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A duração das sessões foi definida conforme programas já implementados, vistos na literatura da área (Del Prette & Del Prette, 2001a; 2003), a disponibilidade da escola e das famílias e as necessidades de alterações que surgiram ao longo da aplicação da intervenção. Assim, o programa de promoção de habilidades comunicativas teve a duração

de seis meses e meio, sendo organizado com sessões em sala (estruturadas) e sessões de atividades práticas (semi-estruturadas). A quantidade de sessões semanais e sua duração variaram, inicialmente, conforme as possibilidades da escola dos participantes para a realização da intervenção.

Como visto anteriormente, a seqüência dos objetivos de treino foi definida com base nos resultados do questionário e no grau de complexidade de cada componente comunicativo. Esses critérios (necessidade e complexidade), incluíram grande parte dos componentes comunicativos avaliados e, portanto, a necessidade de um programa de intervenção de longa duração. No entanto, aspectos relacionados tanto às dificuldades dos participantes durante o programa, como estruturais (disponibilidade da escola) impeliram à redução do tempo ideal de intervenção.

Durante a aplicação do programa, foi observada a necessidade de várias sessões para o treino de cada componente, no entanto, o aumento no tempo total da intervenção não foi possível em função de dificuldades estruturais da escola em que os participantes freqüentavam no período da coleta dos dados. Essas dificuldades incluíram problemas com o espaço físico disponível para as sessões, devido às atividades realizadas rotineiramente na Instituição e com a falta de profissional que permanecesse na escola durante a condução do programa, uma vez que o único horário viável para a aplicação seria trinta minutos após o turno de aula.

Estender o tempo de cada sessão para além de trinta minutos não era possível por causar cansaço nos participantes que já permaneciam na Instituição em período integral e pela falta de profissional presente neste período. Assim, para amenizar esses contratempos, foi aumentado o número de sessões na semana, incluindo sessões às sextas-feiras na própria casa da pesquisadora, em cômodo preparado e adaptado para a realização das mesmas. A sexta-feira foi selecionada em função de dispensa dos alunos, pela escola, das aulas à tarde neste dia da semana, durante o segundo semestre de 200310. Também foram acrescentadas sessões no mês de janeiro, anteriormente ao início do ano letivo. Foi verificada, ainda, a possibilidade da realização de sessões em um dia do final de semana, porém alguns participantes tinham outras atividades, tais como aula de dança e participação em supletivo/suplência, o que inviabilizou essa alternativa.

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A dispensa deveu-se a dificuldades financeiras da escola e conseqüente falta de profissional para esse período.

Todos esses contratempos levaram à redução dos objetivos de treino, em especial dos componentes verbais de forma (prosódia, fluência e articulação/clareza) que, conforme se verificou, ao longo do programa, requeriam maior número de sessões para sua aquisição por esses participantes. Outros componentes foram mantidos como objetivos, mas em um número reduzido de sessões (expressar empatia, usar conteúdo de humor,

lidar com críticas, recusar pedidos, solicitar mudança de comportamento). 2.5. Definição dos procedimentos de intervenção:

Os procedimentos de treino foram selecionados com base nos objetivos selecionados e em estratégias e técnicas de intervenção própria da literatura da área de habilidades sociais e da fonoaudiologia (neste caso principalmente para o trabalho dos componentes verbais de forma). Assim, a metodologia de intervenção baseou-se em estratégias vivenciais (Del Prette & Del Prette, 1999, 2001a) adaptadas para os participantes do programa. Foram incorporadas, às vivências, técnicas de instrução oral, modelação, modelagem, feedback verbal, ensaio comportamental e tutoria e o uso de role-

playing e vídeo feedback. Dentre os procedimentos fonoaudiológicos pode-se destacar o

uso de técnicas de relaxamento global e específico (região orofacial), atenção e discriminação auditiva, impostação vocal e associação da fala ao movimento e/ou ritmo.

O programa foi organizado em sessões estruturadas (em sala própria para este fim) e semi-estruturadas (atividades práticas/ambiente natural), que seguiram um procedimento padrão. Após uma conversa informal para adaptação e descontração dos participantes, a pesquisadora dava as instruções da vivência/atividade do dia. Em algumas sessões, as situações estruturadas foram filmadas para que os participantes e a pesquisadora contribuíssem com feedback verbal e video-feedback aos parceiros de grupo. O critério para filmagem ou não de uma sessão vinculou-se principalmente às condições físicas do local, no qual a sessão era realizada. Algumas salas cedidas pela Instituição para a realização das sessões eram muito pequenas o que impossibilitava o uso do material de filmagem.

Os procedimentos de treino selecionados foram, em geral, empregados como descrito na área de promoção de habilidades sociais-comunicativas, sendo realizadas somente adaptações necessárias diante de dificuldades específicas dos participantes. Estas adaptações incluíram alteração: a) nos materiais utilizados; b) no tempo destinado à explicação das atividades; c) no número de aplicação de cada vivência e/ou atividade; d) na incorporação de outros elementos às estratégias e técnicas definidas.

As adaptações dos materiais consistiram na inclusão de materiais de apoio visual, especialmente nas vivências e/ou atividades que tinham materiais escritos em sua estrutura original. Deste modo, o uso de revistas, figuras e histórias em formato de figuras ou desenhos foram bastante empregados.

As atividades que incluíam vivências e/ou jogos com regras, em função de sua complexidade, necessitaram de um tempo maior de explicação, bem como o exercício dessas regras. O número de aplicações de cada atividade e vivência também se relacionou à sua complexidade, algumas necessitando de uma sessão para explicação e treino da atividade, outra sessão para sua realização e uma terceira sessão para que os participantes assistissem à filmagem e pudessem se beneficiar do videofeedback.

Algumas estratégias, como foi o caso do desempenho de papéis e do role playing, foram utilizadas como relatado na literatura, sendo observados pontos importantes do uso desse procedimento. Os papéis e situações, como ocorre nos programas de habilidades sociais, não eram previamente definidos pela pesquisadora, mas sim levantados pelo grupo como um todo, o que os levava: a) à reflexão das possibilidades de papéis diante de uma determinada situação; b) às possíveis situações diante de determinados desempenhos; e conseqüentemente c) a uma maior compreensão do que deveria ser feito. Portanto, o grupo participou não somente desempenhando as atividades, mas também e, principalmente, na construção destas. Após a realização da atividade e apresentação em vídeo, ainda era solicitado aos participantes que opinassem sobre outras possibilidades, com isso eram construídos novos papéis e novas situações a serem vivenciadas.

Com base nas observações e registros feitos pela pesquisadora ao final de cada sessão, nos Planos de Atividade, foi possível observar que o uso de diferentes estratégias e técnicas (vivenciais, comportamentais-cognitivas, fonoaudiológicas e pedagógicas) pareceu ser importante para o treino dos componentes, uma vez que, na maioria das vezes, os objetivos específicos e complementares da sessão eram atingidos pelos participantes. Isto era verificado, pela pesquisadora, ao final de cada atividade quando fazia perguntas aos participantes sobre conceitos trabalhados e também ao final da sessão, quando os participantes a avaliavam.