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FASES AVALIADORESINSTRUMENTOS DE

5. Contexto do estudo

O estudo foi desenvolvido em quatro ambientes distintos: Instituição, casa da pesquisadora, casa dos participantes e ambientes naturais. A Instituição caracterizou-se como espaço para o contato inicial e para as avaliações dos profissionais (questionário quanto ao nível de independência); para o contato inicial e para as avaliações de alguns familiares (questionário de facilidade na pré-intervenção, questionário de importância e avaliação das áreas adaptativas (AAA) – Diana, Denis, Marta e Paula); para realização da filmagem dos dois Cenários Comportamentais iniciais (I e II); e para realização de 50 sessões estruturadas do programa de intervenção.

(professora pedagógica, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, professora de educação física), duas estagiárias de terapia ocupacional e uma funcionária para serviços de limpeza e cozinha. A Instituição contava ainda com a terapeuta ocupacional como coordenadora e uma comissão de diretoria. Os alunos permaneciam na Instituição no período das 7:30 horas às 17:00 horas, sendo feitas três refeições neste espaço (café da manhã, almoço e lanche da tarde). No período da manhã eram desenvolvidas atividades pedagógica e física e no período da tarde, atividades físicas, fonoaudiológicas, terapia ocupacional (profissionalização, horta e atividades de vida diária) e atividades variadas com voluntários esporádicos (ex.: música e artes plásticas). Quanto ao espaço físico consistia na adaptação de uma residência de seis cômodos (cozinha, copa, sala ampla em “L” e três quartos adaptados como: sala de aula, espaço para atividade física interna e sala de atividades interna) e três banheiros com uma edícula ao fundo do terreno com três cômodos (um destes adaptado como secretaria) e um banheiro. A casa principal ocupava o espaço central do terreno, tendo ainda uma horta coberta localizada ao fundo desta (em frente à edícula).

No período da coleta de dados a Instituição atendia adolescentes e adultos deficientes mentais e tinha, como uma de suas metas a independência de seus alunos, a partir tanto do desenvolvimento acadêmico e de auto-cuidado como também do desenvolvimento profissional. Embora os alunos da escola participem apenas de programas de desenvolvimento profissional em oficinas fechadas na escola, havia uma preocupação entre os profissionais da busca da inclusão no mercado de trabalho externo refletida na idealização de projetos nesse sentido.

A casa da pesquisadora constituiu o espaço para a realização de 12 sessões estruturadas; para a realização de uma sessão semi-estruturada; para a avaliação pós- intervenção por meio de entrevista de uma participante (Diana); para a filmagem dos quatro Cenários Comportamentais da pós-intervenção; e para a festa de confraternização e encerramento do programa de intervenção entre a pesquisadora, participantes, familiares e profissionais da Instituição.

A casa dos familiares caracterizou-se pelo local de realização de algumas avaliações: pré-intervenção (questionário de facilidade, importância e áreas adaptativas (AAA) – Davi e Elen), pós-intervenção (entrevista – Davi, Denis, Elen, Marta e Paula).

Já os ambientes naturais consistiram em locais para treino das habilidades treinadas em situação estruturada nas salas adaptadas (Instituição e casa da pesquisadora). Os ambientes selecionados para essas atividades foram: locadora de filmes, sorveteria,

cinema/shopping, restaurante chinês e lanchonete/shopping.

6. Delineamento

Este estudo foi originalmente planejado para um delineamento de grupo, com avaliações sucessivas, uma vez que se dispunha de um número pequeno de participantes, mas ainda viável para isso. Isso também inviabilizava o uso de um grupo de controle. Ao longo do processo de intervenção, a quantidade de participantes se reduziu e gerou o desafio de se buscar uma nova forma de análise, já não senso possível, nesse caso, um delineamento, por exemplo, de Linha de Base Múltipla, uma vez que todos já estavam sob intervenção e a impossibilidade de separação dos componentes a serem treinados em blocos, em função de não ocorrem isoladamente, ou seja, o treinamento específico de um determinado componente poderia envolver algum treinamento de outro.

Assim, optou-se pelo delineamento de Estudo de Caso Coletivo, no qual são incluídas estórias personalizadas de vários indivíduos similares ou característicos (Brantlinger, Jimenez, Klingner, Pugach & Richardson, 2005). Neste tipo de delineamento, embora se disponha do perfil de grupo, os dados de cada participante podem também ser analisados como casos individualizados. Efetivamente, o presente estudo descreve o repertório comunicativo do grupo e de cada um dos participantes antes, durante e após uma intervenção específica de promoção de habilidades comunicativas, com análise descritiva e inferencial dos dados grupais e individuais, porém sem grupo controle.

