• Nenhum resultado encontrado

Estratégias sanitárias para as principais enfermidades dos bivalves de cultivo no Estado de Santa Catarina

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estratégias sanitárias para as principais enfermidades dos bivalves de cultivo no Estado de Santa Catarina"

Copied!
194
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQÜICULTURA. ESTRATÉGIAS SANITÁRIAS PARA AS PRINCIPAIS ENFERMIDADES DOS BIVALVES DE CULTIVO NO ESTADO DE SANTA CATARINA. MARIA LUIZA TOSCHI MACIEL Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de doutor em Aquicultura.. Orientadora: Profa. Dra. Aimê Rachel Magenta Magalhães. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil 2009.

(2) Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina M152e Maciel, Maria Luiza Toschi Estratégias sanitárias para as principais enfermidades dos bivalves de cultivo no Estado de Santa Catarina [tese] / Maria Luiza Toschi Maciel; orientadora, Aimê Rachel Magenta Magalhães. - Florianópolis, SC, 2009. 194 p.: il. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias. Programa de PósGraduação em Aqüicultura. Inclui referências 1. Aquicultura. 2. Maricultura. 3. Bivalve. 4. Sanidade animal. 5. Defesa sanitária. I. Magalhães, Aimê Rachel Magenta. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de PósGraduação em Aquicultura. III. Título. .. CDU 639.3.

(3) Estratégias sanitárias para as principais enfermidades de moluscos bivalves cultivados no Estado de Santa Catarina. Por MARIA LUIZA TOSCHI MACIEL Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de DOUTORA EM AQÜICULTURA e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura.. ____________________________________ Prof. Cláudio Manoel Rodrigues de Melo, Dr. Coordenador do Curso Banca Examinadora: __________________________________________ Dra. Aimê Rachel Magenta Magalhães – Orientadora __________________________________________ Dr. Gilberto Caetano Manzoni __________________________________________ Dra. Guisla Boehs __________________________________________ Dr. João Bosco Rozas Rodrigues __________________________________________ Dr. Maurício Laterça Martins.

(4)

(5) Dedico este trabalho para Mario Luiz Maciel in memoriam.

(6)

(7) AGRADECIMENTOS. Agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram com os ensinamentos preliminares que serviram de fundamento para a presente tese. Agradeço em especial à minha filha, por seu imenso carinho, pelo apoio, colaboração e incentivo nos momentos mais cruciais deste trabalho e, por mostrar-me o possível lado positivo de muitos eventos. Filha de amor incondicional, que sofre em meus momentos de tensão e se alegra em cada conquista. Agradeço ao meu filho, que mesmo longe participa ativamente dos meus momentos mais decisivos. Agradeço a meus pais, em memória, pelos ensinamentos de vida, dignidade, moral e ética. Agradeço à professora Aimê Rachel, pela confiança e incentivo e, por aceitar participar da construção deste estudo na qualidade de orientadora da tese..

(8)

(9) RESUMO A maricultura de bivalves representa fonte de alimentação e renda para muitas famílias, contudo, o aparecimento de enfermidades pode conduzir a atividade para um estado falimentar, com custos substanciais. Neste sentido, este estudo teve por objetivo verificar os principais registros de identificação de agentes etiológicos capazes de causar danos à saúde dos bivalves no Estado de Santa Catarina; conhecer a percepção dos atores envolvidos no setor com referência à classificação de enfermidades de notificação obrigatória e sua relação com as ações compulsórias dos serviços oficiais; identificar a estrutura deste serviço e sua capacidade para atuar na defesa sanitária dos animais aquáticos, com ênfase para os cultivos em sistemas abertos, como é o caso dos bivalves de interesse comercial. A coleta de dados inclui apreciação de documentos oficiais, pesquisa bibliográfica em bases de dados e entrevistas. Para análise foi considerado o “users´ guides to the aquatic animal health” como parâmetro. Este estudo conclui que a lacuna de conhecimento jurídico sobre a saúde animal por parte dos diferentes atores prejudica as ações do Estado para prevenção, controle e erradicação de enfermidades. Da mesma forma, o estudo apresenta algumas estratégias que depois de implementadas poderão contribuir para uma redução nos prejuízos em possíveis casos de emergência sanitária. Palavras chave: maricultura, bivalves, sanidade animal, defesa sanitária..

(10) ABSTRACT The shellfish production represents a source of food and income for many families, therefore, the occurrence of diseases outbreak may lead the activity to breakdown, with incalculable costs. In this context, the present study aimed to identify the main etiologic agents capable of causing damage to the health of shellfish farming in the State of Santa Catarina; to acknowledge the perception of actors involved in the bivalves production concerning the classification of the obligatory declaration diseases and the compulsory actions from the service officers; learn about the structure of the official animal defense service and its ability in defending aquatic animals health, especially the animals raised in open systems production, such as bivalves of commercial interest. Data collection included appreciation of official documents, literature review of scientific articles available on database, and interviews with few actors. For analyzing these material the "users' guides to the aquatic animal health" was taking into account. The final conclusion indicate a lack of knowledge among different actors on the subject of animal health legislation what brings obstacles for State’s action for preventing, controlling and eradicating diseases. The study also presents some strategies that could contribute to a reduction in losses in possible cases of bivalve emergency. Keywords: mariculture, bivalve, animal health, sanitary defense..

(11) LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS Acordo MSF - Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina CRMV – Conselho Regional de Medicina Veterinária Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. ESC - Entendimento relativo às normas e procedimentos sobre Solução de Controvérsias – em inglês, DSU, Dispute Settlement Understanding; em espanhol, ESD, Entendimiento de Solución de Diferencias FFA - Fiscal Federal Agropecuário GATT - General Agreement on Tariff and Trade – em português, Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MPA – Ministério da Pesca e Aquicultura, antiga SEAP- Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca MRE – Ministério das Relações Exteriores OIE – Escritório Internacional de Epizootias – em francês, Office Internationel des Epizooties OIT - Organização Internacional do Comércio – em inglês, ITO, International Trade Organization OMC - Organização Mundial do Comércio – em inglês, WTO, World Trade Organization ONU - Organização das Nações Unidas OSC - Órgão de Solução de Controvérsias – em inglês, DSB, Dispute Settlement Body; em espanhol, OSD, Órgano de Solución de Diferencias PNSAA – Programa Nacional de Sanidade dos Animais Aquáticos SEDESA – Serviço de Defesa Agropecuária SFA – Superintendência Federal de Agricultura SVO – Serviço Veterinário Oficial UVL – Unidade Veterinária Local.

(12)

(13) SUMÁRIO I. Introdução. 15. II. Capítulo I: A Defesa sanitária animal: apresentando o referencial teórico e construindo o objeto de estudo. 30. 1. A epidemiologia e a vigilância zoosanitária. 30. 2. O serviço oficial de sanidade animal: as instituições nacionais e as relações internacionais. 42. 2.1 A formação do sistema nacional de defesa sanitária animal. 46. 2.1.1 A defesa sanitária federal. 50. 2.1.2 A defesa sanitária estadual. 53. 2.1.3 A defesa sanitária municipal. 54. 3. O Brasil e os tratados internacionais. 60. 4. As instituições internacionais e suas relações com o Brasil. 63. 4.1. Organização Mundial do Comércio: soberania, democracia, Acordo MSF e barreiras não tarifárias. 66. 4.2. Organização Mundial da Saúde Animal: harmonização de regulamentos técnicos. 75. 4.3 Codex Alimentarium: processos de regulamentação. 86. Referências bibliográficas. 92. III. Capítulo II: Sanidade de bivalves de cultivo: o papel do Estado e as interações entre a população e o serviço público. 102. Resumo. 102. Introdução. 104. Material e métodos. 105. Resultados. 106. Discussão. 107. Conclusões. 116. Referências. 118.

