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3. A investigação: Explorações geométricas na cidade – uma experiência no

3.5. Descrição da implementação da visita de estudo

3.5.3. Durante a visita de estudo

Iniciado o período da tarde, ainda em sala de aula, estabeleceu-se um diálogo com os alunos relativamente à visita a realizar. Este momento foi bastante útil na medida em que permitiu rever com os mesmos algumas regras a respeitar, e ainda, formar os grupos e distribuir os materiais necessários. Neste dia, um dos alunos não estava presente, sendo que o grupo de alunos era assim composto por 21 elementos. Como tal, decidimos formar três grupos, cada um deles com sete alunos, para que cada grupo pudesse ter alguém responsável a acompanhá-lo, ou seja, as duas alunas da

Prática Supervisionada e a professora titular de turma. Para a formação dos grupos, solicitámos a ajuda da professora titular de turma, devido ao conhecimento que esta tinha relativamente a todos os elementos da turma, bem como o comportamento que os mesmos apresentam fora da sala de aula. O principal objetivo era que os grupos estivessem equilibrados, tanto ao nível do comportamento como a nível de desempenho, procurando distribuir pelos três grupos os alunos com mais e menos dificuldades de aprendizagem.

Finalizada a organização dos grupos, distribuíram-se os guiões da visita aos alunos, bem como o guião orientador do professor a cada adulto responsável. Ambos encontram-se para consulta em apêndice (apêndice 2). Para auxiliar o preenchimento do mesmo, cada aluno recebeu uma base em cartão resistente, facilitando assim a escrita no guião. Foi ainda solicitado aos alunos que levassem consigo um lápis de carvão, borracha e lápis de cor azul, vermelho e verde. Cada adulto responsável recebeu também uma fita métrica, sendo esta necessária para uma atividade a realizar no decorrer da visita.

A visita de estudo encontrava-se organizada em três estações diferentes, sendo que cada uma de nós (par pedagógico e professora titular de turma) consultou o guião do professor e orientou o seu grupo de alunos relativamente às atividades que seriam desenvolvidas. Como auxílio, no guião do professor constava ainda uma tabela (tabela 23) com a distribuição dos vários grupos pelas três estações a percorrer, bem como toda a informação necessária para um correta orientação da visita.

Tabela 23 - Organização dos grupos pelas estações

Estação CCCCB e meio envolvente Estação Exposição no exterior do CCCCB Estação Exposição no interior do CCCCB

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

Grupo 2 Grupo 3 Grupo 1

Grupo 3 Grupo 1 Grupo 2

Visita de Estudo ao CCCCB

Com a chegada ao local, deu-se então início às atividades, sendo que para cada estação previmos uma duração máxima de, aproximadamente, 45 minutos. Cada estação contemplava um conjunto de atividades, distribuídas por duas tarefas, sendo que todas elas se encontram descritas no guião. Assim sendo, cada aluno tinha a possibilidade de consultar o seu próprio guião de forma autónoma, sendo as explicações e orientações dadas em voz alta para todo o grupo. Todas as atividades desenvolvidas neste espaço foram desenhadas com a preocupação de estarem articuladas com as atividades desenvolvidas anteriormente em contexto de sala de

aula, procurando assim promover nos alunos uma ampliação e reforço dos seus conhecimentos.

No guião da visita, logo na parte inicial, encontravam-se definidos um conjunto de objetivos gerais, os quais permitiram construir e articular as atividades, sendo eles:

 Observar a arquitetura do edifício do CCCCB e o meio envolvente.  Conhecer melhor o património da cidade.

 Reconhecer a presença de figuras geométricas na arte e na arquitetura.  Aplicar os conhecimentos na resolução das tarefas propostas.

Observar e analisar algumas esculturas da exposição Planet Ferrovia – Sector IX via

Lusitânia de Viktor Ferrando.

 Estimar dimensões de objetos/esculturas de grande tamanho.

 Respeitar as indicações do guião e trabalhar em equipa na resolução das tarefas propostas.

Seguidamente, apresentamos a descrição das várias tarefas realizadas em cada uma das estações.

