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5 RESULTADOS – EM BUSCA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE

5.2 A escola pública, suas práticas e o ingresso no ensino superior

5.2.1 O contexto escolar e sua influência

Para apreendermos qual foi o contexto escolar dos participantes desta pesquisa destacamos: a) A infraestrutura escolar; b) O acesso ao ensino médio.

a) Infraestrutura escolar

Em relação à infraestrutura das escolas não houve um consenso entre os participantes, cada um dos sujeitos fala desse aspecto de modo particular, levam em consideração não apenas o espaço físico, mas associam a ele as experiências subjetivas vividas em cada ambiente.

Três estudantes manifestam descontentamento, reconhecem que a infraestrutura das escolas em que estudaram era bem simples, oferecia apenas o básico, mas que era suficiente para se sentirem bem durante as aulas e em outros momentos em seus espaços. Não negam a existência de problemas que atrapalhavam, mas de modo geral, para eles, as escolas dispunham de uma estrutura física básica fundamental para o desenvolvimento escolar. Afirmam:

A escola Municipal até a terceira série a estrutura era boa. Tinha biblioteca, tinham alguns livros, tinha aquelas televisões de tubo assim... Onde o professor passa filmes também em fita cacete, eu me lembro que passava filmes da África e tinha uns leões... A gente gostava bastante! Tinha massinha pra brincar... Era uma escola que tinha estrutura. Mas, eu me lembro que tinha morcegos na sala, a sala era de telha e viviam morcegos voando lá na hora da aula, aí eu lembro que até o professor dizia: “Fecha olhos porque se ele fizer xixi pode cegar (sorrir)”, isso incomodava as vezes, mas eu gostava da escola. (Lucas)

As escolas que eu passei, em relação à estrutura eu não tenho do que me queixar não. Embora que eu não me considero tão exigente (sorrir) e no tempo que eu estudava é que eu não era tão exigente mesmo. Bem... Tinham as salas de aulas com as carteiras para a gente sentar, tinha sempre! Não tinha nenhum caso de ter goteiras na sala, nada disso! Acho que o básico eles tinham, o básico sempre teve. [...] Sempre tinha espaço de lazer, embora tivesse umas onde fossem menores que as outras, mas sempre tinha. Eu acho que no fundamental o espaço sempre foi suficiente, nunca tive nenhum problema com isso. Eu não tenho do que me queixar não. Foi bem tranquilo. [...] Eu acho que uma estrutura tendo o básico é essencial né? [...] Mas com certeza se não tivesse essa estrutura... Com certeza teria influenciando de forma negativa. Porque numa sala de aula que não tenha o mínimo de carteiras para você sentar, prejudica. (José)

André é mais enfático em relação às limitações de infraestrutura. Destaca o barulho, o calor e a má conservação dos prédios. Afirma:

Quanto à estrutura da escola... O quadro era quadro negro com giz. Era simples, bem simples. Já na segunda escola não, já tinha um quadro com a lousa branca, com o piloto. Mas... era aquele negócio de escola pública que tem todo tipo de problema e acaba atrapalhando até o aluno que aprende alguma coisa [...] Pronto, a estrutura lá da escola municipal era precária [...] A escola parecia um presídio, toda pichada com toque mágico, aqueles corretivos brancos. Aí pintava lá, escreviam de tudo lá, desde palavrão, desde coraçãozinho não sei o que... Tal pessoa e tal pessoa. A quadra era pequena e toda quebrada, a escola estava caindo aos pedaços. [...] Aí lá na escola de referência, decidiram destruir a escola toda pra fazer um novo prédio. Mas só que a reforma se arrastou por três anos você acredita? E ainda quando eu saí de lá ainda estavam fazendo a reforma. Aí a gente não aproveitou laboratório, a quadra mal existia, a quadra era pior do que a que eu tinha na escola municipal. Aí tem aquele negócio da reforma, da poeira, do barulho das máquinas. [...] Porque a gente não tinha ar-condicionado, a gente tinha uns ventiladores que faziam um barulho muito grande, um barulho do “caramba”. Se fosse um ar-condicionado pelo menos, mas eram ventiladores que pareciam uns helicópteros. E no terceiro ano a nossa sala contava apenas com um ventilador, o que era complicado né? Olhe... Era muita complicação! (André)