(14) IV. Capítulo III: A construção institucional e organizacional do serviço de defesa sanitária animal no Estado de Santa Catarina com vistas à sanidade dos bivalves marinhos. 121. Resumo. 121. Introdução. 123. Material e métodos. 126. Resultados. 127. Discussão. 130. Conclusões. 134. Referências. 135. V. Capítulo IV: Saúde dos bivalves: vigiar e prevenir. 137. Resumo. 137. Introdução. 139. Material e métodos. 144. Resultados e Discussão. 145. Referências. 147. VI. Capítulo V: Polidiariose em ostras Crassostrea gigas cultivadas na praia da ponta do Sambaqui, Florianópolis, SC, Brasil.. 152. Resumo. 152. Introdução. 154. Material e métodos. 155. Resultados. 157. Discussão e Conclusões. 161. Referências. 163. VII. Conclusões gerais. 167. VIII Referências Bibliográficas da Introdução. 171. IX. Anexos. 173.

(15) 15 1. INTRODUÇÃO A atividade conhecida como malacocultura dedica-se ao cultivo de moluscos, sendo que várias espécies nativas estão distribuídas por toda a costa litorânea brasileira. As espécies de maior interesse comercial estão representadas pelo mexilhão nativo Perna perna (Linné, 1758) e pela ostra do Pacífico, Crassostrea gigas (Thunberg, 1793), também conhecida como ostra japonesa, por ser nativa do Japão, China e Coréia. Outras espécies em pesquisa para fins de maricultura estão representadas pelas ostras nativas Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1819) e Crassostrea rhizophorae (Guildine, 1828) pela ostra perlífera Pteria hirundo (Linné, 1758) e a vieira Nodypecten nodosus (Linné, 1758), além dos bivalves de areia, como o berbigão Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) e a asa de anjo, Cyrtopleura costata (Linné, 1758). As condições geomorfológicas do litoral catarinense, com grande número de baías, manguezais e estuários caracterizamse como propícias à prática da malacocultura. Sua condição oceanográfica de águas calmas, com influências de correntes frias e ricas em produção primária favorece a atividade e coloca Santa Catarina na liderança nacional na produção de moluscos marinhos, como o maior produtor de mexilhões e ostras de cultivo. A malacocultura ou maricultura de bivalves em Santa Catarina está constituída, fundamentalmente, por quatro espécies: (a) o mexilhão - Perna perna, (b) a ostra japonesa - Crassostrea gigas, (c) a ostra nativa - Crassostrea spp. e (d) a vieira - Nodipecten nodosus (MAGALHÃES, 2009). Dentre as principais peculiaridades destas espécies de interesse para Santa Catarina, podem ser citadas as seguintes: a) mexilhão: o cultivo desta espécie teve início com a colheita de semente nos costões do litoral catarinense e posterior colocação em sistemas suspensos para crescimento até o tamanho comercial. Atualmente, a reprodução ocorre tanto com a aplicação de técnicas de reprodução assistida como com a colheita de sementes pela fixação em meio natural, em coletores manufaturados. Estudos da fisiologia do mexilhão Perna perna foram empregados para estabelecer metodologias de monitoramento ambiental, uma vez que qual-.

(16) 16 quer alteração fisiológica pode modificar os fluxos do metabolismo do animal e, possivelmente, ocasionar problemas na resistência deste (PESSATTI et al. 2002). Por sua vez, Salomão et al. (1980) observaram que o mexilhão Perna perna sobrevive em valores de salinidade entre 19 e 44, sendo que nesta faixa de salinidade ocorre a produção dos filamentos de fixação do animal (bisso) e sugerem que essa seria a faixa de conforto para a espécie. Ademais, observaram que em salinidades de 4 e 9 não houve eliminação de gametas, no entanto, os ácinos gonádicos do manto estavam repletos dos mesmos. Marenzi e Branco (2005) recomendam o cultivo deste mexilhão num período de até oito meses, quando os indivíduos atingem comprimento total de aproximadamente 7,0 cm e apresentam melhor rendimento de partes moles em relação ao tamanho da concha. Contudo, salientam os autores, que a colheita deve ocorrer no final da primavera e que, portanto, deverá ser observado o período de semeadura. Ademais, sugerem que o primeiro metro da coluna de água oferece melhores condições de cultivo por consequencia da energia radiante, fundamental na disponibilidade de alimentos, devido à maior produção primária, sendo que as cordas de cultivo apresentam de 2-3 metros de comprimento. A temperatura da água também representa fator de influência para o conforto e a saúde do animal, uma vez que interfere nos processos fisiológicos do animal, como o desenvolvimento, taxa de crescimento, ciclo sexual e filtração. b) ostra japonesa: a espécie Crassostrea gigas foi introduzida no Brasil no início da década de 70 em Cabo Frio/RJ. O cultivo em Santa Catarina teve início com a introdução de sementes produzidas no Rio de Janeiro e posteriormente importadas do Chile. Atualmente a reprodução ocorre em ambiente tecnificado, com a utilização de reprodutores descendentes das primeiras importações. A opção pelo cultivo de C. gigas recebeu destaque devido ao rápido crescimento apresentado pela espécie, bem como demonstrou facilidade de adaptação e bom rendimento de carne, ademais do amplo conhecimento biológico mundialmente disponível. Entretanto, é uma espécie de.

(17) 17 clima frio e, portanto, de difícil adaptação para cultivo na costa brasileira, cujo clima predominante é o tropical. As áreas preferenciais para cultivo desta espécie, na costa brasileira, estão localizadas em Santa Catarina. Mesmo assim, as sementes de ostras produzidas em ambiente fechado, quando colocadas para crescimento no ambiente natural, onde a temperatura da água ultrapassa os 24ºC no verão, morrem em grande quantidade. Este fenômeno é conhecido como mortalidade em massa de verão ou, do inglês, summer mortality. As causas desta mortalidade podem estar associadas ao desgaste energético decorrente do ciclo gametogênico ou mesmo, por motivos de condições ambientais de desconforto animal (PERDUE et al. 1981). Outros autores sugerem que a mortalidade pode ser causada por bactérias do tipo Vibrio sp. (CHEW, 1979). Como forma de amenizar o problema da mortalidade em massa de verão, pesquisadores catarinenses decidiram importar durante alguns anos C. gigas triplóides. A estratégia utilizada para reduzir a mortalidade reside no fato de que os indivíduos triplóides são inférteis e, portanto com maiores reservas energéticas. A formação genética natural da C. gigas é 2n, enquanto que para a produção de indivíduos triplóides é necessária à obtenção de indivíduos poliplóides, através de processos artificiais, os quais podem ter 3 ou 4 n (POLI, 2004a). c) ostras nativas do gênero Crassostrea: mais especificamente representadas pela C. rhizophorae e C. brasiliana, ocorre em regiões estuarinas de baixa e média salinidade. Apresenta concha grossa, de forma variada, geralmente larga e de tonalidade clara a escura e pode alcançar tamanho de 10 cm. Ocorre desde o Caribe até o Brasil, sendo típicas de zonas tropicais, geralmente fixadas às raízes aéreas do mangue ou sobre zonas entre marés e costões rochosos. São indivíduos que suportam valores de salinidade de amplitude significativa, entre 10 e 30, mas que valores abaixo ou acima desta faixa comprometem a sobrevivência da espécie. Neste sentido, com o propósito de se adaptarem às flutuações ou mudanças na salinidade ambiental, estes indivíduos osmoconformistas se utilizam.

