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4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO QUE ESTA PESQUISA POSSIBILITOU

4.3. Manifestando as críticas

Com relação às críticas acerca da gestão atual e da própria administração pública, todos manifestaram alguma insatisfação, demonstrando alguma angústia, ora por questões funcionais, ora pelo descaso dos gestores ou do Estado. Em algumas das entrevistas surgiram discursos a respeito da seleção e treinamento do profissional. Foi possível ainda perceber que alguns dos profissionais sentiram certo incômodo em relação à meritocracia e ao engessamento na administração pública, provocando assim desmotivação.

“A atual gestão poderia se preocupar um pouco mais com os profissionais da área, os peritos criminais que atuam na instituição. O que dá para se observar hoje é que há uma grande preocupação material, com viaturas, equipamentos e técnicas e pouco se preocupa com o homem, com o ser humano perito criminal, ou qualquer outro integrante da equipe. Poderia existir algo maior ao ser humano técnico, não somente os equipamentos para o técnico, mas sim algo maior para o ser humano técnico, como assistência à saúde mental do mesmo, como preocupação com centros de vivências, em cada núcleo poderia ter um centro

de vivência, aproximar mais a família dos funcionários ao núcleo e à instituição em geral e tentar transformar a instituição numa grande família e eu acho que hoje não é visto desta forma.”

“Em uma ocasião, uma pessoa que conheci nasceu na Rússia, foi criado no Brasil e vive nos Estados Unidos, então ele tem a experiência de três países muito diferentes e em uma ocasião, esse moço me disse, vocês criaram um monstro e não estão conseguindo dominá-lo. O que é esse monstro para esta pessoa? É a máquina estatal como um todo, tanto na esfera municipal, estadual e federal e infelizmente, isto eu ouvi isto há mais de vinte anos desta pessoa e a cada dia que passa eu me convenço que ela tinha razão. A máquina estatal vai muito mal. Infelizmente a gestão atual vai ser tão ruim quanto foram as outras, não por culpa do diretor ou do superintendente, especificamente, da pessoa dele, ele vem aqui na unidade que atuo, vê, diagnostica todas as falhas, a falta de recursos humanos, as condições físicas do prédio, material para desenvolvimento do trabalho. Ele sai daqui sabendo de todas as necessidades, passa essas informações para a frente e nada acontece, então nós temos um diretor do Núcleo, acima dele um diretor do Centro de Perícia, acima dele o Diretor do Instituto, acima dele o Superintendente e por aí vai até chegar ao Governador do Estado. É muito difícil, não vejo uma melhora, não aconteceu nestes trinta anos que atuo. A formação para peritos criminais piorou, embora atualmente fiquem o triplo de tempo que eu fiquei na minha época na Academia de Polícia, mas saem muito sem experiência. Abomino a forma de estágio que fazem e é tão simples mudar isto, mas não acontece. A Academia não dá a experiência que eles precisam, o estágio é completamente inócuo e quando eles assumem surgem os problemas. Nós que estamos há mais tempo, orientamos, mas o perito está em um local de crime e o colega mais antigo não está e o que ele viu e observou lá é suficiente para ele passar para um mais experiente para que possa concluir um trabalho bem feito. [...] Há o fator desmotivação que paira, pois o perito que está entrando agora por exemplo vai ver que eu estou aqui há trinta anos e nada mudou neste tempo, a ponto dele pedir exoneração.”

“A gente não tem dignidade para trabalhar, a falta de valorização da nossa função, mesmo com esse seriado CSI, não está bom para a gente. Estamos servindo de um “tapa buracos”, se a gente demora a chegar em um atendimento, o mundo cai em cima de você e ninguém entende que é sozinho para atender uma área que é maior que um município e muitas vezes o município tem seis delegacias e você tem que atender sozinho com seu fotógrafo, para andar extensões geográficas gigantes, debaixo de sol, de chuva e ninguém

está nem aí para isso. Não é tanto a quantidade de serviço, mas a falta de dignidade. Atualmente estamos trabalhando com poucos peritos, e destes alguns estarão se aposentando ou estão se preparando para sair do Instituto, que é o meu caso, estou em busca de outros concursos, pois não agüento mais isto aqui. Dos poucos que tem só alguns estão trabalhando realmente, operacionalmente. Muitos estão sendo assistentes de diretoria, de superintendência e quem trabalha na rua está “afogado”, com a corregedoria cobrando a entrega de laudos. Em termos de recursos humanos, o perito criminal não tem dignidade para trabalhar decentemente. [...] Nós não temos psicólogos, apoio para que se possa procurar um atendimento. Hoje nós, peritos criminais, estamos desvalorizados, saímos da Academia de Polícia e vamos para a rua trabalhar e os professores de lá acham que é tudo muito fácil, eles passam isso e a realidade não é essa. Os professores trabalharam na rua há muito tempo e hoje o índice de criminalidade é outro, o número de acidentes de trânsito é outro em relação à época em que eles trabalharam.”

