• Nenhum resultado encontrado

Quadro III Prof Pré-requisitos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o que foi pesquisado e os dados obtidos podemos responder às nossas questões de pesquisa como também concluir que o curso de Licenciatura em Matemática a Distância pode ser viável, mas ainda enfrenta muitas dificuldades em termos operacionais, em termos metodológicos e em especial de preparação para atuar como professor nesses cursos.

Conforme nossa primeira questão da pesquisa sobre quais são as estruturas tanto operacionais quanto pedagógicas dos cursos de Licenciatura em Matemática a distância respondemos que:

As propostas curriculares das duas instituições não tem uma característica própria para a EaD, são as mesmas do ensino presencial e com os mesmos objetivos, assim concluímos que para um curso a distância que precisa de características diferentes do ensino presencial, deveríamos sim ter propostas curriculares e objetivos próprios para a EaD.

Os modelos que foram abordados por Peters (2004, p.73-83), devem ser bem delimitados para cada tipo de curso proposto pela instituição e principalmente o que ela pretende abranger, pois dependendo da proposta de atuação, a escolha de um modelo errado pode causar não só perda de tempo e dinheiro pela instituição, mas acarretará no insucesso do curso. Como o Brasil é um país de dimensões continentais não só pelo seu território, mas também pelos seus problemas sócio-econômicos, alguns modelos tornam-se insuficientes ou inadequados, para a região onde é oferecido.

As universidades que oferecem cursos a distância em Matemática, ou de Licenciatura ou Bacharelado, em sua maioria, oferecem cursos dentro de suas próprias regiões ou em alguns casos fecham parcerias com determinadas regiões com instituições locais para desenvolver determinados projetos.

Em nossa análise, consideramos que os cursos de Licenciatura em Matemática a Distância, das instituições A e B, precisam modificar alguns de seus tópicos para ter sucesso, como por exemplo, os materiais propostos pelas instituições. Estes materiais deveriam estar sempre de comum acordo com os objetivos do curso de cada instituição, a elaboração tem que ser feita ou ter a participação direta dos professores que irão ser os titulares destas disciplinas, ocorrerem debates entre os professores, para que seja realmente um material de qualidade e que desperte no aluno a motivação, tornando-o mais autônomo.

Outro ponto que pode ser decisivo para o sucesso ou fracasso do curso de Licenciatura em Matemática a Distância é a atuação do tutor, pois é a “peça chave” dentro do modelo de qualquer educação a distância, eles são “a ponte” entre o professor e o aluno.

O ideal seria ter um tutor para cada disciplina, pois assim os professores e os tutores teriam um trabalho mais direcionado para cada ponto em questão de sua disciplina, contudo, isto demanda valores muito altos que acabam tornando inviáveis os cursos a distância. No curso da instituição A existe um tutor geral por pólo, este tutor serve tanto pra álgebra, como para disciplinas de educação e três tutores locados na própria instituição.

Com relação à instituição A podemos fazer uma síntese destacando dois pontos seguintes:

Em relação ao modelo que foi escolhido, está de acordo com sua realidade, pois com um número muito grande de alunos, utilizar o modelo híbrido de Peters (2008, p. 83) é o mais indicado, pois o próprio curso prevê encontros presenciais entre os professores.

Em relação ao material impresso é muito bom como guia de estudos, vantagem é que alguns professores que lecionam no curso participaram da elaboração deste material, contudo devemos ressaltar que este material já tem quatro anos e precisa ser atualizado.

Com relação aos pólos, onde estão os alunos e os tutores locais, precisam ser mais bem equipados de acordo com os professores, estes pólos não têm condições para abrigar os alunos, falta um número maior de computadores para que os alunos possam trabalhar, pois em sua maioria estes alunos não possuem computador próprio. O serviço de conexão de internet é muito fraco, mas este problema é devido à região onde se encontra o programa.