(18) 18 de mecanismos de ajustamento da concentração intracelular de osmólitos regulando, então, seu volume celular. Vale ressaltar que fatores ambientais de desconforto animal resultam em anorexia, reduzida ingestão de alimento e pode conduzir ao óbito (ZHUANG, 2006). Autores como Helm et. al. (2004) sugerem salinidade de 25 como fisiologicamente adequada, podendo ocorrer uma tolerância de até 10 para o caso das sementes. Guimarães et al. (2008) sugerem valores de salinidade entre 15 e 25 como a mais adequada para C. rhizophorae. d) vieira: são invertebrados bentônicos que pertencem à família Pectinidae e são conhecidos como scallops (em inglês) ou coquille Saints-Jacques ou pétoncle (em francês), ou ainda, por ostiones, almejas, escalopas (em espanhol). Esta espécie apresenta interesse comercial devido a sua característica de crescimento rápido, atingindo tamanho comercial (em média 8 – 9 cm) em aproximadamente oito meses. A concha apresenta formato de leque, com coloração variando do marrom-avermelhado ao amarelo, podendo alguns indivíduos apresentar a tonalidade vermelha, alaranjada ou púrpura. A espécie de maior expressão em Santa Catarina, a Nodipecten nodosus, apresenta a seguinte estrutura interna: (a) o manto, representado por uma membrana aderida à parte interna de ambas as valvas e margeado por pequenos tentáculos e numerosos olhos paliais de cor azul brilhante, os quais desempenham função sensorial; (b) as brânquias, de coloração alaranjada, que são responsáveis pela respiração e captura de alimento; (c) o músculo adutor, músculo estriado responsável pelo movimento de fechamento das valvas; (d) o resilium, músculo liso responsável pelo movimento de abertura das valvas; (e) a glândula digestiva, localizada na parte próxima ao umbo, aderida ao músculo; (f) o sistema circulatório e (g) as gônadas, sendo que é uma espécie hermafrodita funcional simultânea. Esta espécie ocorre desde o sul da Península de Yucatán, leste da América Central, ilhas do Caribe, Colômbia, Venezuela e descontinuamente, ao longo do litoral brasileiro até o Estado de Santa Catarina. Em Santa Catarina, na natureza,.

(19) 19 o N. nodosus ocorre entre 6 e 30 metros de profundidade. Entretanto, os estoques naturais são insuficientes para sustentar uma atividade extrativa significativa, fato que compromete a oferta no mercado interno. Por este motivo, o desenvolvimento da atividade somente poderá obter sucesso por meio da reprodução tecnificada (BERNADINO, 2007). Em países onde o comércio de bivalves representa fator de ocupação e renda para muitas famílias, episódios repetidos de enfermidades resultaram em danos econômicos e sociais de grande monta. Entre estes eventos foi registrada a presença de diferentes agentes patogênicos, alguns dos quais constam da lista de enfermidades de declaração compulsória aos serviços veterinários oficiais. Discutir e buscar formas preventivas para o desenvolvimento da maricultura de bivalves livre de enfermidades capazes de causar danos significativos a saúde do animal, assim como dos consumidores, representa uma forma de contribuir para enriquecer as intervenções no cotidiano, possibilitando novas formas de operar os serviços de saúde animal, bem como direcionar o olhar para a realidade destes serviços, suas formas de organização e atuação. A experiência profissional somada a vivência das dificuldades concernentes à aplicação de medidas de defesa sanitária, especificamente para animais da aquicultura, representaram fatores de motivação para a reflexão e a percepção critica da realidade da sanidade dos bivalves. A compreensão e o saber desta realidade e suas circunstâncias, seu movimento dinâmico e contraditório motivaram a decisão de ser agente na construção deste conhecimento. Assim, neste estudo procurou-se trazer à luz do saber aquilo que diz respeito à saúde dos bivalves e a atuação dos serviços de defesa sanitária animal, ratificando os dizeres de Merthy (1997) quando afirma que “o cotidiano representa matéria prima de excelente qualidade para se trabalhar a realidade e criar o novo”. Neste sentido, o presente estudo se propõe a estudar uma parte dessa “matéria prima”, representada pelo sistema de defesa sanitária animal e sua relação com a sanidade dos bivalves, objetivando conhecer como os atores da.

(20) 20 maricultura de bivalves entendem a prática da defesa sanitária animal, conhecendo suas opiniões e pensamentos com vistas a esclarecer lacunas por ventura existentes e que possam contribuir para a colaboração institucional e privada. 1.1.. Problemática e Justificativa. Os sistemas de defesa sanitária animal representam a estrutura socialmente organizada e deve compreender a participação de todos os órgãos e instituições governamentais ou não, os quais devem estar preparados para prestar serviços ou produzirem conhecimentos para o setor da produção animal. Para que um sistema de defesa sanitária animal apresente resultados positivos, é necessário o entendimento de que profissionais de diferentes formações, conjuntamente com o serviço oficial, constituem parte ativa deste sistema e formam a rede de informações essencial para a vigilância sanitária e epidemiológica das enfermidades que acometem os animais e os seres humanos. É preciso, igualmente, que os diferentes atores da aquicultura tenham o conhecimento de que os serviços veterinários de defesa sanitária animal constituem-se em função de Estado e representam o conjunto de ações básicas a serem desenvolvidas por servidores públicos específicos, visando à proteção dos animais, a redução dos riscos de introdução e propagação de agentes causadores de enfermidades, bem como a redução das possibilidades dos riscos de transmissão de enfermidades dos animais aos homens. Importante ainda, o entendimento de que existe como parte do aparelho do Estado, uma instituição que lidera o processo de defesa animal no Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. Assim, o MAPA possui como uma de suas atribuições, prestar serviços de atenção à saúde animal, além de coordenar programas, propor normas e fiscalizar o cumprimento legal destas normas. Esta instituição formula e executa políticas para o desenvolvimento do agronegócio nacional, integrando aspectos mercadológicos, tecnológicos, científicos, organizacionais e ambientais, para atendimento dos consumidores brasileiros e do mercado internacional. Assim, das observações supra mencionadas, emergiu a proposta para a realização da presente pesquisa, que teve como.

