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Constituição dos campos: Cinema de Autor e Cinema Comercial em Portugal

3. CINEMA DE AUTOR VS CINEMA COMERCIAL

3.4. Constituição dos campos: Cinema de Autor e Cinema Comercial em Portugal

Segundo alguns autores, entre os quais Daniel Ribas (2016) e André Rui Graça (2016), o cinema de arte português dos anos 60 não é uma singularidade nacional, antes uma variação do modelo de cinema de arte europeu. Modelo fundado na ideia de um modo de produção cultural, por oposição ao modelo industrial de Hollywood. Esta necessidade de afirmação começa a despontar na Europa tão cedo quanto as primeiras manifestações de poderio da indústria norte americana, nas décadas de 20/30. Em Portugal, a resistência ao modelo industrial americano não é tão consensual e prematura, pelo contrário, na década de 40, quando o resto da Europa se afunda na guerra e se instala uma crise na produção e distribuição de cinema, o cineasta do regime - António Lopes Ribeiro – ensaia um tipo de “produção à Hollywood”, contrariando até as preferências de António Ferro, o ideólogo da política do espírito e da orientação cultural do regime39, por um cinema historicista e etnográfico. O modelo

dominante em Portugal nas décadas de 30 e 40 é o do cinema nacionalista, mais devedor da influência nazi ou fascista, do que propriamente do modelo de arte europeu.

Voltando a este, por oposição ao sistema de estúdios taylorizado e de realizadores tarefeiros, o cinema de arte europeu consagra a assinatura autoral do realizador e procura inscrever o cinema na alta cultura.40Nele conjugam-se estratégias de resistência cultural e económica de Estado, mas também

modelos narrativos e produtivos inscritos nas tradições nacionais. O cinema de arte europeu tem características narrativas identificáveis, na década de 40 associadas ao neo-realismo e mais tarde ao

nouveau roman. Nesta segunda fase, distingue-se, entre outras marcas, pela tendência para a

ambiguidade narrativa; enredos descentrados, caracterização psicológica das personagens e tramas existencialistas.41 Alguns exemplos paradigmáticos dessa marca no cinema português são: Belarmino

(1964), de Fernando Lopes; Uma Abelha na Chuva (1971), também de Fernando Lopes , O Cerco, de

Antonio da Cunha Telles (1972) ou O Mal Amado (1973) de Fernando Matos Silva. Por manifesta falta de mercado, tornada evidente a partir dos anos 30, o “cinema português” estabeleceu, desde cedo, uma relação de dependência com o Estado, tornando-se uma espécie de instituição nacional e

39 Ver subcapítulo 4.1.5. Portugal

40 (Elsaesser, 2005: 48 apud Ribas,2016:107)

41 (Crofts, 2002: 29; Elsaesser, 2005: 43 apud Ribas, 2016:107)

instrumento privilegiado senão de propaganda pelo menos de uma certa idealização nacional.42 No

início dos anos 60, um grupo de novos cineastas sem ligações ao Estado, adopta os modelos estilísticos e modos de produção do Cinema Novo europeu e podemos fixar nesse momento histórico o nascimento da ideia de cinema de autor em Portugal. Não se trata do nascimento de uma prática cinematográfica completamente diferente de tudo aquilo que se fez antes, mas de uma consciência colectiva de pertença a um grupo, que se afirma contra o status quo na esfera nacional e contra uma ameaça externa. Em Portugal, a geração do Cinema Novo afirma-se contra o cinema domesticado do Estado Novo, feito sobretudo de adaptações literárias de autores oitocentistas, enredos históricos de tipo hagiográfico e comédias conformistas até ao final dos anos 40 e de tramas marialvas, com muito toiro, fado, futebol e artistas do nacional cançonetismo na década de 50.

Embora em Dom Roberto (1962), de Ernesto de Sousa e em Pássaros de Asas Cortadas (1963), de Artur Ramos existisse já uma vontade de mudança, nos temas e nos métodos, o nascimento do Cinema Novo português ficou historicamente associado à Produtora Cunha Telles e aos seus jovens realizadores e técnicos. Mas como diz Leonor Areal a “datação do início do novo cinema varia conforme os critérios: o critério que aceita o marco de Dom Roberto é mais ideológico e o que aponta a Os Verdes Anos é mais estético ou formalista” (Areal, 2012: 370). À parte os diferendos sobre os filmes charneira, nos anos sessenta e setenta foram feitos filmes que se inscrevem na matriz do Cinema Novo europeu. E o Cinema Novo representou uma ruptura na forma como até aí os filmes eram produzidos e realizados.

