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(1)1. LEILA URIOSTE ROSSO. O PERFIL DOS USUÁRIOS DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR UMA ABORDAGEM PSICOLÓGICA. APOIO: CAPES. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo, 2005.

(2) 2. LEILA URIOSTE ROSSO. O PERFIL DOS USUÁRIOS DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR UMA ABORDAGEM PSICOLÓGICA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Comunicação Social. Orientador: Profº. Dr. Sebastião Carlos de Moraes Squirra.. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo, 2005.

(3) 3. O PERFIL DOS USUÁRIOS DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR: UMA ABORDAGEM PSICOLÓGICA. LEILA URIOSTE ROSSO. BANCA EXAMINADORA. ____________________________________________ Prof. Dr. Sebastião Carlos de Moraes Squirra (Presidente). ____________________________________________ Profª Drª Antonia Cristina Peluso de Azevedo (Titular/UNISAL). _______________________________________ Prof. Dr. Jacques Vigneron (Titular/UMESP). Dissertação defendida e aprovada em: 26/04/2005..

(4) 4. Aos meus pais Lauro e Maria José e ao meu marido Denis, que estiveram comigo em todos os momentos desta caminhada, dedico mais esta “vitóri@”!.

(5) 5. Agradecimentos. Ao Bom Deus, que sempre me ilumina com sua sabedoria e me dá forças em todos os momentos.. À Universidade Metodista de São Paulo, representada pelos professores do Mestrado em Comunicação Social, que me recebeu propiciando condições que viabilizaram a realização deste curso.. Ao Prof. Dr. Sebastião Carlos de Moraes Squirra que, com sabedoria conduziu o difícil e constante processo do amadurecimento científico.. À Profª. Drª. Antonia Cristina Peluso de Azevedo, por se mostrar disposta ao aceitar fazer parte de mais uma etapa da minha vida acadêmica.. Meu sincero agradecimento!.

(6) 6. SUMÁRIO INTRODUÇÃO. 9. CAPÍTULO I – CONTEXTO CONCEITUAL 1. Comunicação 1.1 – Conceitos e Objetivos da Comunicação 1.2 – Breve Histórico da Comunicação 2. O Surgimento da Internet 3. O Estudo do Comportamento Humano. 16 16 16 22 27 37. CAPÍTULO II – CONTEXTO METODOLÓGICO 1. Considerações sobre Abordagens Metodológicas 2. Características do Estudo e Ações Metodológicas. 47 47 51. CAPÍTULO III – PERFIL DO USUÁRIO DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR (CMC) 1. Dados Gerais sobre o Perfil do Internauta Brasileiro 2. Perfil Psicológico do Usuário da CMC CAPÍTULO IV – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA AO ESTUDO DA COMUNICAÇÃO MEDIADA POR COMPUTADOR (CMC) 1. Contribuições da Psicologia ao Estudo da CMC 2. Ambivalências da CMC 2.1 – Usos Abusivos da CMC 2.2 – Aspectos positivos e usos convencionais da CMC. 54 54 61 79 79 87 88 94. CONCLUSÕES. 100. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFCAS. 106. RELAÇÃO DE QUADROS Quadro 1 – Critérios para diagnóstico do transtorno de adcção a Internet (TAI). 96.

(7) 7. RESUMO ROSSO, Leila Urioste. O perfil dos usuários de CMC: uma abordagem psicológica. 2005, 115f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.. A Comunicação Mediada por Computador (CMC) é entendida como o relacionamento interpessoal via Internet. Este modo de comunicação atinge usuários que visam interagir e conhecer pessoas sem o limite da distância. Atualmente está sendo objeto de estudos interdisciplinares que se interessam pelas influências da CMC no comportamento de seus usuários. Trata-se de um estudo caracterizado como exploratório baseado em dados coletados através de uma pesquisa bibliográfica. Seu objetivo é refletir sobre os efeitos gerados pela difusão da CMC sobre o perfil de seus usuários, além de apresentar as contribuições da Psicologia frente aos questionamentos provindos da utilização da CMC e discutir as ambivalências (ganhos e perdas) de seu uso no comportamento de seus usuários. Percebe-se que os internautas estão transformando a forma de interação social em um ambiente desprovido de limites espaço-temporais. Portanto, este trabalho estuda as novas formas de interação, e busca compreender esse novo homem, pois, se a tecnologia traz mudanças, o indivíduo muda junto com ela. Portanto, ao acompanhar todas essas transformações que têm influenciado o homem e suas novas formas de relacionamento, estão motivando o surgimento de novas formas de contribuição da Psicologia ao estudo da CMC.. Palavras chave: comunicação, Internet, comportamento, Psicologia..

(8) 8. ABSTRACT ROSSO, Leila Urioste. The CMC users’ profile: a psychological approach. 2005, 115pp. Written Essay (Master’s in Social Communication) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo.. The Communication Mediated by Computer (CMC) is understood as an interpersonal relationship via Internet. This way of communication reaches users who aim interacting and knowing people without the distance limit. Nowadays it is object of interdisciplinary studies that show interest in the CMC influence on its users’ behaviors. It is a study characterized as exploratory, based in data collecting through a bibliographic sur vey. Its objective is to reflect about the effects generated by the CMC diffusion on its users’ profile, besides presenting the Psychology contribution in face of the questions arising from the CMC use and discussing the ambivalences (gains and loses) of its use on the users’ behavior. It can be realized that the Internet users are turning the way of social interaction into an environment unprovided of space and time limits. Therefore, this work studies the new ways of interaction and tries to understand this new man, once, if the technology implies in changes, the individual changes together with it. Thus, the surveys to keep up with such transformations that have influenced the individuals and their new ways of relationship are motivating new ways of the Psychology contribution about the CMC study.. Key words: communication, Internet, behavior, Psychology..

(9) 9. INTRODUÇÃO Ao iniciar este estudo, serão apresentadas algumas considerações preliminares para contextualizar a proposta, justificativas deste trabalho, objetivos e um breve levantamento sobre o estado atual em que se encontram as pesquisas que propõem estudar o perfil do usuário da Comunicação Mediada por Computador através da Psicologia e da Comunicação Social. Este trabalho foi organizado com a intenção de oferecer um painel sobre a evolução dos trabalhos da Psicologia face à Comunicação Mediada por Computador (CMC), bem como as modalidades de intervenção da área, de modo integrado ao contexto das reflexões mais amplas, feitas ao longo do estudo. É importante ressaltar que no decorrer da evolução, a comunicação sempre acompanhou o ser humano. É através dela que os homens sobrevivem, conhecem outros e até a si mesmos. Afirmam os estudiosos que o homem é um ser social, e o ato de comunicar se faz importante e necessário para que esta relação social ocorra. Segundo DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993), nem sempre a comunicação foi realizada da mesma forma. O homem primitivo interagia através de sons ou símbolos desenhados nas paredes de suas cavernas. No passar dos anos, as formas de comunicação foram se modificando com a linguagem, a escrita, a era da imprensa, das telecomunicações e da Internet. De acordo com ALVES (1968), até o século XIX, o homem olhava a natureza como um observador e os dados que coletava eram catalogados sem qualquer intenção que não a de conhecer o seu próprio ambiente. A partir desta época muitas ciências surgiram, principalmente as humanas e sociais, pois o homem torna-se mais crítico e pesquisa com intencionalidade. Ao invés da simples curiosidade, ele direciona suas pesquisas para suas necessidades. A tecnologia surge, então, como a esperança do surgimento de um homem desenvolvido em sua plenitude e com a missão de resolver os problemas da humanidade. Oferta-se, também, a cura de doenças que a própria tecnologia cria. O mundo tecnológico torna-se a expressão de mais uma organização complexa da humanidade, pois permite ao ser humano a sua libertação deixando-o livre para a descoberta de si mesmo. No entanto, a tecnologia ainda causa estranheza entre os homens, pelo modo como é utilizada e, a partir da intencionalidade surgida no século XIX. Até hoje, reflete-se a tecnologia como algo bom ou mau. Comenta-se muito a respeito de suas conquistas na área da saúde, mas em se tratando de comunicação, os avanços obtidos.

