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Dados gerais sobre o perfil do internauta brasileiro

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CAPÍTULO III – PERFIL DO USUÁRIO DA CMC

1. Dados gerais sobre o perfil do internauta brasileiro

Há muito já se sabe da quantidade de recursos que a Internet coloca à disposição de seus usuários. Acesso em tempo real a notícias do mundo inteiro, comunicação eficiente, bate-papo e compras online são algumas das melhores opções da grande Rede.

Com essas facilidades, advindas a partir do nascimento da Internet, surge um novo tipo de usuário do computador: uma pessoa que deseja ter o equipamento em casa, somente para acessar a Rede, não interessando os detalhes sobre o sistema operacional ou o funcionamento da máquina, pois apenas busca informações.

E quando se fala em perfil do internauta, abre-se um leque de opções. Existem aqueles que “navegavam” sem um objetivo definido e, com o tempo, foram aprendendo a buscar informações; outros vêem a Internet como uma ferramenta de entretenimento e participam de jogos on line, salas bate-papo e outros que trabalham e prestam serviços através da Rede.

Talvez isso tenha ocorrido devido à forma de divulgação dada à Internet: a Rede tornou-se popular graças a um pequeno grupo de pessoas e não à indústria de massa. Conforme discutido no primeiro capítulo, ela começou no meio acadêmico e foi levada até a

população pela iniciativa de um pequeno grupo de pessoas, capaz de perceber a Rede como uma grande mídia.

Com a evolução do html e das aplicações de multimídia, a visão da Internet, como apenas uma difusora de informações, no meio acadêmico, foi mudando. A Internet ganhou um formato esteticamente mais agradável e, em pouco tempo, passou a ser vista como ferramenta não só de informação, mas também de negócios. O resultado disso são os sites de comércio eletrônico, pesquisa, ensino, entretenimento, Internet Banking, entre tantos outros.

A primeira Rede brasileira com conexão a redes internacionais nasce no Rio, em setembro de 1989, quando o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio da ONG Ibase, cria o Alternex , um serviço de conferências eletrônicas e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).

Segundo o COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, cerca de um mês depois, começa a funcionar uma Rede da Fundação para o Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que já solicitara acesso a uma das redes dos Estados Unidos, a BitNet, em 1988. Fapesp e RNP tinham linhas de comunicação internacionais independentes. Em 1991, Rio e São Paulo são integrados, e a Fapesp passa a ficar responsável pelo tráfego de protocolos do padrão norte-americano (TCP-IP) e pelo registro dos domínios "pontobr". Em 1993, as duas capitais são ligadas a Brasília.

No Rio de Janeiro, onde a Rede nasceu antes e com recursos do Governo Federal, os gestores utilizavam apenas os protocolos (codificação informática dos arquivos transportados) abertos, adotados pelo Comitê Consultivo Internacional de Telegrafia e Telefonia (CITT). Já a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), mantida com recursos estaduais, adotou mais rapidamente, também, outros protocolos das Redes norte-americanas, mesmo que fechados.

Segundo o próprio COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, houve alguma dificuldade em adotar os protocolos BitNet e TCP-IP (protocolos norte-americanos fechados, ou seja, feitos por empresas que cobram pelo seu uso), em função dos protocolos abertos (ou gratuitos), X-25, X-400 e outros, adotados pela CITT. O TCP-IP era um padrão mais simples, mas não aberto e, por isso, a Embratel relutava em aceitá-lo. Mas, posteriormente, o TCP-IP acabou por ser aberto. A linha da Fapesp nasceu com o protocolo da BitNet, como a do Rio, mas adicionou o HepNet, em 1991, e também o TCP-IP e passou a transportar os três protocolos na mesma linha. A segunda linha em TCP-IP para o exterior foi a da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1992.

A partir daí, o crescimento da Internet no Brasil ocorreu de forma rápida, o que surpreendeu muitas pessoas. Quem esteve envolvido com a Rede, desde o início, afirma que a explosão da Internet já era esperada. Considera-se a rapidez ao comparar a evolução de outros tipos de tecnologia.

Certamente, o avanço desse tipo de tecnologia da informação, juntamente com sua acessibilidade, transformaram o perfil dos usuários, pois a cada ano, a Internet atinge um número maior de pessoas justifica-se, assim, nesta parte do capítulo, a apresentação de um panorama, desde 1998, sobre o número de internautas, sexo, atividades online, de acordo com dados coletados a partir de diversos órgãos de pesquisa e estatística.

