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7. ERP – Enterprise Resource Planning

2.1 O futebol

2.1.7 Considerações sobre o exemplo de gestão Manchester United e o futebol europeu

A apresentação do Manchester United como exemplo não implica ser seu modelo societário/organizacional com ações lançadas no mercado de valores o caminho para a profissionalização dos clubes brasileiros. Apesar disso, os princípios de gestão estratégica

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Fatores críticos como os fatores fundamentais e prioritários para a condução dos negócios da organização, tendo em vista os objetivos estratégicos estabelecidos.

adotados pelo Manchester (o grande nome na indústria futebolística mundial na virada para o século XXI), podem servir de referência para uma gestão do futebol mais profissional no País.

Buscar traçar um paralelo entre a história do Manchester em relação aos grandes clubes no Brasil é um exercício que, se, por um lado, apresenta caminhos a serem trilhados, por outro, mostra as muitas e grandes dificuldades a serem superadas, dribladas.

O Manchester United tem uma história marcada por uma tragédia em 1958, quando vários de seus melhores jogadores morreram em um acidente aéreo, mas que atraiu admiradores de além das fronteiras da cidade e do país, o que confere ao clube um certo pioneirismo no tocante à internacionalização da marca.

Destaca-se em livros da área esportiva e em trabalhos acadêmicos como exemplo de gestão, notadamente por conjugar fatores como visão empresarial do clube ao longo de diversas administrações, saneamento de custos, planejamento estratégico e adequação à legislação esportiva local, o que levou ao lançamento de ações na bolsa de valores.

No relatório em que são feitas análises financeiras por temporadas, há nove anos, pela empresa de consultoria Deloitte em clubes de futebol de todo o mundo, o Manchester figurou em primeiro lugar nas oito primeiras edições. No último estudo, divulgado em fevereiro de 2006, aparece na segunda colocação, sendo a primeira assumida pelo Real Madrid, clube espanhol. Na primeira edição, da temporada 1996/1997, o rendimento dos 20 principais clubes era de 1,2 bilhão de euros. Já, nessa última edição, referente à temporada 2004/2005, pela primeira vez foram superados os três bilhões de euros.

9 edições Arsenal, FC Barcelona, Bayern Munich, Internazionale, Juventud, SS Lazio, Liverpool, Real Madrid, Manchester United, AC Milan, AS Roma, Newcastle United, Tottenham Hotspur

8 edições Chelsea

6 edições Leeds United, Borussia Dortmund, Parma, Rangers 5 edições Celtic

3 edições Aston Lilla, Olympique Lyonnais, Schalke 04, Valencia 2 edições Manchester City, Olympique Marselle, Paris St Germain

1 edições Ájax, Atletico Madrid, Everton, Fiorentina, Flamengo, Hamburg, Sunderland, West Ham United Quadro 2 - Clubes da Deloitte Football League por número de edições

Dentre os países melhor classificados na Football Money League, estudo da Deloitte sobre os vinte clubes com maiores rendimentos por temporada no mundo, a distribuição das receitas raramente é muito discrepante, à exceção dos clubes italianos, em que existe uma negociação individual por clube relativa a direitos de transmissão e os grandes clubes recebem quantias bastante superiores aos pequenos do país. Nas tabelas 1 e 2 estão as classificações do estudo para 2006 e 2005, respectivamente.

Tabela 1 - Classificação dos principais clubes da Deloitte Football League 2006

Clube País Dia de

jogo

Direitos de transmissão

Acordos comerciais

Real Madrid Espanha 23% 32% 45% Manchester U Inglaterra 42% 29% 29% AC Milan Itália 16% 59% 25%

Juventus Itália 10% 54% 36% Chelsea Inglaterra 38% 37% 25% FC Barcelona Espanha 32% 38% 30%

Fonte - Football Money League – Deloitte & Touche – fev. 2006

Tabela 2 - Classificação dos principais clubes da Deloitte Football League 2005

. Clube País Dia de jogo Direitos de transmissão Acordos comerciais Manchester U Inglaterra 36% 36% 28% Real Madrid Espanha 26% 38% 36%

Chelsea Inglaterra 37% 39% 24% FC Barcelona Espanha 34% 39% 27%

B. Munique Alemanha 20% 17% 63% Schalke 04 Alemanha 31% 18% 51%

Fonte: Football Money League – Deloitte & Touche – fev. 2005

No Brasil, no relatório elaborado pela Casual Editores em 2005 e apresentado na revista Desafios do Desenvolvimento (2006) é mostrada uma composição média de receitas dos grandes clubes brasileiros, em percentual, melhor visualizada no gráfico1: 30% em negociação de atletas, 29% em direitos de televisão, 11% em patrocínio e publicidade, 7% em bilheteria (enquanto para os clubes europeus é de cerca de um terço das receitas), sendo os demais 23% em outras receitas.

29% 11% 7% 23% 30% Negociação de atletas Direitos de TV Patrocínio e publicidade Bilheteria Outras receitas

Gráfico 1 – Composição média de receitas dos grandes clubes brasileiros Fonte – Elaborado pela da autora da dissertação.

Enquanto os clubes paulistas apresentaram, em 2005, quatro das cinco maiores receitas dentre os clubes do país, com uma receita média acima de 107 milhões de reais, aparece o Cruzeiro como a quarta maior receita, 91,3 milhões e, na sexta colocação, o Flamengo, com uma receita de 70,4 milhões de reais. O Atlético Paranaense aparece no sétimo lugar, 65,7 milhões de reais.

O Atlético Mineiro não apareceu no ranking apresentado na revista, mas, segundo relatório disponibilizado por um dos sócios da Casual Editores (ANEXO C), ocupa a décima terceira colocação, com uma renda de 34,8 milhões de reais, cerca de um terço da receita média dos clubes do estado de São Paulo, no ano de 2005.

Os clubes brasileiros de futebol, em resumo, são dependentes de duas fontes principais de receita: negociação de jogadores e direitos de televisão, sendo que os clubes fora do eixo Rio – São Paulo recebem cotas inferiores pelos direitos de transmissão. Um esforço maior pela diversificação das receitas vem sendo feito por alguns clubes, notadamente em termos de acordos comerciais, mas, o dia de jogo, no Brasil, ainda apresenta-se, em grande parte dos casos, deficitário, em parte devido aos clubes não contarem com seus próprios estádios ou eles estarem obsoletos.