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CAPÍTULO 2 O MUNICÍPIO PAULISTA DE IPEÚNA E A ADOÇÃO DO ‘SISTEMA

2.5 Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e

A Lei Municipal n.º 491, de 1 de junho de 1998, criou o Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Conselho do Fundef, do município de Ipeúna, constituído por cinco membros, sendo:

1. Um representante do setor educacional da prefeitura;

2. Um representante dos professores e dos diretores das escolas públicas do ensino fundamental; 3. Um representante de pais de alunos;

4. Um representante dos servidores das escolas públicas do ensino fundamental; 5. Um representante do Conselho Municipal de Educação;

A lei estabelecia que os membros do Conselho fossem indicados por seus pares ao prefeito, o qual os designaria para exercer suas funções, o mandato destes seria de dois anos, vedada a recondução para o mandato subsequente, e, sendo as funções dos membros do Conselho não remuneradas (IPEÚNA, 1998b).

As competências do Conselho seriam:

1. Acompanhar e controlar a repartição, transferida e aplicação dos recursos do Fundo; 2. Supervisionar a realização do Censo Educacional Anual;

3. Examinar os registros contábeis e demonstrativos gerenciais mensais e atualizados relativos aos recursos repassados ou retidos à conta do Fundo.

A lei determinava que as reuniões ordinárias do Conselho fossem realizadas bimestralmente, e que poderia haver convocação extraordinária, através de comunicação escrita,

por qualquer de seus membros ou pelo Prefeito; o Conselho teria autonomia em suas decisões (IPEÚNA, 1998b).

No município de Ipeúna, o Conselho do Fundef, foi criado por Lei Municipal em 1998, atendendo os preceitos das legislações federais: Emenda Constitucional n.º 14/1996 e Lei n.º 9.424/1996 - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Posteriormente, em 1999, o município municipalizou as séries iniciais do ensino fundamental, um ano após a adequação à legislação nacional.

Acreditamos que tal medida legal contribuiu para a descentralização da política educacional para a esfera municipal, estimulando e induzindo o município de Ipeúna ao processo de municipalização das séries iniciais do ensino fundamental. Observamos que a lei que instituiu o Conselho do Fundef no município de Ipeúna é anterior à parceria público-privada entre a Prefeitura Municipal e o Sistema Objetivo Municipal de Ensino (Some), concernente à compra de material didático apostilado.

A referida lei foi extinta, ao final de 2006, seguindo os preceitos da legislação nacional, pois, a partir de então, entrou em vigor o Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Conselho do Fundeb21.

2.6 A Municipalização do Ensino no município de Ipeúna

Como já mencionado anteriormente, em 1993, a prefeitura municipal construiu a EEPG Jardim Altos de Ipeúna que, no mesmo ano, passou a denominar-se EEPG Dr. Ulysses Guimarães; a prefeitura realizou a construção e o prédio foi cedido para o Estado, ou seja, para o atendimento de classes do ensino fundamental da rede estadual. Posteriormente, em 1999, com a municipalização, mudou sua denominação para EMEF Dr. Ulysses Guimarães integrando-se a Rede Municipal de Ensino.

21 Em 2007, o então Prefeito Municipal de Ipeúna Marcos Antonio Bueno, sancionou e promulgou a Lei Municipal

n.º 723, de 16 de março de 2007, que criou o Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Conselho do Fundeb.

Cabe ressaltar que, a construção da EEPG Jardim Altos de Ipeúna, em 1993, ocorreu na época em que a gestão do governo estadual estava sob a administração do então governador Antonio Fleury Filho (Partido do Movimento Democrático Brasileiro-PMDB, 1991-1994); este mantinha programas de municipalização nas áreas operacionais, entre eles, o de construções escolares, através do Programa de Ação Cooperativa Estado-Município (Pac), foi através deste programa, que o município de Ipeúna recebeu repasse de recursos estaduais para a construção desta escola, ainda, na época, a construção esteve sob a orientação e supervisão da Fundação de Desenvolvimento da Educação (FDE).