Quanto à validade interna, os cuidados incluíram a obtenção de medidas das variáveis dependentes antes, durante e após a intervenção, com diferentes instrumentos (questionários, entrevista, observação direta do comportamento em situação estruturada) e informantes (os próprios participantes, familiares e profissionais), o que permitiu a triangulação dos dados (Brantlinger, Jimenez, Klingner, Pugach & Richardson, 2005) e a análise da efetividade do procedimento pelo menos em termos de indicação da confiabilidade da mudança (Jackobson & Truax, 1992), um dos componentes do “Método JT”8 (Del Prette, Aguiar & Del Prette, s/d).

A opção pelo tipo de delineamento utilizado deveu-se ao número de participantes do estudo, a qual tem seus resultados e discussão enriquecidos frente a análise

8

O “Método JT” constitui uma proposta de análise das diferenças pré e pós-intervenção, com base no cálculo do índice de mudança confiável e da análise da significância clínica de tais mudanças, conforme apresentada por Jackobson e Truax (1992).

individualizada.

7. Procedimento

7.1. Fase Preliminar: Contato com a Instituição e com os familiares

O contato com a Instituição e os familiares deu-se anteriormente às avaliações dos participantes e teve como propósito a explicação dos objetivos, procedimentos, duração do estudo, bem como os aspectos éticos e questionamento da possibilidade de realização deste. Com isso, nesse período foram assinados os Termos de Concordância (Anexo I) e de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II), os quais foram lidos em conjunto com a pesquisadora para esclarecimentos frente a dúvidas surgidas.

Nesta fase ainda foi aplicado o questionário respondido pelos profissionais quanto ao nível de independência dos participantes; o teste Raven; e o teste para avaliação das áreas adaptativas – AAA. Todos esses instrumentos tiveram como objetivo a caracterização da amostra.

7.2. Fase I: Avaliação pré-intervenção

Após o contato inicial foram realizadas avaliações do repertório comunicativo dos participantes por meio de questionário respondido pelos familiares (Questionário de Facilidade e de Importância) e por meio de observação direta (filmagem de duas das seis situações estruturadas - Cenários Comportamentais I e II).

As avaliações por questionário foram respondidas individualmente pelos familiares, com a presença da pesquisadora para orientação inicial e auxílio no esclarecimento de possíveis dúvidas quanto a termos e/ou na compreensão das questões a serem respondidas. Já os Cenários Comportamentais foram filmados em sala adaptada na Instituição (edícula), estando presentes apenas o participante e um interlocutor (pesquisadora).

Em função dos Cenários Comportamentais apresentarem situações estruturadas específicas para a avaliação de habilidades como recusar pedidos abusivos, discordar,

lidar com críticas e outros que porventura poderiam ocasionar constrangimento e/ou

desagrado não mencionados pelos participantes, ao final de cada filmagem foi realizado o desengano (debriefing) com todos. O participante era esclarecido, pela pesquisadora, sobre o caráter avaliativo e de simulação do Cenário, sendo explicado, que ele não necessitaria, por exemplo, realizar o pedido abusivo ao qual aquiesceu.

7.3. Fase II: Planejamento e Aplicação do Programa de Intervenção

O processo de planejamento e condução do programa envolveu um conjunto de decisões, procedimentos e critérios que foram moldando suas características e orientando algumas etapas (descritas na Tabela 7). As decisões, procedimentos e critérios associados a cada uma das etapas desse processo, juntamente com as características do programa que foram sendo geradas, constituem um dos resultados deste estudo, assim estas estão descritas em uma sessão individual e com maior detalhamento.

Todo o programa de intervenção foi registrado em Protocolos de Sessões, nos quais constavam dados sobre a sua execução e os resultados. A primeira parte (execução – objetivos, materiais, procedimentos) era desenvolvida, pela pesquisadora, previamente à sessão utilizando aspectos dos resultados da sessão anterior e a segunda parte (resultados) era registrada pela pesquisadora ao final de cada sessão de acordo com suas percepções. A descrição detalhada desse instrumento encontra-se disposta na próxima seção.

7.4. Fase III: Avaliação durante e pós-treino

As avaliações do repertório comunicativo dos participantes pós-intervenção ao longo do programa de treinamento foram feitas por meio do Questionário de Melhora e filmagem do Cenário Comportamental (III e IV); ao seu término por meio do Questionário de Melhora, filmagem do Cenário Comportamental (V) e replicação do Questionário de Facilidade. As avaliações por questionários (durante e pós-intervenção) também foram realizadas individualmente pelos familiares, porém a partir de orientações escritas no próprio instrumento de medida e de orientações verbais via caderneta, telefone e/ou pessoalmente, conforme as necessidades de cada familiar.

