• Nenhum resultado encontrado

A EPIDEMIOLOGIA E A VIGILÂNCIA ZOOSANITÁRIA Naquilo que diz respeito à saúde dos bivalves, pertinente

se faz determinar algumas terminologias necessárias para uma melhor compreensão do assunto. Muitos dos textos apresen- tados na língua inglesa utilizam termos como disease – illness –

sickness, os quais não encontram equivalência terminológica em

português.

Os epidemiologistas brasileiros, Almeida Filho e Rou- quayrol (2006) propõem uma equivalência destes termos em português, muito embora reconheçam algum grau de arbitrariedade: disease = doença; illness = moléstia e sickness = enfermidade.

A escolha dos significantes “moléstia” e “enfermidade” como correspondente aos termos em inglês são justificadas pelos autores da seguinte maneira:

a) a palavra moléstia, por ter origem em “mal estar” e, portanto indicando sentimento ou percepção subjetiva do sofrimento;

b) o termo enfermidade está diretamente associado ao caráter de reação social à doença, uma vez que sua etimologia vem de conter, fechar (fermer, do idioma francês que significa fechar). O termo enfermaria originalmente significava o lazareto, local onde eram mantidas as pessoas acometidas de doença contagiosa.

Por seu turno, a Organização Mundial da Saúde - OMS adota a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapa- cidade e Saúde – CIF como uma linguagem padrão e uma estrutura para a descrição de saúde e dos estados relacionados à saúde dos humanos. Todavia, se buscarmos uma tradução no dicionário Oxford, disease significa uma condição anormal de um organismo que prejudica as funções corporais. As doenças são geralmente causadas por microrganismos que penetram o hospedeiro e podem ser transferidos para outro hospedeiro. Em seres humanos, o termo se refere mais frequentemente para qualquer condição que provoca desconforto, disfunção, angústia, problemas sociais, podendo resultar em óbito das pessoas atingidas, ou mesmo, resultar em problemas semelhantes para aqueles em contato com estas pessoas. Por seu turno, illness é utilizado para descrever o estado geral de mal estar e do tempo durante o qual o indivíduo não está bem. Enquanto que sickness é definido com um estado particular de disfunção que impede trabalhadores de comparecer ao trabalho, ocasionando um custo econômico representado pela ausência do funcionário, sem considerar ainda, os custos com medicamentos, médicos, internações entre outros.

Um conceito mais amplo sobre saúde estabelecido pelo OMS refere-se a um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Neste sentido, o conceito de saúde animal apresenta particularidades que o diferenciam muito da saúde humana em razão de uma série de fatores. O enfoque econômico, ou a finalidade produtiva da

população animal, exige a utilização de indicadores econômicos ou físico-econômicos para definir o estado de saúde.

Em se tratando da saúde de bivalves, esta pode ser entendida como um estado de perfeito equilíbrio entre o animal, o agente etiológico e o ambiente. A enfermidade, contrariamente, representa a perda deste equilíbrio entre os diferentes elemen- tos, acrescido de outro fator, não desprezível, que é a inter- venção humana.

Importante ressaltar que, na medida em que o conhecimento sobre as enfermidades infectocontagiosas evo- luiu, principalmente durante o século XIX, o avanço do conhe- cimento epidemiológico buscou fundamento no sentido de identificar os mecanismos de transmissão das enfermidades e de controle de epidemias. Entretanto, a aplicação do raciocínio epidemiológico foi somente iniciada no século XX (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 2006).

Neste sentido, podemos entender a epidemiologia, conforme descrito pela Associação Internacional de Epide- miologia (IEA)1 como sendo “o estudo dos fatores que determi- nam a freqüência e a distribuição das enfermidades coletivas”.

Outra conceituação a ser considerada pode ser a oferecida pelos estudiosos em epidemiologia, Almeida Filho e Rouquayrol (2006) como:

A ciência que estuda o processo saúde- enfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional e fatores deter- minantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, con- trole ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de pro- teção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informa- ção e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administra- ção e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.

