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Ao término do presente estudo, fica a sensação de que não se chegou ao fim, mas sim ao ponto inicial de uma nova atividade. Aliás, na introdução, o leitor já fora advertido de que não se buscava verdades absolutas e definitivas, mas tão somente questionam entos acerca da função do princípio constitucional da proporcionalidade em sede de interpretação dos direitos fundam entais.

Assim , na medida em que a pesquisa evoluiu, este sentim ento tornou-se mais nítido, posto que a cada conclusão abria-se um a série incontável de novas indagações, o que não surpreende, m as ajuda a reforçar a idéia de que uma obra desta natureza jam ais se conclui. Sim plesm ente, é preciso decretar, arbitrariam ente, o seu fim.

De modo que, por inúm eras vezes, intencionalm ente, e por am or ao proposto, deixou-se de discorrer sobre novas indagações conexas ao tema, que daria, por certo, tantas outras teses.

As considerações, portanto, a serem feitas neste m om ento, são, por óbvio, provisórias.

1) Viu-se que o term o Constituição é ambíguo e polissêm ico e pode ser estudado, num a concepção unilateralista, sob os aspectos sociológicos, político ou jurídico.

2) Do ponto de vista sociológico, na definição de FERDINAND LA SSA L L E , a C onstituição de um país não passa da soma dos “fatores reais de poder” , que, no seu entendim ento, são as oligarquias, a grande burguesia, as massas proletárias, a igreja, os banqueiros, os grandes latifundiários, a consciência coletiva nacional e a cultura intelectual. N a visão política do termo, SCH M ITT a entende com o “um a decisão política fundam ental” , cujo fundam ento de validade deriva de um a vontade política que a antecede. Já o aspecto jurídico a Constituição apresenta- se, essencialm ente, com o norm a jurídica, uma norma fundam ental ou lei fundam ental que trata da organização do Estado e da vida jurídica do país. Esta concepção é defendida por H A N S KELSEN.

3) C ontrapondo-se ao sociologism o de LA SSALLE, o decisionismo de SC H M ITT , e o norm ativism o de KELSEN, desenvolveu-se, num a concepção culturalista-valorativa, os conceitos de Constituição em SMEND, que foi o criador da visão integrativa da C onstituição; HELLER, que, por sua vez, desenvolveu o conceito de Constituição total, na qual aparecem, complem entando-se, reciprocam ente, a parte norm ada e não normada da Constituição. Por fim HESSE, escreve acerca da separação entre a Constituição real e a Constituição jurídica.

4) A idéia de sistem a é im prescindível para uma adequada com preensão na Ciência do D ireito. Pois apenas o sistema garante conhecim ento, garante cultura.

5) A concepção de sistema desenvolvido por C A N A R IS oferece condições de sustentar a idéia de sistem a ju ríd ic o para todo o Direito, principalm ente por desenvolver duas características perm anentes: a ordenação e unidade.

6) CANARIS repele os sistemas externos, os sistem as de puros conceitos fundam entais, os sistemas lógico-form ais, pois todos não se m ostram suficientes para responder aos postulados da unidade e da ordenação do D ireito.

7) Pode-se definir o sistema com o um a ordem axiológica ou teleológica de princípios de Direito, na qual o elem ento de adequação valorativa se dirige mais à característica de ordem teleológica e o da unidade interna à característica dos princípios gerais.

8) A idéia de sistema jurídico axio-teleológico é a que m elhor resolve os problem as de possíveis conflitos entre direitos fundam entais, pois procura, à partir de um a visão valorativo-teleológica solucionar o caso concreto, sem prescindir da segurança jurídica.

9) Os direitos fundam entais são valores precípuos plasm ados em um a Constituição e traduzem, pois, as concepções filosófico-jurídicas aceitas por um a determ inada sociedade em um certo m om ento histórico.

10) Inúmeras são as classificações dos direitos fundam entais. Na Constituição Brasileira de 1988, pode-se classificá-los em: direitos individuais (art. 5o), direitos coletivos (art. 5o), direitos sociais (art. 6o. 193 e ss), direitos à nacionalidade (art. 12) e direitos políticos (art. 14 a 17). Existe ainda a classificação em direitos políticos, direitos individuais e direitos sociais.

jurídico, servindo de fundam ento de validade de todas as demais normas.

12) As norm as constitucionais classificam-se em: normas constitucionais de eficácia plena, norm as constitucionais de eficácia contida e normas constitucionais de eficácia lim itada. Noutra classificação têm-se: Normas constitucionais de organização, norm as constitucionais definidoras de direito e normas constitucionais program áticas.