As filmagens dos Cenários Comportamentais seguiram o mesmo procedimento das filmagens pré-intervenção, sendo que o Cenário V foi aplicado por uma auxiliar de pesquisa na tentativa de reduzir a influência positiva e/ou negativa da familiaridade da pesquisadora na avaliação pós-intervenção. Todos os Cenários realizados na pós- intervenção ocorreram na casa da pesquisadora em um cômodo adaptado para isso.

7.5. Fase IV: Seguimento

As avaliações no seguimento ocorreram cinco meses após o término do programa de intervenção, contando com uma entrevista realizada com os familiares na própria residência da pesquisadora (Diana) e em suas residências (demais participantes) e com a filmagem do Cenário Comportamental VI, realizado em um cômodo adaptado na casa da

pesquisadora.

A entrevista seguiu um roteiro de questões abertas (AnexoXI), em que a pesquisadora oferecia a oportunidade do familiar acrescentar informações extras que julgasse importantes ao longo da “conversa”.

7.7. Fase V: Orientação e avaliação dos juízes

Primeiramente foram selecionadas quatro juízas, sendo duas psicólogas – J1p e J2p e duas fonoaudiólogas – J3f e J4f. A orientação às juízas do Cenário Comportamental foi feita individualmente, sendo-lhes entregue, neste momento, uma pasta contendo materiais impressos (protocolos de registro das avaliações – Anexo XIII; Roteiro das Definições dos Comportamentos Comunicativos – Anexo XIV; Roteiros de cada um dos seis Cenários Comportamentais – Anexo XI; Questionário dos juízes – Anexo XV; e um Roteiro de Orientações – Anexo XVI), um CD com os mesmos materiais digitalizados, bem como o protocolo de avaliação do desempenho comunicativo informatizado e dois DVDs contendo as filmagens dos Cenários Comportamentais. As juízas foram orientadas sobre o perfil geral da pesquisa (objetivos, procedimentos e estrutura); sobre os conceitos de cada componente comunicativo; o instrumento de avaliação (Cenário Comportamental); a utilização e o preenchimento do protocolo de registro informatizado; e quanto ao preenchimento do questionário dos juízes.

Na primeira parte do Questionário dos juízes as juízas deveriam pontuar de -2 a 2 (mesma escala de facilidade do Questionário de Facilidade) o desempenho comunicativo global de cada participante em cada Cenário Comportamental (vide Anexo XV). Para esta questão as juízas foram orientadas a pontuar cada participante ao final da avaliação de cada uma de suas filmagens. Assim, por exemplo, após assistir à Filmagem A da participante Diana, a juíza já deveria pontuar o grau de facilidade desta participante, neste Cenário e somente após isso iniciar a avaliação de Diana na Filmagem B.

As juízas não foram orientadas propositadamente quanto à seqüência de ocorrência de cada filmagem. Na segunda questão do Questionário dos Juízes, após a avaliação das seis filmagens de cada participante, as juízas deveriam ordenar seqüencialmente as filmagens imaginando qual a seqüência que teriam ocorrido de fato. Em outras palavras, após avaliar a participante Diana em todos os seis Cenários Comportamentais, por exemplo, a juíza deveria classificar qual o Cenário I pré-intervenção (Filmagem A, B, C, D, E ou F), qual o Cenário II e assim sucessivamente até completar os seis Cenários. As

juízas foram orientadas a tomarem como critério desta avaliação somente o desempenho dos participantes nos Cenários e tentar, na medida do possível, não considerar outras variáveis que pudessem oferecer pistas quanto à seqüência das filmagens.

As demais questões do questionário deveriam ser respondidas ao final da avaliação de todos os participantes em todos os Cenários Comportamentais, seguindo a orientação escrita do instrumento (Anexo XV). As juízas ainda foram orientadas a realizarem as avaliações individualmente: sem o contato entre juízas e sem o auxílio de terceiros.

Tabela 7. Fases do procedimento

CONTATO COM A INSTITUIÇÃO E FAMILIARES

FASE

PRELIMINAR

ƒ Termo de Concordância (escola)

ƒ Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (participantes e familiares) ƒ Questionário de Independência

ƒ Teste Raven

ƒ Teste de avaliação das áreas adaptativas (AAA)