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DEFINIÇÕES E APLICAÇÕES 13 2.1 INTRODUÇÃO:

2. HABITATS DE INOVAÇÃO – CARACTERÍSTICAS, DEFINIÇÕES E APLICAÇÕES

2.3 OS HABITATS DE INOVAÇÃO

2.3.6 Sistema Regional de Inovação:

Os Sistemas Regionais de Inovação – SRI, assim como os Pólos de Competitividade, preveem trabalhar com políticas de desenvolvimento regional, baseadas na criação de redes compostas de universidades, centros de pesquisa, organizações governamentais e não governamentais de suporte a inovação e empresas de caráter inovador. Quando possuem estrutura física e organizacional, constituem-se em habitats de inovação, pois são elementos tangíveis ao ecossistema empreendedor inovador.

Segundo Cooke (1992), o conceito de Sistema Regional de Inovação, determina uma série de políticas regionais que alavanquem a inovação e a competitividade econômica e social, este conceito é uma conseqüência dos sistemas nacionais de inovação (LUNDVALL, 1992). No inicio dos anos 90 a globalização fez acelerar a criação de redes regionais baseadas em conhecimento, o que desencadeou o movimento por integrações pautadas na inovação regional (ASHEIM e COOKE, 1997, ASHEIM e COENEN, 2006; MULLER et al, 2008; COOKE, 2008).

As condições regionais de implantação de um SRI são dispares no mundo todo (COOKE, 2008; BUESA et al., 2004), o que tem gerado uma série de definições e confusões a respeito dos SRIs, dificultando um entendimento único e uma taxonomia universal, porem, o que fica evidente em todas as definições a cerca do tema, é que devem ser regiões com políticas bem definidas para geração e compartilhamento de conhecimento (NONAKA e TAKEUSHI, 1997), assim como, deve existir uma definição clara das atuações e interações nos diversos níveis e escalas de cada ator no fluxo de conhecimento (ZHUGE, 2006; HUANG et al., 2007) para que exista o processo de inovação regional. (DOLOREUX e PARTO, 2005; DOLOREUX, 2009)

Num panorama onde os sistemas nacionais de inovação, definidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE tem caráter e dimensões macro, verifica-se uma alta complexidade na aplicação destas políticas em ambientes regionais num país de grande dimensão e diversificado como o Brasil. Assim, os SRI procuram concentram esforços na criação de políticas baseadas numa cultura geograficamente localizada de incentivo a inovação, onde muitas vezes a cultura local e os conhecimentos presente nas organizações e na sociedade, poderão auxiliar na própria estruturação do SRI.

Uma importante observação deve ser feita a respeito dos SRI, a estruturação e concepção devem levar em consideração as condições

regionais, em relação aos atores presentes, características empreendedoras e cultura local de inovação, que são dispares em todas as regiões do mundo (COOKE, 2008 e BUESA et al., 2004).

A estruturação dos SRIs no Brasil é algo muito recente, porém percebe-se que os mesmos tendem a ser um arcabouço de políticas regionais de integração de atores de suporte a inovação e competitividade empresarial, de preferência vinculados à APLs ou SPLs. Vem sendo uma derivação do sistema nacional de inovação, para âmbitos regionais (PRATES – 2006 – UFPR). Com os SRI, pretende-se estimular e organizar cada vez mais o trabalho em rede (TUNZELMANN et al., 2010), o que é considerado como uma atividade complexa no cenário mundial e Brasileiro.

Embora não existam muitos indicadores palpáveis que comprovem a eficácia dos SRI (MULLER et al., 2008), existem “evidencias empíricas” que as relações próximas entre atores de um sistema regional, contribuam no aumento da capacidade competitiva e inovadora das empresas pertencentes ao SRI. (MARTÍNEZ- FERNÁNDEZ e MOLINA-MORALES, 2004, GIULIANI, 2006; HERVAS-OLIVER et al., 2008, COOKE, 2008)

Contudo, na concepção do SRI Sudoeste (foco desta pesquisa), partiu-se das bases ou do “framework” de construção das redes entre atores regionais proposta por Asheim e Cooke (1997), que prevêem:

existência de capacidade para o desenvolvimento do capital humano, interações entre empresas, escolas, universidades, instituições de treinamento;

redes formais e principalmente informais entre os membros da rede, possibilitados pelos encontros planejados ou casuais, troca de informações e conhecimento e hoje promovidos pelos fóruns de interação.

sinergias, que podem resultar de uma cultura compartilhada ou perspectivas políticas resultantes da ocupação de um mesmo espaço econômico ou região;

existência de gestão estratégica em áreas tais como educação, inovação e suporte empresarial.

Estas bases evidenciam a presença de uma “dimensão sistêmica” (MENZEL e FORNAHL, 2009; COOKE, 2008) que possui uma relação embarcada (SIMMIE, 2005) no SRI, que deriva do caráter associativo das redes de inovação presentes, onde essas relações sistêmicas possuem um certo grau de interdependência e não precisem ser contidas regionalmente, surgindo um “módus operandi” interativo de

inovação crescente na região, assim a estratificação do conhecimento tácito (POLANYI, 2009) poderá ocorrer com maior naturalidade entre os atores, pela composição de interações presenciais no SRI (STORPER e VENABLES, 2003), beneficiadas por um processo de cooperação e de relações de confiança (GRAF, 2010), contando para isso com o conhecimento embarcado dos atores sociais presentes (ASHEIN e COENEM, 2006; SIMMIE, 2005) visando gerar uma rede de inovação tal como demonstrado na Figura 6.

Figura 6 - Interações presentes num SRI Fonte: Adaptado de LABIAK e GAUTHIER, 2010.

A governança dos SRI com foco nas condições regionais, torna o sistema muitas vezes ágil e conectado com as evoluções do mercado de inovação. Em regiões autônomas (ex. País Basco – Espanha) muitas vezes se tem a agilidade necessária e a autonomia de estruturar políticas regionais de alcance e interesse dos atores de um SRI. (BUESA et.al, 2004)

Por fim, um ponto destacado por Cooke, é que na evolução dos SRI tem se percebido que a intervenção publica, através de políticas de incentivo a inovação foi fundamental em muitos casos, porém, no mais importante SRI o Silicon Valley, a dinâmica de crescimento tem sido orientada pelo mercado, com as interações profundas entre as empresas

intensivas em conhecimento e o venture capital. Assim, as redes de empresas inovadoras tem se configurado como uma nova vertente dos SRI.(COOKE, 2008)

Concluindo, o SRI pode-se dizer que é uma rede de interação entre as instituições públicas e privadas, organizações governamentais e não governamentais que trabalham na geração, explicitação, uso e disseminação do conhecimento, conforme visualizado na Figura 4. O efeito conjunto destes atores tem o propósito de encorajar sistemicamente as empresas pertencentes à região a inovar, desenvolvendo ganhos de capital, derivados das relações sociais existentes, gerando políticas de incentivo à inovação, criando valores e interações, respeitando as características dos atores e região onde esta sendo constituído.