Atualmente, a epidemiologia é entendida como a ciência que produz estudos descritivos sobre as enfermidades em geral,

1

transmissíveis ou não, emprega medidas de avaliação e controle e desenvolve estudos que propiciam elementos para o esclarecimento dos fatores determinantes do processo saúde- doença (ROUQUAYROL 1994).

Por seu turno, estudiosos como Ishizuka (2003) definem os objetivos da epidemiologia como sendo: (1) a determinação da origem de uma doença (rastreamento); (2) a investigação e controle de enfermidades de etiologia inicialmente desconhecida; (3) a obtenção de informações sobre a ecologia e história natural de doenças; (4) o planejamento e monitoramento de programa de saúde animal e de medicina veterinária preventiva e (5) a avaliação econômica e análise de custo e benefícios de programas alternativos de saúde animal.

Anota-se que para a instituição de qualquer programa de controle ou erradicação de uma enfermidade em uma população animal, este deve ser baseado no conhecimento do nível de ocorrência desta enfermidade na população, assim como nos fatores associados à sua ocorrência. Igualmente, é preciso conhecer as estruturas necessárias para seu controle, bem como avaliar o custo-benefício envolvido nesta ação.

Assim, para os serviços veterinários tratarem a ocorrência de uma doença transmissível numa população, necessário se faz a prévia avaliação de uma determinada sucessão de eventos referenciados como cadeia epidemiológica e cujos cinco principais elos são representados pelos elementos abaixo referenciados:

1- Fonte de infecção (FI): aqui entendida como um hospedeiro que alberga um determinado agente etiológico e que pode eliminar tal agente de seu organismo;

2- Via de eliminação (VE): entendido como o acesso pelo qual o agente patogênico atinge o meio exterior ao abandonar o hospedeiro;

3- Via de transmissão (VT): entendido como o meio ou veículo pelo qual o agente atinge um novo hospedeiro; 4- Porta de entrada (PE): entendido como o acesso pelo

qual o agente patogênico penetra no organismo de um novo hospedeiro. É a via de penetração que vai garantir a propagação do agente na população;

5- Susceptível (S): entendido como todo o organismo passível de ser infectado por um determinado agente patogênico.

A cadeia epidemiológica de animais aquáticos deve considerar, ainda, como fatores relevantes os componentes ecológicos2 das enfermidades, tais como:

1. Fatores relacionados com o agente etiológico: consiste em identificar se os agravos são causados por agente físico, químico ou biológico. Em caso do agente ser um microrganismo, deve ser considerado suas propriedades biológicas como a estrutura (vírus, bactéria, fungo etc.), a infectividade (capacidade de o agente patogênico estabelecer-se no hospedeiro), a patogenicidade (capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro susceptível) e a virulência (grau de patogenicidade de um agente infeccioso);

2. Fatores relacionados com o hospedeiro: conhecer a susceptibilidade e a resistência do hospedeiro sob os aspectos anatômicos, fisiológicos e imunológicos. Da mesma forma, avaliar as características intrínsecas (espécies, raça, sexo, idade, resistência individual) e as características extrínsecas (estado fisiológico, utilização);

3. Fatores relacionados com o ambiente: avaliar as condições físicas (clima, hidrografia), biológicas (ma- nejo, densidade e utilização) e socioeconômicas (educação, tecnificação, recursos financeiros).

Importante registrar que em complemento aos estudos epidemiológicos e associado aos avanços nos estudos da microbiologia, surgiu no final do século XIX o conceito de vigilância, cujo principal objetivo foi servir como instrumento alternativo à prática restritiva da quarentena. A vigilância, como um instrumento de saúde, necessitava do envolvimento na manutenção do alerta responsável e a observação dos contatos de pacientes das chamadas doenças pestilenciais. Seu propósito era detectar doentes já em seus primeiros sintomas, para a rápida instituição do isolamento (WALDMAN, 1991).

