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Conhecendo a universidade e o contexto da educação superior

Sair da escola, Educação Básica, para a Educação Superior, ge- ralmente, é uma grande mudança na rotina dos estudantes, já que o contexto escolar e a universidade estruturam-se de modos distintos.

A universidade é um ambiente distinto do escolar, nela a mo- nitoração e o interesse da instituição pelo estudante é no- tadamente diminuído. Isto faz com que o envolvimento do estudante com sua formação dependa muito mais dele do que do ambiente universitário (teixeira et al., 2008, p. 187).

Algumas destas diferenças entre a escola e a universidade podem ser citadas:

— escola: calendário dividido em bimestres ou trimestres que apresentam uma continuidade dos conteúdos e avaliações buscando a aprovação no final do ano; horários fixos e grade curricular fecha- da; geralmente os estudantes que ingressaram no início do ano se- guem na turma até o final do ano; existe um controle e supervisão da gestão da escola sob o ambiente escolar. A organização da escola depende, ainda, de cada etapa: Educação Infantil, Ensino Funda- mental ou Ensino Médio.

— universidade: cursos de graduação organizados a partir de um calendário dividido em semestres independentes; as disciplinas concluídas em um semestre não têm, necessariamente, continuida- de no segundo semestre; os horários dependem das disciplinas em que o estudante se matricula; a grade curricular possibilita, além das disciplinas obrigatórias, a realização de disciplinas complementares de graduação (dcg); a turma varia de acordo com as disciplinas em que o estudante se matricula; incentiva-se a pesquisa; o estudante tem maior independência para fazer suas escolhas dentro do espaço universitário; a conclusão do curso é uma soma, principalmente, das disciplinas obrigatórias, das dcg, dos eventos que são contabilizados como atividades complementares de graduação (acg), do estágio, do trabalho de conclusão de curso. A universidade conta, ainda, com cur- sos de pós-graduação em sua estrutura.

Pode-se afirmar, assim, que a Educação Superior apresenta um contexto novo para o estudante e está fundamentada no tripé ensino, pesquisa e extensão. Como descrito no Projeto Político-Pedagógico da Universidade Federal de Santa Maria (ufsm), “A consagrada articula- ção entre ensino, pesquisa e extensão é básica para a sustentação da Universidade” (ufsm, 2000, p. 09).

O ensino não está apenas no trabalho desenvolvido pelos profes- sores, mas no processo de ensinar e aprender, na interação entre pro- fessores e estudantes na construção da aula e na produção do conhe- cimento, buscando uma formação que tem, entre seus embasamentos, uma dimensão sócio-política,

[...] através da abordagem crítico-reflexiva da realidade e do conhecimento, refletindo-se nas situações de ensino-apren- dizagem direcionadas ao desenvolvimento de capacidades e habilidades capazes de instrumentalizar a participação soli- dária e co-responsável no contexto social (ufsm, 2000, p. 18).

A pesquisa, conforme o Art. 72 do Estatuto da ufsm, “[...] terá como função específica a busca de novos conhecimentos e técnicas

e será ainda recurso de Educação, destinado ao cultivo da atitude científica indispensável a uma completa formação de nível superior” (ufsm, 2001, p. 20).

O Art. 3 da Resolução N. 25/08 da ufsm, por sua vez, vai apresen- tar os objetivos da extensão universitária, dentre eles: “I - disponibi- lizar a sociedade conhecimentos científicos, tecnológicos e culturais, infraestrutura material e recursos humanos para a elaboração e im- plementação das políticas públicas voltadas ao benefício da popula- ção” (ufsm, 2008, p. 02).

A articulação entre ensino, pesquisa e extensão constituem, as- sim, uma forte rede em direção à constituição do estudante e à produ- ção do conhecimento. Conforme o Projeto Pedagógico da ufsm (2000), as conexões entre ensino, pesquisa e extensão fazem com que o pro- cesso de formação seja mais produtivo.

As instituições de ensino superior, como afirmado, seguem essa estrutura voltada ao ensino, pesquisa e extensão. Contudo, cada uma possui um Projeto Pedagógico, Estatuto, Regimento, Plano de Desenvolvimento de acordo com as especificidades da comunidade acadêmica e região na qual a instituição se localiza. Dentre os pontos comuns dessas instituições estão as finalidades descritas na Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional - ldb 9394/96, que estabe- lece por finalidade da Educação Superior, em seu Art. 43:

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;

II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimen- to, aptos para a inserção em setores profissionais [...]; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cien- tífica [...];

IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos [...] e comunicar o saber através do en- sino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização [...];

presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII - promover a extensão [...] (brasil, 1996, 16-7).

Observa-se que é direcionado à Educação Superior o compro- misso com o desenvolvimento do pensamento científico, o incentivo à pesquisa, a formação de profissionais para distintas áreas, o desen- volvimento da ciência e tecnologia, a divulgação de conhecimentos, a promoção da extensão. Todas essas questões contribuem para que a universidade venha tendo papel de destaque no país,

[...] como indutora dos processos de inovação. O papel cada vez mais importante atribuído à ciência e tecnologia coloca esta instituição com diversos papéis: assegurar, por meio do tripé ensino, pesquisa e extensão uma relação com socieda- de fundada na busca de respostas aos grandes problemas so- cioeconômicos e políticos, bem como tornar-se pedra angu- lar para o desenvolvimento das organizações e do mercado. Ao mesmo tempo em que é desafiada a produzir e divulgar um conhecimento crítico [...] tem, também, que oferecer respostas às demandas do mercado por formação, geração de produtos, de ciência básica aplicada e tecnologia (bren- nand; brennand, 2012, p. 186).

Com toda essa expectativa/responsabilidade direcionada à Educa- ção Superior, a universidade precisa estar em constante atualização e buscar acompanhar os avanços tecnológicos a fim de não ficar defasada.

Para assegurar uma melhor inserção do Brasil na C&T glo- bal, os objetivos estratégicos nacionais colocam a expansão da educação com base em dois objetivos fundamentais: rea- lizar a expansão qualificada e diversificada das oportunida- des de oferta do ensino superior, orientada a partir de um planejamento indicativo de prioridades; implantar novas diretrizes curriculares, indicando revisões com vistas a for- mar cientistas e demais profissionais com perfis adequados às novas exigências do Sistema Nacional de Ciência, Tecno- logia e Inovação (brennand; brennand, 2012, p. 181).

Esse contexto reforça a preocupação em acompanhar as novas tendências tecnológicas e em expandir a oferta ao ensino a partir de um planejamento adequado. Com todas essas exigências, o traba- lho dos professores precisa de adaptações. Quadro e giz apenas, não são suficientes para articular uma aula que corresponda à sociedade contemporânea. Assim, torna-se necessário, principalmente ao pro- fessor do Ensino Superior, o refazer de sua prática pedagógica, não na tentativa de superar as tecnologias, mas de não ficar alienado em relação a elas.