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Os cursos de formação e aperfeiçoamento de perito criminal, bem como das demais carreiras da polícia técnico-científica e da polícia civil são ministrados na Academia de Polícia Civil do Estado de São Paulo, sediada na capital.

3.3.1. O concurso para o ingresso e o curso de formação: os primeiros passos em busca da carreira.

Todos os profissionais do Instituto de Criminalística ingressam na carreira através de concurso público, que é realizado em duas fases — escrita e oral —, após a aprovação em ambas as fases, ingressa no curso de formação, cujo objetivo é formar o profissional perito criminal policial, com o foco para o profissional de execução da atividade-fim, que deverá estar em condições de atender às atribuições legais atinentes à carreira.

O curso de formação é ministrado na Academia de Polícia Civil de São Paulo, que possui duas secretarias, sendo a Secretaria de Curso de Formação e a Secretaria de Cursos Complementares (Aperfeiçoamento e Especiais).

O corpo docente da Academia de Polícia Civil de São Paulo é composto por profissionais das mais diversas carreiras, tanto da polícia técnica, polícia civil e da polícia militar, quanto da carreira jurídica e da sociedade civil.

No curso Formação Técnico-profissional para Perito Criminal, o tempo de duração de curso atualmente é de aproximadamente 2240 h/aula e as disciplinas ministradas são algumas

diretamente relacionadas com a atividade técnica a ser desenvolvida futuramente e outras relacionadas com administração e com humanidade: Administração de Pessoal, Administração de Material, Administração de Transportes, Armamento e tiro, Criminologia, Condicionamento Físico, Defesa Pessoal, Direito Administrativo Disciplinar, Direitos Humanos, Diversidade Étnico-racial, Polícia Judiciária, Ética Policial, Informática Policial, Gerenciamento de Crises, Psicodinâmica, História da Polícia, Introdução à Criminalística, Legislação de Trânsito, Levantamentos Técnico-Periciais (teoria e prática), Medicina Legal, Organização Policial, Metodologia de Pesquisa Científica, Papiloscopia, Polícia Comunitária, Socorros de Urgência, Redação Oficial Policial, Relações Públicas (Gestão da Imagem Institucional, Gestão de Atendimento ao Público, Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho, Cerimonial e Protocolo), Técnicas Audiovisuais Policiais, Técnicas de Abordagem, Técnicas de Estruturação e Redação de Laudos, Telecomunicações, Perícias em Locais de Crimes Contra o Patrimônio, Legislação de Trânsito Aplicada à Perícia de Acidentes de Trânsito, Cálculos Aplicados em Perícias de Acidente de Trânsito, Exame de Componentes de Veículos, Exame de Local e Reconstituição da Dinâmica de Acidentes de Trânsito, Identificação Veicular, Física Forense, Biologia Forense, Química Forense, Balística, Toxicologia Forense, Documentoscopia, Perícias em Locais de Crimes Contra a Pessoa, Perícia em Crimes Contra o Meio Ambiente, Engenharia Forense, Perícias de Informática, Identificação Criminal — Áudio e Vídeo e Fonética Forense —, Introdução à Perícia Contábil, Normatização de Laudos — Locais de Crimes e Perícias de Laboratório e Novas Metodologias e Equipamentos. As disciplinas ministradas nos cursos de formação constam de documento interno da Secretaria de Formação da Academia de Polícia Civil Dr. Coriolano Nogueira Cobra e são regulamentadas pela Seção III dos artigos 81 a 83 da Resolução SSP nº 104 de 05 de julho de 1983.

Além das disciplinas, há palestras diversas e estágios supervisionados realizados nas diversas unidades do Instituto de Criminalística no Estado de São Paulo.

Dentre as disciplinas ministradas, as que estão relacionadas com humanidade são: Relações Públicas, que têm inserido dentre os tópicos Gestão de Atendimento ao Público, Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho, Direitos Humanos e Diversidade Étnico Racial.

A relação entre gestão de pessoas e conhecimento é cada vez mais forte em que se pesem as peculiaridades do setor público, essa questão é comum ao público e ao privado, porque, conforme enfatiza Martins (2009) em seu livro “Trabalho Paradoxal” a atualização do conhecimento é fundamental para manter o capital intelectual e para atrair e reter pessoas aptas a atender ao desafio da era do conhecimento reportando à educação continuada como uma estratégia fundamental.

Os cursos complementares ministrados na Academia de Polícia são os mais diversos; entretanto, para a carreira de Perito Criminal bem como para as demais carreiras da polícia civil e técnico científica, há o Curso Específico de Aperfeiçoamento destinado aos que almejam a promoção de 3ª Classe para a 2ª Classe e da 1ª Classe para a Classe Especial.

