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4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO QUE ESTA PESQUISA POSSIBILITOU

4.2. O sentimento aflorando em contato com a atividade pericial

Alguns dos peritos disseram que, ao realizar o concurso para ingresso na carreira, se encontravam desempregados e desconheciam o que seria a atividade do perito criminal, sendo que apenas dez disseram conhecer, pois já faziam parte do quadro da polícia civil; portanto, sabiam da atuação desse profissional, apesar de não ter vivido tal experiência anteriormente e, somente após a vivenciar, pode fazer uma avaliação acerca das expectativas.

Fraga (2009, p. 204) cita que

Não é que para a fenomenologia não exista memória, mas falar em termos de memória, em fenomenologia, seria falar de uma memória viva, não de um passado acabado, fechado, objetivado, cristalizado, mas de um presente denso de passado em dinâmica impermanência, incluindo um futuro possível. Na verdade, de um tempo vivido, pré-vivido no sentido de um porvir.

Dos peritos criminais que estão na carreira há pouco tempo, conheceram a atividade pericial, anterior ao ingresso na carreira, através da mídia, dos filmes e seriados apresentados.

“Não possuía nenhuma noção, demorei bastante tempo para começar a entender o que fazia o perito criminal, mesmo na Academia de Polícia isso não tinha ficado muito claro.

Havia sempre uma confusão muito grande entre a função de um perito e de um investigador, não sabia o que cada um fazia. (...) Acabei me apaixonando pelo que faço, mas foi por acaso, nunca me imaginei sendo um policial, muito menos um perito, mas certo dia ao abrir o jornal, vi que estavam abertas as inscrições para perito criminal e resolvi fazer o concurso. (...) Estava no início do “boom” do CSI e a visão que tinha era totalmente esteriotipada, caricata, bem diferente do que é na realidade”.

“Não possuía noção de como seria o cotidiano da atividade do perito criminal. A teoria é muito bonita, mas a realidade é completamente diferente do que eu imaginava. A minha expectativa quando entrei era poder realizar um trabalho pericial com o intuito de ajudar, realmente a produzir a prova, que é o elemento fundamental para a busca da verdade do real dos fatos e para auxiliar o juiz a analisar a sentença. O fundamental da perícia é isso, entretanto, no dia a dia a realidade é totalmente diferente, faltam muitas coisas como infraestrutura, funcionários, enfim, são vários fatores que contribuem para essa não aplicação efetiva da perícia em si.”

A primeira volta permite ser revelada a partir das outras (REZENDE, 1990). Partindo dos discursos relatados a respeito do ingresso na carreira de perito criminal, foi possível analisar os fundamentos fenomenológicos citados por Rezende (1990), situando o profissional diante de uma realidade complexa, o que no dizer de Heidegger (2009) é deixar e fazer ver por si mesmo aquilo que se mostra, tal como se mostra a partir de si mesmo (HEIDEGGER, 2009).

“Foi o primeiro concurso que abriu e eu prestei, assim que me formei. (...) a expectativa era mais por um novo emprego, pois não tinha idéia de como era a função, não conhecia nenhum perito criminal, até tentei conhecer algo pela internet, mas foram poucas. Quando começou o curso de formação na Academia de Polícia, as expectativas começaram a surgir, pois os professores davam todo aquele encantamento da função, aí achei que estava na melhor profissão do mundo, pois diziam que seria o doutor fulano de tal, o melhor perito criminal, daí a expectativa foi a melhor possível”.

Ao avaliar as falas, somente um revelou que não gostava da atividade e que tudo não passou de uma ilusão, que tudo o que se mostrava como um encantamento “foi por água abaixo” diante da realidade enfrentada. Que só permanecia atuando como perito criminal até que concluísse outro curso de graduação, e assim realizaria outro concurso público.

“Olha, eu tento me esforçar ao máximo, agora não sei se esse máximo é suficiente para aquilo que a população espera, eu creio que em termos de esforço, eu tento fazer o melhor. Gosto da área, eu acho que ela é bastante interessante, embora no Brasil seja bastante negligenciado. A gente vê o número de peritos e tudo o mais e percebo que a nossa situação é bastante desconfortável”.

