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Em um período em que crianças pequenas já sabem manusear computadores, tablets e smartphones, é cobrado dos professores um en- sino mais tecnológico, dinâmico, que acompanhe a realidade dos es- tudantes. Se exige-se atualização dos professores da Educação Básica, cobra-se ainda mais dos professores universitários, já que seus alunos são jovens e adultos imersos, em sua maioria, diariamente, em redes sociais e em recursos de última geração.

É essencial, então, reforçar que “[...] ensinar não é transferir co- nhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (freire, 1996, p. 12). No coletivo da aula, professores e es- tudantes fazem, juntos, com que a produção do conhecimento acon- teça. Afinal, “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (freire, 1996, p. 12), e esse aprender se dá cada vez mais com o auxílio de tecnologias.

Ensinar e aprender tem que ver com o esforço metodica- mente crítico do professor de desvelar a compreensão de algo e com o empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando como sujeito em aprendizagem, no processo de desvelamento que o professor ou professora deve def lagrar (freire, 1996, p. 74).

Ensinar implica planejamento, organização, metodologia ade- quada à realidade de cada turma, aperfeiçoamento, recursos diferen- ciados e atualizados; em que os professores vão além, buscam diferen- tes possibilidades para trabalhar os conteúdos, incentivam e instigam a participação dos estudantes, consideram as diferenças, estão em constante reflexão de sua prática, estão abertos ao diálogo. Aprender implica interação, organização, interesse, produção do conhecimento; em que o estudante é participante do processo, colabora apresentando suas experiências, busca o novo, está aberto aos desafios, está compro- metido com a aula.

Aprender é processo produtivo, pessoal e reconfigurativo [...]. Conhece-se de forma subjetiva, interativa e reconstru- tiva [...] A apreensão do mundo se dá a partir dos olhares que lançamos para ele. Esses olhares são temperados por nossas crenças, valores e expectativas (santos, 2001, p. 13).

O processo de ensino e aprendizagem é influenciado pela intera- ção professor-estudante. Essa interação é possível na medida em que o professor investe na aprendizagem do estudante, buscando, confor- me Santos e Soares (2011, p. 361), “[...] meios de conquistar o estudante para o desafiante processo de se abrir para o novo, de ressignificar as marcas da omissão, da passividade e da memorização, de construir conhecimentos e atitudes de forma ativa e autônoma”.

A Educação Superior exige maior autonomia do estudante, que ele seja ativo em aula, que saiba trabalhar no coletivo e que corrobore com as discussões problematizadas em aula apresentando o seu olhar sobre o tema desenvolvido. O processo de ensino e aprendizagem na Educação Superior, assim, exige mais do estudante universitário. Os professores dividem com ele a responsabilidade pela aula e pela pro- dução do conhecimento, e essas exigências, muitas vezes, tornam a inserção nesse contexto ainda mais difícil.

Pesquisadores têm entendido a integração do estudante ao en- sino superior a partir de três elementos: as condições pessoais, as ca-

racterísticas institucionais e os grupos de interação (polydoro, 2000). Pensando nisso, aponta-se algumas ações que podem corroborar para a adaptação do estudante nesse novo espaço:

— participar das aulas efetivamente, dando sua opinião, colabo- rando para as discussões;

— buscar fazer parte de grupos em sala de aula, não isolando-se; — participar de eventos ofertados pela instituição;

— sempre que possível, se inserir em projetos e/ou grupos de pesquisa;

— estar presente em reuniões que discutem o Projeto Pedagógico do curso, opinando a fim de colaborar com melhorias para o curso;

— buscar conhecer os distintos espaços da universidade e o que envolve seu curso de graduação;

— conhecer o Guia do Estudante da universidade, que apresenta importantes orientações, direitos e deveres dos estudantes no am- biente universitário;

— buscar espaços de apoio ao estudante em caso de dificuldades. Esses pontos não descrevem uma receita que, sempre que segui- da, terá como resultado final a adaptação do estudante. Contudo, são orientações que poderão auxiliar esse estudante a se inserir no espaço acadêmico e a interagir nesse meio. Nessa perspectiva, reforça-se a aprendizagem como processo que

[...] acontece na interação do aprendiz com o seu contexto histórico, social, afetivo e com seus pares, possibilitando, desta forma, uma construção intra e interpsíquica do conhe- cimento. O aprendiz se constrói como sujeito cognoscente na medida em que constrói a realidade balizado por suas emoções e afetos. O conhecimento, neste sentido, é o resul- tado da conexão das diferentes experiências vividas na área corporal, extracorporal e simbólica envolvida pela emoção (portilho et al., 2007, p. 19).

É nesta dimensão do agir e interagir, que acredita-se no desen- volvimento dos estudantes, principalmente porque, conforme Por-

tilho et al. (2007), o grupo é considerado espaço privilegiado para o estabelecimento de conexões, aprendizagens e conhecimentos.

Conclusão

A proposta ora desenvolvida contextualizou a universidade como um ambiente de produção do conhecimento, rico em diversidade e in- teração, mas em que a adaptação nem sempre é fácil.

Destacou-se a Educação Superior como espaço de ensino, pes- quisa e extensão, ressaltando a articulação desses eixos para a or- ganização e funcionamento do espaço universitário, que prima pelo conhecimento científico, desenvolvimento da ciência e da tecnologia, investigação, aperfeiçoamento e formação de profissionais para diver- sas áreas.

Nesse contexto, evidenciou-se a importância do trabalho dos pro- fessores e do ensino acompanharem os avanços tecnológicos, assim como, do estudante reconhecer-se como responsável pela produção do conhecimento e pela aula em conjunto com o professor, participando ativamente do processo, colaborando com as discussões, mostrando- se aberto a novas propostas.

Por fim, acredita-se que o estudante precisa romper barreiras e estar disposto a (re)conhecer esse novo ambiente de aprendizagem, se inserindo em grupos, se interando da estrutura e organização do seu curso, identificando suas dificuldades e a quem pode recorrer para minimizá-las, reconhecendo-se como sujeito que compõe a estrutura da universidade.

Referências

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