No geral as escolas municipais em que cursaram as etapas iniciais da educação básica tinham instalações mais condizentes com as necessidades formativas. Como vemos nos depoimentos, André foi mais crítico em relação à estrutura física das escolas públicas nas quais estudou. Pedro, Lucas e José foram mais tolerantes em relação às condições desses espaços. Contudo, mesmo

com essas considerações acerca das limitações materiais e didáticas das escolas, os estudantes não se referiram às suas influências negativas para o processo ensino aprendizagem e sucesso escolar. Não fizeram associação direta entre melhores condições de infraestrutura e qualidade da aprendizagem.

b) O acesso ao ensino médio

Quanto ao acesso às escolas, os estudantes registram mudanças ao ingressarem no Ensino Médio, pois precisaram migrar para escolas estaduais que ficavam localizadas mais para o centro da cidade ou até mesmo em outros municípios próximos aos seus de origem19. Contudo, segundo os participantes, o deslocamento não se caracterizou como um obstáculo à escolarização. Os estudantes que precisaram se deslocar utilizavam com êxito o serviço de transporte público municipal. Afirmam:

[...] Em relação à distância também não teve dificuldade de distância não porque era sempre perto da minha casa. No ensino médio, aliás no último ano do ensino médio foi o único ano que eu estudei em outra cidade, que foi uma cidade próxima... Muito próxima. Era o quê? Cinco quilômetros de distância. Aí eu pegava o transporte todo dia, mas a prefeitura disponibilizava. (José)

As da minha Cidade... Porque assim, a Escola Técnica era em outra Cidade. Eu sou de Lagoa do Carro, a Escola Técnica era em Carpina. Era legal o acesso, só era pegar a rodovia estadual mesmo e chega tranquilo. Aí a escola do centro, você andava sei lá... Dois ou três quilômetros e chegava na escola. Não precisava pegar nenhum transporte não. Mas pra Carpina eu dependia do ônibus municipal pra ficar levando e trazendo, essas coisas assim. (Pedro)

Conseguimos perceber que para aqueles que dispunham do serviço de transporte público gratuito, a distância não se constituiu um problema, porém existem exceções. Lucas, embora revele ter utilizado o transporte oferecido pelo município, confessa que diversas vezes sentiu dificuldades devido à distância que existia entre a sua casa no interior do município e a escola no centro da cidade. A distância o impediu de participar de outras atividades extracurriculares das escolas oferecidas pela escola no contraturno. Afirma:

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Mas eu senti uma dificuldade porque eu tinha que pegar ônibus pra ir pra cidade, voltava de ônibus, aí... Eu acostumado lá na localidade, isso me atrapalhava um pouco. [...] Porque tinham coisas que, por exemplo, o grupo de música, de flauta que eu estava participando, eu não pude continuar por causa disso. Eu não podia ficar. [...] Por que eu era do interior né? Tinha que pegar ônibus e pra eu ficar lá eu tinha que almoçar, mas na época a escola não dava almoço. Aí tinha vezes que eu ia pra casa, pegava o ônibus... O mesmo ônibus da Cidade, ele levava de manhã, aí trazia os alunos, ele dava a volta lá na comunidade e levava de novo os alunos que estudavam de tarde. Às vezes dava tempo de ir pra casa, comer alguma coisa rápido e pegar o ônibus na volta que ele fazia. Mas acabou ficando cansativo e não fiz isso mais não. (Lucas)

No que se refere ao contexto escolar dos alunos, ganhou realce nas narrativas o fato de três (Lucas, André e Pedro), dos quatro participantes, terem sido alunos de escolas de referência.

Tendo ingressado no ensino médio entre os anos de 2008 e 2009, estes estudantes tiveram acesso às novas políticas de apoio a esse ensino, ou seja, a implementação do Programa de Educação Integral e Profissional do Governo de Pernambuco20.