13) Norm a de direito fundam ental são aquelas que são expressas através de disposições jusfundam entais contidas no texto da lei fundamental. Adverte-se, contudo, que existem norm as que, em bora contidas form alm ente no texto constitucional, não são norm as de direito fundamental consideradas m aterialm ente.

14) As norm as distinguem -se em regras e princípios. Esta distinção constitui a b ase e a fundam entação da solução dos problemas centrais da dogmática dos direitos fundam entais, em especial, a solução dos conflitos entre os direitos fundam entais ou entre estes e outros bens constitucionalm ente protegidos.

15) As regras são norm as que podem ser cum pridas ou não. Se uma regra é valida, então, faz-se exatam ente o que ela exige, nem mais nem menos.

16) Os princípios ordenam que algo seja realizado na m aior medida possível, d entro das possibilidades reais existentes. Portanto, os princípios são m andatos de otim ização, que são caracterizados pelo fato de poderem ser cumpridos

em diferentes graus e na m edida devida de seu cum prim ento, não dependendo som ente das possibilidades reais senão também das jurídicas.

17) O conflito entre regras é solucionado no plano da validade. Por outro lado, o conflito entre princípios, diferentem ente das regras, ocorre no plano do peso e não da validade.

18) A colisão entre direitos fundam entais dá-se em duas hipóteses: o exercício de um direito fundam ental, colide com o exercício de outro direito fundam ental, ocorrendo a colisão entre os próprios direitos fundam entais, ou quando um direito fundam ental colida com a necessidade de preservação de um bem coletivo ou um interesse do Estado, protegido constitucionalm ente.

19) Assim, em face de uma ordenação abstrata de bens constitucionais, bem como o caráter principiai de m uitas norm as de direito constitucional, sobretudo as normas consagradoras de direitos fundam entais, a ponderação associada ao princípio da proporcionalidade assum e enorm e relevo no direito constitucional, como meio hábil e eficaz para a solução de conflitos.

20) Os direitos fundam entais não são ilim itados. A necessidade de restringi-los advém das relações que o homem m antém com outros hom ens e com bens coletivos.

21) Uma sistem atização das restrições dos direitos fundam entais, conform e a Constituição Federal de 1988, com porta um a classificação em restrições diretam ente constitucionais, restrições indiretam ente constitucionais e restrições tácitas constitucionais

22) U m as das relevantes funções do princípio da proporcionalidade é , através dos seus subprincípios da adequação, necessidade e proporcionalidade estrito senso, dosar as restrições dos direitos fundam entais protegendo os cidadãos.

23) O princípio da proporcionalidade pode derivar do Estado Dem ocrático de D ireito, dos D ireitos fundam entais, ou, ainda, do Devido Processo Legal.

24) No caso brasileiro, o princípio da proporcionalidade, embora não expresso, flui do espírito do § 2o do art. 5o da Constituição Federal de 1988. Adem ais, a própria jurisprudência do Suprem o Tribunal Federal reconheceu, em inúm eros julgados, a vigência do sobredito princípio em nosso ordenam ento jurídico-constitucional.

25) Os princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade são tratados na doutrina com o sinônim o. A ssim , ao princípio da proporcionalidade como construção dogm ática dos alem ães corresponde, nada mais, do que o princípio da razoabilidade dos am ericanos.

26) A interpretação constitucional é espécie do gênero interpretação jurídica, porém revestida de características e critérios peculiares, derivados, especialm ente, da natureza das notas distintivas das disposições constitucionais.

27) O princípio da proporcionalidade exerce o papel de princípio de interpretação constitucional, ao cum prir a função orientadora do trabalho do herm eneuta ,na busca de solução para os conflitos entre direitos fundam entais, quando não se podem hierarquizá-los. V alendo-se dos seus subprincípios da

adequação, necessidade e proporcionalidade no sentido estrito, o intérprete poderá d efinir qual dos direitos colidentes deverá prevalecer no caso concreto;

28) Conclui-se, portanto, que o princípio da proporcionalidade exerce um im portante papel na estrutura jurídica-constitucional brasileira,

especialm ente, como instrumento de interpretação, toda vez que ocorrem antagonism os entre os direitos fundam entais, fortalecendo, por conseguinte, o Estado D em ocrático de Direito e protegendo os direitos fundam entais do cidadão.