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Nome: Local: Categoria: Ano: Adriana A. R. de Aguiar

ACORDE - Associação de Capacitação, Orientação e Desenvolvimento do Excepcional

Pesquisadora 2003

DOUTORANDA Universidade Federal de São Carlos

Depto. Educação Especial

Foto

3 x 4

Figura 1. Modelo do crachá dos participantes do programa de intervenção • Mural:

Este material também teve a função inicial de fortalecer a identidade do grupo. Nele foram colocados: o nome do projeto, o nome do grupo, fotos dos participantes e da pesquisadora. Recebeu, ainda, a função de intercâmbio entre os participantes e entre a pesquisadora e os participantes, podendo estes se comunicarem por meio de “recados” escritos e/ou desenhados (relacionados ou não ao programa de treinamento).

As fotos tiradas foram utilizadas somente no mural e para o grupo, não sendo expostas, sob nenhuma hipótese, em outros locais fora da Associação e/ou em apresentações de resultados parciais e/ou totais do estudo em eventos científicos. Assim, após a revelação do filme, os negativos foram deixados em posse da Coordenadoria da Associação.

• Protocolos de Atividades (modelo - Anexo XVIII):

Os Protocolos de Atividades, além de servirem como meio de comunicação entre a pesquisadora e os familiares, teve a função de registro e organização do programa de intervenção. Cada Plano de Atividade apresentou o número da sessão, data, objetivos específicos (componentes especificamente objetivados para treino na sessão), objetivos complementares (componentes objetivados para treino no programa, mas não especificamente para a sessão), outros componentes (componentes não objetivados para treino no programa), materiais, atividades e procedimentos, tarefas de casa solicitadas e avaliação dos participantes.

Após cada sessão ainda eram preenchidos cinco itens relacionados à avaliação da pesquisadora sobre a sessão: a) relato geral da sessão; b) objetivos atingidos e com quem;

c) desempenho da pesquisadora/facilitadora; d) Outras observações/avaliação; e) Sugestões para a próxima sessão. Essa avaliação considerou os relatos da pesquisadora, sendo analisada qualitativamente.

• Folha de Registro de Tarefas de Casa I e II – Familiares (Anexo XIX):

Foi desenvolvida exclusivamente para que o familiar auxiliasse o participante no treino dos componentes solicitar mudança de comportamento e recusar pedidos. Apresentava espaço para preenchimento da data em que foi realizada a tarefa, componente treinado, familiar que auxiliou na tarefa, descrição da ação do familiar, descrição da resposta do participante ao familiar e outras observações consideradas importantes. Assim, pode ser considerado um procedimento para atingir algumas habilidades.

• Outros materiais:

Ainda foram utilizados materiais de apoio ao programa que auxiliaram nas estratégias de intervenção em diferentes atividades, como nas vivências: gravador, fitas cassete, filmadora, tripé, fitas de vídeo, televisão com vídeo cassete acoplado, aparelho de CD e CDs de músicas diversificadas.

A utilidade dos instrumentos e materiais elaborados para a intervenção baseou-se principalmente no retorno das demais pessoas envolvidas (canais de apoio) com o programa de intervenção. Assim, foram considerados para análise: o uso ou não do material, a forma de uso desse material e os retornos em forma de relatos verbais tanto dos profissionais quanto dos familiares. Foi possível observar maior envolvimento dos familiares com o programa a partir do uso desses materiais. Os profissionais envolveram- se apenas no sentido do oferecimento do espaço da Instituição para a realização do programa e disponibilidade de uma profissional (terapeuta ocupacional) em permanecer neste espaço durante as sessões para atender a exigência de legislação escolar. Embora essa profissional se mostrasse bastante cooperativa, não participou do programa e acompanhou as atividades previstas nos Planos de Atividades, mesmo após uma mudança feita para facilitar sua leitura (inicialmente afixados no mural e posteriormente colocados em pasta como para os participantes e suas famílias), não oferecendo também sugestões ou críticas para o enriquecimento do programa (assim como os demais profissionais da escola).

O envolvimento dos familiares foi percebido no auxílio destes aos participantes no momento de realização das tarefas de casa, nas quais geralmente se solicitava a

participação de algum membro da família. Esta participação foi confirmada com o relato dos participantes e devolução escrita de alguns materiais e/ou protocolos de registro dessas tarefas, conforme solicitado aos familiares.

O uso da caderneta mostrou-se, portanto, efetivo para o envio de tarefas de casa e conseqüente garantia de auxílio dos familiares aos participantes para sua realização, bem como para o envio de informes da pesquisadora às famílias. No caso da mãe do participante Davi, mesmo sem solicitação explicita, ela assinava e datavam esses informes indicando a sua leitura. Contudo, apenas duas famílias utilizaram a caderneta para envio de dúvidas e sugestões à pesquisadora, o que indicou um intercâmbio efetivo, mas basicamente de mão única (duas ocasiões a mãe e a irmã do participante Denis e duas ocasiões da mãe do participante Davi). As dúvidas e sugestões eram também encaminhadas à pesquisadora, por meio dos questionários em espaços específicos para esse fim e, ainda, na entrevista e em momentos em que a pesquisadora encontrava os familiares que buscavam seus filhos ao final das sessões (duas famílias).