Segundo relatam os estudantes, durante o período em que cursaram o ensino médio, as escolas estavam em fase de implantação desse novo sistema e sob a supervisão direta do governo. Dessa forma, tanto os professores quanto as equipes gestoras das escolas estavam muito preocupadas em mostrar resultados e isso refletia em suas práticas escolares e aprendizagem. Afirmam:

Como a gente era a primeira turma, sempre buscava muito o resultado. Aí uns dos indicadores que os professores pensavam era a universidade, então se tiver muita aprovação, significa que alguma coisa deu certo. Então existia meio que uma política mais rígida, o pessoal investia mais na gente nesse sentido. (Pedro) Aí no primeiro ano essa escola se tornou de referência e ia se tornar integral, aí os professores ficaram bem animados, novos professores foram contratados, vieram de outras escolas pra dar

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Programa de Educação Integral tem como finalidade reestruturar o Ensino Médio. Foi instituído em 2008, por meio da Lei Complementar nº 125, de 10 de julho de 2008, priorizando a qualidade da educação, tendo como uma das metas a ampliação de matrículas no ensino médio integral. Contou com o reordenamento da rede Estadual, criando as Escolas de Referência em Ensino Médio e as Escolas Integrais, exclusivas de Ensino Médio.

aulas de geografia, por que tinham professores que não eram formados nas áreas que eles davam [...] (Lucas)

Pelas narrativas podemos inferir que esse novo projeto para o ensino médio estadual pode ter exercido influência positiva para as experiências de êxito dos estudantes. Tal influência pode ser relembrada quando José, irmão de Pedro, faz comparação a uma diferença entre seu curso de ensino médio e o que teve acesso o seu irmão. Segundo José, a escola em que Pedro cursou o ensino médio era diferenciada, mais comprometida com a formação e futuro profissional dos alunos. Afirma:

Até as escolas de referência mesmo são bem melhores que as outras e essas outras são totalmente esquecidas né? Aí o que acontece? [...] É interessante né? Meu irmão mesmo... Ele passou em Engenharia Civil. Pronto... Ele teve uma escola de Ensino Médio bem melhor que a minha, bem melhor mesmo. Era uma escola Integral, era uma escola, uma escola de referência que os professores você via mesmo que eles queriam ter o índice do IDEB, os resultados altos, porque eles ganham bônus por isso, aí eles realmente cobravam muito dos alunos, eles incentivavam mesmo as iniciativas que os alunos tinham, preparavam desde o primeiro ano para o vestibular ta entendendo? Ou seja, uma coisa de outro mundo em relação a minha escola pública. A escola púbica dele foi totalmente diferente da minha. (José)

Os estudantes realçam outros aspectos que fizeram diferença nas escolas de referência. Deixam claro que eram escolas públicas de melhor qualidade, diferentes do conjunto geral das escolas de ensino médio, possuíam práticas e métodos diferenciados, professores com melhor formação e mais comprometidos. Eles dizem:

Era uma escola de referência ela já era conhecida porque adotava um método diferente. Ela pegava os alunos com deficiência e ela incluía. Ela também tinha uma coisa diferente que é como aqui (UFPE), eles não ficavam na mesma sala, quando tocava pra mudar de aula, a gente saia daquela sala e ia pra sala do professor. Aí ficava bem dinâmico, a gente perdia um pouco de tempo saindo da sala, mas era legal. [...] Uma escola de referência muito boa. (Lucas)

Já na escola de referência, ela... Ela foi bem melhor! Quanto a esses negócios de os professores faltarem... Eles faltavam bem menos, tinha um ou outro professor descomprometido, mas... Fazer o que né? Mas os professores faltavam bem menos e eu consegui

render bem mais lá na escola de referência, apesar da estrutura. Por que assim, a escola estava se implantando naquele momento em Santa Cruz e assim, eram três turmas e cada turma não chega nem a trinta alunos, não dava nem noventa alunos lá no total, na escola toda. [...] Antes tinham sete professores só para três turmas, inclusive um de nossos professores tinha mestrado em química, era uma preciosidade né? Por que professor que é formado em química pra dar aula em escola publica é complicado, física também né? Mas a gente tinha um professor com mestrado em química, muito bom. Aprendi muita química com ele, devo muito a ele. Os nossos professores eles eram bons! (André)

De maneira geral, podemos admitir que para os participantes, principalmente para os três que cursaram o ensino médio em escolas de referência, o contexto escolar foi mais favorável à aprendizagem.