(10) 10. na maior parte do globo permitem o surgimento de questões que colocam em discussão dificuldades como o distanciamento entre as pessoas. Ou seja, o isolamento é uma possibilidade real, mas o relacionamento também está se concretizando, cada vez mais, num mundo chamado virtual por meio das novas tecnologias de comunicação. Como diz SQUIRRA (2000) em um de seus ensaios, nesse mundo inter e intraconectado, as pessoas passam a ser os ‘produtores e disponibilizadores’ de informação num vai e vem de conteúdos ainda antes não experimentados. Sabe-se que, segundo CHAGAS (1999), a produção cultural do século XX expressa a descrição de homem como ser eminentemente relacional seja na Filosofia, na Psicologia, nas Artes e em outras áreas. Sabe-se, também, que um dos objetivos da comunicação é a relação interpessoal. Na era da informação online, não é de se estranhar que as pessoas estejam iniciando um novo modo de se interagir através da Comunicação Mediada por Computador (CMC), ainda não experimentado até o momento. Os estudiosos do comportamento têm se envolvido em projetos na área informática, desde os primórdios das pesquisas sobre inteligência artificial. Uma linha teórica a ser discutida, no decorrer deste trabalho, diz respeito ao estudo dos impactos da informática sobre a subjetividade e identidade; e uma de suas pioneiras é a pesquisadora Sherry Turkle que, desde 1984, procura identificar os efeitos do contato com a informática na vivência subjetiva das pessoas. Outro estudo da autora a ser comentado nesta pesquisa, foi realizado em 1995 e aborda as experiências de imersão em “mundos virtuais”, vividas pelo mesmo usuário, questionando, uma vez mais a identidade individual e a diminuição da distância entre a realidade representada, interativa e virtual e a “vida real”. O interesse em desenvolver um estudo, explorando as possíveis relações entre o fenômeno da Internet e a transformação no comportamento humano, sob a perspectiva da Comunicação e da Psicologia surge, então, a partir de duas motivações. A primeira se refere ao desejo de entender o avanço significativo da Internet na vida individual e social; a segunda decorre de uma leitura entre algumas características da Internet e suas influências, do ponto de vista de autores da Psicologia Social. Desta forma, o interesse por estudos sobre o comportamento, na Internet, surgiu do contato com a mesma através e do acesso a seus diversos serviços, bom como por meio de estudos já realizados em diversas áreas sobre as transformações ocorridas no que é chamada, atualmente, de Revolução da Internet..

(11) 11. Justifica-se, pois, o empenho em acompanhar e refletir sobre o modo como a evolução da tecnologia da informação articular-se-á aos diferentes aspectos da existência humana. Não se trata de procurar respostas ou verdades, mas de explorar possibilidades e tendências que irão configurar o cenário futuro. Como expressão maior da chamada Revolução da Informação, a Internet está operando mudanças substanciais na vida individual e social das comunidades, integrando as pessoas, sem limite de distância, tempo e espaço. São novas formas de se fazer negócios, novas alternativas de conhecimento e de acesso às informações, novas possibilidades de entretenimento e de relacionamento. A Rede promete realizar quase tudo que, humanamente, se possa desejar em termos de consumo, cultura, lazer, informação, contato permanente com pessoas, envolvendo um número significativo de pessoas de diversas faixas etárias, culturas, regiões, conforme citado no Capítulo III. Como conseqüência de seu rápido desenvolvimento, a Rede, ocupa um espaço cada vez maior na mídia, verificando-se um aumento cotidiano do número de usuários desse meio de comunicação. Ou seja, através do advento da comunicação entre os microcomputadores, a possibilidade de interagir com outras pessoas se ampliou ainda mais, pois se dá em âmbito mundial. Como movimento coletivo, o fenômeno Internet tem sido objeto de estudo em diversos campos da ciência. Na tentativa de compreendê- lo, muitos autores recorrem a determinados conceitos nas áreas da Filosofia, Antropologia e Psicologia. Mas é verdade que ainda são poucas as conclusões a respeito dessa nova forma de interação com o mundo e os seus desdobramentos psíquicos. No entanto, não resta dúvida de que a Internet veio para fazer parte da vida de todos, mesmo que seja a longo prazo. Com tamanho crescimento, pesquisas que descrevem, de uma maneira abrangente, as possibilidades deste novo processo de interação social se fazem importantes, pois apenas, recentemente, foi iniciado um estudo em Psicologia sobre os hábitos de conexão, as mudanças decorrentes na vida das pessoas e os problemas advindos do uso da Internet. Algumas das principais pesquisas desenvolvidas sobre comportamento dos usuários, ambivalências na utilização da Rede e contribuições efetivas da ciência do comportamento serão apresentadas neste trabalho. A partir dessas contribuições, verifica-se que a Internet não é, simplesmente, a existência de computadores conectados a linhas telefônicas, comunicando-se livremente. São.

(12) 12. pessoas criando novas formas de comportamento, novas concepções de lugar, de tempo, de relacionamento, de realidade e da natureza como um todo. Questiona -se, a partir daí: - Quais as transformações, no perfil dos usuários, vêm ocorrendo diante do cenário da Comunicação Mediada por Computador (CMC)? Acredita-se que a CMC tem exercido modificações, já discutidas em estudos que abordam as transformações sobre o comportamento e a forma de socialização do internauta. Tais transformações podem ser positivas (como uma forma de ampliar as relações interpessoais dos usuários) ou negativas (podendo desencadear várias patologias), dependendo da sua forma de utilização. Dentro deste questionamento, portanto, serão pesquisados os efeitos da CMC na vida psicossocial de seus usuários, abrangendo os aspectos positivos e as limitações desta atividade e, buscando assim, uma visão menos tendenciosa e mais aberta. O objetivo proposto por esse trabalho numa perspectiva ampla é: - Refletir sobre os efeitos gerados pela difusão da CMC sobre o perfil de seus usuários. E, de maneira específica, tal estudo busca: - Apresentar as contribuições da Psicologia face aos questionamentos provindos da utilização da CMC, além de discutir as ambivalências (ganhos e perdas) do uso da CMC no comportamento de seus usuários. Esta pesquisa foi organizada com a intenção de levantar, um quadro referente à evolução dos trabalhos da Psicologia frente à Comunicação Mediada por Computador (CMC), bem como apresentar as modalidades de intervenção da área (Psicologia), de modo integrado ao contexto das reflexões mais amplas, feitas ao longo do estudo. O presente trabalho envolve, pois, diversas áreas das Ciências Humanas e Sociais, cujo foco é estudar o homem nesse novo modo de interação social (especificamente na CMC), as motivações e as mudanças decorrentes em seu comportamento. Pode-se dizer que profundas alterações no mundo contemporâneo criaram um novo contexto de produção científica, caracterizado pela desconstrução de antigas teorias e pela construção de uma nova Rede de conhecimentos. Neste sentido, ocorre a produção de trabalhos que exploram esse novo cenário no qual as concepções anteriores sobre a identidade do ser humano, devam ser substituídas por outras que abranjam as novas formas de interpretar os impactos psicológicos, gerados pelas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) aqui focando a CMC..