(21) 21 ponto de partida os seguintes questionamentos: (1) quais as principais espécies de bivalves em cultivo no Estado de Santa Catarina? (2) quais os principais agentes etiológicos que estão presentes nestes cultivos? (3) estes agentes etiológicos fazem parte da lista de declaração compulsória estabelecida pelas autoridades veterinárias nacional? (4) estão os serviços oficiais e os demais atores da maricultura de bivalves preparados para enfrentar eventos de enfermidades de declaração compulsória? (5) qual o entendimento que os diferentes atores da maricultura de bivalves apresentam com relação às ações dos serviços veterinários oficiais? A importância desta pesquisa está em colaborar no entendimento da participação do Estado na tutela de diferentes enfermidades que podem acometer os bivalves. Vale ressaltar que Santa Catarina amargou prejuízos de diferentes níveis quando da ocorrência da enfermidade das manchas brancas em camarões Litopenaeus vannamei em cultivo, no ano de 2005. E que as autoridades sanitárias somente foram comunicadas depois que a enfermidade havia comprometido vários estabelecimentos. Neste episódio, nem os produtores e nem mesmo os órgãos de assistência técnica e extensão rural, contumazes observadores dos cultivos, comunicaram as observações de mortalidade elevada que se instalava entre os animais alvo. O incentivo ao desenvolvimento da aquicultura associado às novas tecnologias de cultivo reflete-se na expansão continuada da malacocultura catarinense. No entanto, o binômio aumento dos sistemas de cultivo versus densidade elevada promove uma redução na qualidade da água do cultivo. Esta condição pode levar a um comprometimento ambiental capaz de promover estresse nos animais e com isto, uma debilidade do sistema imunológico resultando no aparecimento de enfermidades (BOWER, 2006). Vale salientar que muitos dos agentes patogênicos que atualmente representam prejuízos inestimáveis ao setor produtivo, outrora, na natureza, conviveram em equilíbrio agente-hospedeiro (MACIEL, 2005). A malacocultura representa importante fator de geração de renda para centenas de famílias do litoral catarinense. O aparecimento de algumas enfermidades, principalmente as enfermidades causadas por agentes patogênicos de declaração compulsória aos serviços veterinários oficiais de saúde animal,.

(22) 22 podem levar à falência da atividade, caso negligenciadas pelos diferentes atores do setor produtivo e oficial. Neste contexto, prospera como justificativa para a realização do presente estudo, os argumentos seguintes: a) apresentar uma (re)discussão sobre as ações de defesa sanitária animal como uma ferramenta potencial para a conquista de mercados para os produtos da aquicultura; b) apresentar uma contribuição para o entendimento dos princípios da defesa sanitária animal com vistas a facilitar a interação entre os atores da aquicultura, minimizando as dificuldades de comunicação entre as instâncias e objetivando o fortalecimento da atividade, ponderando que uma melhor compreensão da defesa sanitária animal permitirá uma maior colaboração entre os atores e com isto possibilitar uma minimização dos possíveis comprometimentos da maricultura dos bivalves no Estado de Santa Catarina. . 1.2 Objetivos A partir da problemática exposta e da justificativa descrita que busca evitar os custos decorrentes de uma possível ocorrência de enfermidades nos bivalves, foram assumidos como objetivos a serem alcançados por esta pesquisa: 1.2.1 Objetivo geral: colaborar com os diferentes atores da aquicultura no entendimento dos enlaces que envolvem as enfermidades de declaração compulsória e das funções do Estado. 1.2.2 Objetivos específicos 1.2.2.1 revisar a literatura e analisar casos que acometeram os bivalves no Estado de Santa Catarina verificando o seu enquadramento ou não, como enfermidade de declaração obrigatória às autoridades de saúde animal; 1.2.2.2 avaliar o conhecimento dos diferentes atores da maricultura dos bivalves com relação à legislação pertinente e as atividades inerentes ao Estado; 1.2.2.3 coletar dados e analisar o grau de fragilidade e limitações do órgão executor de defesa sanitária animal frente ao.

(23) 23 enfrentamento de casos de ocorrência de enfermidades de declaração compulsória na maricultura de bivalves; 1.2.2.4 estudar e descrever a trajetória de formação do sistema de defesa sanitária animal. 1.3 Metodologia Perpassou todas as fases da elaboração desta tese o levantamento e análise de bibliografias específicas sobre o assunto: livros, teses, revistas especializadas, anais de congressos, encontros, participação em congressos da área, CDs, além de procura na rede mundial de informação no sítio da CAPES e base de dados Scorpius, ScienceDirect, Scirus, PubMed e outros. Utilizou-se pelo menos três descritores em Ciências Veterinárias: a Organização Mundial do Comércio, a Organização Mundial da Saúde Animal e o Codex Alimentarium, o que permitiu uma ampla cobertura dos referenciais teóricos sustentadores da própria análise do fenômeno ora em estudo (saúde animal), bem como um aprofundamento nos aspectos relativos à maricultura de bivalves propriamente dita. Da mesma forma, foram utilizadas a Carta Magna e os demais ordenamentos jurídicos que norteiam os serviços oficiais de defesa animal. Ademais, foram analisados os artigos científicos produzidos pelo Departamento de Aquicultura do Centro de Ciências Agrárias/UFSC, na área de patologia de moluscos marinhos, publicados na última década. Os instrumentos para a construção da pesquisa científica foram definidos de modo a aperfeiçoar o acervo do conhecimento já existente e propiciar novas asserções sobre o tema. Desta feita, constituem os métodos da pesquisa os seguintes procedimentos investigativos e analíticos: 1.3.1 O método segundo as bases lógicas para a investigação - a forma de articulação dos conhecimentos recorridos para desenvolver a presente pesquisa seguiu o método dedutivo, ou seja, partiu da formulação geral de que o desconhecimento dos princípios legais e regras jurídicas que norteiam a natureza das ações e práticas da defesa animal desencoraja a participação colaborativa dos diferentes atores da maricultura de bivalves com o serviço oficial, dificultando a atuação deste último.

(24) 24 quando da ocorrência de enfermidades declaráveis; 1.3.2 O método segundo a abordagem do problema optou-se por uma abordagem qualitativa como forma de ressaltar o modo pelo qual o objeto de estudo se manifesta, ao contrário do quantitativo que ressaltaria a frequência dos eventos ligados ao tema. No entanto, vale a ressalva de que a aplicação do método qualitativo de abordagem do problema não exclui os dados numéricos quando pertinentes à compreensão dos fenômenos apreendidos; 1.3.3 O método segundo a natureza da pesquisa - os dados serão apresentados, em sua maioria, na forma descritiva, assumindo em geral o formato de levantamento documental e bibliográfico com vistas a identificar as variáveis que contribuem para a formação do sistema de defesa animal; 1.3.4 O método quanto aos procedimentos técnicos dentre os procedimentos metodológicos que a pesquisa qualitativa permite, utilizou-se o da observação participante, no qual o pesquisador é o próprio instrumento de pesquisa, empregando diretamente seus sentidos para apreender os objetos em estudo, espelhando-os então em sua consciência e experiência profissional, onde se tornam fenomenologicamente representados para serem interpretados; 1.3.5. O método quanto aos procedimentos de obtenção de dados - o estudo combinou pesquisa bibliográfica e estudo de campo. Sendo que as técnicas empregadas para o levantamento dos dados neste caso foram: a) análise documental, observação direta, observação participante e pesquisa de campo; b) questionários e entrevistas aplicados com os professores do curso de aquicultura, responsáveis técnicos por cultivos, extensionistas, médicos veterinários do serviço oficial estadual e produtores. De acordo com Marconi e Lakatos (2001), as técnicas utilizadas para a coleta de dados podem ser por meio da observação direta intensiva (com entrevistas exploratórias, escritas ou não) e extensiva (com aplicação de questionário). Neste estudo foram utilizadas ambas as técnicas..