A estratégia do mural, pareceu ter sido importante para estabelecer uma identidade do grupo, o que foi sugerido pelo apego dos participantes a este material e também por indicativos de satisfação em participarem do programa. Algumas verbalizações dos participantes, presenciadas pela pesquisadora no ambiente escolar, tais como: “Só tem foto neste mural quem participa do grupo, você sabia?” (verbalização associada à mudança de postura corporal com “enchimento” da parte superior do peito e inclinação dos ombros para trás) ou “Este é o mural e as fotos do meu grupo” (explicação a outro colega da escola com os mesmos indicativos não verbais descritos no exemplo anterior). O mesmo ocorreu com os crachás que, no início, eram esquecidos por alguns participantes e que após certo período, apenas um participante iniciava a sessão sem antes prender seu crachá à blusa.

Diante desses acontecimentos a pesquisadora solicitou à coordenadora autorização para conversar com os demais alunos da escola, visando à prevenção de um clima hostil ou de rivalidade entre os alunos. Consentida a autorização, a pesquisadora conversou com todos os alunos conjuntamente (participantes do grupo e não participantes) explicando os motivos de alguns participarem do programa e outros não e convidando os demais alunos a conhecerem o trabalho, entrando na sala e vivenciando uma atividade em uma sessão que não fez parte da coleta de dados, em função da diferenciação em sua estrutura.

A parte do correio/recados do mural não foi usada regularmente pelos participantes, que somente esporadicamente fixavam bilhetes escritos ou desenhados no espaço destinado

a esse fim. Já a pasta e os Planos de Atividades foram parcialmente eficientes no objetivo de proporcionar às famílias a oportunidade de acompanharem de perto as atividades realizadas e os objetivos trabalhados em cada sessão. O cuidado e a responsabilidade com o material foram observados durante todo o programa de treinamento por todos os participantes e familiares. No entanto, geralmente eles não faziam leitura completa dos mesmos, restringindo-se a ler as tarefas de casa, conforme verificado por meio de conversas informais dos familiares com a pesquisadora. O argumento mais referido pelos familiares para a não leitura total dos planos foi a falta de tempo, devido a extensão do material, o que sugere a necessidade de síntese nesse tipo de recurso.

2.7. Planejamento de generalização e manutenção dos resultados:

O planejamento de generalização e manutenção das aquisições dos participantes considerou as propostas de Ulian e Silvares (2003) da inclusão de medidas de seguimento para avaliar a possível generalização no tempo. Para o cumprimento dessas etapas foram desenvolvidas atividades que propiciassem a avaliação e treinamento do desempenho dos participantes em contextos diversificados e com diferentes interlocutores, sendo um diretamente relacionado aos familiares (tarefas de casa) e o outro a diferentes interlocutores (sessões semi-estruturadas). Para avaliar a manutenção dos resultados a pesquisadora manteve contato com os participantes após a intervenção, realizando entrevista com as famílias, após cinco meses do término do programa, para verificar a satisfação destas com o programa e seus efeitos sobre as habilidades treinadas. Além disso, foi realizada filmagem de situação estruturada (Cenário Comportamental) com os participantes neste mesmo período (seguimento).

As sessões semi-estruturadas, que contaram com a presença de diferentes interlocutores, pareceram ser importantes para a generalização dos componentes treinados em sessão. Após realizarem um “passeio” (sessão semi-estruturada) os participantes pareciam melhorar tanto sua compreensão, quanto o desempenho nesses componentes. As tarefas de casa que pareceram contribuir mais para esse aspecto foram aquelas que incluíram o registro em protocolos de situações estruturadas pelos familiares para o treino dos componentes objetivados. Este aspecto foi inferido, pela pesquisadora, em função de maior domínio dos familiares nos componentes treinados com apoio desse recurso, observado na análise dos relatos dos familiares durante a entrevista.

Durante o período de intervenção foram realizadas avaliações por meio de inventários respondidos pelos familiares e por meio da observação direta do

comportamento em filmagem de situações estruturadas (Cenário Comportamental). As avaliações por questionário foram realizadas em geral ao final do primeiro e terceiro módulos do programa: a) Questionário de Melhora sobre os componentes treinados em cada módulo (familiares - ao final do primeiro e terceiro módulos); b) replicação do Questionário de Facilidade (familiares - final do terceiro módulo); c) entrevista (seguimento). As filmagens dos Cenários Comportamentais foram feitas ao final de cada módulo, totalizando três filmagens ao longo e final do programa de intervenção e uma no seguimento.

2.8. Condução do Programa de Intervenção:

O programa de treinamento foi conduzido pela própria pesquisadora, sendo as sessões divididas em três módulos conforme os intervalos de férias da Instituição no período da coleta de dados e a disponibilidade dos familiares e da pesquisadora em realizá- las em outros momentos e locais. A Tabela 16 apresenta uma síntese da condução do programa de intervenção de acordo com esses Módulos.

Tabela 16. Cronograma realizado na condução do programa de treinamento de habilidades comunicativas