(13) 13. Em se tratando de modificações geradas pela utilização de uma forma específica de comunicação, é pertinente conceituar e contextualizar os principais temas que serão utilizados no decorrer do estudo. Para tanto, o primeiro capítulo apresenta uma visão geral da evolução histórica da comunicação, desde a Era dos Símbolos e Sinais até a Internet com suas características e implicações no comportamento humano; aborda, também, seus conceitos e objetivos. Igualmente, trata dos conceitos atuais da comunicação e do ciberespaço, entendido aqui como Internet, para conhecer a realidade e a história do surgimento da Rede no mundo e no Brasil e, como esta foi inserida na vida das pessoas, oferecendo seus variados serviços, inclusive o que será abordado nesta pesquisa: a CMC. Investiga-se a Rede, como uma grande memória universal que armazena e organiza dados, tornando-se um importante instrumento de acesso à informação. Como meio de comunicação, também permite diferentes formas de interação com o mundo, refletindo assim a sua complexidade psíquica, social e contemporânea. Considerando que o tema principal desta pesquisa é o perfil do usuário da Internet, torna-se necessário mostrar de que forma o comportamento será entendido constituindo-se um panorama sobre o início dos estudos a esse respeito, e como é considerado, atualmente, segundo pesquisadores da área das Ciências Humanas. O segundo capítulo é dedicado ao contexto metodológico da pesquisa, ou seja, que caminhos este trabalho percorreu para estudar o tema proposto. Nele, encontram-se as considerações sobre abordagens metodológicas e as características do estudo e as ações metodológicas. O terceiro capítulo visa obter um maior entendimento sobre o perfil do internauta. Para atingir o objetivo deste capítulo, primeiramente apresenta-se a descrição geral dos usuários da Rede de acordo com os dados apresentados pelo Ibope, IBGE e outros, sobre o crescente número de pessoas que acessam a Internet, bem como seus hábitos de conexão. A segunda parte deste capítulo, dedica-se ao estudo do perfil psicológico do internauta. Verifica-se que a preocupação daqueles que se dedicam ao estudo do comportamento volta-se para a chamada “crise de identidade do século XXI”, apontando a necessidade das teorias antigas adaptaremse a este novo homem que surge em um cenário de constantes transformações. É no quarto capítulo que se encontram as contribuições efetivas dos estudos da Psicologia para a CMC com o objetivo de oferecer aos estudiosos, conhecimentos advindos de outros campos científicos, mas que possam servir de ponto inicial para a análise das transformações subjetivas, presentes no novo cenário mundial. Além disso, esse último.

(14) 14. capítulo se configura pelo confronto das ambivalências decorrentes do uso da Internet. Não cabe aqui julgar se alguns comportamentos observados diante dessa nova possibilidade de comunicação são bons ou ruins, mas a intenção, nessa parte do estudo, é apresentar um panorama a respeito das descobertas já realizadas sobre as atividades dos freqüentadores da Rede. De acordo com LOPES (2004), é de significativa importância para a prática dos profissionais, especialmente das áreas humanas, o estudo do ser humano no contexto das novas tecnologias: (...) uma vez que terão que lidar com esses indivíduos cada vez mais inseridos numa cultura dissolvida na globalização, atravessada por múltiplas forças, onde o homem nem sempre caminha na mesma velocidade dos desdobramentos tecnológicos e na qual a máquina vira parte indispensável de alguns modos de relação interpessoal(LOPES, 2004, p.93).. Isto porque a compreensão dos diversos aspectos, envolvidos na relação entre o homem e as novas tecnologias, promove uma visão mais ampla e profunda das transformações ocorridas no cenário atual. Da mesma forma, também pode-se imaginar as perspectivas que se abrem para o estudo dos fenômenos psíquicos a partir das mudanças operadas concretamente na vida externa. Como diz CHAGAS (1999): (...) na virada do século XX, marcado na história do homem por intenso progresso tecnológico, cabe às ciências humanas o papel de uma investigação aprofundada sobre o impacto que essas mudanças provocam nos indivíduos e nas relações de um modo geral, nos diversos níveis em que se processam (p. 15).. Esta breve apresentação do tema, ressalta a real importância da comunicação social e áreas afins no desvelamento das tecnologias que atingem diretamente o comportamento humano, de modo que envolvam outras ciências em um estudo interdisciplinar. Espera-se, então, que a partir deste estudo, algumas questões sejam esclarecidas e outras apareçam para que seja constante a busca por melhor compreender o ser humano do século XXI que, cada vez mais, utiliza a CMC em seu cotidiano. Ainda, cabe a este trabalho, portanto, compreender estudar à luz das teorias da Comunicação e da Psicologia Social (a qual tem por objetivo a relação que une os indivíduos ou grupos, em suas relações, a um meio social real ou simbólico), a dinâmica do convívio social frente a CMC e quais os efeitos desta interação social. Como este convívio social, esta.

(15) 15. interação, são processados numa sociedade, com suas tradições, influências históricas e condicionamentos econômicos. É lícito esperar que esta pesquisa possa contribuir, mesmo que de forma modesta, com subsídios acerca dos estudos sobre o indivíduo na sociedade que utiliza a Internet como mais uma proposta para a formação de grupos, estudando cientificamente o processo de interação entre as pessoas, permitindo que se tenha uma melhor compreensão do comportamento social humano frente às novas tecnologias de comunicação..

(16) 16. CAPÍTULO I - CONTEXTO CONCEITUAL Antes de iniciar o estudo e apresentar as considerações mais relevantes a respeito do tema, é necessário esclarecer alguns conceitos e apresentar o contexto dos principais termos aqui abordados para que o leitor possa entender melhor as colocações feitas no decorrer do trabalho. É válido, portanto, apontar, de forma sucinta, como foi o processo histórico da comunicação, o surgimento da Internet e como será entendido o comportamento humano no decorrer da pesquisa.. 1. Comunicação. A capacidade de enviar e receber mensagens, instantaneamente, a distâncias imensas, é encarada hoje com indiferença. Na perspectiva da vida, em épocas anteriores, o que se faz hoje representa uma mudança significativa no comportamento da comunicação humana. E à medida que os anos vão passando, a necessidade de se comunicar aumenta vertiginosamente. A Internet representa mais um dos meios de comunicação usados diariamente, destacando-se sua interatividade. Esta parte do capítulo visa entender como a comunicação ocorre; como o rápido aparecimento dos atuais veículos de comunicação possa ser compreendido como um dentre os vários progressos ocorridos na capacidade humana de se comunicar e de se relacionar.. 1.1 Conceitos e Objetivos da Comunicação A tentativa de conceituar a comunicação é encontrada, em muitos autores. Serão selecionadas as definições compatíveis aos objetivos desta pesquisa, ou seja, são definições ligadas ao comportamento e às novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC). Além disso, serão consideradas aqui, definições segundo autores de diversas áreas (sobretudo da área do comportamento) por este ser um estudo interdisciplinar. Etimologicamente o termo “comunicação” vem do latim communicatio que significa interação ou troca de mensagens, ou seja, comunicação é o ato de “estar em contato com outrem, geralmente pela linguagem (...), troca verbal entre um locutor e um interlocutor de quem o primeiro solicita uma resposta” (LAROUSSE CULTURAL, 1998, p. 1.535). De acordo com a ENCICLOPÉDIA BARSA (1990), a comunicação.

