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Contexto legal e institucional do estágio profissional

Capítulo 3 Enquadramento da prática profissional

3.2 Contexto legal e institucional do estágio profissional

O estágio profissional está assente em normas específicas da instituição universitária, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e em legislação singular conferindo assim ao Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário a habilitação profissional para a docência em contexto escolar. Estas normas e legislação fomentam a uniformização das condições em que os Estágios Profissionais decorrem, uma vez que são várias as Escolas, os contextos, os Professores Cooperantes, os Professores Orientadores e os alunos envolvidos em todo este processo.

A Portaria n.º 1097/2005 de 21 de Outubro esclarece que “a prática pedagógica constitui uma componente fundamental da estrutura curricular dos cursos de formação inicial ministrados pelos estabelecimentos de ensino superior e conferentes de qualificação profissional para a docência” (Ministério da Educação e da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, 2005, p. 6151), sendo esta prática ”orientada pela instituição formadora com a colaboração de um estabelecimento de educação dos ensinos básico e secundário, podendo, na sua fase final, revestir o formato de um estágio”. Este estágio acontece através da prática pedagógica supervisionada onde o estudante estagiário deve aplicar grande parte da teoria que lhe foi ensinada ao longo dos anos precedentes do curso através do desenvolvimento de uma prática letiva supervisionada, participar, na qualidade de observador, em reuniões de órgãos da escola, na planificação da atividade letiva e na preparação de instrumentos de avaliação e de materiais didáticos. De todas estas tarefas resulta o Relatório de Estágio que visa a reflexão acerca de todas as transformações, melhorias e aprendizagens sentidas pelo Professor Estagiário.

O estágio é acompanhado e orientado por um professor da escola, Professor Cooperante, e um professor do estabelecimento de ensino superior, Professor Orientador, sendo da competência do Professor da escola, segundo a mesma portaria supracita, o acompanhamento e a orientação do estudante estagiário nas vertentes de formação e de ação pedagógicas realizadas na escola, a participação nas ações de formação destinadas a orientadores das escolas programadas pelo estabelecimento de ensino superior, a participação nas reuniões de coordenação programadas pelo estabelecimento de ensino superior, a participação, em conjunto com os orientadores do estabelecimento de ensino superior, na avaliação dos estudantes estagiários, a elaboração e envio à direção regional de educação respetiva o relatório referente à concretização da prática pedagógica supervisionada nos termos fixados por aquela.

Segundo o Ministério da Educação (2007, p. 1320), no Decreto-Lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro, o título de habilitação profissional “constitui condição indispensável para o desempenho docente, nos ensinos público,

particular e cooperativo e nas áreas curriculares ou disciplinas abrangidas por esse domínio”, sendo um sinal claro de que a exigência perante os profissionais de educação está a aumentar, permitindo um nível mais elevado de formação e competência dos Professores. Este mesmo decreto torna possível a mobilidade dos Professores entre diferentes níveis e ciclos de ensino o que “permite o acompanhamento dos alunos pelos mesmos professores por um período de tempo mais alargado, a flexibilização da gestão de recursos humanos afetos ao sistema educativo e da respetiva trajetória profissional”.

Com as alterações nas estruturas dos ciclos de estudos do ensino superior, no âmbito do Processo de Bolonha, o nível de habilitação profissional passa a ser o de mestrado o que vai de encontro ao supracitado: “esforço de elevação do nível de qualificação do corpo docente com vista a reforçar a qualidade da sua preparação e a valorização do respetivo estatuto socioprofissional”. Neste sentido, “o novo sistema de atribuição de habilitação para a docência valoriza, de modo especial, a dimensão do conhecimento disciplinar, da fundamentação da prática de ensino na investigação e da iniciação à prática profissional”, estando desta forma espelhados os pressupostos vivenciados ao longo do MEEFEBS, da FADEUP.

Desta forma, a nível institucional, o EP “considera os princípios decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto- lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física”, sendo encarado nesta instituição do ensino superior como “uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da FADEUP e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos” (Matos, 2014b, p.2)2.

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Matos, Z. (2014). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP – 2014-2015. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Esta forma progressiva de integração na vida profissional tem, na minha opinião, uma importância extraordinária para os aspirantes a tão nobre profissão, pois confrontam-se durante um ano letivo completo com uma situação real da sua profissão, estando constantemente acompanhados e auxiliados por pessoas repletas de experiência, situação que fomenta a investigação, a descoberta, a vinculação da identidade profissional e a apreciação de cada um dos momentos ricos de todo este processo. Para além disso organiza-se em três áreas de desempenho: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Participação na Escola e Relação com a comunidade; Desenvolvimento Profissional. A primeira engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino e tem como objetivo a construção de uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeitem o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduzam com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física. A segunda engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio. E por fim, a terceira engloba atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação. Tem como objetivo perceber a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional. Investigar a sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de investigação/reflexão/ação) (Matos, 2014a).

Neste momento, sinto-me em condições de afirmar que cumpri com a regulamentação do EP, tendo desenvolvido um trabalho significativo com as turmas que ficaram ao meu cargo de forma permanente ou partilhada, respeitando os quatro níveis de organização e gestão do processo de ensino e

aprendizagem (conceção, planeamento, realização e avaliação), participando de forma ativa nas reuniões de conselho de turma, assistindo a diversas aulas dos meus colegas de núcleo de estágio e do meu PC, concretizando o Projeto de Formação Individual (PFI), acompanhando um grupo de Desporto Escolar (DE) e todo o trabalho desenvolvido no âmbito da Direção de Turma (DT), planeando e organizando atividades de núcleo de estágio que servissem a comunidade escolar.

Todas as normas e legislações podem parecer maçadoras ou descontextualizadas, mas no final deste ano tão trabalhoso, enriquecedor e produtivo reconheço todo o fundamento de cada ponto nelas contido, afirmando que apenas quem vive esta experiência é capaz de entender o seu significado.

3.3 A Escola que marcou a minha vida: Escola Secundária de