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Considerações Finais

No documento Educação física escolar (páginas 148-152)

Nesse momento é importante destacar e reforçar o caráter que nor- teou a pesquisa. Como apresentado, houve um grande levantamento de da- dos, visto que se trata de um total de vinte edições do mais relevante evento científi co dedicado à Educação Física. Assim, é fundamental ressaltar que objetivamos disponibilizar tais dados para fomentar pesquisas futuras, em decorrência da riqueza e relevância desse material. Desta forma, entendemos ser adequado apontar possibilidades relevantes com as quais nos deparamos ao longo do processo.

Em primeiro lugar, salta aos olhos o grande percentual de pesquisas relacionadas à temática ESCOLA nas edições do CONBRACE. Parece óbvio que, por ser uma temática que compõe a construção histórica da Educação Física brasileira, o espaço da pesquisa também foi historicamente demarcado. Tendo a primeira edição do CONBRACE ocorrido no mo- mento histórico em que a Educação Física possuía uma formação única e

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generalista, foi identifi cado um grande volume de trabalhos que, embora realizados no contexto escolar, discutiam temas como detecção de talentos, treinamento, fi siologia, saúde e outros.

Assim, paralelo à delimitação de áreas temáticas e pesquisas diversas, a Escola, de maneira transversal, se tornou relevante e presente nos diversos campos de estudo da Educação Física, ligados tanto às Ciências Humanas (Sociologia, Filosofi a, Psicologia, Antropologia, Epistemologia, Educação, Pedagogia, História, Geografi a, Comunicação e Informação, Arte),quanto às Ciências Biológicas e Exatas (Fisiologia, Anatomia, Bioquímica, Física, Estatística, Biomecânica, Cinesiologia).

A forma de construir pesquisa, “pensar” ou “refl etir” sobre o tema da Educação Física na Escola expressa diversos sentidos e fi nalidades ao se considerar o conjunto das publicações dos Anais, ao longo de vinte edi- ções de CONBRACE. Como exemplo, lembramos que a modalidade “re- latos de experiência” tem sido basicamente ocupada por trabalhos ligados à Educação Física Escolar. Uma questão interessante seria compreender as razões pelas quais tal modalidade tem sido predominantemente requisitada pelos autores que estudam essa temática.

Dentre as tendências que identifi camos, uma, diz respeito às regiões onde ocorreu o CONBRACE. Notadamente, algumas regiões que sediaram o evento demonstram uma produção mais volumosa que as demais em relação às discussões que abordam a Escola e seu universo. Avaliamos que seria de grande valia identifi car as possibilidades que convergem para este resultado. Pretendemos, na continuidade da pesquisa, realizar o levantamen- to relativo ao número de cursos de Licenciatura em Educação Física por região. Assim como, verifi car os grupos de estudo e pesquisa que contribuem com os trabalhos sobre Educação Física Escolar, além de realizar verifi cação semelhante em relação aos Programas de Pós-Graduação em Educação e Educação Física que participam com frequência do CONBRACE. Teremos assim a compreensão da origem das pesquisas e as características que pos- suem. São oriundas de grupos e/ou Programas de Pós-Graduação que participam frequentemente? Em qual percentual? E quais surgem apenas relacionadas à região em que o CONBRACE ocorre? Em qual percentual este grupo “fl utuante” surge?

Outra pergunta que pode ser feita se inscreve, historicamente, ao longo dos quarenta anos que o CONBRACE ocorre. Ou seja, como as pes- quisas se relacionam com as mudanças na área? Entendemos ser impossível separar o quanto o evento infl uenciou e o quanto foi infl uenciado pelas mu- danças em relação às concepções de Educação Física Escolar. Mas o material

Capítulo 9 – A produção em Educação Física Escolar publicada nos Anais do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (1979 a 2017)

coletado nos possibilita observações interessantes como: o afastamento de determinados objetos, a ampliação de perspectivas, a inserção de debates e temáticas que foram se fortalecendo, como a discussão sobre Gênero.

A primeira vez que um trabalho com o tema “Gênero” surgiu nos Anais foi na edição de 1995. Tendo decorrido pouco mais de duas décadas foi necessário instituir um GTT dedicado exclusivamente às pesquisas de Gênero. Assim, é lícito supor que as discussões que ampliam ou perdem a relevância possuem um percurso e um movimento histórico que mere- cem maior aprofundamento, o que nos ajudaria a compreender melhor o contexto de ruptura e continuidade em relação aos temas de pesquisa e seu processo de consolidação no campo.

Além das mudanças internas ao campo da Educação Física, como a infl uência do movimento renovador, do pensamento crítico, dos estudos ligados às Ciências Humanas e o crescimento da Pós-Graduação, podemos estabelecer nexos com os movimentos políticos e sociais provenientes das tensões e confl itos que caracterizaram esses últimos quarenta anos, como um período de luta pela democratização de uma escola pública, gratuita, inclusiva, laica, plural e de qualidade socialmente referenciada.

As políticas governamentais tais como, o “Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID)”, o “Programa Segundo Tempo”, o “Mais Educação”, as bolsas de extensão e pesquisa para os estudantes de graduação, e demais programas governamentais estaduais e municipais que foram direcionados à Educação Física na Educação Básica, também contri- buíram para o aumento da pesquisa e de refl exões sobre a prática pedagógica acerca da Educação Física Escolar.

Apresentamos aqui algumas tendências e questionamentos iniciais, que serão ampliadas, visto o enorme potencial do material acumulado nesses quarenta anos de CBCE. Trata-se, como dito, de um movimento inicial de pesquisa que desvelou um caminho potencialmente rico para a produção de conhecimento da Educação Física Escolar Brasileira.

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