Dos quarenta e um peritos que afirmaram gostar da atividade, três demonstraram gostar, entretanto, de uma forma bem racional, dizendo que já gostaram muito e que com o tempo, “tal como uma relação de casamento, vai se desgastando”; “já dei muito sangue pela instituição, hoje não mais” e “é, eu encaro como um serviço, dizer que tenho prazer em fazer, não, desempenho apenas a função como destinada”.

A autoestima e o bem-estar são afetados e ficam clarificadas falas, gerando sentimentos que podem afetar o desempenho nas atividades profissionais e que Goleman (1995), também, cita como sendo um fator importante para o equilíbrio e felicidade do indivíduo.

Quando questionados, principalmente os que atuam e os que atuaram em atendimento de locais de crime, acerca da relação com a população, alguns disseram procurar ser cordiais, educados e respeitosos, apesar da situação encontrada, e outros encararam de forma normal, apenas como um profissional que ali se encontrava, atendendo uma ocorrência.

“Procuro ser sempre uma pessoa compreensiva, paciente, uma vez que a população que ali está, passa por um momento difícil. (...) Todas são vítimas, tem que ser tratadas com cautela, pois estão fragilizadas e, por vezes, foram maltratadas em outras instituições públicas e, acabo por atuar até mesmo como assistente social ou psicóloga, apesar de não ter esta formação”.

“Eu costumava sempre me apresentar, mostrando qual era o meu intuito que era de fazer a perícia no local. Procurava sempre dar esclarecimentos a respeito da ocorrência, (...) tentava sempre dar um suporte, um apoio para a família, além do trabalho pericial”.

“Tenho contato direto com a população, com as vítimas que eu considero duplamente, triplamente, quadruplamente vítimas depois que eles vem pedir socorro para a gente. Na medida do possível, a gente tenta socorrer, fazendo atividades extras, para tentar diminuir um pouco o sofrimento deles.”

A preocupação com o outro e não apenas com o colega profissional, mas, também, a quem é assistido pelo trabalho pericial, ficou evidente em algumas falas, retratando assim, a realidade vivida pelos peritos criminais, seja o humano inserido no mundo e o mundo da presença é “mundo compartilhado”. O ser-em é ser-com os outros. “O ser-em-si intramundo desses outros é co-presença” (HEIDEGGER, 2009, p. 175).

“Devido à enorme carga de serviço e também a questão de eu não envolver questões pessoais com o trabalho, eu geralmente procuro ficar o máximo possível alheio às situações humanas das pessoas que eu atendo, por exemplo, em um local de morte em que há muitos familiares, eu procuro não me envolver com nada, no aspecto familiar, nem pessoal”.

“Eu procuro não me envolver muito, deixar um pouco distanciado, coletar apenas o necessário, não me envolver muito, muito mais tecnicamente, nada de proximidades.”

Um dos entrevistados lembrou e ressaltou o fato de que a equipe de perícias é sempre a última a chegar num local de crime, fato este que gera revolta de populares e, muitas vezes, clamor da imprensa, tornando a imagem do perito criminal como um profissional alheio às responsabilidades com relação à sociedade. E, diz o entrevistado, “a perícia é a última a chegar ao local de crime e a primeira a apanhar”.

No contexto de autoavaliação, como profissional e como pessoa, alguns dos entrevistados demonstraram que a atividade pericial trouxe um crescimento moral, um avanço em termos de compreensão de si próprio e do outro,

“O meu modo de encarar a vida não mudou por conta da profissão. Houve um crescimento natural, evolui como pessoa, aprendi muita coisa nova como perito criminal. (...) Cresci bastante, entrei em contato com coisas que eu não sabia o que eram, eu entrei em contato com realidades que só conhecia na teoria, extremas, desde pessoas que vivem de forma miserável, que apenas sobrevivem e com pessoas que moram em lugares que fico pensando “nossa, para que tanto”. São coisas que você vê e aprende, você aprende até a lidar com a dor das pessoas, principalmente nos locais de suicídio em que a família está lá, eu não consigo ignorar a família. Às vezes a família precisa de alguma palavra, seja para orientar os trâmites burocráticos, seja para explicar tecnicamente o que houve, as pessoas muitas vezes chegam chorando querendo saber o que houve. E eu acho que aprendi muito, afinal como filha única mimadinha, não tinha esse traquejo.”