Exposição no exterior do CCCCB

Uma das estações decorreu no exterior do CCCCB, sendo que o pretendido era que os alunos observassem e apreciassem vários aspetos (materiais, configuração, dimensões, etc.) de duas das esculturas expostas, inspiradas em planetas e satélites do Sistema Solar.

Como primeira tarefa, era pedido aos alunos que se dirigissem à escultura mais pequena, de cor amarela, designada por Luna Saturni e que a observassem com muita atenção. Depois, deviam assinalar no guião os materiais que, na sua opinião, tinham sido utilizados na sua produção e referir justificando o que é que a escultura os fazia lembrar. Nesta tarefa encontrava-se ainda um desafio matemático, que consistia em calcular quantos vidros brancos o escultor usou para compor a peça. Para a resolução do mesmo deviam ter em conta que a peça central tinha a configuração de um sólido geométrico (prisma hexagonal), e partindo dessa ideia, calcular o número pedido. Seguidamente, era pedido que desenhassem o polígono das “bases” (visto de frente da peça) e classificassem o mesmo quanto aos ângulos. Por último, em grupo, deviam estimar o comprimento da escultura, explicando detalhadamente os passos efetuados. Quanto à tarefa 2 desta estação, era solicitado aos alunos que se deslocassem até à escultura Agressive Xpansion, com 22 toneladas, de cor azul e inspirada no planeta Neptuno. Após observarem a mesma, deviam assinalar no guião quais os materiais utilizados e resolver uma nova tarefa matemática, que consistia em expressar a massa da peça em quilogramas, sabendo a relação entre a tonelada e o quilograma.

CCCCB e o meio envolvente

A estação seguinte englobava o edifício do CCCCB e o meio envolvente ao mesmo. Como tal, numa primeira fase era solicitado aos alunos que se colocassem de frente para o edifício do CCCCB e observassem com bastante atenção todo o edifício. Seguidamente, deviam procurar dar resposta às questões presentes no guião, que consistiam em identificar os materiais utilizados para o revestimento das paredes; reconhecer as figuras geométricas presentes na fachada principal e nas janelas da mesma; representar através do desenho a fachada principal e as janelas; e ainda, assinalar com diferentes cores, os ângulos retos, agudos e obtusos na representações geométricas realizadas no guião.

Quanto à tarefa 2, esta teve como objetivos que os alunos observassem o edifício do CCCCB de uma nova perspetiva (traseira do CCCCB) e descrevessem o que observavam em seu redor, nomeadamente identificando as instituições e os serviços presentes no meio envolvente, o ângulo formado entre as janelas verticais e as janelas oblíquas, desenhassem a fachada e as janelas, e por fim, reconhecessem as figuras geométricas presentes nas diferentes janelas.

Exposição no interior do CCCCB

Nesta última estação, os alunos tiveram a oportunidade de visitar uma das obras do escultor plástico Viktor Ferrando, denominada por Specters in Oxia Palus. Assim sendo, na primeira tarefa, era solicitado aos alunos que se colocassem junto da instalação, que segundo o artista plástico, representa a colonização do planeta Marte e observando atentamente a mesma, deviam: identificar os materiais usados; reconhecer e refletir acerca do significado da instalação (disposição das formas de sapatos e o facto de estas se encontrarem suspensas por fios) e, por fim, efetuar a estimativa do número de formas de sapatos presentes na instalação, recorrendo a uma estratégia de cálculo, ou seja, não podendo contar as formas uma a uma.

No que diz respeito à tarefa 2, os alunos, com o auxílio do adulto responsável, deviam recorrer a uma fita métrica e tirar as medidas da instalação (comprimento e largura da base), de maneira a perceber qual a sua forma geométrica. O pretendido era que verificassem se os lados eram todos iguais e se teria também todos os ângulos iguais. Para comprovar que os ângulos eram retos podiam utilizar uma folha de papel dobrada em quatro partes iguais. Todos estes passos foram registados no guião de cada aluno. Em seguida, solicitava-se que ao descerem a rampa, em direção à saída, observassem as janelas e identificassem formas geométricas, bem como o que viam no exterior.

Terminada a visita, reunimos todos os grupos e foi estabelecido um pequeno diálogo informal acerca da mesma, averiguando assim as suas opiniões e perspetivas.