Um conjunto de novos realizadores - quase todos com passagem pela crítica cinematográfica, pelo cineclubismo e quase todos também bolseiros em Paris ou em Londres a expensas do Fundo do Cinema Nacional43 ou da Gulbenkian - primeiro financiados pelas Produções Cunha Telles e depois

pela Fundação Calouste Gulbenkian, procura fazer um cinema independente do caderno de encargos do Estado e verdadeiramente novo na forma e nas narrativas.

Como refere Leonor Areal, não se deve sequer falar de uma estética do Cinema Novo português porque cada filme é uma voz isolada, mas há em todos uma vontade de dar murros na mesa, de quebrar silêncios e convenções e uma urgência de realidade.

Cada filme é tão diferente dos outros quanto único; cada filme é uma pedrada no charco e cada pedra tem feitios e intenções diferentes, mas todos querem perturbar e criar ondas – isso é o que une o cinema novo, uma espécie de resistência contra um inimigo comum, o conformismo e a mediocridade do cinema e da sociedade, juntamente com o desejo de falar com urgência da realidade. Todo o novo cinema é feito de filmes que reflectem e que se situam na vertigem do seu tempo, filmes de contemporaneidade estrita. (Areal, 2012:371)

42 (Ribas, 2016: 106)

43 Ver nota 19

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Mas também não é um cinema de resistência no sentido político do termo, como o tentou ser o neo-realismo.44 Não há jdanovismo45 em nenhum dos filmes do Cinema Novo, que primam por narrativas existencialistas, sem heróis e muito menos colectivos. O Cinema Novo é desalinhado do

status quo e desalinhado da resistência. Desalinhado da ideologia conservadora do poder e desalinhado

também da militância do cinema neo-realista. O colectivo não é representado, ou, pelo menos, não o é de forma directa. Os protagonistas são átomos desinseridos desse colectivo. Recorrendo mais uma vez a Leonor Areal, “O social estará presente metonimicamente, ou na forma de alegoria, mas não enquanto personagem colectivo” (Areal, 2012:373). Os realizadores do Cinema Novo fazem um cinema erudito e elíptico e dominam a táctica da alusão. Conseguem fazer passar um subtexto de oposição através de narrativas existenciais, pontuadas por silêncios e opacidades que sugerem um clima de opressão latente, sem fazer menção à ordem social e política. Na impossibilidade do uso da palavra recorrem à mise en scène. Essa é a marca distintiva da nova geração de cineastas: falar da repressão sem a designar, através do alheamento das personagens, e nas escolhas de mise en scène.

O cânone do cinema nacional entre os anos 60 e 80, válido ainda hoje em muitos aspectos e apesar de todas as mudanças, inscreve-se no modelo do Cinema Novo, que, no final dos anos 60 princípio dos anos 70, ganhou estatuto institucional com a lei 07/71, a criação do Instituto Português de Cinema e do curso de cinema no Conservatório Nacional, ambos em 1973.

O Cinema Novo corresponde a uma tradição reflexiva que contraria o naturalismo do cinema clássico. Tende a expôr o dispositivo cinematográfico, a usar não-actores, personagens introspectivas, material literário e dentro deste material poético, planos de “poesia visual” e a explorar soluções pouco ou mesmo nada narrativas. Este cinema diz repetidamente que é cinema, sublinha o artifício tanto na representação como na mise en scène.46 Falamos em tendências e não em monolitismo estilístico. O cânone apesar de uma certa rigidez e de uma matriz forte de denominadores comuns contempla também alguma diversidade e evolui.

