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Considerações sobre abordagens metodológicas

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CAPÍTULO II CONTEXTO METODOLÓGICO

1. Considerações sobre abordagens metodológicas

A importância dos métodos é enfatizada por VIEGAS (1999) ao destacar que, na ciência, o método apresenta três finalidades: didática (pois encaminha o pesquisador à busca de seus objetivos), econômica (porque os procedimentos estruturados e ordenados evitam a dispersão, sendo portanto um redutor de custos) e pedagógica (evidenciada quando mostra os erros e corrige desvios).

Para LUNA (1998), nas pesquisas de ciências sociais “existem poucos caminhos bem experimentados que o pesquisador de relações sociais possa seguir; freqüentemente, a teoria é excessivamente geral ou excessivamente específica para que possa dar clara orientação para a pesquisa empírica” (p.61).

Há uma tendência em subestimar a importância da pesquisa exploratória e considerar como “científico” apenas o trabalho experimental, mas para que este tenha valor teórico, precisa ser significativo em questões amplas que só resultam da exploração adequada das dimensões do problema que a pesquisa tenta estudar. O autor afirma que os estudos exploratórios têm outras funções tais como : aumentar o conhecimento do pesquisador acerca do fenômeno que deseja investigar em estudo posterior, o estabelecimento de metas para futuras pesquisas ou apresentação de um conjunto de problemas considerados urgentes, por pessoas que trabalham em determinado campo das relações sociais.

Nestas condições, a pesquisa exploratória, pertencente à abordagem qualitativa, tornando-se necessária à obtenção da experiência que auxilie na formulação de hipóteses significativas para uma pesquisa mais definitiva.

A expressão “Ciências Sociais” costuma ser usada, segundo GODOY (1995), para indicar as diferentes áreas do conhecimento que se preocupam com os fenômenos sociais, econômicos, políticos, psicológicos, culturais, educacionais, ou seja, aqueles que englobam relações de caráter humano e social e, assim pode ser acrescentada igualmente - à comunicação.

CHIZZOTTI (1991) coloca que a pesquisa qualitativa objetiva provocar o esclarecimento de uma situação para uma tomada de consciência, pelo pesquisador, dos problema s e condições que os geram, a fim de elaborar meios e estratégias de resolvê- los.

A abordagem qualitativa surgiu, segundo GODOY (1995) em estudos de investigação social a partir da segunda metade do século XIX. A primeira obra registrada, de abordagem qualitativa, foi a de Sidney e Beatrice Webb que contribuiu para o desenvolvimento da sociologia inglesa. A produção dos Webbs apoiava-se na descrição e análise das instituições. Valorizavam as entrevistas, os documentos e as observações pessoais. A partir de então, a pesquisa qualitativa recebeu a característica de não procurar enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem empregar instrumental estatístico sofisticado na análise dos dados. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares procurando compreender os fenômenos, segundo a perspectiva dos sujeitos, protagonistas.

Nos anos 60, de acordo com GODOY (1995), o aumento do interesse pela abordagem qualitativa também pôde ser observado com o aparecimento de publicações voltadas à teoria e a metodologia que dão sustentação a esse tipo de estudo. A pesquisa identificada como qualitativa, apesar de ter sido utilizada pelos antropólogos e sociólogos, só nos últimos trinta anos começou a ganhar um espaço reconhecido em outras áreas como a Psicologia, Comunicação, Administração de empresas e Educação.

A abordagem qualitativa será focada como necessária para esclarecer, complementar e aprofundar dados importantes, impossíveis de serem conhecidos através de uma análise quantitativa. Igualmente por se tratar de um estudo exploratório, uma vez que são ainda escassos os estudos encontrados segundo este enfoque multidisciplinar – perfil psicológico dos usuários da CMC.

A pesquisa qualitativa possui diversas características, segundo GODOY (1995). Algumas delas são aplicadas neste estudo: a pesquisa qualitativa é descritiva já que a palavra escrita ocupa lugar de destaque nessa abordagem, desempenhando um papel fundamental

tanto no processo de obtenção de dados quanto na disseminação dos resultados. Assim, o ambiente e as pessoas nele inseridas devem ser olhados holisticamente, não podendo ser reduzidas a variáveis, mas observadas como um todo. A partir daí, apresenta-se outra característica aplicada ao estudo que é o significado atribuído pelas pessoas às coisas e à sua vida, preocupação essencial do investigador, pois ele tenta compreender os fenômenos que estão sendo estudados a partir da perspectiva dos participantes.

A abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, como afirma GODOY (1995); ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques.

Deste modo, para CHIZZOTTI (1991) o processo da pesquisa qualitativa não obedece a um padrão paradigmático, pois existem diferentes possibilidades de programar a execução da pesquisa.

Normalmente o trabalho de pesquisa sempre envolve o contato direto do pesquisador com o grupo de pessoas que será estudado, sem esquecer que os documentos são uma rica fonte de dados. Na visão de GODOY (1995), o exame de materiais de natureza diversa, que ainda não receberam tratamento analítico, ou que podem ser reexaminados, buscando-se interpretações complementares, constitui o que se considera uma pesquisa documental.

A palavra documento, para GODOY (1995) deve ser entendida de uma forma ampla, incluindo os materiais escritos (jornais, revistas, diários, obras literárias, científicas e técnicas, cartas, relatórios), que são utilizados nesta pesquisa.

CHIZZOTTI (1991) considera o documento como qualquer informação sob a forma de textos, sons, imagens, contida em um suporte material (papel, madeira, tecido), fixado por técnicas como a impressão.

(...) os documentos escritos reúnem informações escritas primárias ou originais; ou informações secundárias (bibliografias de obras e referências) trabalhadas por centros de documentação, a partir de notícias bibliográficas ou de documentos primários, ou ainda, informações terciárias obtidas a partir de bibliografias secundárias (bibliografia de bibliografias, catálogo de catálogos etc.) (CHIZZOTTI, 1991, p.110).

Uma das vantagens desse tipo de pesquisa é que permite o estudo de pessoas com as quais não se tem contato físico. Além disso, os documentos constituem uma fonte não-reativa; as informações neles contidas permanecem as mesmas após longos períodos de tempo. Segundo GODOY (1995), podem ser considerados uma fonte natural de informações à medida que, por terem origem num determinado contexto histórico, econômico e social,

retratam e fornecem dados sobre esse mesmo contexto. Não há o perigo de alteração no comportamento dos sujeitos sob investigação.

Complementando, o método bibliográfico (ou documental) de pesquisa, segundo MILLER JR (1991), envolve o problema de utilizar documentos ao invés de pessoas como informantes. Neste tipo de método, as fontes podem ser primárias (etnográficas, registros arquivais, diários, cartas etc.) ou secundárias (resumos, trabalhos comparativos etc), pretendendo mais interpretar do que reportar. O cientista social emprega, dentre outros, o método qualitativo, lançando mão de dados bibliográficos na elaboração de suas interpretações.

Algumas dificuldades que cercam as pesquisas de caráter documental foram apontadas por GODOY (1995): muitos dos documentos por ela utilizados não foram produzidos com o propósito de fornecer informações com vistas à investigação social, o que possibilita vários tipos de distorções.

Na pesquisa documental, alguns aspectos devem merecer atenção especial, segundo GODOY (1995): a escolha dos documentos, que se dá em função de alguns propósitos, idéias ou hipóteses. O acesso aos documentos, pois o pesquisador trabalha com documentos não- pessoais, tornando-se mais fácil adquirir uma grande amostra. Após selecionados, os documentos serão codificados e analisados, segundo os objetivos do pesquisador.

Desta forma, acredita-se que a pesquisa bibliográfica representa uma forma que pode se revestir de um caráter inovador, trazendo contribuições importantes no estudo de alguns temas.

De acordo com CHIZZOTTI (1991) a reunião e seleção criteriosa da documentação bibliográfica permitem conhecer o estado atual de uma pesquisa, juntamente com os resultados já obtidos e os dados a serem pesquisados.

Segundo LUNA (1998),

(...) seria um erro do pesquisador limitar o estudo bibliográfico aos trabalhos que são imediatamente significativos para a sua área de interesse. Talvez o meio mais produtivo para criar hipóteses seja a tentativa de aplicar, à área em que se trabalha, teoria s e conceitos criados em contextos inteiramente diferentes de pesquisa (p.63-4).

O presente estudo se caracteriza como um esforço voltado à descoberta de novas informações ou relações e para a verificação e ampliação do conhecimento existente. Deste modo, ao lidar com problemas pouco conhecidos, a investigação qualitativa parece ser o caminho mais adequado, pois a preocupação é conhecer e compreender a teia de relações

sociais e os impactos psicológicos que se estabelecem no interior das CMC. Assim, supõe-se que o enfoque qualitativo possa oferecer suporte relevante.

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