(17) 17. Define-se como o processo de troca de mensagens entre duas ou mais pessoas, ou entre dois sistemas. Esse processo se verifica através de um ‘meio’ e requer a existência de dois pólos, um transmissor e um receptor. O meio, também chamado de canal, pode ser natural ou mecânico. Para que através dele se transmitam as mensagens, é necessário um sistema comum a ambos os pólos, ou seja, um código comum. Este implica o conhecimento de um código cultural – a língua, ou linguagem, em que as mensagens são traduzidas (p. 438).. Segundo MIÈGE (2000), As primeiras definições da comunicação insistem todas, mais ou menos, nos mecanismos que favorecem o desenvolvimento das relações humanas e, em particular, nos fenômenos de simbolização, assim como nos mecanismos de transmissão dos conteúdos. A comunicação é, ao mesmo tempo, um processo (para o qual contribuem meios diversificados) e o resultado desse processo. (p.24-5).. De acordo com BERLO (1999),. Aristóteles definiu o estudo da retórica (comunicação) como a procura de ‘todos os meios disponíveis de persuasão.’ Discutiu outros possíveis objetivos de quem fala, mas deixou nitidamente fixado que a meta principal da comunicação é a persuasão, a tentativa de levar outras pessoas a adotarem o ponto de vista de quem fala. (p.7-8).. Na concepção do autor, a comunicação se destina a influenciar o comportamento. Desta forma, é preciso compreender as variáveis e os processos que determinam tal comportamento e sua mudança segundo o ponto de vista da comunicação. Continuando, para Weaver (apud LAROUSSE CULTURAL 1998),. (...) a comunicação inclui todos os procedimentos por meio dos quais uma mente pode afetar outra mente. Isto, obviamente, envolve não somente a linguagem escrita e oral, como também música, artes pictóricas, teatro, balé e, na verdade, todo comportamento humano. (p. 1.535)..

(18) 18. Neste sentido, através dos autores, verifica-se que é pertinente o estudo da comunicação quando o assunto tratado, versa sobre relacionamento interpessoal e sua influência no comportamento humano. A comunicação pode ser entendida também como um. (...) processo de transmissão e recepção de informações, sinais, mensagens ou códigos, de um organismo para outro, mediante gestos, palavras ou outros símbolos. Para que haja comunicação, os meios de transmissão têm de ser inteligíveis para ambos os organismos, o emissor e o receptor. A inteligibilidade será garantida pelo uso comum de um repertório (código) (CABRAL; NICK, 1997, p. 66).. Assim, entende-se por “comunicar” um ato que busca repartir, compartilhar, pois é uma ação entendida, segundo CASADO (2002), como um processo de socialização e de evolução humana, tanto em forma como em conteúdo. Sendo assim, possibilita a expressão das emoções, a explicação dos valores sociais, a perpetuação da cultura de um grupo, o registro e a disseminação das descobertas e dos avanços tecnológicos. De acordo com a autora, sendo a comunicação essencialmente social, ela inclui a transfer6encia e a compreensão de significados que correspondem ao conceito ou à noção do que se quer transmitir, seja através de palavras e gestos ou através de sinais. Sem a transmissão de significados (comunicação), não existe interação e não existe grupo social. Desta forma, a comunicação é uma das responsáveis pelas mudanças de comportamento dos indivíduos, pois é através dela que as pessoas interagem, possibilitando assim, trocas e feedbacks tão importantes para o desenvolvimento e conhecimento dos outros e de si mesmo. Para BERLO (1999), a palavra “comunicação” tornou-se popular. É usada hoje para denominar os problemas de relações entre trabalhadores e dirigentes, entre nações, entre pessoas em geral. Alguns usos do rótulo “comunicação” referem-se simplesmente a um modo diferente de ver os problemas das relações humanas. Com relação à forma, de acordo com CASADO (2002), a comunicação assinala o desenvolvimento humano, colocando à disposição tecnologias cada vez mais sofisticadas como meios de receber, enviar e registrar informações. Qualquer que seja a forma, a comunicação não vai deixar de ser:.

(19) 19. (...) um processo que envolve codificação (formação de um sistema de códigos) e descodificação (a forma de procurar entender a codificação) de mensagens. Essas mensagens permitem a troca de informações entre os indivíduos. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2000, p.111).. Sendo assim, a comunicação abrange, inclusive, a relação entre a parte que transmite e a parte que compreende. Se a mensagem não for entendida pelos receptores, o que seria uma grande idéia, não passará de algo inútil. BOCK; FURTADO; TEIXEIRA (2000) afirmam que “a comunicação não é constituída apenas de código verbal. Também utilizamos para a comunicação expressões do rosto, gestos, movimentos, desenhos e sinais” (p.111). Sobre as formas de comunicação, CASADO (2002) completa: a fala e a escrita não são as únicas formas de intercâmbio entre as pessoas. Os trajes e modos de comportamento, também desempenham papel fundamental na vida social, pois conferem a organização e a unidade necessárias ao convívio entre as pessoas. Entretanto, na comunicação interpessoal as pessoas utilizam basicamente quatro formas de comunicação: verbal (através da fala ou da escrita), não- verbal (pode ser representado pelo gesto ou pela postura corporal), simbólica (pode ser exemplificada pelo local onde mora, que tipo de roupa usa, decoração da casa) e paralingüística (tom da voz, pausas da fala, que conferem sentido à comunicação). O modelo mais comum e conhecido de comunicação, segundo BERLO (1999), é o da fonte – mensagem – canal – receptor. Este modelo destaca a importância da compreensão plena do comportamento humano como pré-requisito para a análise da comunicação. A partir deste esquema básico da comunicação: transmissor (aquele que codifica), mensagem (o código), receptor (aquele que decodifica), BOCK; FURTADO; TEIXEIRA (2000) colocam que a Psicologia Social passa a estudar o processo de interdependência e de influência entre as pessoas que se comunicam, procurando responder a questões a respeito de tais influências, sobre as características da mensagem, como aumentar o poder de persuasão através da comunicação e sobre os processos psicológicos envolvidos na comunicação. A partir daí, é perfeitamente demonstrável que as preocupações com a comunicação são de âmbito geral e já se infiltraram em muitas das atitudes humanas, pois a comunicação é capaz de influenciar comportamentos, gerando reflexões relativas ao crescimento dos veículos de massa..