2

O glossário utilizado foi extraído do Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

O termo Vigilância Epidemiológica passou a ser usado em meados da década de 50, tendo como fundamento instituir um conjunto de atividades necessárias ao controle da saúde pública. No Brasil, mais especificamente para o controle da malária.

Langmuir (1963) definiu vigilância como sendo:

observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos que necessitam co- nhecê-las.

Por seu turno, Thacker e Stroup (1994), afirmam que a vigilância epidemiológica deve ser entendida como:

contínua e sistemática coleta, análise e interpretação de dados sobre específicos eventos que afetam a população, seguida da rápida disse- minação desses dados analisados aos respon- sáveis pelas atividades de prevenção e controle. A aplicação destes princípios para a maricultura deve considerar, entre outros preceitos, que os conhecimentos ci- entíficos sobre a relação entre agente patogênico e enfermidade evoluem constantemente e que a presença de um patógeno não implica necessariamente na presença de uma enfermidade. Dentro deste entendimento, os serviços oficiais necessitam manter atualizados seus registros de ocorrências de morta- lidades e morbilidade nos cultivos. Assim, todas as entidades, es- tabelecimentos de cultivos, associações, cooperativas, produ- tores ou terceiros deverão comunicar celeremente ao serviço oficial as informações referentes à presença de enfermidades ou de patógenos nos animais. Da mesma forma, é responsabilidade dos proprietários dos animais ou seus prepostos, adotar todas as medidas para deter a propagação de enfermidades em animais e dos agentes etiológicos com fins de facilitar o controle em casos de emergências. Maiores detalhes sobre os procedimentos le- gais referentes ao serviço de defesa sanitária animal serão for- necidos mais adiante.

A frequência e distribuição da enfermidade, a acurácia no diagnóstico, a necessidade de uma resposta rápida e a

severidade da doença constituem fatores que, de um modo geral, determinam qual o tipo de vigilância é mais efetiva e eficiente.

Para o desempenho da vigilância epidemiológica como instrumento de saúde, é fundamental a disponibilidade de informações que sirvam para subsidiar o desencadeamento de ações-informação para a ação. A informação deve ser apro- priada para permitir estabelecer um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.

Por seu turno, a qualidade da informação está diretamente envolvida com a adequada coleta de dados. Estes dados, para se constituírem em um poderoso instrumento precisam ser gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dado coletado) e é nesse nível que os dados devem primeiramente ser tratados e estruturados.

Vale lembrar que a coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A eficácia e o valor da informação dependem da qualidade e fidedignidade com que o mesmo é gerado. A informação consiste no dado a ser analisado e por este motivo, é essencial que as pessoas responsáveis pela coleta destas informações estejam familiarizadas com a maricultura de bivalves. Outro aspecto relevante em se tratando da coleta de dados, diz respeito à quantidade do dado gerado, ou seja, sua representatividade em função do problema existente. Os serviços oficiais devem preparar e manter atualizados os profissionais para diagnosticar corretamente casos em mari- cultura de bivalves, como também para realizar uma boa inves- tigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis para que permitam alcançar confiabilidade. Este procedimento é iden- tificado como vigilância epidemiológica passiva.

O sistema de vigilância epidemiológica trabalha diversos tipos de dados, não obstante a notificação de casos suspeitos e/ou confirmados de doenças objetos de declaração compulsória, feita às autoridades sanitárias, pelo produtor ou por qualquer cidadão, representa a base dos dados e visa à adoção das medidas de intervenção pertinentes.

A simples suspeita da doença representa objeto de notificação, não sendo necessário aguardar a confirmação do caso, pois isso pode implicar perda da oportunidade de adotar as medidas de prevenção e controle indicadas.