(25) 25 Os contatos com os participantes da pesquisa para o serviço oficial foram individuais e os pontos relevantes anotados em caderno de campo específico para a pesquisa e com o consentimento dos participantes. Utilizou-se também da observação nos locais e da atuação em campo, pesquisa em documentos, relatórios e meios de divulgação como outras fontes de evidências. Os dados obtidos por meio da pesquisa foram estudados segundo a análise de conteúdo que para Bardin (1991) corresponde a um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das abordagens, obter indicadores quantitativos ou não, que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das abordagens”. 1.3.6. Alguns procedimentos do protocolo do estudo. a) problematização - a pesquisa teve como proposta responder aos seguintes questionamentos: a) qual o entendimento que os diferentes atores envolvidos na maricultura de bivalves possuem com relação à classificação das enfermidades para fins de atuação do Estado? b) qual o entendimento destes atores com referência ao serviço nacional de defesa sanitária animal e sua relação com as instituições internacionais? c) os serviços oficiais de defesa sanitária animal estão preparados para atuarem em casos de emergência sanitária na maricultura de bivalves? b) procedimentos de campo - para a realização desta etapa da pesquisa foram considerados dois diferentes momentos: (1) foram realizadas entrevistas e preenchidos questionários entre sanitaristas, técnicos, professores e produtores selecionados entre aqueles considerados pelo grupo, como formadores de opinião, para avaliar o grau de entendimento quanto às responsabilidades do Estado frente às enfermidades dos bivalves marinhos em cultivo em Santa Catarina; (2) foram realizadas entrevistas e acompanhamento das ações dos responsáveis pelo Programa Nacional de Sanidade dos Animais Aquáticos, nas unidades veterinárias nas regiões produtoras, com ênfase nos aspectos relacionados com a estrutura organizacional e funcional do órgão executor das ações de defesa sanitária animal no Estado de Santa Catarina..

(26) 26 c) coleta de dados – na primeira etapa foram encaminhados questionários contendo perguntas abertas e fechadas. Já para a segunda etapa da pesquisa os dados foram recolhidos em situação de campo, por meio de contato direto e complementado por meio de um questionário; transcrições de entrevistas, notas de campo, fotografias, documentos pessoais e outros registros oficiais; familiaridade com o ambiente, pessoas e outras fontes de dados adquiridos, principalmente, por meio da observação direta e do estudo de casos, entre outros. d) instrumentos de coleta de dados - foram utilizados os seguintes instrumentos: a) um estudo da estrutura organizacional do órgão executor das ações de defesa sanitária animal no Estado de Santa Catarina (documentos de arquivo, administrativos e entrevistas); b) um formulário com perguntas fechadas e abertas, o qual foi acompanhado de uma entrevista para a coleta dos dados; c) observação direta; d) observação participante (colhida por meio de entrevista com especialistas para a validação da proposta metodológica). A entrevista foi classificada como do tipo semi estruturada devido ao fato de ter se desenvolvido a partir de um esquema básico, contudo não aplicado rigidamente, permitindo ao entrevistado fazer as adaptações desejadas. Isto foi possível visto que as entrevistas foram realizadas pela própria pesquisadora, daí o fato de ter sido facilitada a adaptação à situação. e) Análise e categorização dos dados - para a análise e validação dos procedimentos, foram observados os ensinamentos de Lüdke e André (1986), que afirmam ser as generalizações frequentes neste tipo de pesquisa e ocorrem, [...] em função do conhecimento experiencial do sujeito, no momento em que este tenta associar dados encontrados no estudo com dados que são frutos de sua experiência pessoal [...].. Somado ao confronto dos depoimentos entre si, mais os registros na literatura e as fontes documentais, o processo de categorização foi apresentado ao epidemiólogo Martins (comunicação pessoal) com experiência em pesquisa na área da saúde animal, que forneceu informações que serviram para atestar ou não a relevância dos itens a serem estudados nesta pesquisa, para o qual:.

(27) 27 [...] sanitaristas são “guerreiros” que se esforçam na conquista da doença para que conhecendo melhor o inimigo possam aplicar estratégias e táticas militares adequadas, pois o combate às enfermidades em populações sugere um conflito de natureza militar [...].. Como principal categoria institucional em assuntos de saúde animal foi identificada a Coordenação de Controle de Enfermidades de Animais, do Departamento Nacional de Sanidade Animal pertencente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, localizada no Distrito Federal. 1.4 Modelo de análise Na operacionalização do modelo servem de guia os objetivos específicos, os quais envolvem principalmente as variáveis de análise individualmente destacadas na listagem a seguir: 1) grau de entendimento dos formadores de opinião com relação ao serviço veterinário oficial; 2) grau de confiança dos maricultores em relação às diferentes instituições com atividades diretamente envolvidas com o setor; 3) estrutura dos serviços oficiais de defesa sanitária animal. 1.5 Descrição das variáveis de análise 1) grau de entendimento dos formadores de opinião: foram identificados os principais sujeitos formadores de opinião dentro da atividade da maricultura de bivalves e analisado o grau de entendimento que este sujeito apresenta em relação à legislação nacional de sanidade animal e sua relação com as diretrizes internacionais; 2) grau de confiança dos maricultores em relação às diferentes instituições com atividades diretamente envolvidas com o setor: foi analisado o grau de confiança do maricultor em relação à instituição e aos formadores de opinião. Desta análise procurou-se obter resposta para a escolha da melhor opção em caso de emergência sanitária e identificar o melhor meio de.

(28) 28 informação e esclarecimento capaz de sensibilizar o setor para as ações de prevenção, combate e emergência sanitária; 3) estrutura dos serviços oficiais de defesa sanitária animal: estabeleceu-se como escopo analisar o conhecimento e os fundamentos técnicos apresentados pelo profissional responsável local das ações de defesa sanitária animal aplicada na maricultura de bivalves, analisar a documentação e a organização documental, analisar as ações de vigilância epidemiológica e educação sanitária aplicadas a maricultura de bivalves, bem como analisar as condições de estrutura e operacionais para o desenvolvimento destas ações. 1.6 Linha de Pesquisa e Tema A temática deste estudo se insere no contexto da linha de pesquisa Patologia e Sanidade do Programa de Pós-Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina. Esta linha de pesquisa se dedica ao estudo das enfermidades, suas causas, mecanismos de prevenção e defesa dos organismos aquáticos. Neste sentido, o trabalho teve articulação com as proposições legais e do direito administrativo relacionadas com o sistema de defesa sanitária animal, o qual representa a resposta socialmente organizada aos problemas da saúde dos animais. O tema abrange a análise dos principais agentes patogênicos que podem causar danos nos bivalves de cultivo, com foco em ações a serem implementadas quando da ocorrência de enfermidade de notificação compulsória aos serviços oficiais de saúde animal. Sob o referencial histórico é anotada a ocorrência das enfermidades e de seus fatores de risco, para posterior construção de uma base racional de implementação e subsequente avaliação de programas e políticas públicas de saúde para bivalves marinhos, em especial, sugerindo políticas de melhoria de competitividade dos bivalves catarinenses, tanto para o mercado interno como para a exportação. 1.7 Estrutura deste trabalho de pesquisa Esta pesquisa está apresentada em uma introdução que discorre sobre o percurso metodológico para atingir o objetivo do.