Após o ano de 1997, quando a Internet começou a ser um pouco mais acessível, o site de buscas Cadê? e o instituto de pesquisa Ibope consultaram, via Internet, cerca de 50 mil internautas espalhados por todo o país, na terceira versão da Pesquisa Internet Brasil, feita pelo Cadê?/Ibope em 1998. A pesquisa revelou dados importantes para empresas de marketing, publicidade, jornais, revistas e todos os que trabalham com o mundo virtual. Dados como o aumento do número de mulheres internautas, que representavam apenas 4% dos usuários da Rede em 1997 e passaram para expressivos 45% no ano da pesquisa, dado importante para se redefinir as estratégias de atuação na Web.

Mas não são apenas as mulheres que estariam descobrindo a Rede. Os jovens entre dez e 18 anos representavam 33% dos usuários, enquanto os mais velhos, acima de 40 anos, se encarregavam de uma fatia de 18%. Apesar de representar o segmento mais qualificado da população, a Rede também começava a se tornar mais popular. Ou seja, o acesso feito por pessoas que possuem apena s o nível primário chegava a 7% do total. As que possuem nível superior ou segundo grau completo representam 38% cada, segundo os dados parciais da pesquisa.

Outro dado revelado na pesquisa de 1998 aponta que a Internet, desde então, passou a mudar alguns hábitos das pessoas e a mídia que mais sofreu com isso foi a televisão. A tendência de popularização da Rede também ficou evidente e nos próximos anos, foi previsto que a Rede tornar-se- ia mais popular e democrática.

Em 1999, a Media Metrix (NASDAQ:MMXI) apresentou, pela primeira vez no Brasil, o seu relatório de Enumeração, revelando o perfil do Internauta brasileiro.

O estudo teve como base dez regiões brasileiras: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Brasília, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, Grande Fortaleza, Grande Salvador, Grande Recife e Interior de São Paulo.

Segundo a pesquisa, nestas dez regiões, a estimativa de penetração de Internet nos domicílios com telefone é de 17,9%, o que resulta numa projeção de 5,5 milhões de usuários de Internet, nestas áreas metropolitanas.

O número de usuários nacionais estaria aproximadamente em torno de 8,6 milhões, embora as dez regiões metropolitanas representassem 37% da população brasileira, sendo significativamente maior o seu peso econômico.

A pesquisa apontou também que, 25,4% dos pesquisados, possuem microcomputador contra 74,6% que não possuem micro. Dos que possuem computador, 89,60% possuem apenas um equipamento, 9,1% possuem dois micros e 1,3% possuem três ou quatro micros em casa. Além disso, o trabalho revelou que 70,5% da amostra dos que possuem um micro estão conectados à Internet.

A pesquisa revelou que 56,72% do internautas brasileiros são homens e 43,28% são mulheres (dado um pouco menor do que no ano anterior). No quesito idade, a mostra revelou que 32,54% dos internautas brasileiros possuem entre 18 e 24 anos de idade, 17,46% têm entre 25 e 34 anos, 13,88% têm entre 35 a 44 anos e de 12 a 17 anos, 12,69% possuem entre 45 a 54 anos, 4,93% são crianças com idade entre 2 a 11 anos, 2,99% tem entre 55 a 64 anos de idade e 1,64% com 65 anos ou mais.

Com relação à classe social, 21% dos internautas pertencem à classe A, 42% pertencem à classe B, 17% pertencem à classe C e 10% pertencem à classe D; 10% recusaram-se a responder a pesquisa, neste quesito.

A população, economicamente ativa, representou 54,5% dos pesquisados, sendo que 38% são trabalhadores em tempo integral, 16,2% trabalham em tempo parcial e 9,6% são free- lancers. Os estudantes representam 22%, as donas de casa 4,9%, os aposentados 5,2% e os desempregados 3,8% do total da amostragem. Através desses dados, pode-se supor o motivo de tantas propagandas na Internet, pois a maior parte dos usuários é considerada como consumidora em potencial.

Entretanto, apesar desta possibilidade de interação via Internet ser bastante acessada, de acordo com SEMERENE (1999), as relações mantidas na Rede não estão substituindo as relações reais. São, no máximo, complementares. Em uma pesquisa realizada pelo autor, a maioria dos internautas não modificou seus hábitos sociais, especialmente sua vida noturna (63%). Eles trocam fotos e e-mails entre si, independentemente de serem casados, terem namorados ou serem solteiros. Além disso, 69% dos usuários afirmam não mentir nas conversas; 70% não trocam de gênero e 66% não assumem outra personalidade.