(20) 20. Segundo DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993), tal expansão exerceu influências no comportamento e suas conseqüências demonstram um importante aspecto dos veículos de massa contemporâneos, tanto que, para CASADO (2002), o uso da comunicação e o processo de evolução de seus meios, possibilitam o desenvolvimento das unidades sociais, dos pequenos grupos, em vilas e cidades. Toda a técnica subjacente a estes processos de comunicação alterou os padrões de sociabilidade das pessoas entre si. E tal desenvolvimento ocorreu, sem dúvida, para a evolução humana, favorecendo a organização do pensamento, que conferiu ao homem maior probabilidade de sobrevivência. Continuando, BERLO (1999) afirma que: A fonte e o receptor de comunicação possuem certas habilidades, atitudes e conhecimentos de comunicação. Cada qual existe dentro de um sistema social e de um contexto cultural que influenciam a sua maneira de reagir às mensagens. A comunicação representa uma tentativa de combinar esses dois indivíduos, esses dois sistemas psicológicos. As mensagens são usadas para consumar essa combinação de organismos. (p.122).. Assim colocado, esse modo de comunicação original de interação entre pessoas visíveis e presentes é complementado, atualmente, por atos de comunicação compartilhados em que se coloca uma técnica de difusão, o que pode alterar o contexto da informação. A linguagem é codificada e armazenada em um novo sistema simbólico, o ciberespaço. Portanto, nem sempre a comunicação ocorre diretamente entre duas pessoas, mas entre homem e computador por meio de uma impressora e de um teclado, por meio de um monitor ou sobre uma mesa gráfica ou enfim pela utilização da voz, estando o computador munido de um sistema de reconhecimento da voz e de um aparelho sintetizador de sons. No caso, o presente estudo se propõe investigar o perfil das pessoas que se comunicam com as outras através do computador, realizando, portanto, este último, apenas, o papel de mediador Já que a comunicação é algo que ocorre entre mais de uma pessoa, pode ser dito que seu objetivo é a interação, ou seja, a comunicação se dá através de um processo de interdependência, cujo final é a interação: processo de adoção recíproca de papéis. Ao conhecer uma pessoa por intermédio da comunicação, criam-se expectativas que envolvem comportamentos particulares de cada indivíduo e supõe-se haver uma capacidade denominada empatia, tão importante para se atingir, com sucesso, o objetivo da comunicação. Conforme dito anteriormente, o objetivo básico do homem na comunicação é influenciar outros, o ambiente físico e a si mesmo. Segundo BERLO (1999), é se tornar.

(21) 21. agente determinante, é ter opção no andamento das coisas. Em suma, o homem se comunica para influenciar com intenção. Contudo, muitas vezes, o homem “desconhece” ou “esquece” o seu objetivo. Isso não quer dizer que haja um objetivo próprio e que o homem deva estar consciente dele. Quer dizer que há um objetivo na comunicação do qual, muitas vezes, não se tem consciência da conduta. Na concepção de BERLO (1999), “ (...) o comunicador pode influenciar alguém de forma não-pretendida, por esquecer que sua mensagem poderá ser recebida por outras pessoas além daquelas a quem a tenha enviado.” (p.16). Dentro deste contexto, GRUÈRE (1993) destaca a importância da comunicação interpessoal: A comunicação entre duas ou várias pessoas é um fenômeno que implica na vida quotidiana de cada um de nós. Muitas vezes desconhecida porque banal, este processo é o objeto de uma atenção muito particular por parte de algumas profissões que por necessidade se interessam ativamente (...). Numerosas pesquisas estão se desenvolvendo em várias partes do mundo e particularmente no campo das ciências humanas por (...) sociólogos, historiadores, psicólogos, (...). (BERLO, 1999, p.9).. Objetivo e audiência são inseparáveis. Todo comportamento de comunicação tem como objetivo a obtenção de uma reação específica de uma pessoa específica ou grupo de pessoas. Quando os objetivos da fonte e do receptor são incompatíveis, rompe-se a comunicação. Quando são interdependentes, ou complementares, a comunicação pode prosseguir. Em qualquer caso, tanto a fonte como o crítico precisam perguntar a razão, mas do ponto de vista com o qual o receptor participa da experiência de comunicação. Portanto, segundo BERLO (1999), o objetivo da comunicação deve ser especificado de maneira que: não seja logicamente contraditório ou inocente consigo mesmo; concentre-se no comportamento, isto é, seja expresso em termos de comportamento humano; seja específico o bastante para que possamos relacioná- lo com o real comportamento de comunicação; seja coerente com os meios pelos quais as pessoas se comunicam. Através da exposição dos objetivos da comunicação, percebe-se que esta não é um ato que ocorre isoladamente. Isto porque os comportamentos da fonte não ocorrem independentemente dos comportamentos do receptor ou vice-versa. E, qualquer situação de comunicação, fonte e receptor são interdependentes devido à comunicação entre duas ou mais pessoas necessitar desse tipo de relação de interdependência. Entretanto, segundo BERLO.

(22) 22. (1999) “os níveis de interdependência comunicativa variam de situação para a situação” (p.110). Há, portanto, uma mudança constante no comportamento enquanto ocorre a comunicação; porém, existem níveis variáveis de interdependência entre os conceitos ou acontecimentos. A interdependência máxima é encontrada nos conceitos a que nos referimos como diáticos. Todavia, a eficiência da transmissão de uma mensagem pode ser verificada pela própria fonte através da reação do receptor e, a partir daí, exercer um controle sobre futuras mensagens que a fonte venha codificar. Portanto, a comunicação compreende freqüentemente a interdependência da ação e a reação da fonte, influente na reação do receptor e subseqüente à reação da fonte, o que implica em mudanças de comportamentos devido à interdependência entre ambos. Em síntese: independentemente da forma na qual a comunicação é feita, seu objetivo não muda. Nessa transmissão de conceitos, informações e valores, o que acaba sendo influenciado e modificado é o comportamento. Qualquer que seja o modo de comunicação, esta última continua com os mesmos objetivos, ou seja, continua sendo a mesma em essência. Pergunta-se: como se deu a evolução histórica da comunicação?. 1.2 Breve histórico da Comunicação Há, certo valor, em examinar o passado para ver o que ocorreu em diversos momentos importantes, quando as pessoas se tornaram capazes de comunicar-se de maneiras diferentes. Parece, então, apropriado, esboçar uma visão ampla de onde e quando começou a comunicação humana e como essas alterações tiveram profundas implicações para a vida das pessoas comuns. É uma tentativa pois, de apreender as conseqüências das grandes mudanças em comunicação, ocorridas em épocas recentes, como o resultado da invenção e difusão dos veículos de massa. Segundo DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993), as implicações da atual revolução das comunicações podem ser analisadas para encarar o que ocorreu anteriormente com a humanidade quando surgiram as capacidades de compartilhar significados. O autor aponta que a experiência inicial da espécie humana, no planeta, é descrita em termos de eras ou idades, durante as quais os primitivos faziam ferramentas com diferentes.

(23) 23. materiais ou criavam tecnologias para resolver problemas de alimentação ou construção de armas, mas falhavam na capacidade de comunicar-se. Neste período, os significados mais expressivos, ligados à civilização dependiam, preponderantemente, do domínio dos sistemas de comunicação. E a crescente capacidade para comunicar-se levou o homem ao desenvolvimento contínuo da tecnologia e a regras de comportamento que possibilitaram a civilização. Portanto, a história da existência humana pode ser explicada em função de etapas distintas no desenvolvimento da própria comunicação. De acordo com DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993), a primeira dessas etapas foi a Era dos Símbolos e Sinais, iniciando na progressão da vida pré- hominídea. A princípio, os seres humanos se comunicavam como fazem outros mamíferos: por meio de respostas herdadas ou instintivas que exerceram papel significativo em tal comunicação; nesse caso, o comportamento, adquirido pela comunicação era mínimo. À medida que a capacidade cerebral crescia, essa importância foi invertida. Passaramse milhões de anos antes de ser possível a adoção de alguns gestos, sons e outros tipos de sinais padronizados que pudessem ser utilizados por gerações sucessivas nas trocas básicas, necessárias à uma vida social. Continuando com DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993), uma mudança radical ocorreu quando os seres humanos ingressaram na Idade da Fala e da Linguagem. As implicações relativas ao viver em sociedade, na qual o processo fundamental de comunicação é a fala, não constituem mistério. A linguagem, até hoje, é uma manifestação não apenas da vida prática ou do trabalho, mas também da emoção, da maneira como as pessoas se comunicam entre si. Porém, a linguagem é apenas o começo da grande caminhada evolucionista da comunicação. A maioria, se não todos os povos, ultrapassou as limitações dessa etapa ao acrescentar a escrita, a imprensa e os veículos modernos da mídia. Foi há aproximadamente cinco mil anos que os homens fizeram a transição para a Era Escrita. Essa grande ferramenta foi inventada, independentemente, em mais de uma parte do mundo. Conta DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993) que os chineses e os maias criaram a escrita de forma totalmente autônima, mas a mais antiga transição ocorreu entre os sumérios e os egípcios no antigo Crescente Fértil, no que hoje são partes da Turquia, Iraque, Irã e Egito. Logo depois, a escrita ampliou-se, seguida pelas comunicações impressas e de massa..

