemática.

Recorrendo ao estudo realizado pela autora atrás citada, sobressai que a dificuldade se encontra muitas vezes na falta de interesse, curiosidade e raciocínio por parte dos alunos. Por outro lado, são também apontados como fatores de insucesso a falta de organização e métodos de trabalho, a ausência de contextualização dos conteúdos nos primeiros anos de escolaridade e de ênfase no desenvolvimento de capacidades de raciocínio lógico e de resolução de problemas. A mesma autora sublinha que o professor deve adotar estratégias adequadas às características e necessidades dos alunos, nomeadamente à sua realidade, ou seja, a disciplina deve estar relacionada com o seu quotidiano, para que faça sentido para os mesmos, despertando uma maior motivação em aprender e em lidar com os diferentes problemas no seu dia-a-dia (Almeida, 2006, p.9). Assim sendo, é fundamental que o professor motive os seus alunos, mais ainda para as áreas em que estes possuem maiores dificuldades e menos interesse. Cabe ao professor mudar esta ideia, esta realidade, procurando adotar e recorrer a novas estratégias de ensino, propícias a mudanças.

Um outro aspeto que consideramos fulcral no processo ensino-aprendizagem atual consiste no potencial que decorre da articulação entre as aprendizagens realizadas em contextos formais e não-formais de ensino. Segundo Gohn (2006, p.29)

principal finalidade abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os

indivíduos e as suas relações sociais, o que pressupõe uma intencionalidade na ação, no ato de participar, de aprender e de transmitir ou trocar saberes (ibidem, p.29-30)

Procurando combater a ideia de que os alunos se encontram desmotivados para a aprendizagem da Matemática, que os professores nem sempre sabem como lidar com esta dificuldade, e ainda que a aprendizagem não é um processo que decorre somente no espaço da sala de aula, decidimos averiguar em que medida o recurso aos espaços exteriores à escola contribuem para a motivação e aprendizagem dos alunos para esta área curricular. De facto, existem vários estudos que apontam o potencial da articulação entre contextos de educação formal e não-formal para a aprendizagem da Matemática e para a sua necessária integração com as outras áreas do currículo do 1.º CEB (e.g. Nunes, 2011; Heitor, 2013; Marques, 2013; Santos, 2013).

Assim sendo, a vivência de experiências de aprendizagem em contextos não- formais poderá ser potenciadora de aprendizagens enriquecedoras e complementares das aprendizagens efetuadas em espaços formais, ou seja, em sala de aula (Guisasola & Moretin, 2005). O contexto não-formal escolhido foi o Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco e o seu meio envolvente, situado no centro cívico da cidade de Castelo Branco.

Houve ainda um outro aspeto ao qual quisemos dar destaque nesta investigação, e que se prende com a importância que assume no 1.º CEB, nomeadamente a integração das diferentes áreas curriculares (ME, 2004). Foi possível perceber, durante as Práticas Supervisionadas, que a maioria dos professores parte da área do Estudo do Meio para dar início aos temas a abordar, devido ao facto de esta área ser considerada uma área transversal. Muitas vezes, no decorrer da prática, também nós, alunas da Prática Supervisionada, nos apoiámos nesta área como ponto de partida. Assim sendo, e procurando contrariar esta tendência, consideramos interessante e ao mesmo tempo benéfico, recorrer ao Português para dar início a um novo tema. O Português, ao contrário do que se sucede com a área da Matemática é bastante apreciado pelos alunos. Assim sendo, optámos por recorrer a um texto de literatura infantil para dar início aos conteúdos matemáticos a abordar na semana em que decorreu a investigação, ou seja, decidimos partir dos gostos pessoais dos alunos, para ensinar e aprofundar conhecimentos de outras áreas, neste caso a Matemática. Deste modo, socorrendo-nos da poesia, mais concretamente do livro “Figuras Figuronas” de Maria Alberta Menéres, procurámos motivar os alunos para a aprendizagem da Geometria.

Em suma, podemos afirmar que a nossa investigação debruçou-se essencialmente na área da Matemática, contudo é importante referir que estiveram presentes outras áreas curriculares - Estudo do Meio, Expressões e Português - tornando possível uma abordagem interdisciplinar, e por consequente as aprendizagens dos alunos mais significativas e enriquecedoras. O Português, tal como foi anteriormente referido, esteve presente em várias situações, sendo a mais marcante quando se explorou

excertos de um livro alusivo à Geometria e quando se trabalhou a notícia como motivação, respetivamente, para a abordagem do conteúdo “figuras geométricas” e a visita de estudo ao CCCCB. O Estudo do Meio (meio social) esteve igualmente presente, na medida em que foram abordados imensos aspetos relacionados com o património e meio local da cidade de Castelo Branco, nomeadamente o edifício do CCCCB e sua envolvente, onde decorreu a visita de estudo. Por fim, a área de Expressão Plástica surgiu de modo natural na tarefa de construção de um Tangram por dobragens e recortes de uma folha de papel.