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Conforme foi possível apreender nas manifestações dos sujeitos, apresentadas e analisadas nos resultados dessa pesquisa, é possível inferir a significância que a formação humana pode alcançar na gestão das atividades de Perícia Criminal, em decorrência da

natureza crítica da atividade que impacta os peritos, tanto em sua condição de profissionais quanto de indivíduos, na sociedade e, em especial, devido à sua missão social de retorno à sociedade.

A formação humana, ponto crucial desta pesquisa, emergiu em algumas falas que, por vezes, foram uma manifestação de sentimentos que enalteciam a atividade pericial e em outras que demonstraram o quão dura é a realidade vivida no cotidiano e ainda muito do que estaria faltando, porque, pelo fato da fenomenologia compreender o mundo em aberto, estar faltando não é necessariamente um defeito, mas uma possibilidade de sempre mais contribuição, de sempre mais verdade.

No caso do perito criminal percebe-se que se espera que ele seja incluído na gestão, no âmbito de sua atividade precípua como ser humano, não como um simples recurso para realizar suas tarefas e atividades técnicas complexas.

Foi possível também, perceber que a abordagem fenomenológica, enquanto método compreensivo, possibilitou apreender, além das percepções e sentimentos dos sujeitos, sentidos para os quais a organização está orientada, desvelando-a com o olhar por dentro de sua estrutura, em termos do que é proposto e do que é realmente praticado. Dois bons exemplos emergem com a questão da Biblioteca e da Equipe de Seleção, Recrutamento e Treinamento do Núcleo de Recursos Humanos, cuja concretização da primeira e detalhamento da última pode implicar profundamente o humano. No caso da Biblioteca, tanto em temos de baixa autoestima decorrente da precariedade de conhecimento disponível, em qualquer área não haver ainda sido considerado como importante para o contato com as diversas leituras de mundo na atualidade, com a falta de um núcleo consistente, dinâmico, em atualização permanente estimulando a criatividade, o contato com o pensar da atualidade o sentimento de cidadania. No caso da equipe de gestão de pessoas de forma mais ampla, inclusiva das necessidades atuais de gestão para a formação e desenvolvimento do humano dos servidores peritos, a percepção vai no sentido de uma lamentável lacuna e descaso.

Nesses termos, percebe-se que, simultaneamente, este estudo contribui para o conhecimento teórico, tendo em vista que sua aplicação fez aparecer o que o sentido velado de descaso com relação ao desenvolvimento humano decorrente da ausência de biblioteca e com a precariedade do Núcleo de Recursos Humanos, ambos no setor que abriga os peritos criminais na organização. Isso porque traz significativamente, à teoria e à prática: um alerta sobre suas falhas na gestão continuarem a privilegiar a tecnologia, em detrimento da formação

humana profissional e da tão esperada qualidade de vida, rumo à cidadania, sugerindo avanços no estudo dessa realidade e mudanças no agir.

A relevância do humano social, profissional e do ser no mundo vivido, resgatou a importância da formação humana na área de criminalística, mostrando-se nas falas em busca de um alento.

Foi desvelado o anseio por dias melhores em um futuro próximo e, em contrapartida, fez aparecer também certo receio pelos dias que estão por vir, preocupações do profissional que se encontra inserido em um sistema considerado engessado.

A preocupação com o outro e a consciência de si, características da postura fenomenológica, emergiram nas falas dos peritos criminais que direta ou indiretamente convivem com situações consideradas degradantes ao ser humano.

A gestão de pessoas na área de criminalística a que se propôs esta pesquisa, sob um olhar fenomenológico, buscou a compreensão, procurou apreender os sentidos dos profissionais desta área, mostrando a verdade. Verdade essaque poderá contribuir num futuro promissor à manutenção da dignidade humana e do bem-estar no âmbito social, familiar e profissional.

O compartilhamento dos sentimentos manifestados nas falas possibilitou buscar a humanidade o que é essencial ao ser do humano em qualquer âmbito de sua vida.

Evidenciou-se, na questão voltada para a gestão pela formação humana do perito criminal, a importância de um programa de desenvolvimento e treinamento avançado para alcançar a questão da postura e discussões sociais e éticas, além da assistência à saúde mental e emocional do profissional.

No que tange ao recrutamento e seleção, abordado em algumas falas apresentadas nos resultados desta pesquisa, pelo fato de ser realizado através de concurso público, foi possível perceber que se faz necessária a implantação de um programa visando a uma avaliação psicológica no sentido de levantar para encaminhar e implementar o perfil adequado às diversas áreas de atuação do profissional na instituição.

Relacionado à questão funcional, ao se analisar os peritos manifestando desagravo à quantidade de serviço e falta de recurso humano, foi possível concluir-se pela relevância de retomada deste estudo em pesquisas futuras, que realizem estudos minuciosos cobrindo cada unidade com suas peculiaridades e singularidades, em paralelo à análise da quantidade de atendimentos de locais, para compreender melhor suas implicações para a qualidade dos serviços à sociedade e à vida dos profissionais que os realizam.

Apesar do reconhecimento das limitações presentes neste estudo, tanto relativas ao desafio de uma pesquisadora iniciante perante uma dissertação, quanto à opção metodológica pela abordagem fenomenológica, com o desafio da exigência de uma postura rigorosa e em comum com os sujeitos, pode ter levado a atitudes que não tenham favorecido a uma melhor exploração de suas possibilidades em termos de resultados. Contudo, o objetivo central foi emergindo dos depoimentos, à medida que foram sendo apresentados, analisados e refletidos, a partir do referencial teórico, quando a gestão dessa categoria profissional foi sendo descrita. A preocupação da pesquisadora, ao formular objetivos e questões, na verdade, meros indícios a desvelar, mostraram-se de forma semelhante ou de outras formas singulares, porém sintonizados e fortemente manifestos nos depoimentos dos sujeitos, como: dificuldades relevantes para a organização e as pessoas, também enquanto peritos, porque os preocupa e esperam ou se empenham em melhorar a ambos, tendo em vista que, tanto o bem estar quanto os padrões de qualidade do trabalho emergem recorrentemente com palavras próprias do estilo de cada depoente.

A descrição contextual, com suas especificidades e questões-chave, como a demanda crescente, impactos da atividade nos profissionais, enquanto cidadãos comuns, e a expectativa de uma gestão que contribua para minimizar problemas decorrentes sugerem a relevância do tema para a população-alvo, sujeitos desta dissertação. A leitura crítica da realidade vivida foi uma constante, reportando tanto à expectativa de qualidade de vida dos peritos, quanto à busca pela realização de um trabalho digno e de qualidade para o público.

Nesses termos, as dificuldades a superar foram clarificadas e a aspiração de administrá-las, contando com apoio de desenvolvimento humano, para tal, mostraram-se de modos múltiplos no transcorrer das descrições obtidas e apresentadas, as quais merecem ser retomadas para ampliação e aprofundamento em investigações futuras.