(24) 24. Mais recentemente, o homem ingressa na Idade da Imprensa. O primeiro livro foi produzido por uma prensa que usava tipos móveis fundidos em metal, apenas poucas décadas antes de Colombo realizar sua viajem em direção à América. A tecnologia espalha-se pela Europa toda e atinge outras partes do mundo, revolucionando a maneira pela qual é desenvolvida e preservada a cultura. Na concepção de DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993),. A Era da Comunicação de Massa iniciou no começo do século XIX com o surto de jornais para a pessoa comum junto com a mídia elétrica tais como o telégrafo e o telefone. (...) O jornal foi um prolongamento da era da impressão, e os outros veículos nunca foram utilizados por vastos números de pessoas.(p.24).. A Era da Comunicação de Massa se consolidou no começo do século XX com a invenção e adoção do filme, rádio e TV para grandes populações. Veículos que iniciaram a transição profunda, ainda em continuidade nos tempos atuais. Comunicação de Massa é, na concepção de CABRAL; NICK (1997) (...) um tipo de comunicação que tem entre suas características fundamentais o fato de processar-se, essencialmente, num sentido único: entre uma minoria que produz, de forma industrializada, mensagens que a grande massa absorve em silêncio. O órgão emissor é constituído pela grande imprensa, rádio e televisão e, antes de chegar à massa receptora, a mensagem é veiculada por um canal físico – temporal ou espacial. (p.67).. Durante a II Guerra Mundial, realizaram-se pesquisas destinadas a aferir o grau de receptividade do público, ante determinados acontecimentos ou com relação a diferentes meios de comunicação. “Dessas pesquisas feitas por sociólogos, psicólogos, cientistas políticos, etc., resultava o conhecimento do tipo de demanda existente por parte do receptor que se queria conquistar, e à qual o transmissor deveria atender” (ENCICLOPÉDIA BARSA, 1990, p. 439). A natureza e as implicações dessas mais recentes alterações nos processos de comunicação humana são o tema principal desta pesquisa e suas conseqüências no comportamento humano. Segundo MIÈGE (2000), De fato, a comunicação moderna tem uma estreita relação com as sociedades contemporâneas, ela está muito ligada a sua “dinâmica”, e, certamente, ela não é nem um artefato (cultural ou ideológico), nem um elemento que.

(25) 25. exprime de forma direta as relações sociais e o funcionamento do “social”. Daí a dificuldade em compreender o sentido e em “dominar” aquilo que deve ser considerado como uma ambigüidade essencial. (p.16).. O advento da Era dos Computadores trouxe uma reflexão sobre o que essa “era” subentende para a comunicação; sabe-se que os computadores já estão gerando o que DEFLEUR; BALL ROKEACH (1993) chamam de uma sociedade informatizada. O que se observa é uma remodelagem e prolongamento dos veículos de massa que continuarão a alterar, virtualmente, todos os processos de comunicação nos próximos anos. As implicações de tais alterações ainda não estão claras presentemente. Sobre esta evolução dos meios de comunicação DEFLEUR; BALL-ROKEACH (1993) afirmam que:. Deve-se ter em mente que estas teorias das transições é uma acumulação, antes de que um relato de períodos dispostos em série porém distintos. Isto é, nossos ancestrais primitivos aprenderam a usar símbolos e sinais muito cedo, e ainda os usamos muito amplamente. A fala e a linguagem foram-lhe acrescidas. (...) O uso do computador agora está se disseminando. Assim, a história da comunicação humana tem sido de combinação de sistemas de comunicação antes do que de simples passagem de um para outro. (p.24).. A chegada dos computadores passou a configurar um novo tipo de comunicação denominada telecomunicação. Esta, por sua vez, de acordo com MOLES (1995), é a comunicação a distância; por isso, ela necessita de um canal técnico que estabelece a ligação entre o emissor e o receptor. A telecomunicação de massa é uma comunicação de difusão essencialmente anônima. Ela está baseada na emissão de uma multidão de seres anônimos, definida objetivamente por critérios sociais, psicológicos, econômicos, por critérios extrínsecos às pessoas: é o conceito de público alvo. Entram nesta categoria a televisão, o rádio, a imprensa, a mala direta e até o livro. Uma posição especialmente controvertida foi a de McLUHAN (1962), cujo lema ‘o meio é a mensagem’ resume as suas opiniões sobre a poderosa influência da televisão, computadores e outros disseminadores eletrônicos sobre as formas de pensamento. Os meios modernos, segundo o autor, superam em importância o conteúdo. Sobrepõem-se à linguagem verbal, em que os sentidos mobilizados são a visão e a audição, com predominância da segunda. Os meios sonoros quebram a linearidade da comunicação própria do livro, restabelecendo a inter-relação dos sentidos. Essa volta ao primitivo envolvimento de todos os sentidos seria a característica da era eletrônica..

(26) 26. De acordo com McLUHAN (1962), uma lupa, um telescópio, um microscópio são aprimoramentos de uma das funções sensoriais: a visão. Um aparelho sonoro digital, um sino, vem satisfazer o órgão da audição. Um foguete, um navio, vem ao encontro da função locomotiva. Esta teoria pode abranger a comunicação mediada pelo computador, ampliando o alcance da voz, da audição, da visão, da escrita. O e-mail, o telefone atendem à necessidade de se comunicar com uma e/ou muitas pessoas a qualquer distância. Sem dúvida, as atividades cotidianas das pessoas, durante cada era, foram e ainda são profundamente influenciadas pelos sistemas de comunicação em vigor. No decorrer da breve contextualização deste capítulo, percebe-se que a natureza dos processos de comunicação de uma sociedade está significativamente relacionada aos aspectos da vida diária. Isto porque, à medida que o ser humano evoluiu, sua capacidade de comunicação igualmente evoluiu. Quanto mais aperfeiçoada tal capacidade, mais fácil foi inventar, emprestar soluções de outros e acumular conhecimentos que os ajudaram a sobreviver. Mas, segundo DEFLEUR; BALL ROKEACH (1993), os processos de evolução da comunicação não foram tranqüilos e gradativos; iniciados com um sistema elementar de grunhidos e gestos, resultaram em milhões interagindo entre si através do computador, sem o limite das fronteiras da distância física. Além disso, a característica da comunicação que se tem na atualidade, de acordo com GIUGLIANO (1999), é a quantidade de informação que trafega pelos meios, como televisão, Internet e jornais. Essa quantidade parece trazer uma conseqüência: o tratamento cada vez mais raso e não-analítico destas informações. Tal como houve momentos em que formas biológicas diferentes surgiram, houve também súbitos adiantamentos na capacidade de comunicação. De acordo com MIÈGE (2000) É por demais evidente que a comunicação, além de se ter introduzido a maior parte dos CAMPOS da vida social e profissional, continua a se beneficiar de um impressionante poder de atração pelas ações que são empreendidas em seu nome e pelo grande número de técnicas que tem proposto, assim como pelo simbolismo que difunde. No entanto, sobretudo em certos meios profissionais, ainda parece paradoxal e inútil produzir conhecimentos no sentido de explicar seu funcionamento. Por vários motivos, ainda há quem ofereça resistência em considerá-la como um objeto de pesquisa científica. (p.17)..

