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3 METODOLOGIA

4.3 Em contato com os alunos dos cursos de alta seletividade

Tendo exposto esse cenário de dificuldades, decidimos que a opção seria abordar os alunos nas salas de aula, o que não era a estratégia mais adequada devido ao cronograma da pesquisa que já estava atrasado, mas era a alternativa exequível diante da impossibilidade de apoio institucional. Procuramos conseguir os horários e locais das aulas, chegar com antecedência e conversar com os professores para estabelecermos o melhor momento de intervenção junto às turmas e tentar localizar os sujeitos.

Iniciamos a maratona pela escolaridade do Curso de Medicina para conseguir o quadro de horário das turmas e dessa forma começar a abordagem dos alunos nas salas de aula, lugar onde, possivelmente, se encontraria mais alunos de uma única vez.

Chegando à escolaridade deste curso, falamos com um bolsista e solicitamos o quadro de horário de todos os períodos, uma vez que esse quadro não estava disponível em nenhum dos murais da coordenação do curso. O bolsista resistiu em oferecer a informação alegando que iríamos atrapalhar as aulas de uma turma inteira quando, na verdade, talvez não se encontrasse sequer um aluno que pudesse participar da pesquisa. Na mesma ocasião, uma aluna do Curso de Medicina, que se encontrava na escolaridade, nos escutou e se disponibilizou para participar da pesquisa, uma vez que ela havia sido aluna de escola pública. Contudo, em conversa com a estudante detectamos que ela não se adequava aos critérios, pois havia sido aluna do Colégio de Aplicação da UFPE (CAp).

No continuar da conversa, a mesma estudante informa que não conhece no curso de Medicina ninguém que tenha feito toda escolarização em escolas públicas e que os poucos cotistas, como ela, foram alunos do Colégio de Aplicação ou do Colégio Militar. Contudo, durante a conversa, ela informa sobre um e-mail de acesso a todos os alunos da graduação em Medicina. Trata-se de um filtro em que todos os alunos de medicina são cadastrados e o e-mail que se envia para aquele destino é automaticamente reenviado para todos os alunos. Ela conta que outros pesquisadores já conseguiram realizar pesquisas através dessa ferramenta e sugere que, desde o título do e-mail, indiquemos que ele se destina a alunos oriundos de escolas públicas. No mesmo dia escrevemos10 aos estudantes de medicina seguindo sua recomendação.

Voltando ao CIN, especificamente à coordenação da graduação de Engenharia da Computação, procuramos pelo quadro de horário de todas as turmas do curso. Sabendo que o curso tem duração de cinco anos (dez períodos), possui duas entradas anuais e funciona em horário integral, nos certificamos de que tinham vinte turmas regulares. Tivemos acesso à localização das salas e horários das aulas com um bolsista da coordenação e, no dia seguinte, começamos as visitas às turmas.

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No e-mail, após nossa apresentação, indicamos o título da pesquisa, seus objetivos e explicitamos o convite. Explicamos detalhadamente os critérios dos de participação e enviamos em anexo o questionário e o termo de consentimento livre e esclarecido. Pedimos encarecidamente aqueles que atendiam aos critérios o reenvio desses documentos

Para abordar os estudantes, chegávamos com antecedência e falávamos, previamente, com os professores a fim de acertar um momento de contato com as turmas. Em poucas turmas, conseguimos fazer isso uma vez que a maioria dos professores preferiu falar com os próprios alunos enquanto esperávamos sua resposta do lado de fora da sala. O combinado era que eles apresentavam nossa proposta de pesquisa aos seus alunos, explicavam os critérios de seleção dos participantes e os alunos, que se enquadrassem, sairiam da sala para responder ao questionário. Isso foi feito, mas no Curso de Engenharia da Computação não conseguimos localizar estudantes que atendessem aos critérios estabelecidos. Alguns disseram ser cotistas por ter estudado durante o ensino médio em escolas públicas, mas isso não era o suficiente. Em torno de quinze dias, tentamos encontrar os possíveis sujeitos neste curso, passamos por mais de 20 turmas e não encontramos um só aluno que tivesse cursado toda a escolarização básica em escolas públicas.