Ainda abordando os dados sobre do perfil do internauta brasileiro, será apresentado também o resultado de uma pesquisa feita por uma Rede que promove bate-papo através do programa Internet Relay Chat (IRC). Como este estudo diz respeito ao perfil do usuário da CMC é interessante conhecer dados provenientes de uma Rede que promove tal atividade.

Em 2001, a BRASnet realizou uma pesquisa sobre seus usuários e que será aqui considerada devido ao grande número de usuários da Rede que freqüentam os seus canais. Estas pessoas que utilizam a BRASnet estão distribuídas nas cinco regiões do país, evidenciando sua abrangência nacional. Em todos os estados relacionados, a BRASnet possui um número expressivo de internautas, com destaque para a Bahia, Ceará e Paraíba, no Nordeste, e nas regiões Sul e Sudeste, com desta que para o número, bastante considerável de usuários de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

Verificou-se que os internautas interessavam-se por conversas e trocas de informações sobre os mais diversos temas enquanto estão online (conectados). Isto foi identificado pela diversidade e quantidade de canais registrados e em uso. Foi observada a existência de vários grupos de acordo com idade, cidade, profissões, preferência sexual, entretenimento, times de futebol, além de canais dedicados a temas diversos como ufologia, religião, espiritismo, unix, sons, imagens, totalizando mais de 7000 canais diferentes ativos nos horários de maior movimento.

Segundo CAMPOS (2000), os usuários habituais costumam freqüentar, por exemplo, sempre as mesmas salas de chat, fazendo dessas salas verdadeiros grupos, regidos por regras e normas próprias a cada um deles. As pessoas ficam amigas, trocam informações profissionais, brigam ou namoram. Muitas vezes, os encontros são transpostos para a vida real, são marcados os "IRContros", ou seja, as pessoas de uma sala de chat ou canal se encontram pessoalmente.

De acordo com pesquisa do IBOPE, no mesmo ano, os usuários de bate-papo (especificamente) são tipicamente aqueles que utilizam a Rede várias horas por dia, os quais correspondiam à cerca de 81% dos internautas brasileiros; verificou-se que a maioria dos internautas brasileiros (84%) estavam entre as classes A e B. Os homens acessam mais a Web (57,4%), embora as mulheres tenham aumentado sua participação, saltando de 41,9% em setembro de 1999 para 43,9%. Em 2001, estes dados mostraram que uma Rede de bate-papo ampla como a BRASnet reúne um grande e seleto público que utiliza a Internet de forma efetiva e tem um bom poder aquisitivo e nível de instrução.

Pelas estatísticas apresentadas, constatou-se que 83% dos usuários permanecem conectados até uma hora na Rede e 12% até duas horas, o que demonstra a rotatividade de

usuários, espalhados pela Rede e gerando mais de 400 mil bits por dia, distribuídos pelos diversos servidores conectados.

Observando os dados apresentados, verificou-se que a BRASnet reflete o perfil do internauta brasileiro: preponderância de acesso de jovens, do sexo masculino (55%), de 12 a 24 anos (90,1%). Significativa também é a presença de adultos com idade entre 25 e 34 anos (4,8%). E aproximadamente 2% dos usuários da Rede têm mais de 55 anos.

O público jovem e de bom nível de instrução é a maioria absoluta entre os usuários da Brasnet. A maior parte deles está cursando o segundo grau ou já se encontra na graduação (75,3%). O número de pós-doutorados na Rede é um dado muito interessante, refletindo a presença de usuários acima de 55 anos (5,8%). Os jovens estudantes, mais uma vez, predominam nas estatísticas de atividade profissional. Em seguida, representando parcela significativa do usuários, estão os profissionais relacionados à área de Informática, como os programadores e analistas de sistemas.

Os dados mais recentes do IBGE, referentes a 2002, atestam que dos 170 milhões de habitantes do país, apenas 3,3% — o equivalente a 6,8 milhões de pessoas — dispõem de computadores em casa. Um número ínfimo, segundo especialistas.

