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3. A investigação: Explorações geométricas na cidade – uma experiência no

3.2. Explicitação do problema, questões e objetivos da investigação

3.4.4. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Quando se realiza uma investigação é fundamental recorrer a formas de recolha de informação, para assim se puder posteriormente analisar os dados e refletir sobre os mesmos. Como tal, existe um conjunto de técnicas e instrumentos de recolha de dados que temos ao nosso dispor para utilizar.

Segundo Latorre (2003), citado por Coutinho (2009), a I-A possui três categorias no que diz respeito às técnicas de recolha de dados, sendo elas:

 Técnicas baseadas na observação – centram-se na perspetiva do investigador, em que este observa diretamente o fenómeno em estudo.

 Técnicas baseadas na conversação – centram-se na perspetiva dos participantes e enquadram-se nos ambientes de diálogo e de interação.

 Análise de documentos – centram-se também na perspetiva do investigador e implica uma pesquisa e leitura de documentos escritos que se constituem como uma boa fonte de informação.

Depois de definidas as técnicas, é necessário optar pelos instrumentos a utilizar em cada uma delas, sendo que optámos por recorrer à observação participante, às notas de campo, ao registo fotográfico, à entrevista semiestruturada à professora titular de turma, ao questionário por inquérito e aos registos dos alunos.

Na tabela seguinte, apresentamos de forma sintetizada as técnicas e instrumentos que utilizámos para a recolha de dados.

Tabela 20 - Técnicas e instrumentos utlizados na recolha de dados

Técnicas Instrumentos Observação - Observação participante - Notas de campo - Registo fotográfico Conversação

- Entrevista semiestruturada à professora titular de turma

- Questionário por inquérito Análise documental - Registos produzidos pelos alunos

Em seguida, iremos explicitar de formar mais pormenorizada em que consiste cada um dos instrumentos de recolha de dados mencionados anteriormente.

Observação participante

A observação é uma das técnicas centrais no processo de investigação qualitativa. Quando observamos temos como objetivo conhecer e compreender melhor a realidade que nos rodeia.

Segundo Ketele e Roeciers (1999, p.23) observar é um processo que inclui a

atenção voluntária e a inteligência, orientado por um objetivo final ou organizador e dirigido a um objeto para recolher informações sobre ele.

Tal como afirma Serrano (1994), a principal vantagem da observação consiste em o observador conseguir dedicar toda a sua atenção ao mesmo tempo que os fenómenos ocorrem. A observação pode classificar-se em:

 Observação externa, ou seja, não participante.

 Observação interna, ou seja, participante.

De acordo com Woods (1987), citado por Serrano (1994) a observação participante é um meio para atingir profundamente a compreensão e explicação da realidade, na qual o investigador participa na situação que quer observar, ou seja, interage, ao viver os mesmos problemas e as mesmas situações que eles. Esta tem também como objetivo tornar-se mais um, analisando as suas próprias reações, intenções e motivos para os outros. Na observação participante é o próprio investigador o instrumento principal da observação.

Citamos ainda Fortin (2003, p.241) que afirma que a observação participante visa

descrever os componentes de uma dada situação social (pessoas, lugares, acontecimentos, etc.) a fim de extrair tipologias desta, ou ainda permitir identificar o sentido da situação social por meio da observação participante.

Assim sendo, durante o decorrer da investigação optámos por recorrer à observação participante, uma vez que esta decorreu no âmbito da Prática Supervisionada, ou seja, o observador participou com o grupo que estava a ser estudado através do contacto direto.

Notas de campo

As notas de campo proporcionam ao observador registar os dados que vai recolhendo no decorrer da sua investigação, sendo que não só redige os detalhes daquilo que observa como também as próprias reflexões pessoais. As notas de campo são um grande auxílio no que diz respeito ao armazenamento e recuperação organizado da informação, visto que não nos é possível memorizar todas as informações captadas. Quanto à sua elaboração, estas devem ser feitas tanto quanto possível logo após a observação, para que não se percam alguns pormenores. Além da sua função de recolha de dados, ajuda também a criá-los e analisá-los, possibilitando conduzir e orientar a investigação (Moreira, 2007). Muitas vezes os registos são feitos de forma subjetiva, sendo que podem ser utilizados numa próxima investigação. Uma das principais vantagens das notas de campo é o facto de dar a garantia de que não se perde a informação obtida e que esta está sempre acessível. Além disso, o investigador pode sempre consultar as suas notas para posteriormente refletir sobre as mesmas (Serrano, 1994).

De acordo com Schatzman e Strauss (1973), citado por Moreira (2007, p.193) as notas de campo são um relato contínuo de interpretações e reflexões e uma crónica de

decisões operativas tomadas em datas, lugares e circunstâncias específicas.

