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CONTEXTO E IMPASSES NO NASCIMENTO DO PT

CAMINHOS E IDENTIDADES

2.1 CONTEXTO E IMPASSES NO NASCIMENTO DO PT

Cabe em nossa pesquisa um momento dedicado ao estudo do desenvolvimento da ideia de socialismo internamente ao PT, levando em consideração todo o processo geral anteriormente citado das relações entre a dinâmica teórica e política de autoidentificação socialista, em consonância com o momento histórico e as alternativas políticas concretas e compreendidas como viáveis em cada momento.

Porém, um estudo detalhado das resoluções internas do PT sobre o socialismo, com o devido cuidado às disputas internas, suas correntes, inclusive o debate interno a cada uma delas, fugiria ao escopo e as dimensões próprias desta pesquisa, podendo levar-nos à perda de foco nos sentidos assumidos pela ideia de socialismo durante os quatro anos do Governo Lula.

Optaremos, portanto, em nos referenciar no recente estudo de COELHO (2005), no qual este autor refaz o percurso político das origens até os momentos finais da década de 90, da Articulação e do Partido Revolucionário Comunista (extinto em 1988) – grupos políticos protagônicos do Campo Majoritário do PT desde o encontro de 1995.

O Partido dos Trabalhadores nasceu como uma alternativa histórica da e para as classes subalternas, em sua longa trajetória de luta social e conquista de direitos de toda ordem. Naquele momento, fins dos anos 70 e início dos anos 80 do século XX, os instrumentos partidários tradicionais da esquerda socialista como o PCB e o PC do B anteriormente construídos, encontravam-se profundamente desgastados além de sofrerem questionamentos variados em sua legitimidade revolucionária e em seus vínculos com a classe trabalhadora. Esta situação era o resultado, tanto das estratégias de aliança de classe35 que não impediram o rompimento da ordem constitucional em 1964, quanto pela sobrevivência clandestina ao longo período de ditadura militar.

O ciclo das ditaduras latino-americanas estava perdendo legitimidade política e, no Brasil, a luta por liberdades democráticas e pelo fim da ditadura militar fundia-se com demandas sociais de toda ordem, como a luta contra a carestia, a busca pelo emprego, por melhores condições de vida nas complexas redes urbanas recém formadas em torno dos pólos e regiões de industrialização acelerada, além de uma nascente consciência ecológica e preservacionista.

Internacionalmente vivia-se um momento de profundo questionamento à hegemonia norte-americana no mundo, expressado pela derrota militar e política na guerra contra o Vietnã em 1975, pelas revoluções Iraniana e Sandinista em 1979 contra prepostos diretamente escolhidos e sustentados pela Casa Branca, além da recente crise econômica que passou a ser conhecida como a crise do petróleo, que fez com que os EUA unilateralmente rompessem os acordos internacionais firmados na convenção de Breton Woods, na qual garantia o dólar como padrão ouro da economia mundial.

Neste momento de crise forjou-se uma alternativa política e econômica conservadora que há muito estava reduzida a estreitos círculos acadêmicos nos países centrais. Um programa econômico, social e político que veio a ser conhecido mais tarde pelo nome de neoliberalismo, e que, aliado a uma guinada ofensiva na política externa norte-americana no Governo de Ronald Reagan, reverteu a crise do papel dos EUA no mundo, repôs em situação pior a condição subalterna dos países da periferia do capitalismo e asfixiou a economia da URSS, contribuindo à sua queda no início dos anos 90.

35 Interpretações típicas da leitura etapista da formação social brasileira, que subordinava a construção do

socialismo no Brasil à derrota dos resquícios feudais, presentes em nossa sociedade na força das oligarquias latifundistas. A revolução teria sua primeira fase democrática por meio de uma aliança do operariado urbano com uma burguesia nacional, em contradição de interesses com o imperialismo norte- americano. Interpretações com este teor influenciaram profundamente a esquerda brasileira, e não será coincidência que este venha a ser o mote da política da Articulação ao longo da década de 90.