Nos anos 90, a alteração do panorama audiovisual e a participação das televisões na produção de cinema e de telefilmes, introduz novas linhas estilísticas e uma linhagem renovada de cinema popular | comercial, com a linguagem própria da indústria: narratividade clássica (invisibilidade do dispositivo cinematográfico), cinema de género (sobretudo comédia e filme de acção), representação naturalista, fotografia tendencialmente de tipo televisivo, tramas e cenas de acção à americana, um leque de actores partilhado com a indústria da telenovela. Também ocorreram mudanças no cinema dito 44 Neo-realismo que em Portugal teve apenas um cultor no cinema: Manuel de Guimarães. Com títulos como:

Saltimbancos (1951); Nazaré (1952), com argumento de Alves Redol ou Vidas Sem Rumo (1956), com diálogos

também de Alves Redol.

45 Adjectivo inspirado pela filosofia da arte de Andrei Jdanov (1896-1948), político soviético, correligionário de Estaline, que impôs o Realismo Socialista - a submissão da arte ao interesse e visão política.

46(Ribas, 2016:160)

canónico ou de autor, mudanças técnicas como a introdução do vídeo e mais tarde do digital, que trazem consigo uma capacidade de produção de baixo custo, novas linguagens estilísticas e por decorrência maior diversidade. Globalmente, o cinema faz uma aproximação ao realismo quotidiano e ocorre uma aproximação temática entre o cinema de matriz comercial e o de autor.

Se não é possível sustentar a ideia da originalidade do cinema português enquanto linguagem e modo de produção, já a temática, segundo autores como João Mário Grilo,47 Augusto M. Seabra,48

Tiago Baptista (2009) ou Paulo Filipe Monteiro (2000, 2004) é fortemente distintiva. Nas décadas de 60, 70 e 80, as narrativas e as opções estilísticas resultam em filmes fatalistas, desencantados e melancólicos. Um Portugal estagnado e decadente por oposição às glórias do passado, com o qual se mantém também um distanciamento irónico. Em relação aos novos cineastas e ao cinema feito a partir dos anos noventa, autores como Lemière (2013) e Maria do Rosário Lupi Bello49 admitem uma maior

diversidade temática, mas ainda uma tendência forte para a auto reflexividade e para a análise social abstracta, porque quase só discursiva, outros, como Paulo Filipe Monteiro,50 Augusto M Seabra,51

Tiago Baptista (2009), Vasco Câmara,52 assinalam fortes mudanças de imaginário, sobretudo uma

preocupação com o presente e com problemas sociais concretos, visitados pela câmara e não apenas pela palavra: pobreza, desemprego, prostituição, tráfico humano, a família em crise, violência doméstica, toxicodependência, comunidades imigrantes, juventude inquieta e marginal, o interior deserto e violento. A identidade deixa de ser objecto de reflexão discursiva como o foi no cinema dos anos 60 aos 80, período em que se filma mais conceitos que personagens, e passa a ser dada pela conjugação polifónica de vários filmes que no conjunto devolvem um olhar pessimista sobre o país.

Em suma, em Portugal, o cinema de autor está indelevelmente ligado à geração do Cinema Novo – Paulo Rocha, Fernando Lopes, António da Cunha Telles, António de Macedo, José Fonseca e Costa, António-Pedro Vasconcelos - e aos seus herdeiros. São estes que, segundo Lemière,53 alimentam a

singularidade da escola portuguesa que, nos anos 70 e sobretudo 80, se firma na cena internacional com os filmes de Manoel de Oliveira, António Reis e Margarida Cordeiro, Paulo Rocha, João Botelho, João César Monteiro, José Álvaro Morais, Alberto Seixas Santos, Fernando Lopes, Jorge Silva Melo, João Mário Grilo e aos quais se juntam, no início dos anos 90, Teresa Villaverde e Pedro Costa, e outros mais jovens como João Pedro Rodrigues. Lemière atribui essa singularidade ao cruzamento de três critérios: “(1) invenção formal e inscrição do cinema numa nova etapa da modernidade

47 (Grilo, 2006:108 apud Ribas,2016: 172) 48 (Seabra,1989:8 apud Ribas, 2016: 172) 49 (Bello, 2010:25-26 apud Ribas, 2016: 182) 50(Monteiro, 2006:125 apud Ribas, 2016:183) 51 (Seabra, 1999:12 apud Ribas 2016:184) 52 (Câmara, 2003:86 apud Ribas, 2016:183) 53 (Lemière, 2006:736)

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cinematográfica; (2) afirmação da liberdade do cineasta e procura constante dos meios dessa liberdade contra toda a norma industrial; (3) primado da reflexão sobre a questão nacional”.

