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CAPÍTULO 3: METODOLOGIA

3.1. Contexto e participantes

A proposta foi desenvolvida em uma escola da rede particular localizada na zona sul da cidade de Belo Horizonte, a qual atende alunos do 5º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, no período da manhã e da tarde, além de contar com a faculdade de Administração no período noturno.

A escola é tradicional, com 90 anos de história, e conta com um espaço físico amplo, com 20 salas de aula, dois pátios, ginásio poliesportivo com duas quadras, mais uma quadra alheia ao ginásio, piscina olímpica, auditório, laboratório de informática e laboratório de ciências. Além disso, todas as salas são equipadas com material Data Show para disponíveis ao uso dos professores.

A proposta pedagógica do colégio visa oferecer formação intelectual, cultural e esportiva ao aluno, de forma a explorar suas potencialidades individuais e percebê-lo como um ser único, provido de talentos, personalidades e habilidades particulares.42

Quanto à escolha da turma, apesar de os currículos e a maioria dos livros didáticos proporem a introdução da Álgebra no 7º ano do Ensino Fundamental, nós decidimos desenvolver o projeto com a turma do 6º ano. Tal opção tinha como propósito observar e compreender como alunos que ainda não tiveram contato com a Álgebra (formalmente falando) lidam com situações envolvendo padrões e sequências quando convidados a generalizar e construir registros dessa generalização.

Participaram da presente pesquisa os 19 alunos (nove do sexo feminino e oito do sexo masculino). A maioria dos integrantes da turma está dentro da faixa etária escolar considerada adequada para tal série, visto que 13 dentre os 19 alunos têm 11 anos de idade. Dos demais, temos 5 alunos com 12 anos e 1 aluna com 13 anos. Vale destacar que dos 5 discentes que apresentam 12 anos, 3 (A10, A12 e A14) já sofreram reprovação. Para sermos mais exatas, os alunos A10 e A12 estão repetindo o 6º ano e foram reprovados no próprio

colégio e o aluno A14 sofreu reprovação em anos anteriores, em instituição diversa daquela à qual estamos nos referindo. Os demais integrantes da turma com 12 anos (A4 e A13) não constam nos registros como alunos que já foram reprovados.

Quanto à aluna A7, que tem 13 anos, não a citamos juntamente com os demais no parágrafo anterior, visto que seu caso deve ser tratado de forma especial. Tal aluna foi diagnosticada como portadora da síndrome de Asperger43 e apresenta, principalmente, dificuldade de interação social. Apesar de ser falante e comunicativa, a forma de se expressar – algumas vezes muito áspera e impaciente – e a dificuldade em entender brincadeiras e piadas faz com que tal aluna seja mal compreendida pelos demais colegas, que acabam se irritando e tendo resistência em interagir e desenvolver atividades com ela. Porém, apesar de todos esses empecilhos, a aluna é, de um modo geral, muito participante e falante durante as aulas de matemática, embora apresente dificuldade no conteúdo. Destacamos a dificuldade de compreender o contexto amplo de um problema. Custa-lhe entender uma pergunta complexa e demora a responder.

Outro ponto que consideramos especial e importante destacar é o caso do aluno A12 - já citado acima dentre os reprovados – que é diagnosticado como hiperativo. Consta em seu registro que, atualmente, ele não faz uso de medicamento, tendo apenas acompanhamento psicológico. Em sala, o aluno é extremamente inquieto e ansioso, principalmente, quando, durante a aula, quer expor seus pontos de vistas e suas conclusões. Nestes casos, na maioria das vezes, ele levanta-se da carteira e fala com tom de voz elevado, como forma de se impor e ser ouvido. Apesar de não ter um bom rendimento em matemática, durante a maioria das aulas, o aluno é participativo e tem bom convívio com os demais colegas.

Quanto à frequência às aulas, destacamos os casos dos alunos A1 e A19, que por terem grande quantidade de faltas, deixaram de participar de algumas das atividades desenvolvidas por nós com a turma. Ressaltamos também que A5 participou apenas das duas primeiras atividades do trabalho de campo, visto que ela deixou de ser aluna do colégio da terceira atividade em diante.

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A Síndrome de Asperger é o nome dado a um grupo de problemas que algumas crianças (e adultos) têm quando tentam comunicar com outras pessoas. É o termo aplicado ao mais suave e de alta funcionalidade daquilo que é conhecido como o espectro de desordens pervasivas (presentes e perceptíveis a todo o tempo) de desenvolvimento (espectro do Autismo). É caracterizada por desvios e anormalidades em três amplos aspectos do desenvolvimento: interacção social, uso da linguagem para a comunicação e certas características repetitivas ou perserverativas sobre um número limitado, porém intenso, de interesses (TEIXEIRA, 2010, p.2).

De um modo geral, o restante da turma é freqüente e não foge à regra de ser falante e agitada, com alguns alunos se destacando mais que outros nesse quesito.

A sala de aula que comporta a turma é ampla. É mobiliada com as 19 carteiras dos alunos, todas compostas por uma mesinha e uma cadeira em bons estados de conservação, além de 10 mesas unidas aos pares, com as respectivas cadeiras, formando uma grande mesa comprida ao fundo da sala. Temos também uma estante – ao fundo - com alguns gibis, livros e revistas como a Veja, Isto É e Epoca, os quais os alunos podem ler durante os intervalos ou ao final de avaliações e atividades, desde que autorizados pelos professores. Á frente, temos os escaninhos dos alunos – cada um tem o seu - do lado direito, a mesa do professor do lado esquerdo e um grande quadro branco afixado de frente para as carteiras dos alunos. Apesar de toda essa mobília, ainda sobra bastante espaço para os alunos e o professor se locomoverem à vontade, o que nos mostra que em questão de infra-estrutura e espaço físico a turma está bem atendida.

De modo a garantir o anonimato aos alunos, decidimos nomeá-los por A1 (aluno 1), A2 (aluno 2), A3 (aluno 3), e, assim por diante, até o A19 (aluno 19).

Apresentados os principais componentes de nossa pesquisa, seguiremos adiante relatando sobre os procedimentos adotados para a sua efetiva realização.