No processo de reconhecimento e notificação de uma doença, três bases são determinantes: o proprietário, o médico veterinário e o laboratório de diagnóstico (SALIKI, 2000). A notificação compulsória de casos e surtos de doenças aos serviços oficiais de saúde animal é dever de todo cidadão, estando previsto no Decreto Lei3 24.548/34 e uma obriga- toriedade dos profissionais da medicina veterinária.

Para fins de vigilância epidemiológica são utilizados diver- sos tipos de dados, provenientes de diferentes fontes. A Secre- taria da Agricultura do Estado do Paraná4 relaciona entre os prin- cipais tipos de dados, os que seguem:

1. Dados Demográficos e Ambientais: são aqueles que permitem quantificar a população alvo (número de animais e características de sua distribuição local, condições climáticas, ecológicas, saneamento e sistema de produção. Ex.: densidade de bivalves por área de produção). Estes dados podem ser obtidos por meio do cadastro de produtores, de cooperativas ou associações de produtores, dos serviços de extensão rural, de notificação de casos e surtos (vigilância passiva), de investigação epidemiológica, de busca ativa (vigilância ativa) de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas. Ex.: Coeficiente de Prevalência, Coeficiente de Incidência.

2. Dados de Mortalidade: estes dados dizem respeito à taxa estimada de mortalidade na população em questão. Em maricultura estes dados são obtidos por meio de informações prestadas pelo maricultor ou seu representante legal. Todavia trata-se de um dado impreciso, baseado em estimativas e subregistro. Mesmo assim, trata-se de um dado que assume importância significativa como indicador de saúde. Ex: taxa de mortalidade de verão (Summer mortality).

3. Notificação de Surtos ou Epidemias: um sistema de vigilância epidemiológica bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde

3 Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/sislegis>

4

Paraná. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Epidemiologia veterinária e sistema

de informação em saúde animal. 4 ed./Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento ; Maria do Carmo Pessoa Silva (org.). – Curitiba: SEAB, 2008. 46 p.l.

animal e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à notificação, terá melhores condições para uma detecção precoce de focos e epidemias. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de elevação do número de casos de uma patologia, bem como a prevenção na difusão de uma doença introduzida no local e consequentemente o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial possibilitando a adoção imediata das medidas de controle. Esses fatos devem ser comunicados aos níveis superiores dos serviços oficiais de saúde animal para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração.

4. Notificação de Enfermidades Exóticas e ou em Erradi-

cação: o serviço oficial deve estar preparado para

identificar a ocorrência de sinais sugestivos de ocorrência de atividade de alguma doença ou agravo de causa conhecida, ou do comportamento não usual de uma doença definida, tanto nos bivalves de cultivo como naqueles em seu habitat natural.

5. Dados de laboratório: os laboratórios e as instituições de pesquisa constituem recursos valiosos para a identificação de agentes patogênicos e para detecção de doenças sujeitas à notificação, devendo sua participação, como fonte de notificação, ser estimulada. 6. Rumores vindos da comunidade, notícias de jornais e

outros meios de comunicação: não raro, os jornais, a

televisão, o rádio ou as pessoas da comunidade são os primeiros a tomar conhecimento e alertar as autoridades sanitárias sobre a possível ocorrência de casos e epidemias. Estas notícias devem ser levadas em consideração pelos serviços oficiais de saúde animal, pois que, se investigadas, são valiosas para identificação precoce de problemas.

Os avanços tecnológicos e a globalização têm facilitado o intercâmbio de informações e a determinação de uma base segura de registros da ocorrência e prevalência de determinadas doenças (HARE, 2002).