Em relação à instituição B, temos sempre que lembrar que este é um projeto piloto, o curso é voltado para o modelo baseado na rede de Peters (2008), é facilmente compreendido, porque possui um número reduzido de alunos (hoje cerca de 20 alunos) e a possibilidade de se realizar discussões por fóruns e chats no ambiente virtual é muito maior.

A utilização do ambiente é muito grande em todos os sentidos, já que os materiais ficam disponíveis no ambiente, os alunos podem consultar a todo o momento e não precisam imprimir.

Não existe contato face a face com os professores com momentos presenciais preestabelecidos, entretanto como os professores são os tutores, quando os alunos necessitam de auxílio marcam com os professores, isto não anula a essência do modelo de rede, pois neste modelo está prevista a existência de tutores, para trabalhar direto com os alunos.

De acordo com nossa segunda questão de pesquisa sobre as dificuldades e possibilidades de formar professores a distância, responderemos que:

Existe a possibilidade sim de formar um professor a distância de qualidade, mas não basta apenas que as instituições estejam bem preparadas, é preciso que o professor e os alunos estejam conscientes de suas responsabilidades.

O professor busca passar de um contexto de centralizador para um parceiro do aluno, em que deve modificar-se não só no âmbito de suas metodologias, mas também de como irá elaborar novas estratégias para que os alunos realmente possam despertar para a educação a distância. Mas isso é simples e fica ainda mais difícil porque o trabalho realizado pelos professores ainda é muito isolado.

Os professores da instituição A, ainda estão muito ligados nos recursos do ensino tradicional, pois para muitos as vídeoaulas são a grande saída para auxiliar os alunos, em parte estes professores estão corretos, pois é muito complicado com um número muito grande de alunos, dar a atenção que é necessária aos alunos de EaD, contudo este expediente tem que ser apenas uma ferramenta para agregar e não o ponto principal.

Ou seja, uma boa formação de professores de Matemática a distância é necessária no sentido de que mudem também os hábitos trazidos consigo do ensino presencial que Belloni (2008, p.79) denomina como ensino convencional, é preciso uma grande modificação, não só acadêmica, mas também uma mudança em seu comportamento diante dessas dificuldades.

Os professores precisam se modificar para se adaptar a esta nova realidade; para Peters (2004, p. 72), os professores terão um novo papel neste novo modelo. O professor tem um cenário diferente para desenvolver seu papel.

Nessa mesma direção, Fiorentini (1994), ressalta o papel do professor no ensino presencial, que pode ser aceito também no ensino a distância.

O professor deixa de ser elemento fundamental do ensino, tornando-se orientador e facilitador da aprendizagem. (Fiorentini,1994, p.9)

Sabemos que isto não é uma tarefa fácil, pois estamos falando de uma modificação quase que total no modo pelo qual o professor participa e concebe a educação.

Para alguns professores trata-se mesmo de uma mudança radical; podemos observar que Belloni (2008, p. 83-84) coloca quais serão as funções que os professores deverão seguir e como serão suas condutas frente a esse desafio, isto gera alguns pontos de reflexão, como exigir dos professores essas modificações se os mesmos são formados em cursos que não priorizam tais atributos, ou estes professores só tiveram experiências em sistemas de ensino presencial ou tradicional.

Alguns destes questionamentos são abordados por boa parte da comunidade acadêmica, para discutir se os cursos em educação a distância em especial o de Licenciatura em Matemática são capazes de formar profissionais gabaritados ou apenas mais uma forma de ganhar dinheiro pelas instituições e banalizar o ensino.

O maior problema na instituição A são os tutores locais, estes profissionais são muito mal preparados para assumir o cargo, em sua grande maioria quase no mesmo nível dos alunos.

De acordo com Silveira (2005), a função do tutor é muito importante e sua formação teria que ser a melhor, pois são os elos entre professor e aluno.

O Tutor teria uma formação acadêmica definida por sua experiência em educação, sua titulação acadêmica e seu conhecimento didático- pedagógico. (Silveira, 2005, p.4)

Outro ponto importante que diminuiria a dificuldade refere-se ao professor participar do designer dos ambientes, pois serão os professores junto com os alunos que irão trabalhar e se comunicar através deste ambiente.