(29) 29 estudo, destacando a opção pelo método de pesquisa qualitativa, seguida de um capítulo que apresenta o contexto e as bases científicas em que se fundamenta o estudo e mais quatro manuscritos. O manuscrito I apresenta os resultados obtidos por meio de uma pesquisa de campo, a qual analisou as abordagens dos diferentes atores da aquicultura naquilo que se refere ao entendimento quanto às enfermidades de notificação compulsória e as ações do Estado na defesa sanitária animal. O manuscrito II apresenta a construção institucional e organizacional do serviço estadual de defesa sanitária animal, o qual analisou o grau de fragilidade e limitações do órgão executor, com vistas à área de atuação do Programa Nacional de Sanidade dos Animais Aquáticos - PNSSA. O manuscrito III apresenta uma revisão sistematizada da literatura que teve por objetivo coligar registros relacionados com a ocorrência de enfermidades em bivalves marinhos. Este estudo tratou a identificação dos principais agentes etiológicos capazes de causar agravos à saúde dos bivalves e, comparou com os achados em pesquisas realizadas em Santa Catarina. A partir da identificação dos agentes foi realizada consulta ao Código Sanitário para Animais Aquáticos do OIE para averiguar se estes constavam ou não na lista e, posteriormente, verificouse por meio de oitivas e análise de documentos se os serviços oficiais de saúde animal apresentavam um sistema de vigilância epidemiológica estruturado para ações em sanidade de bivalves. O manuscrito IV recupera os resultados dos estudos sobre a infestação por poliquetas do gênero Polydora em ostras Crassostrea gigas na Praia da Ponta do Sambaqui, neste momento apresentado com vistas ao PNSAA. Nos locais de coleta das amostras foram avaliados os parâmetros físicoquímicos da água do mar e os animais foram submetidos à análise da área ocupada pelo anelídeo nas valvas e amostras dos tecidos e órgãos internos foram submetidas a análises histológicas para verificação das condições morfológicas. Finalizando são apresentadas as conclusões e sugestões de estratégias que podem ser implementadas em sanidade de bivalves, com vistas a manutenção da saúde animal e a potencial garantia sanitária para a conquista de mercados externos..

(30) 30 CAPÍTULO I A DEFESA SANITÁRIA ANIMAL: apresentando o referencial teórico e construindo o objeto de estudo O presente capítulo tem por objetivo trazer à luz do saber os principais referenciais que norteiam os conceitos de saúde e agravos à saúde dos animais, com vistas ao entendimento das ações do setor público em casos específicos. A importância deste item está em colaborar para o esclarecimento dos principais eventos e marcos jurídicos que nortearam a construção dos serviços oficiais de saúde animal e as formas pelas quais se expressam as funções e obrigações destes serviços na maricultura catarinense, bem como os compromissos do Brasil no mercado mundial. Neste sentido, apresentou-se de maneira resumida um histórico do sistema nacional de defesa sanitária animal, as instituições nacionais e internacionais que dizem respeito ao tema, assim como os acordos e tratados na soberania nacional. A partir deste conhecimento, espera-se contribuir para que o setor organizado da maricultura de bivalves possa formular propostas que permitam enfrentar a ocorrência de possíveis eventos de enfermidades com o mínimo de prejuízos e uma maior cooperação entre o setor público e privado. 1. A EPIDEMIOLOGIA E A VIGILÂNCIA ZOOSANITÁRIA Naquilo que diz respeito à saúde dos bivalves, pertinente se faz determinar algumas terminologias necessárias para uma melhor compreensão do assunto. Muitos dos textos apresentados na língua inglesa utilizam termos como disease – illness – sickness, os quais não encontram equivalência terminológica em português. Os epidemiologistas brasileiros, Almeida Filho e Rouquayrol (2006) propõem uma equivalência destes termos em português, muito embora reconheçam algum grau de arbitrariedade: disease = doença; illness = moléstia e sickness = enfermidade..

(31) 31 A escolha dos significantes “moléstia” e “enfermidade” como correspondente aos termos em inglês são justificadas pelos autores da seguinte maneira: a) a palavra moléstia, por ter origem em “mal estar” e, portanto indicando sentimento ou percepção subjetiva do sofrimento; b) o termo enfermidade está diretamente associado ao caráter de reação social à doença, uma vez que sua etimologia vem de conter, fechar (fermer, do idioma francês que significa fechar). O termo enfermaria originalmente significava o lazareto, local onde eram mantidas as pessoas acometidas de doença contagiosa. Por seu turno, a Organização Mundial da Saúde - OMS adota a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF como uma linguagem padrão e uma estrutura para a descrição de saúde e dos estados relacionados à saúde dos humanos. Todavia, se buscarmos uma tradução no dicionário Oxford, disease significa uma condição anormal de um organismo que prejudica as funções corporais. As doenças são geralmente causadas por microrganismos que penetram o hospedeiro e podem ser transferidos para outro hospedeiro. Em seres humanos, o termo se refere mais frequentemente para qualquer condição que provoca desconforto, disfunção, angústia, problemas sociais, podendo resultar em óbito das pessoas atingidas, ou mesmo, resultar em problemas semelhantes para aqueles em contato com estas pessoas. Por seu turno, illness é utilizado para descrever o estado geral de mal estar e do tempo durante o qual o indivíduo não está bem. Enquanto que sickness é definido com um estado particular de disfunção que impede trabalhadores de comparecer ao trabalho, ocasionando um custo econômico representado pela ausência do funcionário, sem considerar ainda, os custos com medicamentos, médicos, internações entre outros. Um conceito mais amplo sobre saúde estabelecido pelo OMS refere-se a um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Neste sentido, o conceito de saúde animal apresenta particularidades que o diferenciam muito da saúde humana em razão de uma série de fatores. O enfoque econômico, ou a finalidade produtiva da.

(32) 32 população animal, exige a utilização de indicadores econômicos ou físico-econômicos para definir o estado de saúde. Em se tratando da saúde de bivalves, esta pode ser entendida como um estado de perfeito equilíbrio entre o animal, o agente etiológico e o ambiente. A enfermidade, contrariamente, representa a perda deste equilíbrio entre os diferentes elementos, acrescido de outro fator, não desprezível, que é a intervenção humana. Importante ressaltar que, na medida em que o conhecimento sobre as enfermidades infectocontagiosas evoluiu, principalmente durante o século XIX, o avanço do conhecimento epidemiológico buscou fundamento no sentido de identificar os mecanismos de transmissão das enfermidades e de controle de epidemias. Entretanto, a aplicação do raciocínio epidemiológico foi somente iniciada no século XX (ALMEIDA FILHO e ROUQUAYROL, 2006). Neste sentido, podemos entender a epidemiologia, conforme descrito pela Associação Internacional de Epidemiologia (IEA)1 como sendo “o estudo dos fatores que determinam a freqüência e a distribuição das enfermidades coletivas”. Outra conceituação a ser considerada pode ser a oferecida pelos estudiosos em epidemiologia, Almeida Filho e Rouquayrol (2006) como: A ciência que estuda o processo saúdeenfermidade na sociedade, analisando a distribuição populacional e fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, administração e avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.. Atualmente, a epidemiologia é entendida como a ciência que produz estudos descritivos sobre as enfermidades em geral, 1. http://www.dundee.ac.uk/iea/.

