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O MUNICÍPIO DE RIACHUELO/RN: CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIOECONÔMICA

3 CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO: A SITUAÇÃO DE RIACHUELO/RN O presente capítulo será dividido em três momentos distintos: breve Caracterização

3.1 O MUNICÍPIO DE RIACHUELO/RN: CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIOECONÔMICA

sobre Existência do Conselho Municipal de Educação (CME) da cidade e, por fim, falará sobre a autonomia e relação existente com a Secretaria Municipal de Educação.

3.1 O MUNICÍPIO DE RIACHUELO/RN: CARACTERIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIOECONÔMICA

Conforme censo coordenado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, no ano de 2010 o município de Riachuelo, com a área territorial de 262.887 km², tem 7.067 habitantes. E a estima referenciada à quantidade de pessoa em 2013 é de 7.640 habitantes.

Com relação ao Índice de Desenvolvimento Humano, o índice equivale a 0,592 em 2010, com sua densidade demográfica de 26,88 hab/km². Estes dados mostram uma quantidade razoável de população, que vem se desenvolvendo e precisa buscar melhorias também no campo educacional.

O município se localiza na mesorregião e microregião do Agreste Potiguar, sendo situado na faixa de Desenvolvimento Humano Baixo (IDHM entre 0,5 e 0,599). Fica às margens da Rodovia Federal, BR – 304 que corta o estado do Rio Grande do Norte no sentido leste/oeste, distante cerca de 78 km da capital do Estado, limitando-se ao Norte com o município de Bento Fernandes, ao Sul com o município de Barcelona, ao leste com o município de Santa Maria e a Oeste com os municípios de Caiçara do Rio do Vento e Rui Barbosa. O município de Riachuelo tem uma localização, de certa forma, privilegiada, pois fica a cerca de 80 km da capital, facilitando o acesso à busca por um desenvolvimento maior, bem como há cidades-polo em suas imediações e que são fontes de desenvolvimento econômico para o estado, podendo assim ter uma melhor possibilidade de se fazer parcerias para que ambas venham crescer e contribuir para o desenvolvimento dos municípios. Acredito que parcerias podem ser firmadas até para efetivação do planejamento de Plano Municipal de Educação e normatizações para os conselhos.

No que concerne à região administrativa educacional, o Município de Riachuelo pertence à 4ª Diretoria Regional de Educação, Cultura e Desportos – 4ª DIRED, com sede em São Paulo do Potengi.

A história do município inicia-se a partir de uma rica fazenda de gado e de muitas lavouras em 1866, com o processo de povoamento do território. Através da fazenda de Manoel Severiano de Macedo que nasceu mais um povoado em terras, na época pertencente a São Gonçalo do Amarante. Além deste, outros fazendeiros também contribuíram para o povoamento do município, entre eles, João Siqueira e Eduardo Barroca, que foram os primeiros habitantes.

Conforme Cavalcante (2008), no que se refere aos topônimos do município estão ligados a duas possíveis versões, despertada do imaginário popular, que foram registradas no título VIII da Lei Orgânica do Município, promulgada em 03 de abril de 1990. A primeira versão afirma que o Fundador da Fazenda Riachuelo participou como voluntário da Pátria da Guerra do Paraguai, e tornou-se um dos heróis na Batalha Naval de Riachuelo, em de 11 de

junho de 1865. Após o conflito sul-americano, em 1875, a tropa vitoriosa retornou ao Brasil e, querendo homenagear a proeza, Manoel Severiano resolveu colocar na sua propriedade o nome Riachuelo.

A outra versão se refere à grafia da palavra. Cavalcante (2008) explica que “Estando a fazenda localizada em um vale entre duas serras, área onde existem muitos riachos, lhe foi dado o nome de Riachu-ello, em espanhol, o sufixo – ello significa pequeno” (CAVALCANTE, p. 23, 2008).

O município se consolidou de forma efetiva no ano de 1898, quando foi construída, por iniciativa de Manoel Severiano, a Capela da Igreja Católica em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus, atualmente padroeira da cidade.

Segundo Cavalcante (2008) Riachuelo começou a progredir com a produção de algodão, criação de gado e fabricação de queijo, experimentando um tímido crescimento e o processo de desmembramento e criação de municípios em 1943, quando passou a pertencer a São Paulo do Potengi. É importante salientar que essas grandes produções hoje passam por diversas dificuldades e já não possuem uma distribuição tão efusiva como antigamente. Um dos motivos para essa baixa na produção local é a concorrência desenvolvimento das cidades vizinhas. Saliento até mesmo o investimento em educação dos municípios citados a cima, o investimento em educação tem sido maior, formando trabalhadores e agricultores mais atualizados e que buscam estratégias para superar as crises que tem passado durante os anos. Conforme a Lei nº 3.018, de 20 de dezembro de 1963, vinte anos depois, Riachuelo conquistou sua emancipação política, deixando de pertencer a São Paulo do Potengi, se tornando autônomo. O projeto de criação do município foi apresentado a Assembleia Legislativa do Estado pelo Deputado Estadual Jácio Fiuza, e sancionada pelo governador, na época, Aluízio Alves. Tal ação possibilitou ao município ter uma autonomia maior, podendo se desenvolver mais.