Para o Curso Específico de Aperfeiçoamento, são ministradas as disciplinas: Polícia Judiciária e Constituição, Legislação Aplicada, Direito Administrativo Disciplinar, Normalização de Laudos, Elaboração e Revisão Documental, Coleta de Provas Objetivas e Novas Tecnologias, Perícia do Meio Ambiente, Identificação Pela Voz Humana, Balística Forense, Química, Identificação Pelo DNA, Crimes Eletrônicos, Física, Desastre de Massa, Documentoscopia, Toxicologia, Crimes Contra a Pessoa, Crimes Contra o Patrimônio, Administração de Pessoal, Qualidade em Atendimento ao Público, Direitos Humanos, O Trabalho Policial Civil e a Diversidade Étnico-racial, Ética Policial, Polícia Comunitária, Criminologia, Armamento e Tiro, Prevenção de Acidente no Trabalho Policial, Neurociência, Metodologia da Pesquisa Científica e atividades complementares, tais como palestras. As disciplinas ministradas nos cursos de aperfeiçoamento constam de documento interno da Secretaria de Cursos Complementares da Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira Cobra e são regulamentadas pelos artigos 33 a 56 da Resolução SSP nº 104 de 05 de julho de 1983.

Especificamente para as carreiras da polícia técnico-científica, são ministrados cursos de curta duração, os quais denominados Cursos Especiais e que se destinam aos peritos para manuseio de novos equipamentos e quando da implantação de novos métodos e procedimentos.

As organizações de diversos setores têm procurado, com o advento dos avanços tecnológicos, dos avanços culturais, da globalização, avançar nos temas relacionados com gestão de pessoas, principalmente na área de treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E), conforme preconizado por Vargas, Miramar e Abbad (2006).

3.3.3. Introdução a bases conceituais acerca de TD&E

Alguns conceitos básicos acerca de treinamento, desenvolvimento e educação são aqui relacionados para que se viabilize a contextualização histórica e funcional na área de aprendizagem humana nas organizações e, no caso, do que trata esta pesquisa, em específico, que é da natureza da perícia criminalística.

Goldstein e Nadler, citados por Vargas e Abbad (2006), definem que treinamento se relaciona à melhoria de desempenho no trabalho atual. Sintetizado por Vargas e Abbad (2006),

[...] corresponde a eventos educacionais de curta e média duração compostos por subsistemas de avaliação de necessidades, planejamento instrucional e avaliação que visam à melhoria do desempenho funcional, por meio da criação de situações que facilitem a aquisição, a retenção e a transferência da aprendizagem para o trabalho. A documentação completa de um evento educacional dessa natureza contém a programação de atividades, textos, exercícios, provas, referências e outros recursos (VARGAS E ABBAD, 2006, p. 140).

Mussak (2010) diz que o treinamento não só corrige as deficiências de desempenho detectadas no sistema organizacional, mas também desenvolve as potencialidades e habilidades dos recursos humanos existentes na organização.

Nadler, ainda citado por Vargas e Abbad (2006), desenvolvimento é definido como aprendizagem voltada para o crescimento individual, sem relação com o trabalho específico, enquanto os autores definem como:

[...] conjunto de experiências e oportunidades de aprendizagem proporcionados pela organização e que apóiam o crescimento pessoal do empregado sem, contudo, utilizar estratégias para direcioná-lo a um caminho profissional específico. Gera situações similares aos demais tipos

de ações educacionais, porém, neste caso, constituem-se apenas em ferramentas de apoio e estímulo a programas de auto-desenvolvimento como os de qualidade de vida e gestão de carreira (VARGAS E ABBAD, 2006, p. 141).

O treinamento e o desenvolvimento, segundo Mussak (2010), são processos de aprendizagem, sendo que o desenvolvimento está mais associado a programas de qualificação de pessoal e de resultados no longo prazo.

Educação, definido por Nadler e citado por Miramar e Abbad (2006), é a aprendizagem para preparar o indivíduo para um trabalho diferente, porém identificado, num futuro próximo. Sintetizado, é definido como

[...] programas ou conjuntos de eventos educacionais de media e longa duração que visam à formação e qualificação profissional contínuas dos empregados incluem cursos técnicos profissionalizantes, cursos de graduação, cursos de pós-graduação latu sensu (Especialização) e stricto sensu (mestrado profissional, mestrado acadêmico e doutorado) (VARGAS E ABBAD, 2006, p. 142).

Com a educação, o homem recebe as influências do meio e aprende convivendo; pelo ensino, desenvolve habilidades e aprende conhecendo e, pelo treinamento, reformula e modifica atitudes e aprende fazendo (MUSSAK, 2010).

Em uma organização destinada à realização de exames técnico-científicos, caso do Instituto de Criminalística, faz-se necessária a atualização contínua. Com o desenvolvimento tecnológico em ritmo acelerado, o aperfeiçoamento do conhecimento e das habilidades das funções é de fundamental importância.

Segundo Mussak (2010), os principais objetivos de um programa de treinamento são:

· preparar o pessoal para a execução imediata das diversas tarefas peculiares à organização;

· proporcionar a oportunidade para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas em seus cargos atuais, mas também em outras funções para as quais a pessoa pode ser considerada;

· mudar a atitude das pessoas, com várias finalidades, entender quais podem criar um clima satisfatório entre os colaboradores, aumentar-lhes a motivação e torná-los mais receptivos às técnicas de supervisão e gerência.