(33) 33 transmissíveis ou não, emprega medidas de avaliação e controle e desenvolve estudos que propiciam elementos para o esclarecimento dos fatores determinantes do processo saúdedoença (ROUQUAYROL 1994). Por seu turno, estudiosos como Ishizuka (2003) definem os objetivos da epidemiologia como sendo: (1) a determinação da origem de uma doença (rastreamento); (2) a investigação e controle de enfermidades de etiologia inicialmente desconhecida; (3) a obtenção de informações sobre a ecologia e história natural de doenças; (4) o planejamento e monitoramento de programa de saúde animal e de medicina veterinária preventiva e (5) a avaliação econômica e análise de custo e benefícios de programas alternativos de saúde animal. Anota-se que para a instituição de qualquer programa de controle ou erradicação de uma enfermidade em uma população animal, este deve ser baseado no conhecimento do nível de ocorrência desta enfermidade na população, assim como nos fatores associados à sua ocorrência. Igualmente, é preciso conhecer as estruturas necessárias para seu controle, bem como avaliar o custo-benefício envolvido nesta ação. Assim, para os serviços veterinários tratarem a ocorrência de uma doença transmissível numa população, necessário se faz a prévia avaliação de uma determinada sucessão de eventos referenciados como cadeia epidemiológica e cujos cinco principais elos são representados pelos elementos abaixo referenciados: 1- Fonte de infecção (FI): aqui entendida como um hospedeiro que alberga um determinado agente etiológico e que pode eliminar tal agente de seu organismo; 2- Via de eliminação (VE): entendido como o acesso pelo qual o agente patogênico atinge o meio exterior ao abandonar o hospedeiro; 3- Via de transmissão (VT): entendido como o meio ou veículo pelo qual o agente atinge um novo hospedeiro; 4- Porta de entrada (PE): entendido como o acesso pelo qual o agente patogênico penetra no organismo de um novo hospedeiro. É a via de penetração que vai garantir a propagação do agente na população; 5- Susceptível (S): entendido como todo o organismo passível de ser infectado por um determinado agente patogênico..

(34) 34 A cadeia epidemiológica de animais aquáticos deve considerar, ainda, como fatores relevantes os componentes ecológicos2 das enfermidades, tais como: 1. Fatores relacionados com o agente etiológico: consiste em identificar se os agravos são causados por agente físico, químico ou biológico. Em caso do agente ser um microrganismo, deve ser considerado suas propriedades biológicas como a estrutura (vírus, bactéria, fungo etc.), a infectividade (capacidade de o agente patogênico estabelecer-se no hospedeiro), a patogenicidade (capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro susceptível) e a virulência (grau de patogenicidade de um agente infeccioso); 2. Fatores relacionados com o hospedeiro: conhecer a susceptibilidade e a resistência do hospedeiro sob os aspectos anatômicos, fisiológicos e imunológicos. Da mesma forma, avaliar as características intrínsecas (espécies, raça, sexo, idade, resistência individual) e as características extrínsecas (estado fisiológico, utilização); 3. Fatores relacionados com o ambiente: avaliar as condições físicas (clima, hidrografia), biológicas (manejo, densidade e utilização) e socioeconômicas (educação, tecnificação, recursos financeiros). Importante registrar que em complemento aos estudos epidemiológicos e associado aos avanços nos estudos da microbiologia, surgiu no final do século XIX o conceito de vigilância, cujo principal objetivo foi servir como instrumento alternativo à prática restritiva da quarentena. A vigilância, como um instrumento de saúde, necessitava do envolvimento na manutenção do alerta responsável e a observação dos contatos de pacientes das chamadas doenças pestilenciais. Seu propósito era detectar doentes já em seus primeiros sintomas, para a rápida instituição do isolamento (WALDMAN, 1991). 2. O glossário utilizado foi extraído do Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – 6. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

(35) 35 O termo Vigilância Epidemiológica passou a ser usado em meados da década de 50, tendo como fundamento instituir um conjunto de atividades necessárias ao controle da saúde pública. No Brasil, mais especificamente para o controle da malária. Langmuir (1963) definiu vigilância como sendo: observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes, e a regular disseminação dessas informações a todos que necessitam conhecê-las.. Por seu turno, Thacker e Stroup (1994), afirmam que a vigilância epidemiológica deve ser entendida como: contínua e sistemática coleta, análise e interpretação de dados sobre específicos eventos que afetam a população, seguida da rápida disseminação desses dados analisados aos responsáveis pelas atividades de prevenção e controle.. A aplicação destes princípios para a maricultura deve considerar, entre outros preceitos, que os conhecimentos científicos sobre a relação entre agente patogênico e enfermidade evoluem constantemente e que a presença de um patógeno não implica necessariamente na presença de uma enfermidade. Dentro deste entendimento, os serviços oficiais necessitam manter atualizados seus registros de ocorrências de mortalidades e morbilidade nos cultivos. Assim, todas as entidades, estabelecimentos de cultivos, associações, cooperativas, produtores ou terceiros deverão comunicar celeremente ao serviço oficial as informações referentes à presença de enfermidades ou de patógenos nos animais. Da mesma forma, é responsabilidade dos proprietários dos animais ou seus prepostos, adotar todas as medidas para deter a propagação de enfermidades em animais e dos agentes etiológicos com fins de facilitar o controle em casos de emergências. Maiores detalhes sobre os procedimentos legais referentes ao serviço de defesa sanitária animal serão fornecidos mais adiante. A frequência e distribuição da enfermidade, a acurácia no diagnóstico, a necessidade de uma resposta rápida e a.

(36) 36 severidade da doença constituem fatores que, de um modo geral, determinam qual o tipo de vigilância é mais efetiva e eficiente. Para o desempenho da vigilância epidemiológica como instrumento de saúde, é fundamental a disponibilidade de informações que sirvam para subsidiar o desencadeamento de ações-informação para a ação. A informação deve ser apropriada para permitir estabelecer um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações. Por seu turno, a qualidade da informação está diretamente envolvida com a adequada coleta de dados. Estes dados, para se constituírem em um poderoso instrumento precisam ser gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dado coletado) e é nesse nível que os dados devem primeiramente ser tratados e estruturados. Vale lembrar que a coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. A eficácia e o valor da informação dependem da qualidade e fidedignidade com que o mesmo é gerado. A informação consiste no dado a ser analisado e por este motivo, é essencial que as pessoas responsáveis pela coleta destas informações estejam familiarizadas com a maricultura de bivalves. Outro aspecto relevante em se tratando da coleta de dados, diz respeito à quantidade do dado gerado, ou seja, sua representatividade em função do problema existente. Os serviços oficiais devem preparar e manter atualizados os profissionais para diagnosticar corretamente casos em maricultura de bivalves, como também para realizar uma boa investigação epidemiológica, com anotações claras e confiáveis para que permitam alcançar confiabilidade. Este procedimento é identificado como vigilância epidemiológica passiva. O sistema de vigilância epidemiológica trabalha diversos tipos de dados, não obstante a notificação de casos suspeitos e/ou confirmados de doenças objetos de declaração compulsória, feita às autoridades sanitárias, pelo produtor ou por qualquer cidadão, representa a base dos dados e visa à adoção das medidas de intervenção pertinentes. A simples suspeita da doença representa objeto de notificação, não sendo necessário aguardar a confirmação do caso, pois isso pode implicar perda da oportunidade de adotar as medidas de prevenção e controle indicadas..