De acordo com o IBOPE, a Internet domiciliar brasileira em abril de 2003 teve uma tragetória de crescimento, registrando 7,770 milhões de usuários únicos, um aumento de 2,97% sobre março. O total de horas navegadas manteve-se praticamente estável, atingindo jovens adultos (18 – 24 anos); o tempo de navegação atingiu 12h 46min, atrás apenas dos jovens americanos (19h 20min).

Ainda segundo dados do IBOPE, fornecidos ao Jornal Folha da Manhã, em 2004, o Brasil chega com posição de destaque na Rede mundial, sendo líd er entre os países em desenvolvimento. Em janeiro de 2004 (data do último relatório mundial disponível), o Brasil, próximo a completar dez anos de Internet acessível ao público, já possuía 3,1 milhões de computadores ligados à Rede, o que o colocou como o oitavo país no mundo, terceiro nas Américas e primeiro na América Latina. Somava-se mais que o dobro do número de computadores conectados no México (1,3 milhões), segundo país do continente a entrar na lista, em 15ª posição. À frente do Brasil estavam Estados Unidos, Japão, Itália, Reino Unido, Alemanha, Holanda e Canadá, nessa mesma ordem.

Em junho de 2003, a coluna “Mundo Digital” informou que a empresa de pesquisa de mercado Ibope eRatings calculou em 14,3 milhões o número de brasileiros com acesso à Internet a partir de residências. Mas, de acordo com os dados publicados pela mesma fonte,

em 28/06/04, a mesma empresa calculou em cerca de 28 milhões os brasileiros, com mais de 16 anos e que já utilizaram a Web pelo menos uma vez.

Segundo o jornal, no início de setembro, o site de registro da Internet no Brasil já somava 1,3 milhão de domínios (endereços de acesso). Eram 676.634 mil domínios de entidades profissionais, como adm.br (de administração) ou odo.br (de odontologia). Dos 651.967 restantes, 91% eram comerciais, com a terminação "com.br" e os 9% restantes divididos entre outras 22 terminações, como gov.br, org.br, ind.br (indústria) ou mil.br (militar).

Esse grande número de acessos demonstra o interesse da população brasileira pela Internet, mas juntamente a esses dados, vêm alguns outros, não muito bons, já que se trata de mais um tipo de crime organizado: as atividades exercidas pelas pessoas denominadas como

hackers.

De acordo com o CORREIO WEB (2004), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisas (RNP), que dá acesso à Internet a mais de duzentas instituições acadêmicas e contabiliza cerca de um milhão de usuários, registrou, de 1997 a 2003, mais de quatorze mil ataques a sua Rede. O número é insignificante perto dos dados fornecidos pelo COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL: 34 mil ataques de janeiro a julho de 2004.

Não existe nenhuma estimativa que indique a extensão do prejuízo causado pelos hackers no Brasil. Contudo, no segundo semestre de 2003, somente em uma operação que recebeu o nome de Cavalo de Tróia, a Polícia Federal apurou que, criminosos cibernéticos, causaram um rombo de cem milhões de reais a bancos de quatro estados.

Embora tenha diminuído, a quantidade de hackers que causa estragos por diversão ainda é significativa. O COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL calcula que dezesseis mil ataques à Internet, este ano, foram causados apenas por vírus. Os vírus não propiciam nenhum ganho financeiro ao criador, mas são encarados por alguns hackers como uma espécie de desafio. É a sensação de vencer obstáculos que leva alguns deles a invadir

sites de órgãos do governo e implantar mensagens brincalhonas.

A partir dos dados apresentados, de 1998 a 2004 houve um significativo acréscimo do número de usuários da Internet. Dentre estas pessoas que utilizam esta nova tecnologia, a maioria são jovens, estudantes e do sexo masculino. Porém, esse quadro está mudando devido ao crescimento da participação das mulheres e o acesso das pessoas de classes C e D que, apesar de não possuírem computador em casa, acessam a Internet a partir das escolas, faculdades, lan houses (casas onde a pessoa paga para acessar a Rede) e programas

governamentais. Existem muitos projetos do Governo Federal para facilitar o contato com a Rede a diversas pessoas, mas ainda há muita dificuldade de implantação e prática.

Apesar de ser o 8º do mundo em número de usuários, proporcionalmente o número de acessos ainda é baixo se comparado ao tamanho da população. Mesmo assim é uma colocação significativa e, com esse número, serão vistas muitas modificações quanto ao comportamento e socialização das pessoas. Tais transformações serão discutidas no item a seguir.

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