Dentre os fatores que afetam nossas ações e os tipos e motivos que nos levam a agir, são o modo como somos tratados pela organização em que trabalhamos ou a que pertencemos, os tipos de normas e valores que nela são vigentes, os tipos de autoridade e poder exercidos. Um dos principais fatores situacionais que influenciam os padrões de motivação é o contexto organizacional do comportamento (SCHEIN, 1982). Diante dessa posição e considerando-se o depoimento anterior torna-se fundamental reconhecer a responsabilidade pelo convívio nas organizações periciais, porque elas podem nos afetar positiva ou negativamente ao se enfrentar a realidade, muitas vezes dramática do outro a ser atendido pelo perito.

“Em uma avaliação pessoal, posso dizer que agora estou em 8,5, pois uma coisa eu percebi, eu nunca tinha tido muito contato com a morte e então eu acho que é uma dimensão de crescimento pessoal que o perito, se souber trabalhar bem, começa a respeitar mais a questão da perda de um parente, de saber identificar e até se comover com a dor alheia, eu acho que isso é uma coisa que todo ser humano deveria ter, mas o perito por estar naquela situação, até um profissional de saúde por estar naquela situação, teria um pouco de necessidade de se conscientizar dessa dor alheia, então neste sentido acho que consigo identificar e saber melhor como agir, porque acho que na dor tem que ter alguém que esteja focado, a gente não precisa ser frio, mas a gente não pode se desesperar, que o perito é meio que esse profissional. Identifica a dor alheia, mas está ali para fazer uma coisa direcionada.”.

Essa fala que é também uma reflexão sobre si próprio enquanto perito e pessoa, reporta a Augras (1986) quando se refere à compreensão de si, dizendo que ela se fundamenta no reconhecimento da coexistência, constituindo-se, simultaneamente saída para a compreensão do outro.

A percepção dos profissionais apreendida em leigos com relação à função do perito criminal também se deu de formas diferentes e, por vezes, antagônicas: enquanto alguns referiam-se à relação do perito criminal com o fato de lidar com cadáveres, outros o faziam pela admiração e pelo encantamento do cargo.

“Tem sempre duas reações distintas, que eu já observei até hoje, a primeira é de estranheza e o fato da relação com o cadáver, com o local onde aconteceu uma coisa horrível, as pessoas que olham aquilo com uma certa admiração, mas com aquele “ai, eu não faria isso”, “ai, que horror”, “nossa, mas você é tão novinha, como você faz isso”, e o outro é “que legal, que maravilha”, então é muito oposto. A mais comum é o pessoal achar “como

é legal, que divertido”, principalmente por causa do seriado de televisão hoje em dia, mas sempre tem aquele pessoal que tem um medo absurdo de cadáver e ele acha que é horrível pelo fato de mexer com o cadáver. Eles falam que o fato de mexer com morto é horrível e até mesmo por desconhecimento associam a perícia com o IML (Instituto Médico Legal)”.

“Primeiro acho que há um pouco de espanto, pois eles imaginam que o perito criminal tem um perfil um pouco diferente e eu tenho a impressão de que a imagem das pessoas é muito do perito da televisão, aquele perito que faz tudo, a hora que eu explico o que faço especificamente, eles ficam espantados e depois é de curiosidade, todo mundo pergunta como é meu trabalho, se já atendi um caso importante, diferente, estão sempre interessados em saber um pouco dos bastidores do que eles vêm no noticiário.”