O campo do cinema comercial, também na acepção de grupo dotado de um programa e de uma ideia de cinema, formou-se curiosamente em torno duma facção dissidente do Cinema Novo e do grupo fundador do CPC54. Em 1991, a presidência do Secretariado Nacional para o Audiovisual, órgão

portador duma ideia de cinema para o grande público e encarregue da fusão legal do audiovisual com o cinema, é assumida por António-Pedro Vasconcelos, que nesse mesmo ano com um grupo de realizadores, entre os quais: José Fonseca e Costa, Joaquim Leitão e Leonel Vieira, funda a associação ARCA - Associação dos Realizadores de Cinema e do Audiovisual, rival da APR. Este grupo aliado a produtores como António da Cunha Telles, Paulo Trancoso e Tino Navarro, persegue o sonho dum cinema reconciliado com o grande público e chega mesmo a alimentar a ideia da box-office a 100%. A formação desta sensibilidade começou a desenhar-se nos anos 80 por oposição à dos herdeiros do Cinema Novo, quando se tornaram sensíveis as diferenças nas respectivas fontes de legitimação: para uns o prestígio junto da crítica nacional e internacional, para outros os bons resultados de bilheteira.

A produção cinematográfica nacional, a partir dos anos 60 e durante cerca de duas décadas, é constituída na sua grande maioria por filmes que embora muito diferentes se enquadram na matriz de obras de autor. Tal sucede seja porque correspondiam aos valores dominantes nas décadas de 60 e 70, seja porque a legislação protegia o valor artístico, a “portugalidade”, e a consagração em festivais internacionais de cinefilia e desse modo orientava a produção no sentido do filme artístico, sob pena de não obter financiamento. A situação começa a alterar-se no final dos anos 80, por força de uma série de filmes de José Fonseca e Costa e de António-Pedro Vasconcelos de estrutura narrativa clássica, que se revelam sucessos de bilheteira.

Este breve histórico da constituição e evolução dos campos em Portugal fornece material para uma maior concretização das categorias em análise e para uma arrumação aproximativa de realizadores, directores de fotografia e produtores em cada um dos campos.

Ideias Matriciais

• cultura autêntica, ascética, auto-determinada, criativa e vanguardista; • modelo de cultura aristocrático/elitista;

• modelo heterogéneo – movimento contra-hegemónico;

• disposição estética para apreciar a arte pela arte, pela forma e não pela função; • primado da representação sobre o objecto representado;

• percepção estética dotada de uma competência cultural específica: a capacidade de distinguir os estilos, modos de expressão característicos de uma época ou escola;

54 Centro Português de Cinema.

• estetização da vida, despreendimento e agnosticismo moral da estética “pura”;

Cinema de Autor

• marca autoral;

• fórmulas distintas e não padronizadas no campo da fotografia, do texto, da estrutura narrativa ou da montagem;

sobreposição do valor da liberdade criativa ao valor do mercado; legitimação no reconhecimento inter pares em festivais internacionais e junto da crítica.

O cinema de arte europeu tem características narrativas identificáveis, primeiro associadas ao neo-realismo e mais tarde ao nouveau roman. Distingue-se na fase nouveau roman pela tendência para a ambiguidade narrativa; enredos descentrados, caracterização psicológica das personagens, tramas existencialistas

Características próprias no contexto português:

• tendência para a ambiguidade narrativa; enredos descentrados, caracterização psicológica das personagens, tramas existencialistas e elípticas, personagens opacas;

tradição reflexiva que contraria o naturalismo do cinema clássico e tende a expor o dispositivo cinematográfico, a usar não-actores, personagens introspectivas, material literário e dentro deste material poético e a explorar soluções pouco ou mesmo nada narrativas. Este cinema diz repetidamente que é cinema, sublinha o artifício tanto na representação como na mise en scène

• Nos anos 90, o cinema faz uma aproximação ao realismo quotidiano e ocorre uma aproximação temática entre o cinema de matriz comercial e o de autor