No entanto, nos primeiros anos da década de 80, havia no Brasil um cenário de otimismo para as forças políticas de esquerda, pois o lastro material da criação deste novo partido, assim como da Central Única dos Trabalhadores, era a profunda crise econômica e o fim do ciclo político da caserna.

A procura pela definição de qual projeto societário predominava no interior do PT nas décadas de 80 e 90, não deve reduzir a leitura do processo de disputa política interna em toda a sua riqueza de possibilidades, como resultante concreta de forças unidas no interior deste partido político, porém em conflito estratégico latente quando das definições do seu horizonte histórico anticapitalista, reformador ou revolucionário.

As resoluções e os programas apresentados pelo partido são fundamentais para compreender o desenvolvimento das suas lutas internas, não só do ponto de vista de quem ganhou ou de quem perdeu, mas principalmente, como os projetos se transformam no decorrer da luta social e da sequência histórica de possibilidades realizadas e/ou abortadas pelos homens e mulheres em seu cotidiano.

Por seu turno, as disputas eleitorais revelam importantes sínteses dos conteúdos existentes e em disputa no interior da vida política partidária, principalmente quando esse partido aceita formalmente a existência de grupos ou tendências internas. Outros partidos não as aceitam formalmente, no entanto isso não significa a ausência de posições conflitantes e a constituição de grupos internos, ao menos, nos momentos de definição congressual formal.

Porém, a exclusividade do estudo dos programas apresentados, das resoluções congressuais finais, das memórias individuais dos protagonistas dos projetos vencedores ou dos seus discursos, quando descolados de uma perspectiva totalizante, correm o risco de abstrair o desenvolvimento histórico e a produção historiográfica correspondente (ALMEIDA, 2007), retirando de cena os múltiplos impactos e possibilidades da luta política interna, assim como a mobilidade dos atores políticos em meio ao processo concreto em transformação, afetados e influenciados que são pelo conjunto das forças em disputa.

Além disso, leituras e interpretações que pretendam abstrair os conteúdos sociais e políticos em luta, em prol de oposições teóricas do tipo socialismo versus democracia, tendem a ser profundamente influenciadas pela correlação de forças predominante quando da sua elaboração. O resultado tende a ser uma narrativa de inevitabilidade do predomínio de uma dessas alternativas sobre outras, privilegiando na prática, as fontes históricas do grupo representante das concepções predominantes (ALMEIDA, 2007).

Não é o caso de relegar essas fontes ao esquecimento, mas sim de contextualizá-las politicamente, inclusive em relação aos seus adversários, lendo-as criticamente, para impedir a mera reprodução do discurso que fazem sobre si mesmas. Recorreremos para as fontes secundárias da historiografia sobre o PT, anteriormente citadas, a fim de visualizar algumas passagens e processos fundamentais no desenvolvimento do projeto socialista no interior do PT.

Essa perspectiva se contrapõe às narrativas históricas da fundação do PT excessivamente reificadoras do seu mito fundador e do papel que Lula e o grupo dos sindicalistas do ABC teriam desempenhado nesse processo. Para compreender a sua fundamental contribuição, faz-se necessário, no entanto, situá-la no contexto das diversas correntes e alternativas políticas daquele momento.

Deste modo, podemos ter acesso ao desenvolvimento político e ideológico trilhado pelo grupo que gerou a Articulação, principal protagonista dentre os vencedores da luta pela hegemonia interna e corrente ao qual o presidente Lula nunca se distanciou, mesmo nos momentos mais difíceis.

O projeto de partido que vingou não estava dado no primeiro momento: foi o resultado dos embates e escolhas concretas. Da mesma forma, a questão do socialismo sempre esteve em tensão no interior do PT, como momento da disputa hegemônica na sociedade brasileira e das suas múltiplas correntes internas originadas na resistência armada à ditadura militar, nas comunidades de base da igreja católica e nas bases sindicais em luta contra o arrocho salarial motivado pelo endividamento crescente e a crise do modelo de modernização conservadora.