Entre 2000 e 2010 o IDHM do município passou de 0,459 em 2000 para 0,592 em 2010 - uma taxa de crescimento de 28,98%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 24,58% entre 2000 e 2010.

No período de 1991 e 2000 o IDHM passou de 0,309 em 1991 para 0,459 em 2000 - uma taxa de crescimento de 48,54%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância

entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 21,71% entre 1991 e 2000.

Isso significa dizer que entre 1991 e 2010 Riachuelo teve um incremento no seu IDHM de 91,59% nas últimas duas décadas, acima da média de crescimento nacional (47%) e acima da média de crescimento estadual (59%). O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 40,96% entre 1991/2010.

Quadro 4 – Índice De Desenvolvimento Humano Municipal - Riachuelo

Fonte: Pnud, Ipea e FJP.

Levando em consideração os dados do censo Riachuelo ocupa a 4331ª posição, em 2010, em relação aos 5.565 municípios do Brasil, sendo que 4330 (77,81%) municípios estão em situação melhor e 1.235 (22,19%) municípios estão em situação igual ou pior. Em relação aos 167 outros municípios de Rio Grande do Norte, Riachuelo ocupa a 107ª posição, sendo que 106 (63,47%) municípios estão em situação melhor e 61 (36,53%) municípios estão em situação pior ou igual.

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e seus componentes – Riachuelo – RN

IDHM e componentes 1991 2000 2010

IDHM Educação 0,129 0,265 0,481

% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo

8,98 15,20 33,65

% de 5 a 6 anos na escola 35,94 80,03 97,27

% de 11 a 13 anos nos anos finais do fundamental ou com fundamental completo

11,34 34,21 68,00

% de 15 a 17 anos com fundamental completo 10,00 16,86 37,67

% de 18 a 20 anos com médio completo 4,65 8,43 26,69

IDHM Longevidade 0,610 0,732 0,767

Esperança de vida ao nascer (em anos) 61,61 68,94 71,01

IDHM Renda 0,376 0,499 0,561

Entre 2000 e 2010, a população de Riachuelo teve uma taxa média de crescimento anual de 2,07%. Na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de -0,11%. No Estado, estas taxas foram de 1,01% entre 2000 e 2010 e 1,02% entre 1991 e 2000. No país, foram de 1,01% entre 2000 e 2010 e 1,02% entre 1991 e 2000. Nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu 3,28%. Nota-se que em alguns âmbitos os percentuais de crescimento do município são bem consideráveis, sendo “superiores” até mesmo o do estado, de forma mais geral.

Quando se entra na realidade de trabalho no município, entre 2000 e 2010, a taxa de atividade da população de 18 anos ou mais (ou seja, o percentual dessa população que era economicamente ativa) passou de 49,46% em 2000 para 53,64% em 2010. Ao mesmo tempo, sua taxa de desocupação (ou seja, o percentual da população economicamente ativa que estava desocupada) passou de 12,82% em 2000 para 18,34% em 2010.

Quadro 5 – Ocupação da população de 18 anos ou mais – Riachuelo – RN OCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO DE 18 ANOS OU MAIS - RIACHUELO – RN

2000 2010

Taxa de atividade - 18 anos ou mais 49,46 53,64

Taxa de desocupação - 18 anos ou mais 12,82 18,34 Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais 32,23 32,44 Nível educacional dos ocupados

% dos ocupados com fundamental completo - 18 anos ou mais

21,03 41,94 % dos ocupados com médio completo - 18 anos ou mais 10,38 30,49 Rendimento médio

% dos ocupados com rendimento de até 1 s.m. - 18 anos ou mais

82,99 48,65 % dos ocupados com rendimento de até 2 s.m. - 18 anos ou

mais

92,37 89,48 Fonte: Pnud, Ipea e FJP

E em 2010, das pessoas ocupadas na faixa etária de 18 anos ou mais, 30,92% trabalhavam no setor agropecuário, 0,34% na indústria extrativa, 4,24% na indústria de transformação, 11,81% no setor de construção, 0,51% nos setores de utilidade pública, 13,29% no comércio e 37,50% no setor de serviços.

Saliento que a principal atividade econômica da cidade é a agropecuária, o comércio e o extrativismo. E sua principal ação produtiva é o cultivo de mandioca, explorada pelos

pequenos produtores. Em contraponto a estas atividades, evidencia-se a importância de se investir em educação para se obterem bons profissionais que venham a superar limites em sua perspectiva trabalhista e luta por seus direitos de cidadãos. A população local tem crescido, o que significa dizer que demanda educacional também precisa crescer e de forma qualitativa. Um dos mecanismos de controle social e que pode contribuir para cobrar e lutar por melhorias educacionais, se bem organizado e orientado, são os conselhos municipais de educação, que e são objetos de estudo também nesse trabalho.