Apesar de não se prolongarem em relação a permanência na escola pública ao longo de toda a educação básica, os estudantes deixam entrever que o principal motivo foi o fato de serem pobres e, por consequência, suas famílias não disporem de condição financeira para arcar com os custos de uma escola particular. Afirmam:

Eu fui estudar em escola pública porque não tinha como pagar, a gente era baixa renda realmente... (Pedro)

Minha irmã e meu irmão sempre foram bolsistas de uma escola particular por lá, aí não pagavam mensalidade, estudaram, se formaram. Eu... Na minha época não tinha bolsa e a escola pública era de qualidade lá, aí juntou! A gente não podia pagar, mas a escola era boa. (Lucas).

[...] Porque assim, a gente tinha muita dificuldade financeira, muita mesmo. ... A gente era muito pobre. (André)

Dois dos estudantes, ao narrarem suas experiências, falaram sobre os desafios em manter uma trajetória escolar bem sucedida no espaço da escola pública. Segundo afirmaram, mesmo as boas escolas públicas (as de referência) pelas quais passaram deixam a desejar quando são comparadas as instituições da rede privada. Particularmente, André se ressente em relação ao modo como um aluno mais estudioso é desestimulado e excluído pelos colegas na escola pública, faz essa reflexão inspirado nas situações de bulliyng que vivenciou na escola.

O estudante revela uma representação de escola particular como um todo harmônico, em que não há desinteresse ou desestímulo por parte dos alunos. Eis um trecho de sua narrativa em que simula a possibilidade de ter estudado em escola particular:

[...] se eu fosse aluno de escola particular, mesmo sendo pobre, não teria problema, porque se me dessem uma bolsa, né? Sei lá, se me jogassem lá no GGE ou qualquer escola boa aqui, e claro me dando os livros também, eu me desenvolveria tão bem quanto os outros, porque lá em casa eu nunca precisei trabalhar. [...] então eu estudaria, tranquilo... Porque com os alunos da escola pública, um não queria estudar, outro também, ai estimula a gente ao quê? Relaxar né? Um aluno que não quer nada com a vida, outro que não quer nada com a vida, ai eu vou me esforçar? Não, meu ambiente é esse aqui, que estímulo eu vou ter? Nenhum! Aí numa escola particular, não! Os alunos, eles são forçados pelos pais a estudar, na escola pública não, é ao Deus dará mesmo. E se eu tivesse lá, ao invés de ter o desestímulo, seria o contrário. (André)

Por outro lado, José não parece cogitar a possibilidade de frequentar escolas particulares. Ele reconhece que existem escolas públicas de qualidade, mas que devido a inexperiência de sua família não foi em busca dessas instituições, que, como afirma, não deixam a desejar quando comparadas com escolas particulares. Comenta:

É complicado porque eu acho o que mais dificultou foi a questão de ser baixa renda mesmo. Agora não assim... Não porque eu não podia pagar uma escola particular sabe? Porque tinha outras opções de escola pública. Porque tem, escolas públicas e escolas públicas. Tem algumas escolas públicas que são meio que privilegiadas pelo governo, sei lá...! São as meninas dos olhos do governo e que eles investem muito mais. Por exemplo, o colégio de Aplicação aqui da Federal, o Aplicação da UPE tá entendendo? Até as escolas de referência mesmo são bem melhores que as outras e essas outras são totalmente esquecidas né? Aí o que acontece? É... Infelizmente minha família não buscou essas escolas públicas melhores né? Se eles tivessem buscado com certeza eu teria uma qualificação tão boa quanto um aluno de escola particular, se brincar até melhor ta entendendo? (José)

A discussão sobre a escola e seu contexto de influência nos faz lançar mão de Oliveira e Araújo (2005) que problematizam o conceito de educação de qualidade. Segundo os autores, tomando por base o caráter histórico, na

educação brasileira, três significados distintos de qualidade foram construídos e circularam simbólica e concretamente na sociedade: um primeiro, condicionado à oferta de oportunidades de escolarização; o segundo, vinculado a fluxo, definido como número de alunos que progridem ou não dentro de determinado sistema de ensino e, por fim, qualidade está associada à aferição de desempenho.