O Instituto de Criminalística de São Paulo contava com 1073 peritos criminais, no dia 31 de dezembro de 2011, lotados em 54 equipes distribuídos em todo o Estado. Ressalta-se que o número de peritos compreende os profissionais que atuam no setor administrativo, como assistentes de diretoria, como assistentes da superintendência, encarregados de equipes, diretores, sendo que o número efetivo de peritos atuantes em atendimento de locais e em exames de peças e exames laboratoriais não foi fornecido pela Assistência Técnica da Superintendência de Polícia Técnico-científica. Foram solicitados 664.439 exames técnico- periciais e emitidos 478.026 laudos em 2011. Supondo-se que em cada equipe há uma média de 10 peritos criminais que atendem às solicitações de exames, cada perito produz aproximadamente 102 laudos por mês. Esse número foi grosseiramente calculado em virtude de carência de dados mais precisos.

Embora esta pesquisa seja genuinamente qualitativa, e a pesquisadora tenha assumido a postura fenomenológica, dados quantitativos se mostraram oportunos para serem citados visando compreender melhor as falas, no sentido de, com esse procedimento, apresentar a dimensão quantitativa da realidade que é descrita.

“Como perito, nós sempre desejamos que houvesse e está havendo, ou seja, hoje nós temos uma condição de trabalho, de equipamentos, de laboratórios que nos atendem mais do que quando nós entramos, há cerca de vinte e cinco anos, o material, haja vista que quando nós entramos, cada um tinha que comprar sua luva; todo o material que você tinha era

praticamente objeto pessoal e ultimamente o Estado está provendo essa situação e fornecendo equipamentos e materiais que até então você não tinha, ou seja, o entendimento das autoridades em relação à necessidade da perícia cresceu muito e isso aí tem levado a situações de melhor resultado em todos os trabalhos e todas as perícias que você faz. [...] Acredito que deveria ser feita uma avaliação perito por perito, pois existe a ilusão daqueles que vêem na televisão e acham bonito aquilo que o perito faz, mas sim haver uma formação e uma escolha, é difícil escolher uma pessoa moldada a um certo tipo de serviço, as pessoas vão se moldando e vão se sentindo mais confortáveis ou não dentro da situação em que lhe vai sendo imposta, haja vista a seção de crimes contra a pessoa, em que de dez peritos que entram, diria que metade não se sente confortável a partir do momento em que você começa a encontrar, por exemplo, em um dia só, três ou quatro cadáveres ou até mais, isso começa a incomodar o psique da pessoa, ou seja, a pessoa começa a ficar incomodada, trazendo transtornos mentais, fazendo a pessoa se afastar imediatamente. De uma peneira de cem pessoas, quais teriam habilidades mentais para lidar com as situações de cadáveres, de morte. Você, em um atendimento de local de crime, vai encontrar cadáveres, muito sangue no local, uma situação muito triste, nada agradável, então isso aí pode afetar a mente das pessoas e isso deveria ser levado em consideração quando do concurso. Diria até que colocar o candidato à prova para avaliar se seria possível este desafio.”

O desafio da atuação de perito é permanente e não está limitada ao conhecimento, mas amplia-se à sensibilidade, à vivência, à consciência de que é parte de tudo o que acontece no mundo em que vive. Conforme citado por Schutz (1979, p. 160), significa que “esse mundo não é só meu,” também não há um mundo delimitado especialmente para mim e nele vivo, “mas é, também, o ambiente de meus semelhantes; além disso, esses semelhantes são elementos da minha própria situação, como sou da delas”. Mas essa mutualidade, não é uma escolha, é uma realidade, é o caso do que a fenomenologia advoga, isto é, o estar enredado no mundo.

“Vejo que poderia ser feito trabalhos mais técnicos em cima de determinados núcleos, como por exemplo, núcleos de crimes contra a pessoa, onde os profissionais poderiam ser assistidos por profissional da área, dando um apoio aos mesmos, que trabalham com coisas assim, vamos colocar entre aspas, coisas pesadas. Acho que deveria haver mais preocupação com os peritos criminais que atuam na instituição, o que dá para se observar hoje é que existe uma grande preocupação material com equipamentos, viaturas e técnicas e pouco se

preocupa com o homem, com o ser humano perito criminal, ou qualquer outro integrante da equipe, poderia existir algo maior ao ser humano técnico e não somente os equipamentos para o técnico, como assistência à saúde mental do mesmo, como preocupação com centros de vivência, em cada núcleo poderia ter um centro de vivência, aproximar mais as famílias aos núcleos e a instituição em geral e tentar transformar esta instituição em uma grande família. Pode ser que isso venha acontecer um dia, não à curto prazo, mas à longo e médio prazo, pois começa a surgir uma preocupação dos dirigentes em relação aos profissionais.”

