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O presente estudo teve por motivação colaborar com os diferentes atores da aqüicultura para o entendimento dos enlaces que envolvem os agravos à saúde dos animais aquáticos, com ênfase nos bivalves, e das funções do Estado frente a determi- nadas enfermidades. Alcançado seu término, concluiu-se que o espaço para a discussão acerca do tema saúde de bivalves é amplo e está longe de esgotar-se. A pesquisa também confirmou que existe um desconhecimento quanto aos preceitos legais que regulamentam as ações do Estado em casos de ocorrência ou suspeita de ocorrência de determinadas enfermidades, por parte dos diferentes atores envolvidos no seguimento da maricultura de bivalves. Neste ponto, o desconhecimento, ocasionalmente, toma a forma de conflitos, sejam de ordem valorativa ou normativa.

Para a composição desta conclusão foram imprescindíveis as etapas deste estudo, as quais estavam em consonância com os objetivos propostos. Neste sentido, o breve histórico da evolução das instituições internacionais possibilitou a compreensão da participação do Brasil nas relações de comér- cio. Da mesma forma, foi possível compreender o porquê das ações compulsórias do Estado em casos de ocorrência de enfermidades de notificação compulsória, ressaltando que não representam ação isolada ou despreparo das autoridades sanitá- rias, mas resultado de vários acordos ao longo de negociações internacionais.

Na intenção de identificar o estado da arte do sistema regulatório de defesa sanitária aplicada a malacocultura, o capitulo I tomou por base instrumentos cogentes e não cogentes que regulamentam a defesa sanitária animal de forma expressa ou por interpretação extensiva, como é o caso do Decreto 24.548/34, que muito embora não mencione os animais aquá- ticos, legisla sobre a defesa sanitária animal em seu contexto mais amplo.

Uma vez conceituada e delimitada as circunstâncias para a adoção de medidas sanitárias em saúde animal, referenciando os instrumentos internacionais relacionados com o OIE e o Acordo SPF, buscou-se identificar a conexão entre os instrumen- tos internacionais e a soberania nacional.

Outra questão que o estudo permitiu abordar foi a condição sanitária atual dos bivalves em Santa Catarina. O estudo de casos serviu como referencial teórico para exemplificar situações de agravo à saúde dos bivalves, com ênfase para a polidiariose nas ostras e bucefalose, predominantemente em mexilhões. Neste sentido foi possível concluir que, até a presente data, não há nenhum registro de ocorrência dos agentes patogênicos que constam da lista do OIE como causadores de enfermidades em bivalves. Entretanto, vale lembrar que a ausência da evidência do risco não significa exatamente evidência de ausência do risco. Em outras palavras, afirmar que não foi identificado nenhum dos agentes patogênicos causadores das enfermidades da lista não significa que a presença do agente não esteja ocorrendo em níveis que o estado da arte da ciência ainda não conseguiu identificar.

E por fim, restam a título de considerações finais, sugerir a partir das evidências coletadas, que os efeitos nocivos quando do aparecimento de uma enfermidade de notificação compulsória abrangem limites que fogem a simples perda dos animais. Não obstante ser da natureza dos agentes patogênicos a completa ignorância das barreiras sanitárias e políticas, fruto da ficção humana, há de se considerar que os riscos de transmissão e translocação de agentes patogênicos devido à movimentação animal no mundo globalizado, nunca foram tão presentes em incidência e magnitude, o que não impede que algumas pessoas, países ou regiões sejam mais afetados que outros pelos danos causados por enfermidades em animais aquáticos. Estas obser- vações permitiram a construção de uma argumentação para a busca por políticas públicas não aleatórias, mas voltadas para o princípio da prevenção e a estruturação de um serviço oficial competente e atuante nesta área da saúde animal.

Assim, o presente estudo propõe, sob forma de recomendação para futuras ações na malacocultura catarinense:

- aos órgãos de pesquisa: realizar pesquisas que permitam conhecer e responder à ignorância existente em rela- ção aos riscos que podem acometer sanitariamente os bivalves;

- aos órgãos de governo: elaborar políticas públicas de fomento à atividade que contemplem a saúde dos animais como fator determinante para o sucesso do empreendimento;

incertezas e riscos nas avaliações tecnológicas a serem empregadas na atividade;

- aos serviços oficiais de saúde animal: providenciar monitoramento e pesquisa de saúde de animais aquáticos, adequados e que permitam advertências precoces; modernizar seus laboratórios de referência, capacitar seus técnicos e estabe- lecer procedimentos de análises e avaliação de riscos e perigos, tanto para exportações como para importações; estimular e capacitar as indústrias e os malacocultores para a aplicação de análises de riscos e perigos em seus processos produtivos; aplicar programas de educação sanitária em aquicultura;

- aos diversos atores da atividade: identificar e trabalhar para reduzir as lacunas no conhecimento científico; identificar e reduzir obstáculos interinstitucionais às ações de saúde animal; assegurar oportunidade de voz ao uso do conhecimento leigo e local, bem como aos conhecimentos técnicos de sanitaristas e peritos em saúde animal; criar uma associação de exportadores (a exemplo da Associação Brasileira dos Produtores e Exporta- dores de Frangos/ABEF) ou um setor específico dentro do MPA para tratar deste tema; criar um grupo com a participação da iniciativa privada e do governo para seguir a legislação interna- cional; compor um fundo indenizatório privado para atender os custos decorrentes de prováveis casos de enfermidades, ade- mais de um fundo indenizatório para apoiar as ações de defesa sanitária animal (a exemplo do Fundo Emergencial para a Febre Aftosa).

Esquematicamente, podemos sugerir as seguintes estratégias:

Princípios gerais:

“Não duvidemos jamais que um pequeno grupo de cidadãos atentos e comprometidos possa mudar o mundo.”

Margaret Mead Escopo Bivalves de produção Bivalves de costões Bivalves da natureza Bivalves de pesquisa e fins didáticos Elementos jurídicos Comércio internacional Comércio nacional Comércio local Transferências intracomunitárias Controle e erradicação de enfermidades Produtos veterinários Avaliação de riscos e pareceres científicos Comunicação Aspectos financeiros Parceria Proprietários/ detentores de animais Serviços veterinários Indústria da cadeia alimentar Consumidores Varejistas Comerciantes Grupos de interesse OMGs Governos Outras instituições Condução de fatores

Política de Saúde para Animais Aquáticos (incluindo a Segurança dos Alimentos)

Política de Desenvolvimento Sustentável da atividade Compromissos internacionais: Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) – Acordo OMC

Coerência Política Agrícola Comum Política de Aqüicultura e Pesca Política dos consumidores Política de Mercado Interno Política Comercial

Política de Inovação e Investigação Relações Externas com países terceiros Política de Desenvolvimento

Normas aduaneiras Luta contra a fraude

Melhor comunicação Melhor

conhecimento das leis

Melhor regulamentação

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA DA INTRODUÇÃO