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2017 REUNIÃO dos Produtos das Oficinas, Folhetos e

A MÚSICA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS

É pertinente notar a presença da música na escola, porém é inegável constatar que esta vem sendo apresentada como forma de entretenimento, ou para marcar datas e eventos

comemorativos, não revelando uma prática efetiva e sequencial de conteúdos específicos relacionados à linguagem musical. Sabe-se que a política educacional tem se preocupado em ampliar os conteúdos, valorizando a diversidade cultural e proporcionando aos estudantes o contato e a aprendizagem de diferentes linguagens.

Entretanto, desde que o conteúdo musical deixou de ser obrigatório nas escolas, com o fim do Canto Orfeônico e a inclusão da disciplina de Educação Artística, a música vem sendo desvalorizada e mais grave ainda, sendo excluída do currículo escolar. Atualmente, sabe-se que poucas instituições oferecem o conteúdo musical. E quando o fazem, usam excessivamente a prática do cantar, e muitas vezes um cantar desprovido de afinação ou de preocupação com a escolha do repertório a ser aprendido. As músicas são impostas, sem priorizar a realidade dos envolvidos, desmotivando-os cada vez mais do fazer musical.

Assim, após diversas discussões, foi criada em 1961 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei Nº 4.024), esta passou por reformulações em 1971. Depois de muitos embates, em 1996 é sancionada a segunda LBD, Lei Nº 9.394. Esta passou a ser mais abrangente e algumas mudanças foram estabelecidas. Assim, o setor educacional insere a disciplina de Artes, considerando suas vertentes para a ampliação cultural dos alunos. (Brasil, 1997, 1998). Assim define,

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. (BRASIL, 1996, p. 11)

Dentro desse contexto não se pode negar o conhecimento e a apreensão da cultura, da arte e das diversas linguagens que a complementam. Sabe-se que a educação tem como objetivo proporcionar às crianças oportunidade de conhecimentos para evoluírem como cidadãos totalmente conscientes de seu papel na sociedade. Assim, o Ministério da Educação traz os Parâmetros Curriculares Nacionais; estes apontam medidas de qualidade que irão auxiliar o aluno a enfrentar o mundo como cidadão ativo, reflexivo e também autônomo, conhecendo seus direitos e deveres. (BRASIL, 1997)

O documento PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental, especifica claramente a importância da música e sua significação dentro da formação cultural dos estudantes, valorizando a diversidade na construção do fazer musical.

A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros. (BRASIL, 1997, p. 48).

Ressalta ainda que a presença da música na escola oferece ao estudante maior oportunidade de desenvolver uma inteligência musical. Somando-se a este objetivo, o documento apresenta como conteúdo musical o estudo da cultura local, regional, nacional e internacional, oportunizando o conhecimento da origem da nossa língua musical materna. São amplos os conteúdos a serem trabalhados a partir desse objetivo. As tradições, as composições e as canções brasileiras oferecem um manancial de possibilidades do ensino de música. Esse universo diversificado proporciona ao aluno a produção e a criação com base em elaboração de hipóteses que desenvolvem através da afinação, da percepção e do ritmo.

Somando-se a esse processo, o PCN – Parâmetros Nacionais Curriculares de Arte, para os Anos Finais do Ensino Fundamental. Define a arte como área de conhecimento que requer espaço e constância dentro do currículo escolar. Observa-se que dentro da disciplina Artes estão inseridas as outras áreas, inclusive a música. E mais uma vez é reforçada a importância e a veracidade desta última linguagem na educação.

Assim, o PCN (1998, p. 62) define: “[...] Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte têm como objetivo levar as artes visuais, a dança, a música e o teatro para serem aprendidos na escola”. Faz-se necessário o desenvolvimento de um trabalho que envolva o aluno considerando suas experiências, suas necessidades e suas linguagens de forma individual; e ainda apresentar novidades despertando o gosto pelo fazer musical.

É inegável a função da música dentro do contexto educacional. Vale uma análise e uma abordagem precisa para rever o que se tem praticado como conteúdo musical. Percebe-se que algumas práticas são apresentadas somente como instrumento de recreação, expressão criativa ou treino de habilidades físicas, deixando de lado a apreensão dos conteúdos musicais de forma eficaz como é registrado nos documentos oficiais.

Existem ainda algumas práticas que se restringem às tradicionais notinhas “dó ré mi” ou músicas repetitivas como “Atirei o pau no gato” ou “Cai, cai balão” e no Ensino Fundamental é praticamente ausente o trabalho musical. Nas séries iniciais, é bem comum ouvir música na entrada, na saída, no recreio, e mais acentuadamente nas festividades e comemorações em datas importantes que devem ser obedecidas mediante o calendário escolar. Porém, o que é apresentado nos documentos diverge dessa realidade vivenciada, demonstrando a ausência de um conteúdo sistemático dentro do currículo escolar.

Analisando o PCN para os Anos Finais observa-se que é pouco abordado o tema música no documento; não existe a mesma priorização apresentada no primeiro PCN para os Anos Iniciais. O texto dispõe de um pequeno espaço com apenas três parágrafos para explanar a disciplina Artes com suas áreas de conhecimento. Abre-se aqui a questão: se é algo tão importante e necessário, por que persiste a desvalorização?