No CTG, foi mais complicado encontrar um quadro de horários fechado para a turma de Engenharia Elétrica, pois desde 2008, o acesso às engenharias (Alimentos, Civil, Eletrônica, Elétrica, de Controle e Automação, Energia, de Materiais, Mecânica, de Minas, Naval, de Produção e Química), oferecidos no Campus do Recife, ocorre por meio do vestibular unificado através do Conjunto de Engenharias CTG. Caso aprovado no vestibular para esse conjunto de engenharias, o candidato passa a ser aluno do Grupo Engenharias da UFPE, mas não é vinculado a nenhum curso de engenharia específico, durante um ano. Ele só poderá realizar a sua escolha definitiva, por um dos cursos do conjunto de Engenharias - CTG, no final de um ano, de acordo com o seu desempenho acadêmico e sua ordem de preferência11.

Frente a essa realidade do CTG, procuramos saber junto à coordenação do Curso de Engenharia Elétrica quais as disciplinas eram destinadas, apenas, aos

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Para realizar a sua escolha definitiva, o estudante deverá, obrigatoriamente, preencher o formulário de opções através do SIG@, com a ordem das preferências dos cursos em que gostaria de prosseguir seus estudos. Após a finalização desse processo, o aluno tem acesso ao ingresso definitivo em apenas um dos cursos escolhidos. Para ocupar as vagas disponíveis, os estudantes, ao final do primeiro ano de vínculo e estudos, será classificado considerando o quantitativo de vagas disponíveis em cada curso obedecendo a ordem de preferência do aluno e sua colocação no ranking do sistema siga@. Após esse processo os alunos devem se matricular nos componentes curriculares de seu curso específico, mas isso também vai depender da disponibilidade da oferta de vagas, pois muitas disciplinas são comuns para vários cursos.

estudantes deste curso. Encontradas as disciplinas, nos certificamos do local e do horário e fomos às salas de aula e aos laboratórios. Em alguns laboratórios, não foi permitida a nossa entrada, pois se tratavam de locais que ofereciam riscos às pessoas não orientadas sobre seu funcionamento. Nas salas de aula, a abordagem foi semelhante a das turmas de Engenharia da Computação. Chegava às turmas com antecedência, falava com os professores e combinava um momento para intervir. A diferença foi que, nesse curso, os professores permitiram com mais facilidade a nossa entrada e, assim, conseguimos ter acesso direto a todas às poucas turmas que tinham aulas específicas para estudantes de Engenharia Elétrica. Porém, novamente, não encontramos alunos que tivessem cursado toda a escolarização básica, exclusivamente, em escolas públicas.

Na abordagem fora dos laboratórios, esperávamos acabarem as aulas e abordávamos os alunos nos corredores dos galpões, nas cantinas e nos jardins. Procurávamos saber se eram estudantes do Curso de Engenharia Elétrica e, perguntávamos se tinham cursado toda a educação básica em escolas públicas. Durante uma semana, fizemos a abordagem dos alunos de Engenharia Elétrica CTG e a negativa se repetiu, pois não conseguimos encontrar alunos que atendessem aos critérios estabelecidos para a pesquisa.

No CCJ, – Faculdade de Direito do Recife - o trabalho parecia ainda maior, pois, a cada ano, são quatro entradas: primeira e segunda entrada no turno da manhã, cada uma com 50 vagas; primeira e segunda entrada no turno da noite, também, com 50 vagas cada. Tudo isso soma um total de quarenta turmas, o que nos assustou devido ao atraso do cronograma da pesquisa. Sendo assim, começamos nossa busca pelos estudantes de graduação em Direito da UFPE pelas turmas matutinas. Fomos orientadas por um bolsista, o mesmo que nos forneceu o quadro de horário das turmas, a iniciar pelas últimas turmas, os alunos dos últimos períodos, pois esses cursavam menos disciplinas, já estagiavam e trabalhavam, além do fato de as turmas de fim do curso serem menores devido à evasão e às pendências que os alunos vão acumulando em outras disciplinas. Para ter acesso aos alunos do curso de Direito, utilizamos a mesma estratégia utilizada nos outros centros.