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As condicionantes de suporte ao reforço de uma política e modelo de ofertas de pós-secundário de

PARTE II – ESTUDOS DE CASO

CAPÍTULO 6. O Ensino pós-secundário de ciclo curto profissionalizante em Portugal

6.3. As condicionantes de suporte ao reforço de uma política e modelo de ofertas de pós-secundário de

Face aquilo que foi a evolução do sistema de ensino pós-secundário português, pode afirmar-se que os CETs contribuíram significativamente para a consolidação de um modelo diversificado de ofertas curriculares, em resposta a um conjunto de necessidades por mais e melhores formações de índole profissionalizante. Adicionalmente, tem-se verificado, ao longo da última década um reforço claro destas ofertas indiciando a sua crescente importância e reconhecimento político e social.

Perante um enquadramento evolutivo relativamente favorável, e face aquilo que constitui hoje o enquadramento de política educativa nacional de suporte à educação pós-secundária e seus desafios, a

84 Sobre esta conclusão, ver também a nota inicial no ponto das instituições do Ministério da Educação sobre a inexistência de

referência a percursos de pós-secundário não superior nos sítios oficiais de estatística a ele associados e no ponto relativamente aos centros do IEFP sobre a oferta actualmente existente.

aposta nos CETs, enquanto ofertas de nível pós-secundário de ciclo curto de natureza profissionalizante, deverá sair reforçada. Do ponto de vista do enquadramento político referido importa salientar como medidas mais relevantes para sustentar um ambiente favorável ao reforço da oferta de CETs, as seguintes:

• O forte incentivo à escolaridade de nível secundário profissionalizante, de jovens e adultos, através da implementação do Programa “Novas Oportunidades”, o aumento da oferta de ensino secundário profissional e a extensão da escolaridade obrigatória até ao 12º ano de escolaridade, que resultará a prazo: i) no aumento do número de jovens que, concluída uma escolaridade obrigatória de 12 anos, e face às restrições de acesso às universidades e politécnicos (nota mínima e financiamento individual), poderão ver limitadas a suas opções de progressão educativa na ausência de uma alternativa pós-secundária credível; e ii) o aumento do número de jovens que, com um percurso educativo centrado na vertente profissionalizante, não reconhecem no ensino superior académico uma alternativa à sua progressão educativa e profissional, e que na ausência de uma alternativa de pós-secundária credível poderão optar por abandonar o sistema educativo.

• A oportunidade gerada através da implementação do modelo de Bolonha, de integração de uma trajectória de ciclo curto profissionalizante no âmbito do 1º ciclo, que facilitará a organização deste modelos de ofertas num quadro programático e institucional já consolidado.

Acrescentar ainda, em reforço da consolidação desta tipologia de ofertas, a necessidade de formar quadros intermédios que qualifiquem os serviços existentes, nas lógicas do posicionamento de catching up discutido em sede do capítulo 2.

Mas, a ausência de investigação sobre estas ofertas formativas não permite ir mais longe do que a sensação aparente de sucesso, criando por isso uma margem significativa para a dúvida e especulação. Se, por um lado, o crescimento significativo do número de formandos incritos em CETS é um facto que poderá indiciar um aumento de importância destas ofertas nos últimos anos, por outro lado, não existem evidências que sustentem a sua eficácia no terreno, no que respeita à concretização das suas expectativas sociais e económicas. Adicionalmente, parece não estar ainda devidamente consolidado o enquadramento e valorização institucional destas ofertas, levantando um conjunto de ambiguidades que carecem de resolução.

6.4. Nota Final

O sistema de educação pós-secundária nacional actual caracteriza-se por um grau de diversidade aparentemente satisfatório, tendo em vista a natureza curricular e pedagógica das ofertas disponíveis. Num quadro de evolução educativa internacional, e face aos modelos educativos estudados, pode então afirmar-

se que Portugal tem vindo a desenvolver um esforço de correspondência às tendências de crescente abertura, democratização e de uma maior flexibilidade pedagógica e institucional, permitindo uma margem de flexibilidade razoável e favorável às adaptações necessárias para fazer face aos constrangimentos e necessidades existentes.

Não obstante todo este esforço, e face aquilo que foi e tem sido prática em outros países, nomeadamente nos EUA e na Republica da Irlanda86, parecem persistir algumas questões de foro institucional por esclarecer no que concerne ao posicionamento destas ofertas de pós-secundário de ciclo curto profissionalizante no sistema educativo nacional. E, como já referido, a investigação tem sido manifestamente insuficiente para compreender e actuar sobre estas dúvidas.

À necessidade de um melhor entendimento deste modelo de ofertas do ponto de vista institucional, acresce um outro conjunto de desafios de índole organizacional87, indiciado pelo actual contexto de acção política, que importa acautelar desde já.

O contexto actual, nacional e internacional, parece assim justificar uma acção sobre este modelo de ofertas, primeiro, no sentido, da sua compreensão, e segundo, no sentido da sua adaptação e preparação aos desafios emergentes.

Tendo presente o argumento acima desenvolvido e a importância da temática para a consolidação de um sistema educativo e formativo nacional eficiente, pretendemos, com o presente estudo de investigação, iniciar este processo de entendimento e adaptação, com a convicção clara de que este se constituirá como uma primeira abordagem a uma problemática complexa, que estará longe de encerrar todo o trabalho de análise e investigação necessários ao seu entendimento integral.

Com base nestas premissas, foi assumido um conjunto de opções metodológicas e de investigação empírica, do qual decorreu um conjunto de resultados, que se discutem na componente III do presente trabalho de investigação, que se segue.

86 Ambos os países gozam de uma política de pós-secundário estabilizada, quer do ponto de vista institucional, quer do ponto de vista

curricular. Concretamente ao nível do ensino pós-secundário curto de cariz profissionalizante, é possível identificar, em ambos os exemplos, estruturas institucionais e ofertas bem consolidadas e bem adaptados num quadro nacional de ensino e formação. Tal consolidação e estruturação encontram-se ausentes no caso português.

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