Os professores das duas instituições abordaram durante o decorrer de suas disciplinas que uma das grandes dificuldades encontradas foi a falta de base dos conhecimentos matemáticos anteriores dos alunos, não só no que diz respeito ao conhecimento dos níveis fundamental e médio, mas também das disciplinas que se sucedem no decorrer do curso. Os alunos, segundo os professores, não conseguem acompanhar a contento os conteúdos

ministrados, não conseguem se apropriar dos conhecimentos ou por dificuldades mesmo em estudar, pois é fato que estudar sozinho, disciplinas como Cálculo, Álgebra e Geometria é uma tarefa difícil, mas não impossível. No entanto, não apresentaram propostas para superar esses problemas, que também é frequentemente mencionado quando se trata de ensino presencial. Há uma tendência forte de se colocar grande peso na chamada “falta de base”, o que não resolve os problemas.

Com relação aos alunos, parece-nos faltar maior diálogo no sentido de que os professores esperam dele e o que eles esperam dos professores, como também uma clara definição dos papéis de cada um. O aluno precisa ser realmente um planejador de seu tempo, educação a distância, demanda um tempo bem delimitado, deverá ter horas em seu dia para estudar em casa ou no trabalho, tempo para entrar no ambiente discutir nos fóruns e chats com os alunos e professores, situação em que o tutor pode exercer este papel junto com o aluno.

Em muitos casos a educação a distância é oferecida como “estude em seu tempo livre” ou “apenas duas vezes na semana você pode estudar”, no decorrer do curso o aluno descobre que o curso demanda sim muito esforço e dedicação e pesquisa, pois na EaD o professor é um parceiro dos estudantes no processo de construção do conhecimento e o aluno é o ator principal. (Belloni 2008, p.81)

Remetemos-nos agora a nossa última questão que são as lições que os professores levaram desta experiência.

O que fica mais evidente na prática dos professores é o fato que sua organização de conteúdos ficou melhor, os professores começaram a observar as disciplinas como um todo e não apenas como tópicos fragmentados.

Alguns professores descobriram novas técnicas e como estimular os seus alunos do ensino presencial a serem mais autônomos, os professores não restringem mais suas aulas apenas em seus horários regulares, com o uso de

ambientes virtuais que são utilizados na EaD, os professores também os utilizam em suas turmas presenciais para dar continuidade em suas disciplinas em forma de pesquisas, discussões e listas de exercícios, o que antes era apenas possível realizar na hora da sua aula.

Agora podemos concluir que é possível sim ter um curso de qualidade, basta que as instituições tenham bem sedimentados seus projetos pedagógicos, quais os reais objetivos que pretendem realizar, qual é o seu público alvo. Antes de designar os professores, capacitá-los de acordo como mandam os objetivos propostos pela instituição para o curso, elaborar junto com os professores quais as metodologias que deverão ser utilizadas e os materiais devem ser de qualidade e não apenas recortes de livro.

É preciso ter como objetivo, que um aluno a distância tem necessidades e focos diferentes dos alunos do ensino presencial, este aluno deve ser estimulado a ser um autodidata, saber pesquisar é o grande objetivo dos cursos a distância e como fazer que estes alunos sejam assim?

O aluno deve ter a consciência que ao optar por um curso a distância, suas responsabilidades se modificaram, para adentrar neste modelo é preciso ter maturidade.

Após a análise dos fatos acima apresentados que discutem as dificuldades no ensino da Matemática a distância, ainda há pontos que devem ser observados pela perspectiva das vantagens do EaD, modelo que apresenta inúmeras oportunidades de fazer chegar democraticamente o conhecimento a um maior número de indivíduos. Entre esses pontos estão: a visão do aluno pela sua formação; a adequação das instituições à nova realidade de ter alunos em toda a parte do Brasil; as logísticas para a realização destes cursos; a preparação dos professores para este desafio; as tecnologias mais eficientes a ser utilizadas nesse processo; e as melhores estratégias didáticas para o ensino a distância.