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O CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE RIACHUELO/RN: CRIAÇÃO E COMPOSIÇÃO

3 CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO: A SITUAÇÃO DE RIACHUELO/RN O presente capítulo será dividido em três momentos distintos: breve Caracterização

3.2 O CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE RIACHUELO/RN: CRIAÇÃO E COMPOSIÇÃO

Neste segundo apontamento farei uma pequena contextualização acerca da concepção da criação dos conselhos municipais no âmbito brasileiro, chegando até a instalação do Conselho Municipal de Educação de Riachuelo.

Dessa forma, não seria diferente no município de Riachuelo, que por meio da Lei nº 363, de 27 de agosto de 1998, efetiva a criação do Conselho Municipal de Educação, sendo aprovado e sancionado pelo poder legislativo do município, conforme art. 1º da Lei nº 363, “expondo que fica criado o Conselho Municipal de Educação, como Órgão deliberativo, de caráter e âmbito municipal”.

Segundo a mesma Lei fica estabelecido que o Conselho Municipal de Educação deverá ser composto por sete componentes. Levando em consideração o Art. nº 2 que diz:

Art.nº 2 – O Conselho Municipal de Educação será composto de: I – um representante da Secretaria Municipal de Educação; II – um representante dos Professores das Escolas Públicas do Ensino Fundamental; III – um representante dos Diretores das Escolas Públicas do Ensino Fundamental; IV – um representante dos pais de alunos; V – um representante dos Servidores das Escolas Públicas do Ensino Fundamental; VI – um representante do Sindicato dos Servidores de Riachuelo; VII – um representante da Associação dos Produtores Rurais do Bandeira. (Lei nº 363, 1998).

Com a criação do Conselho e deliberação de sua composição foram definidas algumas atribuições que são pertinentes ao próprio Conselho. Conforme explicitado no Art. º 3:

Art. 3º - São atribuições do Conselho Municipal da Educação: I – fiscalizar e controlar a aplicação dos recursos destinados À Educação; II – Acompanhar e controlar a repartição, transferência e aplicação dos recursos do Fundo de Manuntenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério; III- colaborar na apuração de denúncias sobre a má versação na aplicação dos recursos destinados à Educação; IV – Supervisionar a realização do Censo Educacional Anual; V – examinar os registros contábeis e demonstrativos gerenciais e atualizados dos recursos recebidos ou repassados à conta do FUNDEF e/ou outros recursos destinados à Educação municipal; VI – emitir parecer mensal sobre aplicação dos recursos da Educação; VII – Supervisionar e acompanhar o desempenho dos Profissionais do Magistério do Sistema Municipal de Ensino.

Em alguns aspectos o Art. nº 3 irá contemplar a organicidade/administração dos programas que o município está incluso. Riachuelo encontra-se com alguns dos Programas do Governo Federal, destacados a seguir: PDDE (Caixa Escolar), PNAT, PNAE, CAE, PDE, EJA, FUNDEF. Os recursos precisam ser bem administrados, para que a escola possa receber uma situação de qualidade para cumprir seu papel de construir cidadãos. Além do que os alunos do ensino fundamental das escolas municipais de Riachuelo, em sua grande maioria, são naturais de camadas baixas da sociedade. Isso significa dizer que eles precisam estudar e trabalhar ao mesmo tempo, caso contrário talvez nem consigam se manter na escola. A rotina de trabalhar e estudar acaba desgastando muito, tanto física como mentalmente, favorecendo o aumento do índice de evasão escolar e baixo nível de escolaridade.

Tal situação acaba sendo reflexo para os próximos anos do alunado. Um reflexo não satisfatório, muito pelo contrário, pois os alunos chegam até anos mais elevados do ensino e

acabam tendo dificuldade, já que não assimilaram bem os conteúdos transferidos nos anos anteriores.

Diante do exposto em Lei de regulamentação do Conselho no município, ele deverá intervir, principalmente, em ordens de fiscalização, controle, supervisão e acompanhamento de distribuição de recursos da comunidade educativa, não sendo atribuições do Conselho versar acerca de outras necessidades educativas do município. Apenas o último inciso do Art. 3º versa sobre o supervisionamento e acompanhamento do desempenho dos profissionais da educação.

A temporalidade de mandato do Conselho Municipal de Educação fica predeterminada para um período de dois anos, bem como as periodicidades de reunião devem acontecer pelo menos uma vez por mês, conforme versam, respectivamente, os Arts. 4º e 5º:

Art. nº 4 – O mandato dos membros do Conselho Municipal de Educação terá duração de 02 (dois) anos, podendo ser renovado por igual período. Art. nº 5 – O Conselho Municipal de Educação reunir-se-a ordinariamente 01 (uma) vez por mês, e, extraordinariamente, por convocação escrita, por qualquer dos seus membros ou pelo prefeito municipal. (BRASIL, 1998, n.p.).