(27) 27. Ao analisar, na prática, a Comunicação Mediada por Computador, percebe-se que esta é um modo de comunicação de contrastes. Tem-se dentro de uma mesma forma, a tecnologia de última geração, transmitindo sons e imagens juntamente a uma quantidade considerável de símbolos e sinais cuja função é de facilitar e agilizar os contatos via Internet, demonstrando que o comportamento comunicativo tem um amplo campo de ação. Porém, SAN TOS (1997) coloca que, apesar da comunicação com o mundo já fazer parte das atividades diárias, ela por si só não gera felicidade e bem-estar, pois estas dimensões, segundo o autor, dependem de uma comunicação realizada por homens que estejam próximos uns dos outros. Portanto, o que SANTOS (1997) propõe, em primeiro lugar, não é a Internet, pois, muitas vezes, as comunicações interpessoais virtuais dão margem a uma relação de desnecessidade e desvinculação com a verdade ou mesmo, de alienação social e cultural. No aspecto da comunicação e da interação social, o diálogo interpessoal presencial está cedendo lugar à comunicação na Internet, ou de correspondência via e-mail. Nesse processo evolutivo, observa-se uma comunicação que transpõe barreiras espaciais e até mesmo temporais.. Segundo ANDERSON (2002), a revolução da informação e da. comunicação, “cria uma paisagem eletrônica vasta e misteriosa de novos relacionamentos, papéis, identidades, redes e comunidades” (p.11). Dando continuidade ao trabalho e objetivando uma compreensão maior deste mundo dos diálogos, realizados no ciberespaço, será feita uma breve apresentação do que é a Internet.. 2. O surgimento da Internet Assim que o computador surgiu, ele era visto talvez como uma calculadora gigante, ou um controlador de outras máquinas. Posteriormente, o computador passou a ser considerado como uma forma de inteligência artificial, podendo ser dotado de vida própria e até rebelar-se contra seu criador. Com o passar do tempo, foi sendo considerado como um eletrodoméstico, controlado pelo usuário. A partir da Internet, esse computador recebe outras funções, e pode ser visto tanto como biblioteca, como criador de um espaço virtual no qual são criadas realidades alternativas, bem como um mediador da comunicação humana. E por fim, como afirma CAMPOS (2004), enquanto cyborg, acoplado ao ser humano..

(28) 28. Juntamente com a evolução do computador, as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs) foram caracterizadas como um conjunto de meios de armazenamento, de tratamento e de difusão da informação, gerado pela união entre a informática, as telecomunicações e o audiovisual, dando origem ao CD-rom, Internet, consideradas como auto-estradas da informação, evoluindo rapidamente e recrutando, a cada dia, mais adeptos. Devido ao uso generalizado dessas Tecnologias da Informação e Comunicação, surgem questões de ordem econômica, social, antropológica e até ética. As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs) provocam um impacto real e concreto sobre as práticas sociais como o trabalho, a aprendizagem e o relacionamento humano. Para LOPES (2004) “O empenho tecnológico mostra-se hoje como mais um reflexo dos movimentos de tecnização na vida do homem. Os produtos de tal movimento quebram fronteiras e colocam indivíduos de diferentes países, línguas e culturas em contato direto” (p.93). Segundo o autor, (...) a comunicação a distância surgiu e fixou-se como o serviço postal. Romperam-se limites espaciais da comunicação entre os homens, mas manteve-se um limite temporal, uma vez que a carta demora um tempo determinado a chegar (período determinado pela distância que esta tem que percorrer, pela eficiência do mensageiro, etc.), durante o qual a transmissão de seu conteúdo fica impossibilitada. (LOPES, 2004, p.134).. A Comunicação Mediada pelo Computador (CMC) aparece, então, como um ambiente interativo de comunicação que surge a partir de um espaço social, o ciberespaço: um terreno fértil para novas relações sociais, regras e para uma nova identidade. Segundo LEVY (2000), a comunicação mediada pelo computador traz a possibilidade de dois seres humanos prescindirem da concretude da presença um do outro para se comunicar e, como conseqüência, a possibilidade de ‘desterritorializar’ a comunicação humana, quebrando as barreiras de tempo e espaço. Essa ferramenta, segundo FARAH (2004), tem algumas características específicas como por exemplo, (...) a quebra dos padrões de tempo e espaço até então vigentes, bem como a possibilidade de interagir com outros humanos sem estar concretamente em sua presença; traz a possibilidade dos humanos acessarem informações antes inimagináveis, numa velocidade nunca vista antes na história da humanidade (FARAH, 2004, p. 54)..

(29) 29. É descrita, também, como um processo que tem mais em comum com interações do que com os procedimentos tecnológicos, portanto, a interação é a característica principal do ciberespaço e está inserida num contexto amplo chamado Cibercultura. A Cibercultura, afirma CUNHA (1999), é fruto do encontro entre a tecnologia de ponta e o vitalismo social. Mais do que inovações técnicas, o surgimento dessas novas formas de sociabilidade, fundadas nas relações cotidianas e no lúdico, deu origem a essa cultura do virtual. Para LÉVY (1999), Cibercultura é o conjunto de técnicas, de práticas, atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. Para o autor, “atualmente, o ciberespaço é o sistema com o desenvolvimento mais rápido de toda história das técnicas de comunicação.” (p.206) E o ciberespaço é, para o autor, o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Isto quer dizer que a extensão do ciberespaço ao mesmo tempo que acompanha, também acelera uma virtualização da sociedade, mesmo porque o ciberespaço também é um potente fator de desconcentração e de deslocalização. Os estudos sobre CMC estão sendo orientados para formas de interação, baseadas em modelos psicossociológicos e "de sociabilidade". Uma mudança importante nas condições psicossociais acarretadas pela CMC é o conceito de comunicação. A CMC só é possível através da Internet a qual se caracteriza como uma gigantesca Rede mundial de computadores e que inclui, desde grandes computadores, até micros de porte de um PC 386 ou 486. Esses equipamentos são interligados por linhas telefônicas comuns, canais de satélite e outros meios de comunicação. Na concepção de STOCKINGER (2000), ao observar as origens e o anseio global da Internet com suas implicações para o futuro, muitas abordagens se restringem aos aspectos técnicos encontrados. Mas apesar da Internet estar baseada na tecnologia, sua difusão e importância social apóiam-se na comunicação, pois acelera, aumenta e condensa tal processo: uma grande parte das comunicações, via Rede, conecta-se a comunicações que já eram da própria Rede, criando novas conexões; estas levam à formação de sistemas sociais que unem pessoas, culturas e incentivando novos comportamentos..