“As pessoas da sociedade ficam um tanto admiradas, porque tudo o que elas sabem sobre a perícia criminal se baseia no que elas vêem através da mídia, elas vêem a parte boa e não é bem a realidade. A realidade que elas vêem é distorcida”.

“Todo mundo acha bastante curioso, mas a impressão primeira é que ‘ah, você é aquele cara que vai lá ver o cadáver, porque existe uma espécie de correlação entre perícia e local de crimes contra a pessoa, mais especificamente aqueles em que tem cadáver no local, isso é o que mais chama atenção e o pessoal fica até impressionado quando a gente fala que vai atender uma pedra jogada em uma vidraça de uma escola, por exemplo, e, isso causa mais espanto ainda”.

A população, em geral, tem a “imagem” do perito criminal vinculada aos seriados e matérias veiculados pela mídia; entretanto, quando em contato direto com o profissional e na relação com o vivido, uma das visadas fenomenológicas possibilita apreender aquilo o que Merleau-Ponty (1971, p. 14) dizia: “o mundo não é o que penso, mas o que vivo”.

A pesquisadora estimulou a continuidade das manifestações sobre o problema que deu início a essa pesquisa, seja o fato da atividade pericial atingir o profissional como ser humano e, ao realizar a entrevista, foi percebido, em algumas falas, que o aspecto ser do humano foi atingido. O posicionamento do perito criminal como alguém da sociedade, como ser humano e de possíveis acontecimentos relacionados com a ocorrência atendida foi a grande preocupação.

“Eu acho que em se tratando, principalmente, de atendimento de locais de crimes contra a pessoa, acaba de uma certa forma, interferindo na vida pessoal do profissional. Por

exemplo, o indivíduo se separa e, ao efetuar um atendimento de uma ocorrência chamada encontro de cadáver, então é muito comum você encontrar um cadáver já em adiantado estado de putrefação e esse cadáver geralmente está sozinho, sem familiares sem nada, jogado na casa e isso chega até a gente e a gente passa a pensar um pouquinho será que isso poderia acontecer comigo, então na verdade há uma interferência sim dos fatos que a gente atende com o comportamento nosso. A gente acaba tendo uma preocupação do que possa vir a acontecer com a gente ou a gente passa a ser meio frio com a repetição daqueles fatos que a gente começa a achar que é corriqueiro e na verdade para uma pessoa que não está acostumada a esse meio, não seria normal. Acho que o profissional que trabalha nesta área, principalmente o que atua em crimes contra a pessoa, que são trinta e duas modalidades de crimes contra a pessoa, são coisas pesadas, mesmo que você tenha um grande equilíbrio, que você faça um trabalho de tentar deixar para lá a parte profissional da parte emocional, sempre se está alterado, então acredito que deveria ter um acompanhamento de profissionais da área de saúde, tipo um psicólogo, um psiquiatra e que os profissionais fossem assistidos pelos mesmos num período curto, a cada dois anos, para ver se o comportamento não está alterado. Eu me socorro de um profissional da área de saúde, um psiquiatra. Como ser humano eu era mais desprendido de certas preocupações, hoje se tiver que ir para uma certa região, fico com uma preocupação para ir a certos lugares, oriundos da própria profissão. Eu tenho uma preocupação, vamos até colocar entre aspas, o medo.”

“Como perito na área de crimes contra a pessoa durante vinte anos, no meu caso em particular, consegui desenvolver um mecanismo em que eu apagava, vamos dizer, toda aquela cena, partia para uma próxima cena e só voltava àquele local mentalmente a partir do momento em que fosse elaborar o laudo, analisando as fotos e descrevendo o que eu tinha que relatar. Eu tinha como exercício esquecer, não esquecer, eu não fazia de propósito, esquecer de propósito, mas simplesmente apagava da minha mente, tanto que se você me perguntar qual o caso mais importante, vou ter que começar a pensar e voltar em um, dois, três, quatro, até achar um que seja que foi um fato muito marcante, que por motivos emocionais ou científicos, possa até ter sido muito importante. Nas relações interpessoais interfere se a pessoa não consegue separar o lado profissional do seu lado humano, ou seja, se você continuar carregando toda essa carga emocional que você adquire no local, dos familiares, da cena que você vê e se você começa, no meu entender, você começa “ah, hoje eu fui num local tal e tal e fica contando e recontando e voltando, aí você, daí acaba interferindo na sua vida pessoal. As pessoas às vezes se tornam mais rudes, às vezes se

