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4 COMPREENDENDO O COMPORTAMENTO DE CONSUMO ALIMENTAR

4.2 Consumo saudável e não saudável

Este tópico traz os resultados referentes à Etapa 2 da pesquisa (Identificação de imagens de alimentos saudáveis e não saudáveis). Nesta etapa, as crianças foram solicitadas a identificar, dentre as 46 imagens disponíveis na Etapa 1, o que elas compreendem por uma alimentação saudável e por uma alimentação não saudável, seguido da explicação da sua escolha.

Alimentação Infantil Orientação para saúde Contexto social Apelo sensorial Afeto Marcas Clima Telas Jogar futebol Emagrecer Família

O aluno 1 teve dificuldade de identificar o que é uma alimentação não saudável, escolhendo apenas representações de alimentos saudáveis. As imagens escolhidas foram um prato com alimentos in natura e minimamente processados e uma imagem de frutas, as quais podem ser visualizadas na Figura 25. Como já mencionado no capítulo 4.1, as escolhas da menina refletem os seus hábitos alimentares. Um estudo feito com 4.964 escolares com idade entre 6 e10 anos em Santa Catarina, Brasil, identificou que o consumo adequado de frutas e hortaliças (cinco porções ao dia ou mais) esteve presente em 2,7% dos escolares, enquanto que 26,6% não consumiam esse alimento sequer uma vez ao dia. A média de consumo de frutas e hortaliças foi de 1,5 vezes ao dia e a média de consumo de doces foi de duas vezes ao dia (COSTA; VASCONCELOS; CORSO, 2012).

No estudo de Silva (2014) verificou-se que, apesar de os adolescentes participantes da pesquisa preferirem alimentos ultraprocessados para os lanches, o consumo de frutas também foi destacado, principalmente entre aqueles que traziam as frutas de casa ou realizavam os lanches em domicílio.

Figura 25 – Alimentação saudável na concepção do aluno 1

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 2 selecionou 15 imagens para esta etapa. Nas imagens identificadas como saudáveis, havia a representação de alimentos in natura e minimamente processados, tais como arroz, feijão, frango, peixe, frutas, batata inglesa, entre outros. Já nos itens não saudáveis, a menina identificou os hambúrgueres, a batata-frita, um pão com presunto e o sorvete. As imagens podem ser visualizadas na Figura 26 e na Figura 27. As distinções da menina foram

feitas conforme as categorias de alimentos in natura e minimamente processados como saudáveis e alimentos ultraprocessados como não saudáveis.

Figura 26 – Alimentação saudável na concepção do aluno 2

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Figura 27 – Alimentação não saudável na concepção do aluno 2

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Chan et al. (2016) identificaram que os critérios mais frequentemente mencionados para identificar alimentos saudáveis ou não saudáveis por adolescentes chineses foram o conteúdo e o valor nutricional dos alimentos, e, em segundo lugar, os efeitos na saúde. De forma semelhante, no estudo de Hesketh et al. (2005) as crianças australianas mencionaram os rótulos

de alimentos como fonte de informação sobre o valor para a saúde e também identificaram as consequências para a saúde da alimentação saudável e não saudável.

O aluno 3 escolheu duas imagens na Etapa 2, um hambúrguer e um prato com peixe e legumes (Figura 28). De acordo com a sua explicação: “eu peguei o hambúrguer porque eu acho que ele é muito gorduroso, daí não é saudável. Daí eu escolhi esse, com o peixe, que eu sei que é saudável”. A caracterização do menino aponta para o componente gordura como integrante dos alimentos não saudáveis. O tipo de gordura a que o menino se refere são as gorduras saturadas, que são prejudiciais à saúde (BRASIL, 2014). A compreensão de alimentos não saudáveis como aqueles em que há presença de nutrientes como a gordura foi também relatada nos estudos de Chan et al. (2016), Silva (2014) e Hesketh et al. (2005).

No estudo de Chan et al. (2016) os alimentos não saudáveis foram descritos por adolescentes chineses como aqueles que contêm produtos químicos ou aditivos artificiais, corantes, gordura, sal e conservantes. No estudo de Silva (2014), os adolescentes brasileiros compreenderam os alimentos ultraprocessados como tendo excesso de gordura, açúcar e sal. Hesketh et al. (2005) identificaram que as crianças australianas estavam cientes dos nutrientes que contribuem para a percepção de que os alimentos são mais ou menos saudáveis, entre eles o açúcar, o sal e a gordura, que caracterizam os alimentos não saudáveis.

Figura 28 – Alimentação saudável e não saudável na concepção do aluno 3

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 4 escolheu duas imagens para esta etapa: um prato com alimentos in natura e minimamente processados e a imagem de um sorvete. Conforme a explicação do menino, para que possa ser comido o sorvete, é uma condição comer os alimentos saudáveis: “esse aqui é o

Alimentação saudável

Alimentação não saudável

que a gente come no almoço; aqui a gente come na sobremesa porque não é muito saudável, só depois que comer feijão, arroz e outras coisas daí você pode comer o sorvete”. As imagens podem ser visualizadas na Figura 29. Percebe-se na explicação do menino a prática de compensação utilizada pelos pais. Os alimentos ricos em açúcar, gordura e sal são oferecidos às crianças em contextos sociais positivos, tais como festas e celebrações, ou como recompensas para a criança comer toda a refeição, o que potencializa a preferência da criança por esse tipo de alimento (RAMOS; STEIN, 2000).

O estudo de Costa, Vasconcelos e Corso (2012) encontrou a relação do maior consumo de doces com o maior consumo de frutas e hortaliças no caso de meninas, que pode derivar da prática de negociação ou compensação alimentar de doces ou sobremesas, condicionados ao consumo de alimentos saudáveis pelas crianças. Oliveira (2018), a partir de um estudo realizado com mães de crianças em idade pré-escolar, identificou que algumas delas têm a crença de que o consumo de alimentos saudáveis dos filhos compensa o de guloseimas. Ramos e Stein (2000) afirmam que é improdutivo utilizar a sobremesa como recompensa para as crianças aprenderem a comer alimentos de que não gostam nas refeições. Ao ser consumida após a refeição principal, a sobremesa associa-se à consequência fisiológica positiva fornecida pela refeição consumida antes, aumentando a sua preferência (RAMOS; STEIN, 2000).

Figura 29 – Alimentação saudável e não saudável na concepção do aluno 4

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 5 escolheu quatro imagens para representar seu entendimento do que significa uma alimentação saudável e não saudável. Na categoria de alimentos saudáveis, identificou

Alimentação saudável

Alimentação não saudável

alimentos in natura e minimamente processados e frutas. Já na categoria de não saudáveis, identificou o hambúrguer e o sorvete. O menino ainda explicou acerca dos componentes dos alimentos: “isso aqui não pode ser saudável por causa das gorduras; o sorvete não é saudável por causa de muito açúcar. Já a janta e esse tipo de coisa com feijão, esse tipo de coisa é saudável, e muitas frutas também é saudável”. A relação das imagens pode ser visualizada na Figura 30.

Semelhante ao aluno 2, 3 e 4, o aluno 5 foi capaz de compreender acerca dos nutrientes existentes nos alimentos que o caracterizam como saudável ou não. Outros estudos corroboram no entendimento da compreensão das crianças e adolescentes a respeito da salubridade dos alimentos (HESKETH et al., 2005; CHAN et al., 2016; SILVA, 2014; ALBUQUERQUE et al., 2014).

Figura 30 – Alimentação saudável e não saudável na concepção do aluno 5

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 6 também demonstrou compreender acerca dos componentes dos alimentos, que os tornam saudáveis ou não. Conforme o menino: “as frutas porque dá mais nutrição, elas são nutrientes e que me deixa saudável. E daí o hambúrguer, ele é um alimento que se usa várias coisas que prejudicam nossa saúde”. As duas imagens escolhidas podem ser visualizadas na Figura 31. Silva (2014) identificou que adolescentes associaram uma alimentação saudável com a ingestão adequada de frutas, legumes e verduras; exclusão do consumo de alimentos com excesso de gordura, sal e açúcar; realização de refeições “na hora certa” e consumo de variedade de alimentos.

Alimentação saudável Alimentação não

Figura 31 – Alimentação saudável e não saudável na concepção do aluno 6

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 7 escolheu sete imagens nesta etapa: um prato com alimentos in natura e minimamente processados, um copo com água, frutas, refrigerante, café gourmet, batata inglesa transformando-se em batata-frita e hambúrguer. O menino compreende que a maioria dos alimentos tem gordura boa ou saudável, mas, alimentos como a batata-frita e o hambúrguer possuem gordura não saudável ao corpo humano. Ele também acrescenta que os doces (exemplificado pelo café gourmet) podem aumentar o colesterol e a glicose no sangue, o que pode acarretar sobrepeso.

Acerca dos refrigerantes, ele afirma que esse produto alimentício “não faz muito bem, porque depois de alguns minutos tu pode acabar querendo mais e ficar com mais um monte de coisas”. Como já mencionado anteriormente, os alimentos ultraprocessados têm as características do hipersabor, são desequilibrados nutricionalmente, são muitas vezes apresentados em grandes porções, estão prontos para o consumo e têm intensa publicidade para incentivar o seu consumo. Eles ainda dificultam a percepção dos mecanismos de saciedade do corpo humano. São comumente também consumidos com outros alimentos ultraprocessados em conjunto e substituem, muitas vezes, os alimentos in natura e minimamente processados (BRASIL, 2014). A respeito do “um monte de coisas” mencionado pelo menino, infere-se que diz respeito às doenças associadas ao consumo excessivo desse tipo de alimento. Especificamente, o consumo excessivo de sódio e de gorduras saturadas aumenta o risco de

doenças cardíacas, enquanto o consumo excessivo de açúcar aumenta o risco de obesidade e de doenças crônicas (BRASIL, 2014).

O menino demonstra compreender os efeitos dos alimentos no corpo e características de seus componentes, ao explicar com detalhes o que significa comer de forma saudável e não saudável. Na categoria de alimentos saudáveis ele menciona “comidas típicas”, que “todo mundo come pra conseguir ficar em forma e conseguir sobreviver”, a exemplo do prato com alimentos in natura e minimamente processados, água e frutas. As imagens escolhidas pelo aluno 7 podem ser visualizadas nas Figuras 32 e 33. No estudo de Hesketh et al. (2005), muitas crianças discutiam também as consequências da alimentação na saúde: perder peso, fortalecer ossos ou deixar doente, no caso dos alimentos ultraprocessados.

Figura 32 – Alimentação saudável na concepção do aluno 7

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 8 escolheu 9 imagens na Etapa 2. Na categoria saudável ele identificou: maçã e um prato com alimentos in natura e minimamente processados, que, para ele, é uma “sopa de legumes”. Na categoria não saudável ele identificou a batata-frita, “porque tem gordura e óleo” (duas imagens); hambúrguer; pão com presunto, que ele menciona comer todas as noites; picolé de chocolate; refrigerante de guaraná; e sorvete. Acerca deste último, ele menciona: “como o sorvete tem leite, mas também tem bastante açúcar então também não é saudável e chocolate quente também, só por ter chocolate não é saudável”. As imagens podem ser visualizadas nas Figuras 34 e 35. O menino demonstra compreender a respeito dos nutrientes dos alimentos que os tornam não saudáveis ao corpo humano, assim como a maioria dos participantes da pesquisa. Resultado diferente foi encontrado em um estudo realizado com meninas de 8 a 16 anos frequentadoras da Vila Educacional de Meninas em Diamantina, Vale do Jequitinhonha (MG), no qual se constatou que a concepção de alimentação saudável estava relacionada às preferências alimentares, independentemente da composição nutricional dos alimentos (CAMBRAIA et a.l, 2012).

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Figura 35 – Alimentação não saudável na concepção do aluno 8

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 9 identificou na categoria de alimentos saudáveis: alimentos in natura e minimamente processados, frutas e pão com presunto; e, na categoria de alimentos não saudáveis: hambúrguer, batata-frita, café gourmet, picolé, sorvete e refrigerante de guaraná. O

menino falou novamente sobre o hambúrguer, demonstrando o componente afetivo no seu consumo: “tem hambúrguer, que de vez em quando eu como, e eu sei que não é saudável”.

Ele demonstrou compreender acerca dos componentes que tornam os alimentos não saudáveis, como nas seguintes falas: “guaraná, que tem um monte de açúcares e adoçantes”; “tem picolé, que não é saudável, ainda mais o de duas camadas de chocolate”; “aqui tem umas batata frita que é cheia de gordura e é pior ainda se for lá da Mc Donalds”; “aqui tem uma batata se transformando em um monte de batata frita, e pra piorar a batata frita é cheia de sal”. As imagens podem ser visualizadas nas Figuras 36 e 37. O pão com presunto apresentou divergência entre as crianças sobre ser saudável ou não. No estudo de Hesketh et al. (2005) muitas crianças achavam confusa a mistura de alimentos ou os métodos de preparação saudáveis e não saudáveis, a exemplo da batata-frita, na qual a ideia da batata ser saudável competiu com a adição de sal e gordura.

Figura 36 – Alimentação saudável na concepção do aluno 9

Fonte: dados da pesquisa (2019).

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O aluno 10 acredita que nenhum alimento dos que escolheu faz mal para sua saúde, identificando como alimentos saudáveis para ele: sorvete, batata-frita e picolé, este menos saudável que os outros porque, segundo o menino, “ele me deixa mais congelado”. O aluno 10 escolheu também uma imagem que remete ao afeto: “e esse daqui eu gostava de jogar com meu irmão”. As imagens podem ser visualizadas na Figura 38. O menino demonstra não compreender acerca dos nutrientes que compõem os alimentos.

Figura 38 – Alimentação saudável na concepção do aluno 10

De um modo geral, oito das 10 crianças participantes da pesquisa apresentam compreensão a respeito do que seja uma alimentação saudável e uma alimentação não saudável, bem como dos efeitos dos alimentos em sua saúde. Apenas duas crianças tiveram dificuldade na identificação de alimentos que causam malefícios ao corpo humano. O Quadro 9 sintetiza a compreensão das crianças a respeito de alimentos saudáveis e não saudáveis.

Quadro 9 - Compreensão de alimentos saudáveis e não saudáveis pelas crianças

Participante Alimentos saudáveis Alimentos não saudáveis Aluno 1 - Prato com alimentos in

natura e minimamente processados (arroz, feijão,

frango com milho, salada de alface e tomate); - Frutas (banana, uva,

maçã).

Não identificou

Aluno 2 - Peixe, brócolis e alho; - Frutas (banana, uva,

maçã);

- Prato com alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão,

batata cozida e alface); -Maçã

- Prato com alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão,

abobrinha, cenoura e carne);

- Prato com alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão,

frango com milho, salada de alface e tomate); - Arroz com vegetais.

- Pão com presunto; - Batata-frita (duas imagens); - Hambúrguer (duas imagens); - Refrigerante (cola); - Refrigerante (guaraná); -Sorvete

Aluno 3 - Peixe, brócolis e alho. - Hambúrguer. Aluno 4 - Prato com alimentos in

natura e minimamente processados (arroz, feijão,

batata cozida e alface);

- Sorvete.

Aluno 5 - Prato com alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão,

batata cozida e alface); - Frutas (banana, uva,

maçã);

- Hambúrguer; - Sorvete.

Aluno 6 - Frutas (banana, uva, maçã);

- Hambúrguer

Aluno 7 - Prato com alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão,

abobrinha, cenoura e carne); - Frutas e legumes (abacaxi, pera, cenoura,

laranja); - Água. - Hambúrguer; - Batata-frita; - Café gourmet; - Refrigerante (cola). Aluno 8 - Maçã;

- Arroz com legumes.

- Batata-frita (duas imagens); -Hambúrguer; - Refrigerante (guaraná);

- Pão com presunto; - Picolé; - Sorvete; - Café gourmet. Aluno 9 - Prato com alimentos in

natura e minimamente processados (arroz, feijão,

batata cozida e alface); - Frutas e legumes (abacaxi, pera, cenoura,

laranja); - Maçã; - Pão com presunto; - Frutas (banana, uva,

maçã); - Arroz com legumes.

- Café gourmet; - Sorvete; - Refrigerante (guaraná); - Picolé; - Batata-frita (duas imagens); - Hambúrguer. Aluno 10 -Picolé; - Batata-frita; -Sorvete Não identificou

Fonte: dados da pesquisa (2019).

O resultado corrobora com outros estudos, nos quais foi demonstrado que a maioria das crianças e adolescentes compreende o que significa uma alimentação saudável e uma alimentação não saudável e os componentes dos alimentos (por exemplo, HESKETH et al., 2005; CHAN et al., 2016; SILVA, 2014; ALBUQUERQUE et al., 2014). Apesar disso, estudos relaram que as preferências alimentares das crianças se manifestam, em geral, por alimentos ricos em gordura e açúcar (VIANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2008; HESKETH et al., 2005; SPARRENBERGER et al., 2015; MELO et al., 2019), os quais têm sabor realçado pela indústria alimentícia e investimento em campanhas publicitárias para propiciar o maior

consumo. Identificou-se neste estudo, no item 4.1, a preferência das crianças tanto por alimentos in natura e minimamente processados, como por alimentos ultraprocessados.

Considerando o entendimento das crianças sobre os alimentos saudáveis, foram mencionados os alimentos consumidos geralmente no período do almoço e da janta, mencionados como “comidas típicas”, e as frutas nos lanches, isto é, predominantemente alimentos in natura e minimamente processados. “Eu escolhi esse, com o peixe, que eu sei que é saudável” (aluno 3); “a janta e esse tipo de coisa com feijão, esse tipo de coisa é saudável, e muitas frutas também é saudável” (aluno 5); “as frutas porque dá mais nutrição, elas são nutrientes e que me deixa saudável” (aluno 6); “comidas típicas [que] “todo mundo come pra conseguir ficar em forma e conseguir sobreviver” (aluno 7). A Figura 39 traz, em síntese, o entendimento das crianças a respeito dos alimentos saudáveis e não saudáveis.

Fonte: dados da pesquisa (2019).

As crianças demonstram compreender que alimentos naturais fazem bem à saúde tanto por seus nutrientes como por não terem adição de açúcar, excesso de sal e excesso de gorduras. Nas falas das crianças puderam-se perceber as justificativas de alguns alimentos não serem saudáveis, tais como: o hambúrguer “é muito gorduroso, daí não é saudável” (aluno 3), ele é um alimento que se usa várias coisas que prejudicam nossa saúde” (aluno 6). o sorvete “a gente come na sobremesa porque não é muito saudável, só depois que comer feijão, arroz e outras coisas daí você pode comer o sorvete” (aluno 4), “como o sorvete tem leite, mas também tem bastante açúcar então também não é saudável e chocolate quente também, só por ter chocolate não é saudável” (aluno 8); “isso aqui não pode ser saudável por causa das gorduras; o sorvete não é saudável por causa de muito açúcar” (aluno 5); o refrigerante “não faz muito bem, porque depois de alguns minutos tu pode acabar querendo mais e ficar com mais um monte de coisas” (aluno 7), tem um monte de açúcares e adoçantes” (aluno 9); a batata-frita, “porque tem gordura e óleo” (aluno 8), “aqui tem umas batata frita que é cheia de gordura [...] e pra piorar a batata frita é cheia de sal” (aluno 9).

O Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014) estabelece que o consumo de alimentos ultraprocessados deve ser evitado devido à composição nutricional desbalanceada desses produtos; às características que os ligam ao consumo excessivo de calorias (sinalização do mecanismo de saciedade ocorre tardiamente ou não ocorre); e ao

Alimentos saudáveis

Alimentos não saudáveis

impacto que suas formas de produção, distribuição, comercialização e consumo têm sobre a cultura, a vida social e o meio ambiente. Outros atributos comuns a muitos alimentos ultraprocessados que podem comprometer o mecanismo que sinalizam a saciedade e controlam o apetite são o hipersabor, o ato de comer sem atenção, os tamanhos gigantes e as calorias líquidas no caso de refrigerantes e refrescos (BRASIL, 2014). O próximo tópico discute os papéis exercidos nas decisões de consumo alimentar infantil.