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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES DO TEMA

1.2.7. Modelo de ensino em sala de aula estendido tecnologicamente

Este modelo foi desenvolvido nos Estados unidos e ficou popular principalmente nos últimos anos, especialmente em organizações com mais de um campus. Temos que tratar dele aqui porque também é chamado de “educação a distância”. O arranjo típico é como segue: um professor dá uma aula em sala de aula (ou estúdio) da faculdade e as aulas ou instruções são transmitidas para duas ou mais salas de aula por meio de cabo, satélite ou sistema de videoconferência. Desta forma um único professor pode dar aula para várias turmas, deixando o processo mais econômico. É vantagem por ser instrução ao vivo e síncrona.

Esta é uma modalidade estranha e, para os especialistas em educação a distância, é diferente seu meio de existir. Rubin apud Peters (2004, p. 81): “este modelo se baseia no princípio da sala de aula estendida”. Pressupõe-se que o “melhor” modelo para ensinar ou para fazer um curso universitário é o modelo usado nas universidades tradicionais. Em quase todas as universidades dos Estados Unidos isso significa que um palestrante fica na

frente de um grupo de estudantes. O que acontece nas salas de aula varia de curso a curso, mas é sempre interativo e em tempo real. O ensino a distância se baseia em teleconferência e tenta imitar estes modelos, e por razão, os critérios “grupo”, “interação” e “tempo real” são decisivos.

Rubin (2004), que também se familiarizou com sistemas de educação a distância que existem fora dos Estados Unidos, admite as desvantagens deste modelo. Não é tão eficiente quanto normalmente se espera do ensino a distância, porque o tamanho das turmas que podem ser conectadas e o número delas são ilimitados. A eficiência aqui tem a ver apenas com não ser uma palestra em cada uma das salas conectadas. Não é possível sequer falar simplesmente de ensino em sala de aula estendida, porque os alunos nas salas de aula conectados frequentemente têm a sensação de estarem alienados da sala de aula principal. As palestras são moralmente chatas. Os palestrantes precisam de treinamentos e experiências especiais.

O que há de tão atraente nesta situação? Por que é tão popular? Basicamente, os professores são provavelmente atraídos por este método de lecionar porque parece não diferir do método usado em universidades tradicionais. Não exige um processo cansativo de ajustes negativos, são os esforços técnicos consideráveis e o investimento substancial de capital necessário para este modelo, que serve apenas para entender seu alcance. Mas a extensão é conseguida apenas em um grau mínimo e quando se abre mão de vantagens importantes nos modelos por correspondência e o de massa, perde-se a independência quanto ao local e horário de aprender, tão valiosos para alunos adultos que tenham a possibilidade de educação em massa por meio de economia de escala, os cursos de alta qualidade cuidadosamente planejados e pré-preparados, a escolha dos melhores especialistas para redigir os cursos, e a oportunidade indubitável de atender aos que carecem de atendimento fora da universidade.

A despeito de todo o ceticismo quanto a este modelo especial de ensino a distância, não se pode ignorar suas relevâncias na educação superior nos Estados Unidos e sua gradual difusão por todo o mundo, especialmente na

Austrália. No entanto, os experimentos mais interessantes e pedagogicamente úteis não são os que se restringem a imitar o ensino em sala de aula, mas aqueles que deliberadamente colocam em prática funções individuais e particulares de um sistema global de ensino a distância on-line.

1.2.8. Modelo híbrido

A quais destes modelos deve-se dar preferência? Isto depende de fatores econômicos e de infra-estrutura, mas também de background7 cultural, das tradições de ensino e aprendizagem acadêmicos e dos avanços das mídias tecnológicas de informação e comunicação, quando da criação de novos sistemas de educação aberta a distância, para não mencionar a importância das políticas educacionais e institucionais. Qualquer que seja a decisão, não se deve esquecer que a educação a distância é sui generis 8 e exige abordagens diferentes dos formatos tradicionais de educação. Além disso, nesta era de mudanças constantes, é preciso ter sempre em mente o modelo de uma possível universidade do futuro, que combine educação a distância, com aprendizagem em um ambiente informatizado e discussões eruditas e exaustivas face a face, espaços de aprendizagem acadêmicos reais que permitam que os estudantes participem do processo científico de criação do conhecimento. A universidade do futuro será uma universidade de várias modalidades e a educação a distância será um elemento proeminente, se não seu elemento básico. Isso não se aplica apenas à transmissão para um corpo de estudantes dispersos, mas principalmente aos métodos de aprendizagem autônoma, autodirigida. Os sete modelos podem estimular a criatividade quando se planeja sistemas instrucionais apropriados. Este modelo é uma junção das características de cada modelo anterior.

Apesar de todos os modelos acima citados e pesquisados por Peters (2004), podemos ainda ressaltar que a presença do professor é muito

7 Termo em inglês que pode significar experiência ou prática. 8 Termo em Latim que significa “do seu próprio gênero”.

importante nos modelos, pois o aluno nestes modelos precisa ser uma espécie de “caçador do conhecimento”, mas necessita que ou o professor ou o tutor de determinada disciplina o ajude a encontrar o caminho, não simplesmente apontando a direção, mas auxiliando a descobrir os caminhos que poderá tomar deixando o aluno utilizar o seu livre arbítrio educacional, pois não se pode esquecer em hipótese alguma que o princípio da EaD é centrado no aluno e em suas buscas pelo conhecimento.

1.3. As proposições de Belloni