Seus primeiros documentos retratam a conjuntura política, social e econômica das lutas que contribuíram com o fim da ditadura militar, a demanda por participação política dos trabalhadores de forma livre e independente aos tradicionais arranjos por cima que marcam a história brasileira e, como não poderia deixar de ser, formas específicas de apropriação das lutas anticapitalistas e da construção de um projeto de sociedade mais igualitário.

A Carta de Princípios do PT, lançada publicamente em 01/05/1979 continha um tom – na medida do possível para a época – abertamente anticapitalista e crítico às classes dominantes e a burguesia.

A ideia da formação de um partido só dos trabalhadores é tão antiga quanto a própria classe trabalhadora. Uma sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente

necessidade de se manter organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégios das classes dominantes.

As movimentações pela recriação do PTB ou pela submissão dos trabalhadores à representação do MDB são duramente criticadas:

[...] não acreditamos que partidos e governos criados e dirigidos pelos patrões e pelas elites políticas, ainda que ostentem fachadas democráticas, possam propiciar o acesso às conquistas da civilização e à plena participação política a nosso povo. [...] Já está demais evidente que o novo governo militar pretende manter a continuidade dessa mesma política econômica ditada pelo capital financeiro internacional, agravada agora pelos planos de austeridade e recessão que já se esboçam. Isso significa que o sofrimento, a miséria material e a opressão política sobre a população trabalhadora tenderão a se manter e aprofundar. [...] O MDB, por sua origem, por sua ineficácia histórica, pelo caráter de sua direção, por seu programa pró-capitalista, mas, sobretudo por sua composição social essencialmente contraditória, em que se congregam industriais e operários, fazendeiros e peões, comerciantes e comerciários, enfim, classes sociais cujos interesses são incompatíveis e nas quais, logicamente, prevalecem em toda a linha os interesses dos patrões, jamais poderá ser reformado. A proposta que levantam algumas lideranças populares de “tomar de assalto” o MDB é muito mais que insensata: é fruto de uma velha e trágica ilusão quanto ao caráter democrático de setores de nossas classes dominantes (PARTIDO DOS TRABALHADORES, Carta de Princípios, 1979).

A crítica ao capitalismo e o papel social do PT frente a ela compõe o encerramento do texto de forma nítida:

[...] o PT proclama que a única força capaz de ser fiadora de uma democracia efetivamente estável é a das massas exploradas do campo e das cidades. O PT entende, por outro lado, que sua existência responde à necessidade que os trabalhadores sentem de um partido que se construa intimamente ligado com o processo de organização popular, nos locais de trabalho e de moradia. Nesse sentido, o PT proclama que sua participação em eleições e suas atividades parlamentares se subordinarão a seu objetivo maior, que é estimular e aprofundar a organização das massas exploradas. [...] buscará apoderar-se do poder político e implantar o governo dos trabalhadores, baseado nos órgãos de representação criados pelas próprias massas trabalhadoras com vista a uma primordial democracia direta. [...] O PT não pretende criar um organismo político qualquer. O Partido dos Trabalhadores define-se, programaticamente, como um partido que tem como objetivo acabar com a relação de exploração do homem pelo homem. [...] O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não

há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo (PARTIDO DOS TRABALHADORES, Carta de Princípios, 1979).

O Manifesto do partido foi aprovado pelo Movimento pró-PT, em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion (SP) e publicado no Diário Oficial da União de 21 de outubro de 1980. Começa reafirmando o seu lado no conflito social sob o capitalismo:

Agora, as vozes do povo começam a se fazer ouvir por meio de suas lutas. As grandes maiorias que constroem a riqueza da Nação querem falar por si próprias. Não esperam mais que a conquista de seus interesses econômicos, sociais e políticos venha das elites dominantes. Organizam-se elas mesmas, para que a situação social e política seja a ferramenta da construção de uma sociedade que responda aos interesses dos trabalhadores e dos demais setores explorados pelo capitalismo. [...] O PT nasce da decisão dos explorados de lutar contra um sistema econômico e político que não pode resolver os seus problemas, pois só existe para beneficiar uma minoria de privilegiados. [...] O Partido dos Trabalhadores nasce da vontade de independência política dos trabalhadores, já cansados de servir de massa de manobra para os políticos e os partidos comprometidos com a manutenção da atual ordem econômica, social e política [...] O PT pretende ser uma real expressão política de todos os explorados pelo sistema capitalista. Somos um Partido dos Trabalhadores, não um partido para iludir os trabalhadores (PARTIDO DOS TRABALHADORES, Manifesto do PT, 1980).

Encerra com uma citação indireta ao socialismo, afirmando o objetivo de construir uma democracia direta e a defesa do controle das riquezas nacionais pelas massas:

O PT afirma seu compromisso com a democracia plena e exercida diretamente pelas massas. Neste sentido proclama que sua participação em eleições e suas atividades parlamentares se subordinarão ao objetivo de organizar as massas exploradas e suas lutas. [...] O Partido dos Trabalhadores pretende que o povo decida o que fazer da riqueza produzida e dos recursos naturais do país. As riquezas naturais, que até hoje só têm servido aos interesses do grande capital nacional e internacional, deverão ser postas a serviço do bem-estar da coletividade. Para isso é preciso que as decisões sobre a economia se submetam aos interesses populares. Mas esses interesses não prevalecerão enquanto o poder político não expressar uma real representação popular, fundada nas organizações de base, para que se efetive o poder de decisão dos trabalhadores sobre a economia e os demais níveis da sociedade. [...] O PT buscará conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados nem exploradores (PARTIDO DOS TRABALHADORES, Manifesto do PT, 1980).

Os textos de fundação refletem a disputa no interior da composição política e social predominante na fundação do PT, dos diversos projetos políticos e societários, de forma crescentemente acirrada. O mundo em ebulição política na década de 80 influenciou concretamente os projetos em disputa no interior do PT, assim como a formação e disputa do PT também influenciou, com o passar do tempo e o advento de seu crescimento, a luta pela hegemonia entre os diversos campos da esquerda no mundo.

Coelho contextualiza a participação do grupo de sindicalistas do ABC, entre as diversas correntes e agrupamentos mais ou menos estruturados organicamente, atuantes desde o Movimento pró-PT que se colocavam no cenário e contribuíam com sua construção:

O mais importante não é que fosse Lula ou outro sujeito qualquer a vocalizar pela primeira vez a necessidade de construção de um partido da classe trabalhadora. O que é realmente decisivo é que essa necessidade se impunha, naquele contexto histórico, a vários sujeitos. Lula e os sindicalistas perceberam a necessidade de construir um novo partido ao mesmo tempo em que vários outros sujeitos em várias regiões do país chegaram a mesma conclusão (COELHO, 2005, p. 51). Vemos, então, que a percepção da necessidade histórica de construção de um partido desse tipo não era exclusividade de uma categoria ou grupo político o que era potencializado pelas movimentações de outras categorias dos trabalhadores distribuídas pelo território nacional, impulsionadas pela luta pela reposição salarial, contra a falsificação dos índices operados pela ditadura, da luta pela anistia, por liberdades democráticas, contra a caristia, que marcaram este período.

Segundo este autor, o acordo entre aqueles que viriam a se auto definir como os petistas autênticos e as agremiações marxistas organizadas, pela criação de um instrumento político da classe trabalhadora, baseou-se em um eixo aglutinador que permitia a convivência entre todos. Seus elementos constitutivos seriam:

1. A qualificação dos agentes políticos segundo o critério de classe;

2. A afirmação da necessidade de independência política dos trabalhadores; 3. A afirmação da necessidade de construir pelas bases um novo partido. Desde seus primeiros momentos a vida interna do PT, em geral, assim como a construção e o exercício concreto da hegemonia interna daquilo que veio a se tornar a Articulação, pautou-se tanto pelos elementos constitutivos citados anteriormente quanto pelo combate permanente à esquerda de origem marxista, independentemente de suas características (trotskistas, leninistas, etc.):