“Acho que deveriam treinar as pessoas para entrar na perícia, acho muito falho o processo seletivo de perito criminal, não está condizendo com a realidade, estão contratando pessoas totalmente especializadas que tem que trabalhar na rua com coisas que não há necessidade. Deveria haver uma mudança na seleção e no treinamento dos peritos criminais, não é para diminuir a capacidade da pessoa, mas selecionar pessoas com perfis para trabalhar na rua, para ter contato com pessoas e para isto não é necessário ser um especialista.”

“A instituição não preza pela meritocracia e o que é meritocracia, quando se há a avaliação pelos méritos, eu acredito que não há uma avaliação correta quando dos critérios para promoção. A escolha de pessoas para um cargo ou outro, as pessoas são escolhidas simplesmente pela política e existem pessoas que são muito capacitadas, que tem um potencial, tem muito conhecimento e poderiam muito bem estar naquele cargo ou função e estão encostadas em algum canto, sem reconhecimento. [...] isto está muito arraigado na cultura brasileira, na administração pública.”

Nesses discursos, a questão formal se mostra mais claramente, remetendo a Schikmann (2010) e Paula (2005) e analisando-se a releitura de Garcia (2010) porque faz uma aproximação entre a fenomenologia de Schutz (1979) e o pragmatismo de James. A partir de então, os desafios principais em um ambiente complexo, como as organizações públicas, em que a burocracia aliada à questão política torna o sistema engessado para a gestão de pessoas e o homem, no cotidiano, se torna objeto de relevante reflexão.

“Não sei se isso tem a ver com a carreira de perito criminal, mas como nunca fui servidor público e, agora sendo, eu vejo que existem muitas pessoas que são muito acomodadas e isso desanima quem chega com muita vontade, não sei se isso é específico da carreira, acredito que sejam características do serviço público. [...] Acredito em uma melhora futura, com concursos de seleção melhores, acho que é o único jeito, pois quem está

na chefia teria que mudar, assim como os funcionários que iriam para o lugar desta chefia que está na inércia, enfim é um ciclo, havendo comprometimento maior por parte deles. [...]”

“Há um descaso político com a nossa carreira, na verdade não só com a nossa área que é a segurança pública, mas tudo que é público, a saúde, educação, mas a segurança é muito mais grave, pois você não compra segurança, as pessoas às vezes falam ‘eu não uso servidor público, não uso hospital público, não uso o SUS, vou parar um convênio, tudo bem’, mas você pode pagar segurança pública? Vai chegar uma hora que do jeito que está, a impunidade vai ser tanta que as pessoas vão desacreditar, vão achar que a polícia é desnecessária, aí vai praticamente a democracia para o ralo, para o lixo, o estado de direito vai para o lixo, a liberdade vai para o lixo. [...] No caso dos peritos, estão num limbo, poderíamos ter menos trabalho e mais pesquisa, eu acho que o Instituto de Criminalística de São Paulo, em especial, por exemplo, não tem uma biblioteca, nunca foi criada, apesar da previsão, e digo mais, pesquisas não são realizadas, é pouco desenvolvida aqui, são coisas pontuais de colegas que eu conheço que fazem, por exemplo, o pessoal da balística eu sei que faz. [...] O profissional aqui do Instituto está muito desamparado no sentido de não ter investimento na pós formação, a gente sai da academia com um monte de informação e depois nós entramos simplesmente num processo de trabalho, de rotina, nós não somos valorizados neste aspecto de formação depois que sai da academia, muitas vezes não temos tempo para trabalhar num caso como a gente queria por causa do excesso de trabalho, eu acho que tudo isso se trata de política. O governo não está enxergando que a perícia é o futuro da polícia e o que está hoje em voga é a questão técnica, acabou aquela polícia de dar porrada e extrair confissão, a prova tem que ser técnica, tudo tem que ser muito imparcial, o poder judiciário é imparcial em muitos aspectos, ele tem que analisar prova técnica para formar a convicção dele, então eu acho que nós estamos desamparados em termos de recursos humanos, pois é um problema político e, também acho que o canal de comunicação entre a nossa instituição e o governo muitas vezes esbarra nessa questão, de não querer se indispor com o poder vigente, com o partido vigente, a gente não consegue muita coisa por isso.”