Em 1996, com a implementação do Projeto de Reestruturação do Ensino Estadual, houve a reorganização das escolas estaduais na rede estadual de ensino. Assim, as classes de 1.ª a 4.ª séries (Ciclo I) do ensino fundamental que funcionavam na EEPSG Prof. Marcelo de Mesquita, junto com as classes de 5.ª a 8.ª séries (Ciclo II), foram transferidas para a EMEF Dr. Ulysses Guimarães (na época denominada EEPG Dr. Ulysses Guimarães), ou seja, os alunos do Ciclo I passaram a ser atendidos em outro prédio escolar, juntamente com os alunos, desta mesma etapa, que lá estudavam.

Tal ação resultou num impacto direto na municipalização ocorrida no Estado de São Paulo. Após a reorganização das escolas estaduais no Estado de São Paulo, em Ipeúna, o quadro de atendimento do ensino fundamental ficou assim definido: a EMEF Dr. Ulysses Guimarães (na época EEPG) passou a atender os alunos de 1.ª a 4.ª séries e a EE Prof. Marcelo de Mesquita a atender os alunos de 5.ª a 8.ª séries e ensino médio.

Entendemos, então, que estava preparado o terreno para a municipalização do ensino no município de Ipeúna, o que ocorre, de fato, em 1999. Recordando Adrião (2006a, 2007), uma das consequências da reorganização do ensino fundamental foi a transferência das escolas reorganizadas para os municípios, facilitando a municipalização das quatro primeiras séries do ensino fundamental.

Ainda, na primeira gestão Covas, em 1996, o estímulo à transferência do ensino fundamental para os municípios, ocorreu via SEE, mediado pela instituição do Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para Atendimento do Ensino Fundamental – Municipalização (Decreto n.º 40.673, de 16 de fevereiro de 1996); segundo a SEE, a parceria para a municipalização tinha o propósito de melhorar a qualidade e a equidade do ensino fundamental público, por meio da distribuição de responsabilidades entre a esfera estadual e a

municipal. Concordamos com Bueno (2004) ao afirmar que, no governo Covas, a ação de municipalização ganhou sustentação, houve ênfase na necessidade da ampliação da responsabilidade dos municípios com a manutenção do ensino público, deixando às prefeituras a obrigação de organizar os seus sistemas e de centrar sua política no ensino fundamental.

Em 1º de agosto de 1999, a Prefeitura Municipal de Ipeúna aderiu ao Programa de Ação de Parceria Educacional Estado-Município para Atendimento do Ensino Fundamental - Municipalização, da Secretaria de Estado da Educação. Com a municipalização da oferta educacional de 1.ª a 4.ª séries do ensino fundamental, o município de Ipeúna assumiu totalmente as matrículas do primeiro ciclo do ensino fundamental.

Ainda, no convênio de municipalização, o município de Ipeúna incorporou todos os professores estaduais efetivos que lecionavam nessas classes, os quais passaram a prestar serviços na rede municipal de ensino; ou seja, continuaram professores pertencentes ao Quadro do Magistério Público do Estado de São Paulo, contudo, conveniados através do Programa ao município de Ipeúna. Desse modo, a prefeitura municipal repassa ao governo estadual o pagamento destes professores que se vinculam à Secretaria de Estado da Educação. A rede municipal de ensino completou o seu quadro de professores através de concurso público para cargo efetivo e/ou processo seletivo para contratação anual.

Apontamos aqui, a idéia de Martins (2003), a qual afirma que um novo desenho institucional se formou na política educacional paulista em decorrência do convênio que transferiu professores, alunos, prédios escolares e funcionários da esfera estadual para os municípios. Considerando-se as diferenças peculiares de cada município paulista quanto ao tamanho, formas de atendimento, desempenho e capacidade fiscal, originaram-se vários processos de municipalização, pois cada município é um caso.

Ainda, segundo a citada autora, a cultura institucional, sistema de crenças, valores e interação dos atores entre si e entre eles e a própria organização é instada a se modificar, incorporando o velho no novo desenho que se forma como estratégia de sobrevivência. Podemos dizer que, referindo-se ao município de Ipeúna, ampliou-se a oferta educacional; implicando uma mudança organizacional da educação municipal, tanto em relação a nova etapa de ensino atendida, como na incorporação de professores pertencentes ao Quadro do Magistério Estadual. Tais docentes, todavia, passaram a atuar no ensino público municipal, e a partir de então,

subordinados as orientações da Secretaria Municipal de Educação (na época, denominada Departamento de Educação), a qual teve que se adequar a nova realidade educacional municipal.

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