Necessário se faz que o município diminua a taxa de desocupação da população local. Muitas pessoas que já podiam estão trabalhando, ou jovens que poderiam estar estudando de forma mais efetiva acabam por não se empenhar nestas atividades. Se se levar em consideração estes fatores de desemprego e de aumento populacional, constata-se um problema que requer cuidados. Muitas famílias locais estão nascendo, mas sem condições financeiras de se manter, por vezes, porque os jovens param os estudos, para poder trabalhar, em qualquer área que seja, pois, por menor que se seja o salário, tem-se que trabalhar para que os filhos consigam ter o básico de condições de existência.

Acredito que a Secretaria de Educação Local deve investir ainda mais no pleno desenvolvimento da Educação, de forma especial até mesmo no Conselho Municipal de Educação, pois nele deve se ter todas as representações da sociedade civil. Então, juntos, soluções podem ser buscadas, para que se suja uma maior atração pelos estudos, por parte dos discentes.

Além do interesse dos alunos, saliento a importância de se investir também na classe docente. Arrumar formas de incentiva-los, buscando capacitações continuadas, investindo em cursos específicos e eventos. Também se faz importante a busca pela conquista de seus direitos: o profissional trabalha mais satisfeito quando se sente valorizado e recebe dignamente, de acordo com o que é justo para sua função.

Ainda segundo dados obtidos na Secretaria Municipal de Educação de Riachuelo as escolas ativas são divididas em dois grupos, as pertencentes à Zona Rural e à Zona urbana, e não sendo suficientes para comportar com qualidade todo seu alunado. As escolas são organizadas da seguinte forma:

Escolas da Zona Rural Escolas da Zona Urbana Escola Municipal Presidente Tancredo

Neves (Comunidade Serra da Formiga)

Escola Municipal Manoel Gurgel do Amaral Valente

Escola Municipal Antônio Lins de Medeiros (Agrovila Furnas)

Escola Municipal José Alves de Lima Escola Municipal Francisquinho

Caetano (Distrito São José do Potengi)

Creche Pequenos Querubins Escola Municipal Presidente Café Filho

(Fazenda Várzea Fria)

Creche Nossa Senhora da Conceição Creche Santa Terezinha (Serra da

Formiga)

Creche São José (Cachoeira do Sapo)

Fonte: autor, 2015.

As escolas referenciadas acima trabalham o ensino pré-escolar, alfabetização, Ensino Fundamental e EJA. Cabe salientar que Escola Municipal Manoel Gurgel do A. Valente desenvolve trabalho com pré-escola, Ensino Fundamental de 9º ano e a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Escola Municipal Francisquinho Caetano com a pré-escola, e o Ensino Fundamental de 9 º anos, as demais escolas processam o Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano. As escolas desenvolvem seu plano de Ensino através de Planejamento anual, planejamento bimestral e avaliações. No início de cada semestre tem reunião com todos os profissionais da educação para traçar metas para serem desenvolvidas no decorrer dos próximos seis meses.

As escolas municipais Francisquinho Caetano e José Alves possuem Projeto Político Pedagógico, sendo a primeira aqui citada contendo também Regimento Escolar. A escola Manoel Gurgel do Amaral Valente e as outras demais escolas do município ainda não possuem Projeto Político Pedagógico. A ausência de normas e regulamentações nos deixam em dúvida em qual perfil de gestão se predomina no município, uma vez que uma perspectiva gerencialista é fortemente caracterizada por seu conjunto demasiado de normas e regulamentações.

De acordo com o que apresento no capítulo inicial desta dissertação destaco e caracterizo os “modelos” de gestão educacional existentes na realidade geral. Aponto, também, que no discurso nacional mais amplo luta-se pela disseminação da Gestão Democrática. Caracterizada por vezes como uma gestão mais igualitária e participativa, a Gestão Democrática, ainda precisa ser mais bem vivenciada no munícipio em foco.

Percebe-se que com o PAR aconteceu uma tentativa dessa melhoria, mas o Êxito ainda não foi de um todo gerado. Analisando os dados da pesquisa percebi que todos os conselheiros são representantes de escolas na Zona Urbana. Ou seja, não se tem uma representatividade ativa das escolas da Zona Rural, que tanto precisam se desenvolver, principalmente no que se refere à parte estrutural.

As informações diagnosticadas acerca do contexto socioeconômico do Município de Riachuelo me leva a perceber que durante os últimos anos o município passa por um desenvolvimento significativo, mas o âmbito educacional ainda não atingiu este estado. Muito embora, após o Plano de Ações Articuladas, tenha minimizado um pouco isso, em virtude de alguns recursos. Uma das melhorias que foi exatamente relatada pelos conselheiros nos momentos das entrevistas foi, justamente, a extinção da locomoção dos alunos nos conhecidos “pau de arara”, que ofereciam muitos riscos para os alunos e até professores que se utilizavam deles para chegar até as escolas da Zona Urbana.

O índice de jovens e crianças que se deslocam da zona rural para ter aula na Zona Urbana ainda é muito grande. Então, pode-se constatar, conforme a pesquisa, que uma das prioridades da secretaria com os recursos do PAR foi exatamente a obtenção dos ônibus escolares.

3.2 O CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE RIACHUELO/RN: CRIAÇÃO E