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questão central do tema “Nem sempre é fácil criar actividades de aprendizagem que interessem, simultaneamente, os alunos mais capazes e os menos capazes”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

«Quando pensamos, fazemo-lo com o fim de julgar ou chegar a uma conclusão; quando sentimos, é para atribuir um valor pessoal a qualquer coisa que fazemos.»

Carl Jung

Ao longo deste trabalho, não esgotando tudo o que é possível depreender da sua investigação, procurámos reflectir sobre a pertinência da aprendizagem do Desenho no contexto sócio-cultural actual e sobre a forma como esta mesma arte pode fornecer aos alunos um conjunto de ferramentas que os ajudam a lidar com a realidade, proporcionam, simultaneamente, uma postura crítica relativamente aos problemas que esta lhes coloca. Aliando ao

currículo

um programa bastante vasto e flexível é possível enriquecer a prática pedagógica do Desenho reduzida às margens da escola, podendo vê-la num espaço de liberdade, não de Desenho, mas para o Desenho.

Para que essa realidade se instale na prática docente, é fundamental reflectir sobre a forma como este aborda esses actos. Tradicionalmente verificamos que o ensino do Desenho se centra num conjunto de exercícios, muitas vezes sem ligação entre si, que são impostos aos alunos para cumprimento do programa e do conteúdo dado. A preocupação em atender às expectativas dos alunos vem acrescentar sérios obstáculos, quer estruturais quer pedagógicos, que impossibilitam o acto criativo, deixando de ter sentido as suas lições, enquanto estudantes de si mesmos e as suas experiências por muito reduzidas que sejam. É preciso avaliar estas questões e encontrar novas formas de aprender e de dar a conhecer o processo de utilização do Desenho. Esta é a razão pela qual, esta componente educativa tem de ser ampliada de forma tão aprofundada como as restantes - porque é pelo Desenho que se possibilita a aquisição das competências específicas e favorece o relacionamento entre as componentes educativas e entre as Artes Visuais e as culturas.

A questão que nos é colocada actualmente passa por pensar o ensino do Desenho como parte integrante da essência, do cerne do

currículo

. Na verdade, propor ou defender um modelo único resulta excluir todos os demais modelos/ métodos de aprendizagem. Parece-nos que este espaço do ensino (sala de aula), ainda reservado e conservador, independentemente da sua tradição, poderá conduzir a outros espaços de convivência e diálogo, “aberto” à disponibilidade de partilhas como acto de

ver

e

fazer

o Desenho, contemplando experiências de todos

os outros sentidos, bem como todos os processos imaginários e criativos. Contudo, pensamos que

outras

estratégias devem ser, ainda, mobilizadas para fomentar uma boa conduta, em termos de competência no processo de ensino. Nesta tarefa, exige-se do professor sensibilidade às diferenças, o domínio de métodos e técnicas nesta área, um espírito aberto, dinâmicas e

inter

ajuda. Deve investir mais na aprendizagem cooperativa e na técnica de aproximar os alunos uns com os outros e conhecer a realidade de cada um. No fundo, devem abraçar a universalidade de ideias e projectos, experiências e culturas, atribuindo sentido e significado aos conteúdos tratados. De certo modo e, conforme aqui contemplamos, este acto de

ver

e

fazer

o Desenho no ensino secundário passa, necessariamente por uma realidade diferente, e que pode assumir-se como um lugar de acção, onde os alunos e professores são os actores efectivos de uma mesma convicção, de representação e metodologia.

Uma metodologia que não se reduz aos passos que devem ser dados pelo professor em sala de aula, nem aos meios ou ferramentas que é preciso utilizar para que os alunos se apropriem do seu conhecimento. É preciso apreendê-las de uma forma global e que valorize a diversidade e a divergência da sua aprendizagem; que acrescente possibilidades de pesquisa, apoio, aprofundamento e aporte teórico e prático para dominar as novas formas de questionar a aprendizagem, tornando possível um processo ou modelo de trabalho do Desenho ilimitado e ambicioso.

Nesta óptica, o ambiente escolar deve oferecer o estímulo para os alunos aprenderem com interesse e curiosidade. Isso implica uma reflexão constante sobre os conteúdos de ensino e as relações que os professores e alunos estabelecem entre esses conteúdos e a sua individualidade, a sua formação e a sua própria cultura. Daí que o professor, como ‘investigador’, deve manter-se cientificamente actualizado e capaz de ganhar cada vez mais proficiência na utilização de instrumentos de pesquisa e investigação. Só assim poderá construir estratégias e propostas de trabalho eficazes, orientar trabalho de projecto, ser sensível às dificuldades sentidas pelos alunos. Por outro lado, o professor deve reflectir criticamente sobre a forma como comunica e sobre o impacto das metodologias que usa, sobre o grau de satisfação dos alunos e as suas expectativas, introduzindo diferentes recursos na sua prática diária. Para o efeito, crie e aplique instrumentos que promovam um conhecimento aprofundado do Desenho. Nesta perspectiva, a presente reflexão ambiciona contribuir para a melhoria da acção-docente, através da busca de novas estratégias de aprendizagem, que ultrapassem a iteração de conhecimentos e despertem para a descoberta de novas práticas pedagógicas.

Por todas estas e outras razões, fica a certeza de que este é um tema que mereceu ser

rediscutido

, estudado e nunca

remediado

. Compete a cada um de nós beneficiar dele na proporção que entender.

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