Alguns dos avanços recentes na ciência têm auxiliado na determinação da condição da saúde animal de maneira muito

mais precisa e confiável. Exemplos de algumas destas tecno- logias e como elas tem sido utilizadas são relatados a seguir:

a. Tecnologia de diagnóstico avançada permite o reconhecimento e a diferenciação entre tipos, subtipos e linhagens de agentes etiológicos de animais. Exemplo: a reação em cadeia da polimerase fornece um método extremamente sensível para detectar traços de ácidos nucléicos em produtos de origem animal, como ocorreu no surto da enfermidade das manchas brancas em camarões marinhos (MACIEL e MARQUES, 2002);

b. A prática da análise de risco quando da movimentação de animais vivos ou de seus produtos e subprodutos tem se tornado de grande importância na prevenção e no controle de enfermidades. Exemplo: os Estados Unidos fazem bloqueio à movimentação de ostras da região do Atlântico para o Pacífico devido à ocorrência da enfermidade Haplosporidiose (APHIS, 2008).

Entretanto, mesmo frente à contínua evolução técnico- científica, dos cuidados sanitários incrementados, das novas formas de prevenção e da combinação de esforços técnicos e políticos, nenhuma criação animal do mundo está imune às doenças.

Com o propósito de harmonizar procedimentos naquilo que diz respeito às enfermidades dos animais aquáticos, o Office International de Epizooties - OIE publicou o Código Sanitário para os Animais Aquáticos, o qual se constitui em documento essencial para os serviços veterinários oficiais, pois contém normas e diretrizes detalhadas das medidas sanitárias que devem ser aplicadas para evitar a transmissão de agentes patogênicos aos animais ou as pessoas e, ao mesmo tempo, evitar a criação de barreiras sanitárias injustificadas. Neste sentido, o OIE também publicou o Manual de Ensaios para Diagnóstico para os Animais Aquáticos, o qual padroniza procedimentos de laboratório, permitindo harmonização de procedimentos, para que os diagnósticos realizados em dife- rentes países tenham equivalência para fins epidemiológicos.

Vale salientar que as atividades desenvolvidas pelo OIE consistem, fundamentalmente, em proporcionar à comunidade internacional as possíveis diretrizes que possibilitem controlar as enfermidades dos animais e as zoonoses e, se possível, eliminá-

las. Para tanto, o OIE oportuniza um diálogo permanente entre seus países membros, reunindo em bancos de dados os registros epidemiológicos e científicos.

Por sua vez, este banco de dados recebe a armazena o conjunto de informações sob a forma de uma estrutura regular, contendo os seguintes dados:

a) Informação sanitária

I. cada país membro notifica ao OIE as enfermidades dos animais detectadas em seu território. Por sua vez, o OIE comunica essa informação a todos os demais países membros para que possam planejar instrumentos de autoproteção;

II. as informações e publicações do OIE apresentam origem unicamente em informações oficiais, validadas pelos poderes públicos de cada país membro. Entretanto o OIE, igualmente, possui um sistema de pesquisa ativa de informações não oficiais e interroga diretamente, se necessário, as autoridades nacionais para confirmar ou invalidar rumores;

III. a publicação em tempo real da situação das enfermidades animais e zoonoses no mundo é uma das missões históricas do OIE que justificou em grande parte sua criação.

Vale ressaltar que a pesquisa permanente da confi- abilidade das informações transmitidas à comunidade interna- cional constitui para o OIE e os chefes dos serviços veterinários dos países membros uma grande responsabilidade. Qualquer deficiência nesse campo pode ter consequências catastróficas nos Países Membros, bem como em outras partes do mundo (VALLAT, 2003).

b) Informação científica: com a finalidade de recolher, analisar e divulgar informações científicas o OIE dispõe de uma rede mundial de laboratórios de referência, bem como de centros colaboradores, acreditados em seus países pela autoridade sanitária nacional. Esta estrutura proporciona ao OIE as con- dições necessárias para, sobre bases científicas objetivas, pro- por diretrizes para as normas internacionais.

O Código Sanitário para os Animais Aquáticos, supra mencionado, contém uma lista de enfermidades que representam obrigações dos países membros notificar a suspeita ou ocor- rência. Uma enfermidade para ser incorporada à lista deve atender alguns requisitos essenciais, quais sejam:

a) a enfermidade causa perdas significativas de produção