(37) 37 No processo de reconhecimento e notificação de uma doença, três bases são determinantes: o proprietário, o médico veterinário e o laboratório de diagnóstico (SALIKI, 2000). A notificação compulsória de casos e surtos de doenças aos serviços oficiais de saúde animal é dever de todo cidadão, estando previsto no Decreto Lei3 24.548/34 e uma obrigatoriedade dos profissionais da medicina veterinária. Para fins de vigilância epidemiológica são utilizados diversos tipos de dados, provenientes de diferentes fontes. A Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná4 relaciona entre os principais tipos de dados, os que seguem: 1. Dados Demográficos e Ambientais: são aqueles que permitem quantificar a população alvo (número de animais e características de sua distribuição local, condições climáticas, ecológicas, saneamento e sistema de produção. Ex.: densidade de bivalves por área de produção). Estes dados podem ser obtidos por meio do cadastro de produtores, de cooperativas ou associações de produtores, dos serviços de extensão rural, de notificação de casos e surtos (vigilância passiva), de investigação epidemiológica, de busca ativa (vigilância ativa) de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas. Ex.: Coeficiente de Prevalência, Coeficiente de Incidência. 2. Dados de Mortalidade: estes dados dizem respeito à taxa estimada de mortalidade na população em questão. Em maricultura estes dados são obtidos por meio de informações prestadas pelo maricultor ou seu representante legal. Todavia trata-se de um dado impreciso, baseado em estimativas e subregistro. Mesmo assim, trata-se de um dado que assume importância significativa como indicador de saúde. Ex: taxa de mortalidade de verão (Summer mortality). 3. Notificação de Surtos ou Epidemias: um sistema de vigilância epidemiológica bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde 3. 4. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/sislegis>. Paraná. Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Epidemiologia veterinária e sistema de informação em saúde animal. 4 ed./Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento ; Maria do Carmo Pessoa Silva (org.). – Curitiba: SEAB, 2008. 46 p.l..

(38) 38 animal e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à notificação, terá melhores condições para uma detecção precoce de focos e epidemias. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de elevação do número de casos de uma patologia, bem como a prevenção na difusão de uma doença introduzida no local e consequentemente o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial possibilitando a adoção imediata das medidas de controle. Esses fatos devem ser comunicados aos níveis superiores dos serviços oficiais de saúde animal para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração. 4. Notificação de Enfermidades Exóticas e ou em Erradicação: o serviço oficial deve estar preparado para identificar a ocorrência de sinais sugestivos de ocorrência de atividade de alguma doença ou agravo de causa conhecida, ou do comportamento não usual de uma doença definida, tanto nos bivalves de cultivo como naqueles em seu habitat natural. 5. Dados de laboratório: os laboratórios e as instituições de pesquisa constituem recursos valiosos para a identificação de agentes patogênicos e para detecção de doenças sujeitas à notificação, devendo sua participação, como fonte de notificação, ser estimulada. 6. Rumores vindos da comunidade, notícias de jornais e outros meios de comunicação: não raro, os jornais, a televisão, o rádio ou as pessoas da comunidade são os primeiros a tomar conhecimento e alertar as autoridades sanitárias sobre a possível ocorrência de casos e epidemias. Estas notícias devem ser levadas em consideração pelos serviços oficiais de saúde animal, pois que, se investigadas, são valiosas para identificação precoce de problemas. Os avanços tecnológicos e a globalização têm facilitado o intercâmbio de informações e a determinação de uma base segura de registros da ocorrência e prevalência de determinadas doenças (HARE, 2002). Alguns dos avanços recentes na ciência têm auxiliado na determinação da condição da saúde animal de maneira muito.

(39) 39 mais precisa e confiável. Exemplos de algumas destas tecnologias e como elas tem sido utilizadas são relatados a seguir: a. Tecnologia de diagnóstico avançada permite o reconhecimento e a diferenciação entre tipos, subtipos e linhagens de agentes etiológicos de animais. Exemplo: a reação em cadeia da polimerase fornece um método extremamente sensível para detectar traços de ácidos nucléicos em produtos de origem animal, como ocorreu no surto da enfermidade das manchas brancas em camarões marinhos (MACIEL e MARQUES, 2002); b. A prática da análise de risco quando da movimentação de animais vivos ou de seus produtos e subprodutos tem se tornado de grande importância na prevenção e no controle de enfermidades. Exemplo: os Estados Unidos fazem bloqueio à movimentação de ostras da região do Atlântico para o Pacífico devido à ocorrência da enfermidade Haplosporidiose (APHIS, 2008). Entretanto, mesmo frente à contínua evolução técnicocientífica, dos cuidados sanitários incrementados, das novas formas de prevenção e da combinação de esforços técnicos e políticos, nenhuma criação animal do mundo está imune às doenças. Com o propósito de harmonizar procedimentos naquilo que diz respeito às enfermidades dos animais aquáticos, o Office International de Epizooties - OIE publicou o Código Sanitário para os Animais Aquáticos, o qual se constitui em documento essencial para os serviços veterinários oficiais, pois contém normas e diretrizes detalhadas das medidas sanitárias que devem ser aplicadas para evitar a transmissão de agentes patogênicos aos animais ou as pessoas e, ao mesmo tempo, evitar a criação de barreiras sanitárias injustificadas. Neste sentido, o OIE também publicou o Manual de Ensaios para Diagnóstico para os Animais Aquáticos, o qual padroniza procedimentos de laboratório, permitindo harmonização de procedimentos, para que os diagnósticos realizados em diferentes países tenham equivalência para fins epidemiológicos. Vale salientar que as atividades desenvolvidas pelo OIE consistem, fundamentalmente, em proporcionar à comunidade internacional as possíveis diretrizes que possibilitem controlar as enfermidades dos animais e as zoonoses e, se possível, eliminá-.

Referências

Documentos relacionados

Senhor Lourival de Jesus por conta de seu falecimento, solicitando uma Moção de Pesar inclusive, solicitou também a restauração das estradas da zona rural, em especial

Purpose: This thesis aims to describe dietary salt intake and to examine potential factors that could help to reduce salt intake. Thus aims to contribute to

As principais características técnicas são a ArchestrA Graphics, vista na solução da Sysmaker, que passam pela aquisição de dados, histórico, gráficos, relatórios,

ao setor de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Minas Gerais, com clones pertencentes ao Instituto Agronômico de Campinas

Essas informações são de caráter cadastral (técnico responsável pela equipe, logradouro, etc.), posicionamento da árvore (local na rua, dimensões da gola, distância da

Assim, o presente trabalho surgiu com o objetivo de analisar e refletir sobre como o uso de novas tecnologias, em especial o data show, no ensino de Geografia nos dias atuais

Visando este trabalho analisar o impacto e a importância dos Projetos Educativos do TNSJ no âmbito de uma educação artística, interessa-nos refletir sobre a relação dos

Targeting general game playing AI for cooperative games would allow for the development of increasingly interesting and complex agent capabilities and features, enabling agents to