Os resultados que organizamos neste eixo indicam que os participantes reconhecem os limites de infraestrutura e algumas poucas dificuldades de acesso às escolas públicas, contudo essas limitações não implicam de forma decisiva para desestimulá-los frente ao propósito de obter sucesso escolar. Considerando os critérios tratados por Oliveira e Araújo (2005) podemos dizer que os quatro estudantes investigados tiveram acesso a uma educação de qualidade, uma vez que não tiveram dificuldades de acesso às escolas, o fluxo escolar foi contínuo e lograram êxito escolar conquistando vagas em cursos superiores de alta seletividade na UFPE.

Cumpre-nos lembrar que no Brasil, o Ensino Médio representa a última etapa da educação básica, que pressupõe a consolidação dos conhecimentos adquiridos pelos estudantes oriundos do Ensino Fundamental. É a partir dessa etapa de ensino que alguns jovens procuram a sua inserção no mundo do trabalho ou dão continuidade aos estudos através do Ensino Superior. No período de 2007 a 2010, o Governo do Estado de Pernambuco criou para as Secretarias Estaduais de Saúde, Segurança e Educação um mapa estratégico de acompanhamento mensal das ações desenvolvidas por essas secretarias.

Para a Secretaria de Educação, foram eleitos dez eixos estratégicos a serem acompanhados e monitorados pela Secretaria de Planejamento e Gestão e pelo governador do Estado. Dentre as metas pré-estabelecidas, ganhou destaque o Programa de Educação Integral, com a finalidade de reestruturar o Ensino Médio, instituído por meio da Lei Complementar nº 125, de 10 de julho de 2008. O referido programa priorizou a melhoria da qualidade da educação, tendo como uma das metas a ampliação de matrículas no Ensino Médio Integral. Para isto contou com o reordenamento da rede Estadual, criando as Escolas de Referência em Ensino Médio e as Escolas Integrais, exclusivas de Ensino Médio.

Um ano após a implantação do referido programa, foi criada a Secretaria Executiva de Educação Profissional, dotada de autonomia administrativa e

financeira, responsável pelos Programas de Educação Integral e de Educação Profissional e com a responsabilidade de supervisionar as escolas integrais. Do primeiro programa, fazem parte as Escolas de Referência em Ensino Médio (EREMs) e do segundo as Escolas Técnicas Estaduais (ETEs), todas com atendimento em horário integral. As EREMs apresentam matriz curricular voltada para o ensino propedêutico Integral e as ETEs oferecem o Ensino Médio Integrado à Educação profissional, em tempo Integral, funcionando, também, com a oferta da Educação Profissional, concomitante e/ou subseqüente ao Ensino Médio. No ano de 2010, foram criadas, no estado de Pernambuco, 160 Escolas de Referência em Ensino Médio, com capacidade para atender 50% da demanda dos estudantes dessa etapa da educação básica. Os resultados desta pesquisa revelaram que essa política de atendimento educacional em tempo integral – nas escolas de referência – beneficiou ou contribuiu para o sucesso escolar dos estudantes ouvidos neste estudo.

Como já mencionamos neste trabalho, as representações sociais são relevantes, pois influenciam na construção da realidade e orientam as práticas dos grupos. RS são explicações, pensamentos e ideias que possibilitam evocar um dado, um acontecimento, uma pessoa ou um objeto. As representações resultam da própria interação social dos sujeitos em seus contextos. Elas não são construídas no vazio, são influenciadas pela sociedade e seus diferentes grupos em determinado tempo e espaço.

O ser humano não pensa isolado, desligado do social. Ele pensa atravessado por este. Ele carrega no seu pensar a marca dos grupos que incidem sobre a sua experiência, sobre a sua identidade, bem como a marca da história...(ARRUDA, 2009 p.746)

Os participantes desta pesquisa se encontravam em um contexto específico (a escola pública). Esse é um espaço físico com infraestrutura própria que muitas vezes está muito aquém das necessidades da comunidade usuária e é também um espaço simbólico, os sujeitos - devido às diferentes formas de comunicação social - dão significados a essa instituição. A representação social de sucesso escolar não está imune ao espaço físico e simbólico no qual esse sucesso foi