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i. Pergunta: Em seu entendimento, o que são enfermidades de declaração obrigatória, enfermidades de notifi- cação imediata e enfermidades não declaráveis?

ii. Resposta de parâmetro: utilizaremos como parâmetro para avaliar esta resposta, o que consta da legislação nacional, especificamente na Instrução Normativa16 nº 53, de 02 de julho de 2003, a qual aprova o regulamento técnico do Programa

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BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em:<http://www.agricultura.gov.br/sislegis

Nacional de Sanidade de Animais Aquáticos, que em seu artigo 8º rege que:

“são doenças de notificação obrigatória as exóticas e as que ameaçam a economia do país, a saúde pública e o meio ambiente”. Entretanto, pertinente ainda, mencionar as definições preconizados pelo OIE e aceitas pela legislação brasileira, con- forme segue:

a) Enfermidade de declaração obrigatória: designa uma enfermidade definida pela Autoridade Veterinária Nacional e cuja presença deve ser comunicada a esta autoridade quando de sua detecção ou suspeita, sempre em conformidade com a regulamentação sanitária nacional.

b) Enfermidade de notificação imediata ou enfermidade emergente: designa uma infecção resultante da evolução ou da modificação de um agente patogênico existente, uma infecção conhecida que se expande a uma zona geográfica ou a uma população em que antes nunca havia sido identificada, um agente patogênico jamais identificado anteriormente ou mesmo, uma enfermidade diagnosticada pela primeira vez e que apresenta capacidade de repercussões importantes na saúde dos animais ou das pessoas.

c) Enfermidades não declaráveis: designa a mani- festação clínica e/ou patológica de uma infecção e que por suas características não se enquadram nas definições anteriores.

d) Enfermidades da Lista do OIE: designa a lista de enfermidades transmissíveis aprovada pelo Comitê Internacional do OIE.

iii. Respostas dos entrevistados: para fins de análise, transcrevemos apenas três das respostas obtidas por meio do questionário, sendo consideradas para exemplificação as seguintes respostas:

a) respondente X:

“Obrigatórias são as que devem ser comunicadas a OIT, pelo perigo que apresentam de dizimar espécies vegetais ou animais. As imediatas são possíveis enfermidades que venham a se tornar obrigatórias pelo

seu grau de periculosidade e as não declaráveis são as que não tem poder de contaminar ou ele é facilmente controlável pelos órgãos locais”.

b) respondente Y:

“Declaração obrigatória: que oferecem alto risco à produção e devem ser informadas. Notificação imediata: oferecem alto risco à produção. Não declaráveis: as que apresentam potencial de risco, mas que nem sempre causam perdas significativas”.

c) respondente Z:

“Declaração obrigatória: aquelas designadas pela OIE. Notificação imediata: aquelas não obrigatórias, mas que podem comprometer a produção e têm risco de se alastrar. Não declaráveis: aquelas corriqueiras que sabi- damente não comprometem significativamente a produção”.

Análise dos dados - verificou-se, por meio das respostas analisadas, que não há um conhecimento concreto por parte dos participantes, de quais são os envolvimentos legais que norteiam as ações dos serviços de defesa animal perante ocorrências/suspeitas de determinadas enfermidades. Anota-se que as medidas de prevenção, controle e erradicação de enfermidades exóticas ou emergenciais estão amparadas na legislação brasileira em vigor. Frisa-se que o Decreto nº 24.54817, de 3 de julho de 1934 aprovou o Regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal e que a Lei nº. 569 de 21 de dezembro de 1948, estabeleceu as medidas a serem aplicadas no caso da constatação de enfermidades tuteladas pelo Estado. Neste sentido, ainda, especificamente para os animais aquáticos, a Instrução Normativa nº 53, de 02 de julho de 2003, conforme supra mencionado, igualmente regulamenta as ações a serem adotadas pelo Brasil.

Por oportuno ressalta-se que o Brasil possui enlaces comerciais internacionais, os quais podem envolver barreiras não tarifárias. Da mesma forma é pertinente lembrar que as autori- dades sanitárias nacionais possuem o compromisso da

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transparência e que estas autoridades estão comprometidas com a obrigatoriedade de informar à Organização Mundial da Saúde Animal, em duas modalidades, a saber:

(a) enfermidades de notificação imediata: informar em até 24 horas o aparecimento de qualquer caso de ocorrência de enfermidades diagnosticada por primeira vez no país em deter- minada espécie ou em outra espécie;

(b) enfermidades de declaração obrigatória: informe semanal, para informações adicionais sobre a evolução do caso que justificou a notificação de urgência, sendo que este informe seguirá sendo enviado até que a situação tenha sido solucio- nada, seja por motivos de erradicação ou porque a enfermidade se tornou endêmica e o país passe a cumprir com suas obriga- ções com o OIE, enviando então os informes semestrais. De qualquer modo, deverá enviar um informe final sobre o caso inicial.

Salienta-se que o informe semestral sobre a ausência ou presença e evolução das enfermidades constantes da lista do OIE e informações que, sob o ponto de vista epidemiológico, sejam importantes para os demais países, constituem obrigação do país-membro.

Anota-se que, conforme notas do OIE (2009), os conhecimentos científicos sobre a relação existente entre o agente patogênico e a enfermidade evoluem constantemente e que a presença de um agente infeccioso não implica, neces- sariamente, na presença de uma enfermidade. Isto implica em que, dentro das obrigações dos países membros, a presença de um agente infeccioso deverá ser informada, mesmo que não tenha sido observado nenhum sinal ou manifestação clínica da enfermidade (grifo da pesquisadora).

Por outro lado, verificou-se que os participantes, embora não demonstrando conhecimento sobre os trâmites que envolvem as enfermidades tuteladas pelo Estado, sabiam indicar o nome de algumas destas enfermidades e, em alguns casos, conheciam, igualmente, o nome do agente etiológico.