No Art. nº 7 da Lei nº 363, fica decretado que o presidente do Conselho municipal de Educação será sempre o Secretário Municipal de Educação. Já o art. nº 8 versa sobre a própria constituição do conselho, enfatizando que “O Conselho municipal de educação será constituído por representantes da sociedade civil, com participação não remunerada, sendo considerada como serviço público relevante prestado à comunidade” (Lei. Nº 363, 1998). As análises se dão em relação aos diversos tipos de Conselhos existentes pelo país. Conhecer estes estudos se faz necessário para que seja possível compreender melhor a discussão sobre Conselhos, comparando procedimentos de análise, além de estabelecer semelhanças e diferenças para com o meu estudo de caso: o Conselho Municipal de Educação de Riachuelo. Procurei apresentar de forma sucinta, transparecer como se deu o processo de instalação do Conselho Municipal de Educação de Riachuelo.

Nesta perspectiva nota-se que o CME de Riachuelo tem várias fragilidades. Dentre eles pode-se destacar a ausência de regimento interno, ausência de um Plano Municipal de Educação que o regulamente e oriente os Conselheiros a respeito de suas atribuições. A falta

do regimento interno acaba por fortalecer as carências do conselho, principalmente no que tange às reuniões periódicas.

As poucas colocações trazidas na Lei N° 363 (1998) limitam por demais o CME à mera prática de fiscalização de ações financeiras, as quais nem mesmo tem acontecido. Acredito que um dos problemas mais sérios do CME Riachuelo é justamente a falta de formação dos representantes que estão no CME, pois acabam por ficar desnorteados, já que a Lei aponta apenas algumas das suas obrigações, mas não existe nenhum outro documento que especifique nem os oriente no sentido de como deve ser o agir e as atribuições dos conselheiros.

A ausência de um CME atuante vai atingir diretamente o desenvolvimento das ações do PAR, pois devido ao seu caráter ainda muito burocrático e engessado, é necessário uma articulação entre todos aqueles que fazem a sociedade civil, para que os recursos sejam liberados e cheguem até as escolas. Lutar por ônibus escolares para o município é importante, mas as ações do PAR podem viabilizar muitas outras melhorias que vão atingir diretamente o ensino aprendizagem dos alunos. Arrisco-me até a dizer que não apenas os alunos, mas todos os profissionais da educação. Um exemplo disso é a parte estrutural da escola: se é possível viabilizar melhorias estruturais para uma escola “x”, não são apenas os alunos e professores que irão trabalhar mais satisfeitos, mas também a merendeira, o porteiro e todos os profissionais que estão inseridos no ambiente educacional.

Ademais, essa ausência de regulamentação deixa o CME tão solto que os conselheiros faltam às poucas reuniões extraordinárias, e mesmo assim permanecem como membros. No regimento dos conselhos normalmente se estabelece metas máximas de faltas para os membros, o que não é o caso do conselho estudado.

O conselho também deve se apresentar como espaço onde os representantes participam com voz e não apenas que lhe sejam apresentadas propostas, mas deveriam usufruir de uma autonomia relativa para sugerirem nos debates, nos processos, incluindo temas. E a partir daí ter-se uma questão que depende da aceitação por meio do voto. A representatividade do Conselho tem sido tão limitada que a quantidade de voto é irrisória.

Neste sentido, nota-se que o PAR deixa muitas brechas no sentido de supervisionamento de veracidade do que se encontra na atualização do plano, pois em seu contexto de aperfeiçoamento para a elaboração do segundo PAR a meta do Conselho é apresentada como

que satisfatória. O CME de Riachuelo recebe pontuação elevada, como se estivesse funcionando plenamente e de forma a suprir as necessidades da secretaria e de toda comunidade civil, mas ao se analisarem as leis, o decreto de atualização da Lei, entrevistas e questionários (que serão apresentados no próximo capítulo) percebe-se que ele precisa de uma intervenção imediata.

Acredito que necessitamos ainda de um pacto federativo mais efetivo que delimite especificamente as atribuições dos entes federados (União, estado e municípios). Em relação ao conhecimento de “aplicação” do regime de colaboração e o próprio discurso da Secretária nas entrevistas dessa pesquisa, nota-se que eles mesmos não possuem um conhecimento acerca do referido regime. Na realidade, no contexto geral, apenas dois dos entrevistados tinham uma noção do PAR, mas do regime de colaboração que deve existir entre Município, Estado e União não sabiam explicitar.

Considera-se de suma importância investir na formação dos conselheiros e da Secretária de educação, para que possam entender forma mais elucidativa as melhorias que o PAR pode trazer para educação local. Assim poderão entender também melhor suas limitações e engessamentos e, como órgão de representação, poder deliberar sobre possíveis melhorias e compreender melhor sobre o regime federalista, perpassando pelas funções alocativas, redistributivas etc.

Nesta perspectiva é claro que é preciso exercitar a participação, até porque a democracia é um aprendizado, em que a participação é despertada dentro do processo na medida em que os cidadãos se tornam, se sentem e agem de forma responsável, particular, social e política, conforme Morais (2006).

3.3 A AUTONOMIA DO CME E A RELAÇÃO COM A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO