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Conteúdo patrimonial do poder familiar

2. PODER FAMILIAR: NOÇÕES GERAIS

2.2. Origem

2.8.2. Conteúdo patrimonial do poder familiar

139 Código Civil de Portugal. Disponível em <http://www.portolegal.com.Código Civil Português.htm.>.

CCP, art. 1.874.°-1: "Pais e filhos devem-se mutuamente respeito, auxílio e assistência".

CCP, art. 1.878.°-1: "Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens".

CCP, art. 1.885.°-1: "Cabe aos pais, de acordo com as suas possibilidades, promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos filhos".

CCP, art. 1.887.°: "Os menores não podem abandonar a casa paterna ou aquela que os pais Ihes destinaram, nem dela ser retirados. 2. Se a abandonarem ou dela forem retirados; qualquer dos pais e, em caso de urgência, as pessoas a quem eles tenham confiado o filho podem reclamá-Io, recorrendo, se for necessário, ao tribunal ou à autoridade competente".

CCP, art. 1.928.°-1: "Os pais podem nomear tutor ao filho menor para o caso de virem a falecer ou se tornarem incapazes; se apenas um dos progenitores exercer o poder paternal, a ele pertencerá esse poder".

140 CCP, art. 1.887.°: "1. Os menores não podem abandonar a casa paterna ou aquela que os pais

lhes destinaram, nem dela ser retirados. 2. Se a abandonarem ou dela forem retirados; qualquer dos pais e, em caso de urgência, as pessoas a quem eles tenham confiado o filho podem recIamá-lo, recorrendo, se for necessário, ao tribunal ou à autoridade competente".

141 CCA, art. 275: "Los hijos menores no pueden dejar Ia casa de sus progenitores, o aquella que

éstos les hubiesen asignado, sin licencia de sus padres.'"

CCA, art. 276: "Si los hijos menores dejasen el hogar, o aquel em que sus padres los hubiesen puesto, sea que ellos se hubiesen sustraído a su obediencia, o que otros los retuvieran, los padres podrán exigir que Ias autoridades públicas les presten toda Ia asistencia que sea necesaria para hacerlos entrar bajo su autoridado También podrán acusar criminalmente aIos seductores o corruptores de sus hijos, y a Ias personas que los retuvieren".

142 CCA, art. 265: "Los hijos menores de edad están bajo Ia autoridad y cuidado de sus padres.

Tienen éstos Ia obligación y eI derecho de criar a sus hijos, alimentarlos y educarlos conforme a su condición y fortuna, no sólo con los bienes de los hijos, sino con los suyos propios".

Os pais também têm obrigações patrimoniais e civis com relação aos filhos. Mas, embora sejam importantes os aspectos patrimoniais, é na função educativa que o poder familiar exprime a sua maior importância social, já que as crianças e os adolescentes são indivíduos em peculiar condição de desenvolvimento, e a razão de ser deste conjunto de deveres e direitos é atingir a plenitude deste desenvolvimento143.

Compete aos pais, no exercício do poder familiar, na esfera patrimonial, administrar os bens dos filhos menores não emancipados (CC, artigo 1.689, II) e ter o usufruto dos bens dos que se acham sob o seu poder (CC, artigo 1.689, I).

Quanto à administração dos bens dos filhos menores, devem os pais se ater à prática de atos idôneos à conservação e incremento desse patrimônio, podendo celebrar contratos, como o de locação de imóveis, pagar impostos, defendê-lo judicialmente, receber juros ou rendas, adquirir bens, aliená-los, se móveis. Mas não poderá dispor dos imóveis pertencentes ao menor, nem contrair obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, pelo fato de que esses atos importam em diminuição patrimonial.

Pela administração dos bens no poder familiar, os genitores não têm qualquer direito à remuneração. E os pais não responderão pela administração dos bens dos filhos, a não ser que ajam com culpa.

Quanto ao usufruto dos bens dos filhos menores que se acham sob o seu poder, por ser ele inerente ao exercício do poder familiar, cessará com a inibição do poder paternal ou maternal, maioridade, emancipação ou morte do filho. O usufruto paterno ou materno constitui razão de imposição legal, dependendo de registro se recair sobre imóvel, sendo um direito irrenunciável (CC, artigo 1.391).

O direito de usufruto, em regra, está associado ao de administração, pois o genitor que detém o poder familiar percebe os frutos do patrimônio administrado, embora

143 Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, cit., vol. 5, p. 522; Washington de Barros

seja possível existir um sem o outro. Pode haver administração sem usufruto, e usufruto sem administração, hipótese em que aos pais assiste tão somente uma pretensão de entrega dos frutos ao administrador.

Conforme ensinamento de Denise Damo Comel144, “o Código Civil não prevê a

obrigação de os pais prestarem contas ao filho relativamente à administração de seu patrimônio. No direito comparado, facilmente se encontra previsão expressa da obrigação dos pais de prestarem contas da administração dos bens do filho com a maioridade dele”.

Ainda de acordo com a autora citada145, “No Brasil, há uma corrente na doutrina que entende os pais não terem tal obrigação, à qual se filiam Orlando Gomes e Maria Helena Diniz. No entanto, há os que pensam diversamente, como Santos Neto, Bevilaqua e Caio Mario da Silva Pereira”.

No direito espanhol, em relação ao conteúdo patrimonial, quanto às restrições ao exercício da administração de bens dos filhos, há previsão expressa legal146, não podendo os pais, na função de administradores de bens dos filhos, renunciar a direitos de que os filhos sejam titulares, alienar ou gravar bens imóveis e outras. Há necessidade, também, como no direito brasileiro, de prévia autorização judicial.

Conforme já citado anteriormente, o Código Civil brasileiro não prevê a obrigação de os pais prestarem contas ao filho, relativamente à administração de seu patrimônio. Já no Código Civil espanhol há disposição expressa no artigo 168, que faculta aos fiIhos exigir dos pais prestação de contas da administração que exerceram sobre os bens deles até então.

144 Denise Damo Comel, Do poder familiar, cit., p. 159. 145 Denise Damo Comel, Do poder familiar, cit., p. 160.

146 Código Civil Espanhol. Disponível em: <http://www.porticolegal.com/pa_ley.php>.

CCE, art. 166-1: "Los padres no podrán renunciar aios derechos de que los hijos sean titulares ni enajenar o gravar sus bienes inrnuebles, establecimientos mercantiles o industriales, objetos preciosos y valores mobiliarios, salvo el derecho de suscripción preferente de acciones, sino por causas justificadas de utilidade o necesidad y previa autorización dei Juez dei domicilio, con audiencia del Ministerio Fiscal".

CCE, art. 166-2, I." parte: "Los padres deberán recabar autorización judicial para repudiar Ia herencia o legado deferidos al hijos o Ias donaciones que le fuesen ofrecidas".

CCE, art. 168-1: "AI término de Ia patria potestad podrán los hijos exigir aios padres Ia rendición de cuentas de Ia administración que ejercieron sobre sus bienes hasta entonces. La acción para exigir el cumplimiento de esta obligación prescribirá a los tres años".

O direito português, quanto ao conteúdo patrimonial, se mostrou bastante cauteloso, pois vinculou extensa lista atos que somente poderiam ser praticados com autorização judicial147.

E, em regra, os pais não se obrigam a prestar contas da administração, mas, como exceção, admite-se a exigência, atentando especialmente ao valor dos bens.

Analisaremos agora a suspensão, perda e extinção do poder familiar.