Só se faz necessário nos Anos Iniciais? Vê-se uma desarticulação entre o “falar sobre música” e o fazer musical.

A LEI 11.769/2008

O resultado de movimentos envolvendo reflexões e discussões em prol da educação musical impulsionaram transformações no cenário educacional brasileiro. E umas destas mudanças foi a implementação da lei 11.769/2008 que estabelece a obrigatoriedade do conteúdo musical nas escolas de Educação Básica. Este projeto de lei não surgiu do acaso; como já mencionado, diversas mobilizações desencadearam mudanças priorizando a música na escola. Desta forma, após audiências e manifestos, a ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical), foi convocada a aderir ao movimento em prol do ensino de música com publicações mensais do processo legal. (SOBREIRA, 2008)

Assim, a união do anseio coletivo para a inserção da música na escola consolidou-se com o projeto de lei apresentado ao Senado Federal. O projeto de Lei Nº 11.769/2008, devidamente aprovado, propõe a alteração do parágrafo 26 da Lei 9.394/96, a atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB), incluindo a música como componente obrigatório. Certamente esse foi um importante avanço e uma conquista nessa lenta, mais contínua caminhada para a inclusão da palavra “música” no texto da LDB.

Inicialmente, Queiroz (2014) enfatiza que para compreender profundamente a Lei 11.769/2008 é preciso que ela seja inserida na LDB, não se pode analisá-la individualmente, ou seja, separadamente da Lei 9.394/96. Diante disso, pode-se entender que o norteamento a ser seguido para a efetivação da Lei 11.769/08 está na LDB; a lei não apresenta quem será o professor de música, quem atuará ministrando o conteúdo musical ou qual o objetivo desse ensino de música na escola; Estes são aspectos amplamente tratados dentro da Lei 9.394/96.

Observa-se que as alterações na LDB ampliaram as especificações para a educação básica, enfatizando a cultura e a diversidade. O artigo 26 se apresenta com nove parágrafos devidamente alterados a partir de suas respectivas leis. A lei 11.769/2008 apresenta quatro parágrafos no seu texto, dentre estes estabelece a música como conteúdo obrigatório, “mas

não exclusivo” (BRASIL, 2008: art. 1º), indicando que outras artes também devem fazer parte da formação escolar (BAUMER, 2012).

Desta forma dispõe que,

Art. 1o O art. 26 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescido do seguinte § 6o:

Art.26. ... ...

§ 6o A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (NR)

Art. 2o (VETADO)

Art. 3o Os sistemas de ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1o e 2o desta Lei.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 2008)

Dentro deste contexto observa-se a ampliação e a conscientização quanto à transmissão de conteúdos na educação básica. O currículo deve abranger as várias áreas do conhecimento, incluindo a musical enfatizando as suas características, auxiliando e promovendo o desenvolvimento do equilíbrio, do autoconhecimento, da expressão, além de ser um excelente meio de socialização.

O artigo 2º, de que trata o veto, refere-se ao artigo da LDB que trata de componentes curriculares; e segundo Queiroz (2014), não trata de atuação e formação profissional. Portanto não caberia neste lugar da lei, estabelecer sobre quem irá ministrar as aulas, se será um professor formado ou licenciado em Música. No texto da referida lei também não é especificada a palavra disciplina, os conteúdos são apresentados como componentes curriculares.

Entretanto, analisando a Lei a partir da LDB, e em conformidade com outros autores, obtém-se respostas para algumas insistentes indagações, como: quem poderá ministrar as aulas de música? A música será uma disciplina? Quais os objetivos para o ensino de música na escola? Quais conteúdos musicais serão ensinados? Os artigos 61 e 62 da Lei 9.394/96 falam sobre formação profissional para atuação na educação básica, conforme a redação,

Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos

[...]

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 2009).

Observando o que é exposto nos dois artigos percebe-se que a pergunta sobre quem irá ministrar as aulas de música está respondida: os professores com formação em cursos reconhecidos especificamente e cursos de Licenciatura em Música, podendo ser aberta uma exceção para a Educação Infantil e as quatro séries iniciais do Ensino Fundamental, que o professor poderá atuar com formação mínima oferecida em nível médio na modalidade normal. Pode surgir a questão sobre não ser mencionada na lei 11.769/08 a Licenciatura em Música, mas também pode-se notar que a LDB não faz menção de licenciaturas das outras áreas do conhecimento como Português, História, Física, dentre outras.

Outra questão, bastante relevante, aborda os objetivos do ensino de música na escola. Longe de ser consensual dentro da própria área de música, e mais uma vez retomando a LDB observa-se que existe base e resposta para os devidos esclarecimentos. Conforme está estabelecido no art. 22 da referida lei,

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar- lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (BRASIL, 1996)

Consequentemente, em conformidade com Queiroz (2014) e em integração com o que é estabelecido na LDB, pode-se dizer que,

O ensino de música tem por finalidade desenvolver o educando no campo da música assegurando-lhe a formação musical indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe meios para que, à sua escolha possa progredir no contexto musical em estudos posteriores podendo, inclusive, utilizá-la como um caminho para sua qualificação profissional e para o trabalho.