“Tem momentos em que eu acho que o Instituto de Criminalística vai colapsar devido à quantidade de trabalho que sempre aumenta e a quantidade profissionais que sempre diminui e não há perspectiva de que isso será corrigido e você vê que o número de vagas abertas em concurso é menor que a necessidade, pois muitos se aposentam, alguns se exoneram por algum motivo, outros estão afastados por motivo de doença, então nesse

sentido tenho essa sensação de que o IC vai colapsar, não só no trabalho de rua, mas também com relação às peças que chegam e a gente vê chegando caminhões de peças, peças de patrimônio e, eu acho que isso é muito complicado. [...] O governo tem que dar mais importância, ele investe em tecnologia, mas não investe no pessoal, ele diz ‘eu comprei um equipamento super famoso americano ou austríaco’, mas não dá o devido treinamento, ou quando dá, é apenas para um ou outro, então acho que o grande problema na perícia é a gestão de pessoal, com relação ao treinamento. [...] Eles não vêem muito o lado humano do perito criminal, vêem como uma máquina de fazer laudo, ‘vai lá e libera o local, faz e solta o laudo’, você não vê a condição de trabalho, não quer saber por que o perito não soltou o laudo no prazo, apenas quer o laudo, nem se importa com o que está escrito no laudo, apenas querem estatística, como número de laudos expedidos.”

Esse relato encaminha para preocupação de Mussak (2010), ressaltando a valorização dos empregados, a concepção de pessoas que trabalham para uma organização como parceiros “incentivados a participar das decisões, utilizando ao máximo o proveito de seu talento para obter a sinergia necessária ao seu desenvolvimento” (MUSSAK, 2010, p. 35) porque o outro, aqui manifesto não somente como uma pessoa ou um grupo — por exemplo familiar ou empresarial — aguarda, além do conhecimento técnico necessário, uma relação humana que traga segurança e tranquilidade.

“Eu acho que está muito difícil, parece uma loteria. [...] Eu acho que as pessoas que chegam ao cargo de chefia, ou chegam por meio de política, não se encontra aqui a meritocracia ou chegam pelo tempo, ou seja, a estrutura vai empurrando e isto é triste, pois no começo as pessoas se mostram dispostas a fazer algo pela instituição e pelos profissionais, tem intenção de mudar algo, mas quando chegam ao topo, acabam desanimando ou mesmo se acomodando, daí só pensam na aposentadoria”.

“Eu estou chegando próximo à aposentadoria e a princípio me incomodava, mas agora já nem tanto, pois estou voltado para a área de ensino, ministrando aulas de criminalística [...] Eu acho que o lado social e, muita gente não dá importância para este lado, acho que tudo que puder ser feito dentro das instituições, estamos falando particularmente dentro desta instituição, em termos de eventos que possam envolver as pessoas de uma forma social mais intensa será sempre bem vinda e isto irá enaltecer o nosso trabalho aqui dentro e através das relações entre as pessoas, não importando o cargo.”

A fala do entrevistado faz aparecer sua consciência das crescentes demandas da sociedade e da própria organização policial, a relevância de um estudo que possa clarificar a realidade do perito criminal na situação enfocada e a importância de oportunidades para autoconhecimento e conhecimento do outro, quando Gardner (1995), com sua proposta de inteligências múltiplas com ênfase nas relações interpessoais, pode contribuir para essa expectativa de cuidar do lado social dessas atuações periciais nesse desenvolvimento humano e profissional.

“Eu creio que a motivação não precisa ser monetária, claro que ajuda, mas acho que tem outras coisas, não adianta ter tecnologia e não ter treinamento como deveria ser; não adianta comprar tecnologia e não ter recursos humanos para operar. Acho que em primeiro lugar deveria ter motivação dentro da instituição, através de oportunidades com mais cursos e treinamentos para todos e não somente para alguns, o que é visível aqui na instituição, pois apenas alguns núcleos e alguns peritos têm esta oportunidade.”

“Conforme disse em toda essa conversa da gente, essa nossa carreira está sob o holofote grande da mídia, mas há um mito muito grande, pois as condições em que nós temos que trabalhar não são as que a população imagina que nós temos. Nós não somos Deus, o perito é um ser humano. [...] A gente é um profissional técnico, mas também, lidamos com o povo, lidamos com as pessoas, a gente lida com a dor dos outros e a gente entra na casa dos outros num momento em que é muito difícil para essas pessoas, então eu acho que neste sentido há que se ter tato para lidar com as pessoas, com a situação e aí a formação humana é muito importante. Teria que se ter um treinamento ou,pelo menos, uma padronização no modo como se comportar em situações como estas, na maneira de atender ocorrências.”

As manifestações em torno da formação humana foram crescendo como ponto crucial desta pesquisa, à medida que ela foi avançando no campo, pois, em algumas falas, ora contundentes, abertas, ora sensíveis, solidárias e esclarecedoras. Esses últimos depoimentos reportam a Lyotard (2008) explicando que o termo fenomenologia significa o estudo dos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, explorando a própria coisa que se percebe, no que se pensa, do que se fala, o laço que une com o Eu o que é fenômeno, no caso a situação das pessoas e o local sob investigação.