(30) 30. A Rede (utilizada neste trabalho como sinônimo de Internet), é capaz de interligar todos os computadores do mundo. De acordo com STOKINGER (2000), o que a faz tão poderosa é um tipo de programa da informática que atende pelas siglas TCP/IP (Protocolo de Controle de Transferência/Internet Protocol, em inglês). Todos os computadores que entendem essa língua são capazes de trocar informações entre si. Desta forma, é possível conectar máquinas de diferentes tipos, como PCs, Macs e Unix. Esse conjunto de computadores tem, em comum, protocolos e serviços, de tal forma que os usuários conectados possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance mundial. Segundo CAIRNCROSS (2000), existem três aspectos que mostram a importância da Internet: seu alcance global, sua capacidade em fundir as capacidades da televisão e do telefone e seu estímulo à inovação. Mas, (...) o mais importante de tudo é que a Internet tornou-se o mais poderoso motor de inovações jamais visto no mundo. Devido ao seu protocolo aberto e flexível, milhares de pequenas empresas, fundadas pelos mais qualificados empreendedores, estão ganhando (...) grandes quantias de dinheiro desenvolvendo novas formas de usar a Internet. (p.147).. Mas, segundo o autor, a Internet só chegou devido algumas características: (...) a queda no custo de equipamento que possibilita chamadas de longa distância, o aumento de tarefas realizadas pelo telefone e a interligação do mundo através de cabos. Como o telefone é, tão versátil, tão amplamente usado, essas mudanças terão efeitos profundos. O fim das distâncias será orientado pela violenta queda dos preços das chamadas interurbanas e internacionais. (...) O resultado será um mundo em que a distância, pela primeira vez na história, não vai impor nenhuma barreira à comunicação. (CAIRNCROSS, 2000, p.47).. O crescimento da Internet é justificado por ser uma das principais ferramentas da Globalização obrigando todos a estarem inteirados sobre o que acontece no mundo, sem perder tempo. Inserido neste contexto, conforme dito anteriormente, está o conceito de ciberespaço que, segundo TRIVINHO (2000), diz respeito a “uma estrutura infoele trônica transnacional de comunicação de dupla via em tempo real (...) que permite a realização de trocas (...) com alteridades virtuais.” (p.180) A tecnologia e conceitos fundamentais, utilizados pela Internet surgiram, segundo LIMA (2000), de projetos conduzidos ao longo dos anos 60 pelo Departamento de Defesa dos.

(31) 31. Estados Unidos cujo o objetivo era o desenvolvimento de uma Rede de computadores para comunicação entre os principais centros militares de comando que pudesse sobreviver a um possível ataque nuclear. Para o autor, a Internet foi desenvolvida nos tempos remotos da Guerra Fria com o nome de Advanced Research and Projects Agency (ARPA) em 1969, com o objetivo de conectar os departamentos de pesquisa. Posteriormente, esta Rede foi batizada com o nome de ARPANET: Rede que ligava estes departamentos de pesquisa e as bases militares. Como os EUA estavam em plena guerra fria, e toda a comunicação desta Rede passava por um computador central que se encontrava no Pentágono, sua comunicação era extremamente vulnerável. De acordo com LIMA (2000), com um sistema que passava por baixo da terra, o “backbone” (Coluna dorsal de uma rede), representava a via principal de informações transferidas pela Rede, neste caso, a Internet); ela ligava os militares e pesquisadores sem ter um centro definido ou mesmo uma rota única para as informações, tornando-se quase indestrutível. Portanto, seu objetivo era manter a comunicação das bases militares dos Estados Unidos, mesmo com a ameaça do Pentágono desaparecer devido a um ataque nuclear. Segundo LIMA (2000), quando a ameaça da Guerra Fria passou, a ArpaNet tornou-se inútil para os militares que resolveram deixar de mantê- la sob a sua guarda. Foi assim permitido o acesso aos cientistas que cederam a Rede para as universidades as quais, sucessivamente, passaram- na para as universidades de outros países, permitindo que pesquisadores domésticos a acessassem, até que mais de cinco milhões de pessoas estivessem conectadas com à Rede e, para cada nascimento, mais quatro se conectava m com a imensa teia da comunicação mundial. Nos anos 70, as universidades e outras instituições que faziam trabalhos relativos à defesa. tiveram. permissão. para. se. conectar. à. ARPANET.. Em. 1975,. existiam. aproximadamente 100 sites. Os pesquisadores que mantinham a ARPANET estudaram como o crescimento alterou o modo das pessoas usarem a Rede. Anteriormente, os pesquisadores haviam presumido que manter a velocidade da ARPANET, alta o suficiente, seria o maior problema, porém, na realidade, a maior dificuldade se tornou a manutenção da comunicação entre os computadores (ou interoperação). Continuando com LIMA (2000), no final dos anos 1970, a ARPANET tinha crescido tanto que o seu protocolo original de comutação de pacotes, chamado de Network Control Protocol (NCP), tornou-se inadequado. Em um sistema de comutação de pacotes, os dados a serem comunicados são divididos em pequenas partes. Essas partes são identificadas de forma.

(32) 32. a mostrar de onde vieram e para onde devem ir, assim como os cartões-postais no sistema postal. Assim também, como os cartões-postais, os pacotes possuem um tamanho máximo, e não são necessariamente confiáveis. Depois de algumas pesquisas, a ARPANET mudou do NCP para um novo protocolo chamado Transfer Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) desenvolvido em UNIX. A maior vantagem do TCP/IP era que ele permitia (o que parecia ser na época) o crescimento praticamente ilimitado da Rede, além de ser fácil de implementar em uma variedade de plataformas diferentes de hardware de computador. De acordo com o GUIA DO USUÁRIO INTERNET / BRASIL (2002), nesse momento, a Internet é composta de aproximadamente 50.000 redes internacionais, sendo que mais ou menos a metade delas nos Estados Unidos. A partir de julho de 1995, havia mais de seis milhões de computadores, permanentemente conectados à Internet, além de muitos sistemas portáteis que ficavam online por apenas alguns momentos. Com o surgimento da World Wide Web, esse meio foi enriquecido. O conteúdo da Rede ficou mais atraente com a possibilidade de incorporar imagens e sons. Um novo sistema de localização de arquivos criou um ambiente em que cada informação tem um endereço único e pode ser encontrada por qualquer usuário da Rede. De acordo com LÉVY (2000) “a World Wide Web foi concebida por uma equipe dirigida por Tim Berners Lee, em Genebra, para melhorar a pesquisa cooperativa entre os físicos” (p.206). Esse sistema permite interconectar, através de vínculos de hipertexto, todos os documentos do planeta, e torná- los acessíveis com alguns “cliques”, a partir de qualquer ponto do Globo. Atualmente, não há um único centro que "governa" a Internet. Hoje ela é um conjunto de mais de 40 mil redes no mundo inteiro. O que essas Redes têm em comum é o protocolo Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), que permite que elas se comuniquem umas com as outras. Esse protocolo é a língua comum dos computadores que integram a Internet. Atualmente, a Internet é considerada o maior sistema de comunicação desenvolvido pelo homem. Através do Guia do Usuário Internet/Brasil (2002), verifica-se, também, que as universidades brasileiras estão ligadas a Redes de computadores mundiais desde 1989. Naquele ano, havia conexões com a Bitnet, uma Rede semelhante à Internet, em várias instituições, tais como as universidades federais do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro..

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