(QUEIROZ, 2014)

Neste sentido observa-se que fica á critério do indivíduo a área profissional a seguir. Ninguém estuda Matemática para se tornar um matemático, ou um professor de matemática; ninguém estuda Física para se tornar um grande físico. Portanto estudar música não fará do educando um exímio musicista, a não ser que à sua escolha, percorra o caminho dos estudos buscando o profissionalismo nesta área.

Partindo para a questão dos conteúdos musicais a serem ensinados, observa-se que esta se apresenta como geradora de grandes conflitos e indagações da comunidade escolar, pois torna-se pouco compreendida quando é relacionada à inserção da música na escola. Entretanto, com base nas citações acima e de acordo com a LDB, surgem diversas perspectivas de conteúdos a serem trabalhados que necessitam ser adaptados a cada realidade,

considerando o contexto cultural, a realidade da escola, a característica dos alunos e a formação do profissional de ensino.

Fica evidente que cada instituição irá desenvolver a linguagem musical a partir de uma perspectiva que alcance seus domínios de conhecimentos e de possibilidades. O cenário musical é diverso, podendo efetivar-se através do trabalho com bandas, com percussão, com canto coral ou com músicas diversas desde que estejam dentro do campo de domínio do professor responsável, resultando num trabalho de qualidade.

Para que essa educação musical aconteça, diversas discussões e possibilidades são necessárias, obtendo assim um resultado coerente para a escola, com a escola e vinculado à realidade escolar. Uma educação musical que pense e trabalhe o conteúdo de música de forma séria, comprometida com os anseios e valores da sociedade, respeitando e considerando cada indivíduo e oportunizando sua formação humana – cultural e artística.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo buscou discutir a importância do conteúdo musical na Educação Básica após a aprovação da lei 11.769/2008, que estabelece a obrigatoriedade do conteúdo musical como componente curricular na Educação Básica. Tais discussões possibilitaram resultados como: a) esta linguagem está presente em diversos momentos da vida humana; seja nas datas comemorativas, nas cerimônias cívicas ou no contexto educacional. b) na escola esta linguagem também está presente, embora esta presença, geralmente, não contemple o que os estudos apontam para o trabalho com a música no ambiente escolar.

Sabe-se que a aprovação da lei 11.769/2008 foi uma conquista de suma importância e propícia a avanços contínuos no cenário musical e educativo. Muito ainda tem a ser feito e faz-se necessário a integração de todos os órgãos públicos federais, estaduais e municipais para que sua efetivação seja plena. Espera-se que a caminhada, apesar de lenta, seja persistente e que as diretrizes apresentadas nos documentos sejam de fato, cumpridas oportunizando um fazer musical diversificado, criativo, democrático e formador de indivíduos capazes de apreciar, compreender e produzir esta linguagem tão rica e melodiosa, a música.

Pode surgir um sentimento utópico diante da realidade vivenciada, mas vale muito ser otimista e enfrentar os desafios com boas propostas e muito trabalho. Não se pode ignorar que existem problemas, como formação de professores, escassez de profissionais licenciados em Música, falta de estruturas e de recursos musicais nas escolas, dentre outros. Contudo, é

importante ressaltar que o grande passo que foi dado com a promulgação da Lei 11.769/2208, fortalece o movimento para a inserção do ensino de música nas escolas de Educação Básica.

REFERÊNCIAS

BAUMER, Édina Regina. O ensino da arte na educação básica: as proposições da LDB 9.394/96. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Educação, Criciúma, 2012.

Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental. Arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

Brasil. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. Arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.

_______. LEI Nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Fixa as diretrizes e bases da educação nacional.

_______. LEI Nº 5.692 de 11 de agosto de 1971. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Fixa diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências.

_______. LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

_______. LEI 11.769/2008 - de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a

obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial, Brasília, 2008. ________. LEI Nº 12.796. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Brasília: Presidência da República, 2013. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1> Acesso em 16 Fev. 2015

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003. 157 p

CHALHUB, Samira. Funções da Linguagem. 7ª ed. São Paulo: Ed. Ática, 1995. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 1986.

FUKS, Rosa. Estará morta a escola normal pública? Revista ABEM. Ano 1, Nº 01. 1992.

PENNA, Maura. Música (s) e seu ensino. 2ª Ed. Porto Alegre: Sulina, 2014.

QUEIROZ, Luiz Ricardo Silva. Reflexões sobre o ensino de música nas escolas de Educação Básica. Palestra gravada no dia 26 de Fevereiro de 2014 - Auditório Fernando Coelho na Escola de Música - Universidade do Estado de Minas Gerais. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=5CwwarfsBbs>. Acesso em 26 Abri. 2015.

SOBREIRA, Sílvia. Reflexões sobre a obrigatoriedade da música nas escolas públicas. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 20, 45-52, set. 2008.

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