Um dos momentos emblemáticos do papel de Lula na constituição do grupo hegemônico do PT ocorreu em setembro de 1981, na 1ª Convenção Nacional do PT, em Brasília. O discurso feito por Lula como primeiro presidente do PT terminou sendo acolhido pelo partido como um dos seus textos constituintes. [...] Na parte final o documento trata de temas mais delicados. Primeiro, sobre os grupos organizados de esquerda que estão ingressando no PT, o texto diz que é preocupante se ‘um militante veste, por baixo de nossa camisa, outra camisa’. Reconhece o ‘direito desses companheiros se organizarem em torno de suas visões e de suas propostas’, mas esclarece que ‘não aceitaremos jamais que os interesses dessas tendências se sobreponham, dentro do PT, aos interesses do Partido’. A relação com as demais tendências seria um fator central na aglutinação do núcleo dirigente, como veremos mais à frente. Vale registrar, porém, que o texto fala em nome do PT contra as tendências, como se as tendências não fossem, de pleno direito, petistas (COELHO, 2005, p. 61 e 62).

Podemos confirmar, portanto, desde seu evento fundacional, o papel de Lula no processo de implementação de uma pauta política – e de uma estratégia discursiva a ela associada – que possuía, como um dos seus objetivos, a conquista e consolidação da hegemonia interna, por parte do grupo de sindicalistas que veio a constituir a Articulação, sobre o conjunto do partido, em disputa com as tendências marxistas.

Já pelo seu conteúdo se percebe que este texto é um marco do processo de construção da hegemonia no interior do PT. Estão ali dispostos os elementos de demarcação do grupo dirigente com as “tendências de esquerda” mas estão também as formulações que garantem a aglutinação de todos em torno de um eixo político básico, que se explicita na concepção de como fim da exploração e como obra dos próprios trabalhadores (COELHO, 2005, p. 62).

Sem pretender realizar um panorama histórico mais detalhado do desenvolvimento da relação entre o grupo que veio a se constituir como a Articulação e aqueles grupos que vieram a constituir as tendências de orientação marxista e/ou revolucionária (SILVA, 1987), podemos adiantar que essa disputa desdobrou-se ao longo do tempo principalmente em três pontos fundamentais:

1. A relação com o marxismo;

2. A concepção do socialismo no PT, que pressupunha o debate sobre o desenvolvimento das experiências socialistas no mundo;

3. O padrão organizativo do PT e seu papel histórico, que se manifestava pelo debate, entre as correntes de esquerda, sobre o caráter revolucionário ou tático do PT apropriado pelos sindicalistas como o uso ou não de ‘duas camisas’.

Do ponto de vista que nos interessa – a questão do socialismo – é importante ressaltar na análise do autor sobre o discurso de Lula na 1º Convenção Nacional do PT que:

O outro tema candente é o do socialismo. O discurso polemiza com as correntes de inspiração leninista: “é falso dizer que os trabalhadores, deixados à sua própria sorte, se desviarão do rumo de uma sociedade justa, livre e igualitária”. Os trabalhadores, maiores explorados da sociedade atual, querem “com todas as forças, uma sociedade que, como diz o nosso programa, terá que ser uma sociedade sem exploradores. Que sociedade é essa senão uma sociedade socialista?” [...] O texto recusa os modelos de socialismo “burocrático” e também rejeita “buscar medidas paliativas aos males sociais causados pelo capitalismo ou para gerenciar a crise em que este sistema econômico se encontra”. [...] “O que nós queremos se definirá por todo o povo, como exigência concreta das lutas populares, como resposta política e econômica global a todas as aspirações concretas que o PT seja capaz de enfrentar”. [...] “O que nós queremos irá se definindo nas lutas do dia-a-dia, do