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CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

concretamente os “fenômenos” matemáticos e, por conseguinte, tem a possibilidade de realmente aprender, entendendo todo o processo e não simplesmente decorando regras isoladas e aparentemente inexplicáveis (FERRONATO 2008, p. 59).

A partir das práticas pedagógicas observadas, nota-se que tanto os alunos videntes quanto o aluno cego podem aprender matemática e seus fenômenos não tão somente pela explicação de conceitos meramente decorados sendo vistos como condições estáticas e acabadas, mas sim, compreender a sua constituição numa perspectiva de aplicabilidade. Observou-se que na referida sala de aula, o aluno cego e alunos videntes interagem no processo de construção dos conhecimentos. Identificou-se que, não há na sala a segregação do aluno cego (senso de coitado, vitimização), ou seja, ele aprende depois. Notou-se que há de fato uma assistência da professora no sentido de se preocupar com a aprendizagem do aluno cego junto com os demais alunos videntes.

Constata-se, portanto, que o professor exerce um papel importante na vida acadêmica do aluno com deficiência visual, pois ele é o elo de interação entre o material didático facilitador da aprendizagem utilizado para auxiliar os alunos na criação de significado real dos conteúdos ensinados. No que tange a aprendizagem em Matemática, observa-se que a construção do conceito de números acontece através da repetição mecânica destes, esse processo para os alunos videntes é viável, pois a visão decora o formato e as características absorvidas através da repetição constante e exaustiva.

Entretanto, para Bueno (2003) quando se trata de ensino de Matemática para alunos com cegueira se faz necessário uma maior estruturação de materiais concretos e conceitos para que estes alunos assimilem a aprendizagem, uma vez que, não conseguem espontaneamente criar tais conceitos por conta da ausência da visão. Embora, sabe-se que ainda é precário e/ou carente a disponibilidade de recursos didáticos adaptados para atender os alunos com deficiência visual nas escolas públicas brasileiras (SÁ, 2007), sobretudo, nas escolas localizadas no interior do país. Embora se saiba que a utilização desses recursos didáticos é extremamente importante para garantir aos alunos cegos condições de aprendizagem escolar.

CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Os resultados parciais possibilitam algumas considerações importantes. Dessa forma, constata-se que a principal dificuldade do ensino para alunos deficientes (nesse contexto os alunos cegos) não é exclusividade da disciplina de Matemática. Mas sim, os processos

educacionais da escola e prática docente que traz grandes dificuldades na sistematização do conhecimento. Pode-se dizer que a interação aluno/docente seja um dos fatores primordiais para as práticas inclusivas.

A partir das experiências vivenciadas na sala de aula observada, é possível concluir que o aluno deficiente não deve ser tratado como “coitadinho”, receber superproteção e/ou segregação dentro da escola e da sala de aula, mas sim, deve receber o tratamento digno de um estudante tendo seus direitos respeitados e a obrigatoriedade de cumprir com seus deveres. Logo, pensar uma educação inclusiva exige que paradigmas sejam quebrados, o processo inclusivo implica em olhar sensível às especificidades e habilidades dos educandos, ou seja, exige do docente uma visão para além do processo de transmissão do conhecimento.

Portanto, educar para a diversidade e/ou inclusão implica pesquisar sempre, aceitar os desafios designado pelo processo educativo, adaptar com os melhores recursos, ter com consciência daquilo que pretende exercer e, exercer com afetividade. Quanto aos alunos cegos é preciso romper com o preconceito cultural em relação à deficiência visual, principalmente, no que diz respeito à reflexão sobre os mitos atribuídos às pessoas cegas no que tange a capacidade dos cegos de aprenderem a ler, escrever e estudar. Nesse sentido, os materiais concretos são considerados recursos didáticos fundamental na apropriação de conceitos pelas crianças em processo de construção de novos conhecimentos e principalmente nas aulas de matemática.

REFERÊNCIAS

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