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CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA PESQUISADO Considerando as inúmeras transformações sociais, tecnológicas e

DEFINIÇÕES E APLICAÇÕES 13 2.1 INTRODUÇÃO:

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA PESQUISADO Considerando as inúmeras transformações sociais, tecnológicas e

culturais que estão sendo vislumbradas em função da era do conhecimento (LASTRES e CASSIOLATO, 2003), é importante compreender a concepção dos novos paradigmas de relacionamentos e cooperações que devem ser desenvolvidos neste século, onde redes conectadas em todo o mundo estão estruturadas a partir do pressuposto da existência de confiança entre os pesquisadores envolvidos. Focando este conceito para uma determinada região, potencializa-se um acréscimo na confiança devido ao contato “face a face” (STORPER, 2010) entre os envolvidos nas redes locais e regionais, onde a proximidade seja ela, física, cultural ou educacional, pode fomentar uma sinergia capaz de aumentar o compartilhamento mútuo de conhecimento, podendo gerar um fluxo de conhecimento entre os participes destas redes.

Algumas regiões do mundo perceberam que esta proximidade pode gerar agregação de valor, através do aumento do compartilhamento de conhecimento e consequentemente induzir processos inovadores criando competitividade regional, partindo destes pressupostos, este trabalho pretende analisar e estruturar o mapa de fluxo de conhecimento de um Sistema Regional de Inovação – SRI no Brasil, (COOKE, 1992; LUNDVALL, 1992; ASHEIM e COOKE 1997; ASHEIM e COENEN, 2006)

Analisando que os fluxos de conhecimento (NONAKA e TAKEUCHI, 1997, ZHUGE, 2006, NISSEN, 2006, HUANG et al., 2007) num SRI ocorram entre os Atores1 presentes neste sistema, em função de seus Ativos de Conhecimento2 (CHAPPLE e LESTER, 2007; FAGGIAN e MCCANNY, 2006), considera-se que estes atores possam constituir uma rede com objetivo de intensificar a inovação e competitividade regional (GERTLER, 2003).

1 Atores nesta tese são considerados como sendo: Atores de Conhecimento

Científico, Atores Públicos, Atores Produtivos, Atores Institucionais e Atores de Fomento.

2 Ativos de Conhecimento: nesta tese refere-se ao capital de conhecimento, presente numa região. Tratam-se de ativos tangíveis e intangíveis, tal qual, a teoria contábil e como descrito no artigo de Chapple e Lester, 2007.

Pretende-se, estudar o modelo teórico de fluxo de conhecimento estruturado para um SRI no Brasil, que prioriza mapear e verificar como estes fluxos ocorrem. A base teórica está vinculada à gestão do conhecimento e os habitats de inovação, que neste contexto são considerados fundamentais na estruturação de uma cultura voltada ao empreendedorismo inovador (FILION, 1999; SCHRAMM, 2010; DELGADO et al,. 2010).

Neste trabalho parte-se do pressuposto que o fluxo de conhecimento é um dos elementos centrais no desenvolvimento de uma região inovadora (PORTER, 1990; SIMMIE, 2005; BOEKEMA et al. 2000), onde os atores presentes na região são importantes, porem mesmo com a existência dos atores Empresariais, Públicos, Científicos e Tecnológicos, Institucionais, Habitats de Inovação e de Fomento com seus respectivos ativos de conhecimento, predisposição empreendedora, boa capacidade inovadora local e uma mesma cultura embarcada (DOLOREUX e PARTO, 2005), acredita-se que se não existir um fluxo de conhecimento entre estes atores, a inovação poderá ser pouco potencializada.

Complementando esta linha teórica os autores Dvir e Pasher (2004), Storper (2010), consideram que a confiança e sinergia são elementos fundamentais neste fluxo de conhecimento e no processo de inovação regional, podendo ser impulsionadas com a construção das bases identificadas nas “innovation engines” contextualizadas ao SRI. (Dvir e Pasher, 2004)

Embora, se espere resultados importantes em termos de inovação numa região a partir de um SRI e de suas políticas intrínsecas, nem sempre ocorre na prática (DOLOREUX e PARTO, 2005), pois muitas vezes as políticas de indução, não prevêem a utilização sistêmica de métodos, ferramentas e a gestão do conhecimento (DAVENPORT e PRUSAK, 1998; WIIG, 1997) aplicada aos atores deste sistema, além de muitas vezes, desconsiderarem a real vontade de compartilhamento de conhecimento entre os atores.