Registo fotográfico

O registo fotográfico permite registar e captar vários detalhes referentes aos alunos e às diferentes atividades desenvolvidas com os mesmos. Este instrumento de recolha de dados não só permite a recolha de informação, como também possibilita mais tarde visualizar os alunos nos diferentes momentos, podendo retirar conclusões importantes ou complementar o estudo. Desta forma, é possível capturar imagens que nos permitem posteriormente analisar atitudes, expressões, emoções, participação, etc., nas diversas situações e entre os sujeitos observados.

Deste modo, ao longo da investigação achamos pertinente utilizar o registo fotográfico nos vários momentos – pré-visita, visita de estudo e pós-visita.

Entrevista

Segundo Fortin (2003), a entrevista é um dos instrumentos de recolha de dados mais utilizado na investigação, caraterizando-se por ter inerente a interação.

De acordo com Sousa e Baptista (2011), este instrumento possui ainda as seguintes caraterísticas:

 Possibilita diversidades relativamente às questões e respostas.

 Maior eficácia de resposta.

 Reformulação constante.

 Papel ativo do entrevistador.

 Oportunidade para aprofundar.

Para a concretização do nosso estudo, considerámos que a entrevista semiestruturada era a mais adequada, uma vez que esta possibilita uma maior liberdade ao entrevistador, aproximando-se bastante de uma conversa. Esta técnica é bastante flexível e de rápida realização, podendo ser adaptada ao individuo e às circunstâncias (Moreira, 2007).

Relativamente à nossa investigação, aplicámos a entrevista semiestruturada à professora titular de turma, uma vez que esta possuía grandes conhecimentos relativamente ao grupo de alunos com o qual decorreu o estudo, bem como a nível profissional. Esta decorreu após a implementação da semana de investigação.

Segundo Sousa e Baptista (2011) a entrevista semiestruturada já tem guião, com um conjunto de tópicos ou perguntas a abordar na entrevista. Dá ainda liberdade ao entrevistado, embora não o deixe fugir muito do tema. Por forma a compreender de

organização da mesma, nomeadamente as dimensões de análise e os objetivos específicos (tabela 21). Em anexo pode ainda ser consultado o guião completo da entrevista, incluindo as várias questões (anexo B), bem como a transcrição da mesma (anexo C).

Tabela 21 - Organização da entrevista semiestruturada à professora titular de turma

Dimensão da análise Objetivos específicos

I – Opinião da professora acerca do projeto de investigação e da unidade didática.

Conhecer a opinião da professora relativamente ao projeto de investigação.

Conhecer a opinião da professora acerca da unidade didática elaborada para desenvolver a investigação. II – Opinião da professora acerca do

momento: antes da visita.

Conhecer a opinião da professora acerca das

atividades desenvolvidas com o grupo de alunos em sala de aula, antes da visita

III – Opinião da professora acerca da visita de estudo.

Conhecer a opinião da professora relativamente às várias atividades desenvolvidas no Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco.

Conhecer a opinião da professora acerca da prestação, capacidades e competências adquiridas pelo grupo de alunos.

Conhecer a opinião da professora acerca do guião do professor entregue na visita de estudo.

Questionário

Um instrumento que também utilizámos nesta investigação diz respeito ao questionário por inquérito.

De acordo com Fortin (2003) o inquérito permite colher dados relativos a atitudes, opiniões, crenças ou comportamentos.

Um questionário deve respeitar três princípios básicos, nomeadamente:

 Clareza – as questões devem ser claras, concisas e unívocas.

 Coerência – as questões devem corresponder à intenção da própria pergunta.

 Neutralidade – as questões não devem induzir uma dada resposta mas sim libertar o inquirido do referencial de juízos de valor ou do preconceito do próprio autor (Sousa & Baptista, 2011, p.93).

No nosso caso particular, tornou-se relevante conhecer as opiniões dos alunos relativamente a determinados aspetos da investigação, nomeadamente acerca da visita de estudo realizada ao CCCCB. Assim, desenvolvemos um questionário por inquérito constituído por nove questões, entre elas três de resposta aberta e as restantes de resposta fechada.

O inquérito foi aplicado no último dia de implementação da semana de investigação, junto do grupo de alunos em estudo. O preenchimento do mesmo decorreu em contexto de sala de aula, sendo que cada um deu resposta de forma individual, sem intervenção de qualquer outro sujeito, preservando também o anonimato dos inquiridos. Este pode encontrar-se para consulta nos anexos (anexo D).

Registos produzidos pelos alunos

Ao longo de todo o estudo, recolhemos vários registos produzidos pelos alunos, nomeadamente, textos escritos, desenhos, entre outros. Na nossa opinião, os registos produzidos pelos alunos são indispensáveis, pois permitem-nos recolher informação muito relevante para a investigação. Assim sendo, através dos mesmos será possível averiguar as aprendizagens realizadas pelos alunos, ou seja, se estas foram bem conseguidas, motivadoras, etc.

Numa fase posterior, onde será feita a descrição detalhada das várias atividades desenvolvidas ao longo da investigação, iremos apresentar alguns desses registos, podendo assim retirar algumas conclusões pertinentes ao estudo.