E.g. realizadores associados ao campo do Cinema de Autor:

Manoel de Oliveira; Paulo Rocha; Fernando Lopes; António da Cunha Telles*55 ; António de

Macedo*;José Fonseca e Costa*;António-Pedro Vasconcelos*;Luís Filipe Rocha*; António Reis; Margarida Cordeiro; João César Monteiro; Margarida Gil; José Álvaro Morais; Alberto Seixas Santos; Jorge Silva Melo; Vitor Gonçalves; João Botelho; João Mário Grilo; Rita Azevedo Gomes; João Canijo; Joaquim Sapinho; Teresa Villaverde; Joaquim Pinto; Pedro Costa; João Pedro Rodrigues;Jorge Cramez; Edgar Pêra; Margarida Cardoso; Tiago Guedes;

55 * realizadores associados aos dois campos. Alguns, como António-Pedro Vasconcelos, que iniciam a sua trajectória no Cinema Novo e se associam mais tarde, de forma consciente e militante, a um cinema mais comunicante (por conseguinte, comercial), outros, como Luís Filipe Rocha, que transitam entre os dois campos sem preconceitos e ao sabor das especificidades de cada projecto.

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Frederico Serra; Raquel Freire; Miguel Gomes; João Nicolau; Marco Martins; Ivo Ferreira; Cláudia Varejão; Catarina Mourão, Catarina Alves Costa, Sandro Aguilar; Jorge Pelicano; João Salaviza; Salomé Lamas et al.

E.g. directores de fotografia associados ao campo do Cinema de Autor:

Acácio de Almeida; Elso Roque; Manuel Costa e Silva, Mário Barroso; Daniel Del Negro;

Rui Poças, Mário Castanheira, João Ribeiro et al.

E.g. Produtores associados ao campo do Cinema de Autor:

O Som e a Fúria; Terratreme; C.R.I.M; Rosa filmes; Filmes do Tejo II; Duplacena; Kintop, OPTEC; Ar de Filmes; Black Maria; Periferia Filmes; Midas Filmes; Alce Filmes; Bando à Parte; Faux; Madragoa Filmes; Leopardo Filmes; Uma Pedra no Sapato; Vende-se Filmes; David & Golias et al.

Ideias Matriciais

• cultura de massas, hetero-determinada, mercantil e conservadora; • modelo de democratização cultural;

• modelo homogéneo | hetero-determinado – ao serviço de centros de poder económico; • disposição estética para apreciar a arte associada à função;

• primado do objecto representado sobre o modo de representação, as representações e as convenções que as regulam devem permitir acreditar nas coisas representadas;

• valorização da representação realista - ou fantasiosa, mas não ambígua - de objetos que se destacam pela sua beleza ou importância social.

• A arte deve subordinar-se aos juízos morais e princípios éticos da comunidade

Cinema Comercial

• realizador frequentemente indistinto, tipo “tarefeiro”;

• recurso a modelos já testados e a fórmulas consagradas na conquista de públicos; • uso de narrativas clássicas, propostas mais comunicativas e populares;

• legitimação na bilheteira

Características próprias no contexto português:

• cinema comercial, com a linguagem própria da indústria: narratividade clássica (invisibilidade do dispositivo cinematográfico), cinema de género (sobretudo comédia e filme de acção), representação naturalista, fotografia de tipo televisivo, tramas e cenas de acção à americana, um leque de actores partilhado com a indústria da telenovela

E.g. realizadores associados ao campo do Cinema Comercial

José Fonseca e Costa*; António-Pedro Vasconcelos*; Luís Filipe Rocha; * Jorge Paixão da Costa; Joaquim Leitão; Leonel Vieira; Carlos Coelho da Silva; Francisco Manso; José Carlos de Oliveira; Alexandre Valente; Miguel Gaudêncio; Nicolau Breyner; Artur Ribeiro; Luís Galvão Teles; Fernando Fragata et al.

E.g. produtores associados ao campo do Cinema Comercial

Paulo Trancoso; Tino Navarro; UKBAR Filmes; MGN Filmes; Virtual; Stopline Films.

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4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O CINEMA