Considerando estas condicionantes, e a possível resistência regional em relação aos relacionamentos e compartilhamento de conhecimento, torna-se importante analisar a existência do funil no fluxo de conhecimento entre atores, assim como, as estratégias que podem ser utilizadas para sua possível abertura, tais como: a aplicação da Engenharia e Gestão do Conhecimento – EGC, Gestão do Conhecimento - GC, Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC e Innovation Engines – IE de maneira sistêmica e interdisciplinar

(CLARK et al., 2010; CHAPPLE e LESTER, 2007) aliada as políticas internas ao SRI.

Numa proposta de construção de um modelo de alargamento do funil no fluxo de conhecimento este trabalho traz em seu referencial teórico destaque aos habitats de inovação e estudos relacionados aos fluxos de conhecimento, procurando integrá-los numa análise prática de um SRI no Brasil, onde a vivencia local do pesquisador pode possibilitar algumas análises.

A região pesquisada é o Sudoeste do Paraná, sendo que o SRI pesquisado encontra-se entre três deles, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão e Pato Branco. A organização regional, dá-se através de uma rede de atores regionais composta por: atores de conhecimento científico, públicos, empresariais, habitats de inovação, institucionais e de fomento, articulados como no conceito de SRI preconizado pelos autores, COOKE, 1992; LUNDVALL, 1992; ASHEIM e COOKE, 1997; ASHEIM e COENEN, 2006; CRESCENZI et al., 2007. A estruturação destes atores se dá conforme indicado:

i. Atores de Conhecimento Científico: Universidades, Faculdades, Institutos de Pesquisa, Escolas Técnicas; ii. Atores Públicos: Secretarias de Inovação, Legislações:

municipais, estaduais e nacionais de incentivo a inovação;

iii. Atores Habitats de Inovação: Pré- incubadoras, incubadoras de empresas, parques científicos e tecnológicos;

iv. Atores de Empresariais: Indústrias e empresas de produtos e serviços, clusters;

v. Atores Institucionais: Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, Federação das Industrias do Paraná -FIEP Agência de Desenvolvimento Regional - ADR, Associações Comerciais e Industriais, Sindicatos;

vi. Atores de Fomento: Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES, Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, Fundação Araucária, Agência de Fomento do Paraná AFP, Empresas de Capital Empreendedor.

A competitividade entre regiões de um mesmo país e até mesmo entre regiões globais tem transformado as relações de compartilhamento do conhecimento presente, assim, identificar os fluxos de conhecimento e mapear os ativos de conhecimento pode

auxiliar na estruturação de uma região intensiva em conhecimento e inovação, podendo torná-la atrativa ao capital humano qualificado, empresas inovadoras e instituições de pesquisa, gerando as bases para que a mesma se torne uma região inovadora. (PERRAT, 2007; SAUTEL, 2008)

Redes sistêmicas tornam-se imprescindíveis nas “regiões que aprendem” (FLORIDA, 1995; BOEKEMA et al. 2000). O dinamismo atual necessita de estruturas regionais conectadas, ativos de conhecimento capazes de tornar as regiões atrativas e sustentáveis, baseadas numa economia do conhecimento (JAFFE e TRAJTENBERG, 2002), onde um ambiente regional inovador deve ser flexível, adaptado as competências locais, criativo e socialmente inclusivo, criando um “branding” (referencia) regional (CAREL, 2005; BOUABDALLAH e THOLONIAT, 2006; PERRAT, 2007; SAUTEL, 2008).

O processo inovador deve ser interativo, realizado por uma comunidade sistêmica, que comunga e compartilha informações e conhecimentos diversos (LEMOS et al. 2000). Estes conhecimentos compartilhados em forma de redes formais, informais ou sociais, possuem em seu cerne a confiança e a sinergia regional, assim os SRIs (COOKE et. al,1997;LUNDVALL,1992; ASHEIM e COENEM, 2006), podem configurar-se nos sistemas da era do conhecimento, capazes de agir positivamente na facilitação do compartilhamento e fluxos de conhecimento.

A criação de uma cultura regional baseada em conhecimento e inovação, requer normalmente uma mudança estrutural na ordem econômica e social da região, onde os atores, devem estar conectados e a sociedade disposta a conviver num ambiente de confiança e sinergia (DVIR e PASHER ,2004; STORPER, 2010).

No Brasil, a criação de sistemas regionais de inovação, são uma conseqüência do sistema nacional de inovação (CASSIOLATO e LASTRES 2003). A política nacional de ciência tecnologia e inovação tem proposto que cada vez mais os fluxos de conhecimento ocorram, principalmente entre Instituições de Ciência e Tecnologia - ICT’s e empresas inovadoras.

Destarte, os Sistemas Regionais de Inovação – SRIs, procuram através dos ativos de conhecimento presentes no atores regionais, explorar de maneira significativa a possível sinergia existente entre os mesmos, aproximando-os e tornando estas relações elos de confiança e desenvolvimento vinculados através do fluxo de conhecimento.