tornam mais... criam problemas emocionais, se estressam muito mais que as pessoas normais, você está tratando com vida humana, né. Eu tento esquecer aquele fato, para não carregar comigo, eu não fico remoendo, não fico “nossa, por que aquele camarada fez”, eu nunca procuro ir ao porque ele fez, ou seja, o perito está vendo o fato, ou seja, eu chego no local, encontro a cena assim, assim e assim, me interessa a cena, como foi feita, como foi elaborada a cena, agora o fato que levou aquela cena independe do meu trabalho, seja, já é um trabalho de pesquisa, é um trabalho de investigação que vai ficar por conta da delegacia, dos policiais encarregados pelo fato. Na minha vida social não interfere em nada, porque pouco difundo, pois somente os familiares sabem que eu sou perito criminal, somente tenho dificuldade do laudo em si que tenho que fazer, perder um dia, dois dias, três dias fazendo um laudo, isso interfere na minha vida pessoal no fato da presença. É uma continuação do trabalho, pois você trabalha no Instituto e tem que levar o trabalho para casa, diferente do perito que não é plantonista, pois o perito que não é plantonista, no próprio Instituto consegue elaborar o laudo, faz todos os seus afazeres, todos os seus laudos enquanto o perito de local plantonista tem que levar e fazer em casa todos os seus laudos e isso pode afetar na vida familiar, a mulher e os filhos vendo as fotos. Você, como perito trabalhando em casa está onerando a família.”

“Eu pensei muito nisto no começo, achava que eu fosse perder a sensibilidade com a vida, era uma expectativa de tanto ver, a gente ia acostumar (com a morte) e vejo que não é assim, muito menos e há pouco tempo perdemos um colega aqui e isso me fragilizou demais, por mais que eu já tenha visto n tipo de casos. Acho que isso é muito pessoal, tem pessoas que acabam se tornando rudes e eu acho que fiquei até mais frágil, principalmente com as pessoas que eu conheço. Eu procuro não me envolver com a vítima e com os familiares e ao mesmo tempo me envolvo, mas procuro não me envolver com a vítima de forma que não capte aquela energia e acabe me consumindo. Acho que é uma maneira de defesa. Em plantões que são pesados, em que há coisas que te chocam e sempre tem, é um momento em que eu preciso ficar sozinha, refletir e acaba dando aquela acalmada. Eu cresci demais depois que entrei nesta carreira, muito e me conheço muito mais agora, mas acho que foi assim, quando eu entrei tive um choque inicial de realidade que eu não tinha, nunca fui dondoca nem nada, mas não imaginava certas coisas que eu vi e isso me fez crescer como ser humano mesmo, eu comecei a dar valor a coisas que eu não dava, comecei a relevar coisas bobas que eu não relevava, acho que me tornei uma pessoa melhor e tenho um feedback na relação interpessoal, meus familiares, meu marido, todos perceberam e me falaram isso. Eu

acho que em termos de saúde, eu tive uma piora por conta da pressão no serviço, acabei tendo problemas com hipertensão, foi a partir daí que comecei a pensar, ainda vou acabar morrendo antes dos trinta, preciso fazer algo e a partir de minha conscientização foi que eu tomei outra postura, foi na hora da dor, do choque.”

Depoimentos como esses levam a concordar com o entendimento de Pinheiro (2000), pois, na verdade, são práticas discursivas com as quais as pessoas produzem realidades psicológicas e sociais. Além disso, reforça a concepção de método fenomenológico — entendido como uma postura que não distingue sujeito do objeto — que exige o